_É brincadeira da minha mãe. – disse coçando a nuca e olhando para baixo. – Não ficava assim com minhas... Hã... Minhas ex. namoradas.

_Mentir não é a solução – falei me aproximando dele com certa dificuldade.

_A Vilu... É que não é muito legal falar dessas coisas com a namorada atual... – ele disse baixo, como se estivesse com medo da minha reação.

_De todo jeito... Não quero saber quem te beijava e te... Amava – falei disfarçando o meio ciúme.

_Ótimo! – comemorou e eu o repreendi. – Digo... Obrigado. Vou arrumar umas coisas e já venho. – ele disse beijando minha bochecha.

_Então, vou tomar meu banho. – falei sorrindo me segurando para não jorrar as perguntas