Senti apenas um empurrão, e logo minhas costas se encostarem á parede. León havia me prensado ali, e olhava fixamente nos meus olhos, me deixando com um pingo de medo. Seu corpo estava levemente encostado no meu, mas com o passar dos segundos, León praticamente colou em mim, e sorriu ao ver que não tinha nenhum espaçinho mínimo entre a gente. Seus lábios, rapidamente, se encostaram aos meus, fazendo uma leve pressão, muito boa por sinal. Suas mãos massageavam minha cintura, me deixando ainda mais confortável nele. Minhas mãos se envolveram em sua nuca, o puxando para mais perto, como se ainda fosse possível fazer isso. Nós nos beijávamos maravilhosamente bem, uma paixão intensa nascia de ambos quando aconteciam esses beijos tão calorosos. Mas a infelicidade aconteceu... Antes mesmo da falta de ar acorrer, ou nós cansarmos, León parou, e tirou seus lábios dos meus, me deixando com cara de tola boba.

_Tem certeza que um dia isso vai acabar? – perguntou-me controlando a irritação que estava comigo. – Tem certeza que a chama que toda vez se acende quando nos beijamos, vai simplesmente apagar, ou até mesmo esfriar? Violetta, eu posso ser um idiota em todos os sentidos da vida, posso errar em diversos pontos da nossa relação... Mas eu tenho certeza absoluta, que sem você, eu não sou nada, eu não existo, não sou capaz de seguir em frente. E se você acha que um dia, eu vou parar de sentir isso... Você está muito enganada. – falou. – Você pode até não acreditar no amor eterno... Mas EU acredito. Eu quero um amor assim. Eu simplesmente... Quero você.

_Hã... Tá bom – falei baixo.

Desvencilhei-me de seus braços e ele me olhou confuso. Tudo bem que ele fez uma super declaração, mas... Eu não estava muito á vontade com a situação, fala sério! Meu namorado vai se mudar daqui um ano, como eu devo ficar, sorridente? Acho que não!

_Promete uma coisa? – perguntei.

_O que?

_Promete que independentemente do que aconteça, nesse um ano que nos resta, você não vai me trocar, ou se apaixonar por outra, e até mesmo me abandonar para amar outra pessoa? – perguntei, pois eu sabia que isso iria acorrer assim que ele chegasse aos Estados Unidos. – Promete?

_Violetta... Eu nunca vou te deixar. – respondeu. – Eu vou ficar ao seu lado para sempre. – declarou-se.

_León... “Para Sempre” é muito tempo... – falei baixo. – O “Para Sempre” não existe. Nunca vai existir. – falei o olhando nos olhos.

_Você é uma daquelas pessoas orgulhosas que só vêem o que querem. – afirmou num tom horrivelmente sério.

_León! – repreendi-o.

_León nada! Eu estou cansado disso, cansado de ver que eu não consigo mudar sua opinião, seu modo de ver e encarar as coisas, eu estou simplesmente de saco cheio! – falou, ou melhor, explodiu.

_Ótimo! – falei mais alto. – Eu também estou cansada! Cansada de você! Cansada de ver você querendo me mudar, me transformar, sendo que eu nunca vou me mudar por causa de um garoto León! Nunca! Sabe que eu estou me apegando á você, sem pensar em nada, absolutamente nada! Eu sou uma idiota por está levando isso tão sério! Sou uma tola por não perceber que você só ira me iludir! E depois de tudo vai me abandonar! Eu estou cansada León! Cansada de você!

_Cansada de mim?! Olha aqui Violetta, eu que deveria estar cansado de você! E quem disse que eu tento te mudar?! Você acha que eu estou com você simplesmente pra trocar ou mudar sua personalidade?! Claro que não! Estou com você porque te amo! – nessas horas ele já estava totalmente alterado e berrando. – Não tenho culpa de que sua cabeça não raciocina que eu só quero te ver bem! E também não tenho culpa desse seu orgulho idiota que quer falar mais alto, e de ter sempre razão, o que você na maioria das vezes não tem!

_León, Para! – gritei colocando as mãos no ouvido. – Para! – já sentia as lágrimas descerem pelo meu rosto. Não era para ser assim. Era apenas para termos uma conversa civilizada, sem gritos, sem acusações.

_Você não agüenta a verdade, simples assim – León disse duro.

Ouvi passos, vindo até a gente. Escondi meu rosto em minhas mãos, pois estava chorando, sem contar que os soluços haviam me pegado em cheio. Lembrei-me das discussões com meu pai, que sempre acabavam em gritos e nos meus choros desesperados. Não agüentaria ficar ouvindo o León falando nem mais um minuto se quer, aquelas palavras estavam me ferindo, como mil facas entrando no meu coração.

_Por favor, Para... – implorei, quase que num sussurro.

_Violetta, León... – era a Melanie. – O que está acontecendo? Por que a Violetta está chorando? – perguntava preocupada.

Limpei meus olhos que deveriam estar mais que vermelhos. Olga, a minha empregada, já disse que eu deveria passar num psicólogo, porque com as constantes brigas com meu pai, eu meio que acabei ficando traumatizada, é sério. Isso me dói muito, principalmente discutindo com o León, com meu namorado, que se diz louco de amor por mim, por que está gritando então? Por que profere aquelas palavras de maneira tão dura, a ponto de me fazer chorar?

_Respondam-me! – ordenou.

_E-Eu preciso ir... – falei me apoiando na parede e saindo o mais rápido da casa do León. Aquele ambiente estava me fazendo mal.

Por León #

Violetta saiu. Eu até senti vontade de segurá-la, prendê-la em meus braços, e a beijar pedindo perdão, mas eu não faria isso, não voltaria atrás, de alguma maneira eu estava certo, e ela não tinha razão. Melanie me encarava friamente como se eu tivesse assassinado alguém.

_O que você fez com ela?- perguntou baixo, controlada, se aproximando de mim. – Por que ela estava chorando daquele jeito tão desesperado?

_Era frescura. – respondi revirando os olhos.

_Não parecia – ela suspirou. – León, eu vejo, dentro dos teus olhos, que tinha algo mais. O que aconteceu? – perguntou ainda mais serena.

_Mel, eu não quero falar sobre isso. – falei desviando o olhar do dela, era impossível ocultar algo da minha irmã.

_León, eu...

_Melanie eu não quero falar disso. – falei duramente e ela se calou abaixando a cabeça. Por ser mais velha que eu, ela deveria falar um monte, mas ela não era assim. – Desculpe, acho que me estressei um pouco.

_Tudo bem... – Ela disse cabisbaixa. – Só queria poder te ajudar, ser sua irmã não só nas horas boas, mas também nas horas difíceis. Vai me dizer o que está acontecendo? Quem sabe eu não possa te ajudar a resolver.

_Tá bom... – suspirei derrotado.

Fomos até o quarto dela e lá começamos a conversar. Por mais que eu tenha essa relutância em contar tudo de vez para ela, Melanie sempre arruma um jeito de descobrir e por incrível que pareça me ajudar. Contei o que aconteceu, e expliquei que não era nada de mais. A Violetta que fez um drama super desnecessário.

_León, você nunca vai entender o universo feminino – falou rindo. – A Violetta já passou por coisas terríveis pelo que você me conta. – eu apenas concordei. – Pense um pouco lerdeza! – deu um tapa na minha cabeça.

_Tá louca?! Eu to aqui na maior aflição te contando as coisas e você vem fazer isso?!

_Claro! Você parece que é burro! – insultou-me novamente e eu a olhei em reprovação. – Escuta aqui, se eu você compraria um buquê de flores, chocolates, fazia uma declaração e iria pedir desculpas hoje mesmo, porque ela deve estar uma fera com você, e me perdoe León, mas eu dou todo apoio á ela. – falou.

_Por quê?

_Porque ela não tem culpa de ter um namorado todo grosso que nem você. – brincou mostrando língua, eu apenas revirei os olhos. – A Violetta não gosta de discutir, muito menos de gritos, León, sua namorada desenvolveu um trauma graças ao pai dela, e você não está ajudando em absolutamente nada. Mas o motivo da sua discussão foi sua ida aos Estados Unidos, e é normal discutirem por isso, afinal ela irá sentir sua falta, e como toda garota, a Violetta é sensível, até demais, eu diria. – explicou, e eu ouvia tudo atentamente.

_Mas você não acha que ela está fazendo uma tempestade num copo d’água?

_Não... Ela apenas está sentindo sua falta.

_Mas eu ainda nem fui pra lá! – falei estranhando.

_A Violetta está sentindo falta do namorado carinhoso que ela tinha alguns meses atrás, e que do nada disse que iria ir embora e depois jogou tudo na cara dela. – Melanie falou cruzando os braços.

_Não foi bem assim que aconteceu. – me defendi.

_No meu ponto de vista foi sim!

_Tá, mas o que eu devo fazer? – perguntei.

_Liga pra ela, bobão! – falou jogando o travesseiro em mim.

Debochei, e fui ao meu quarto, me jogando na cama com tudo. Comecei a refletir sobre as palavras de Melanie, por um lado ela estava certa, eu não sabia nada sobre universo feminino, por mais que eu tivesse ficado com milhares de meninas, a Violetta parecia aquela mais difícil de decifrar.

_É León... Você tá ferrado! – pensei alto.

Por Violetta #

Cheguei em minha casa, e abri a porta rapidamente, mas como tudo de ruim acontece comigo... Meu pai estava sentado no sofá, lendo o jornal como sempre fazia. Natália estava ao seu lado lendo um livro, toda esparramada. Jade estava sentada na poltrona sozinha, com pepinos nos olhos, e um creme branco na cara. Assim quem meu pai me viu deu um pulo do sofá, me olhando surpreso.

_Violetta! Como está minha filha?! – perguntou.

_Não sei...

_OLGAA! – gritou meu pai. – Prepare um lanche para Violetta, ela chegou!

_Mais que barulheira é essa! Vocês estão cansando a minha beleza. – Jade disse tirando os pepinos dos olhos, e assim que seus olhos chegaram em minha pessoa, me olhou com raiva e superioridade.

_Vilu! – Era a Natália, vindo correndo para me abraçar. – O Miguel foi preso, não é? Você está bem? Ele te machucou muito? – jorrou perguntas.

_O Miguel não foi preso, apenas cumprirá serviços comunitários, e eu estou toda machucada sim, ele me atropelou brutalmente... – falei.

_Então... Era verdade... – ouvi papai dizer do outro lado da sala, quase que num sussurro. Ele abaixou a cabeça, e por incrível que parece, o vi derramando lagrimas, será por medo de me perder?

_Sim papai, era verdade! E quando eu mais precisei do senhor... Você não estava lá...

...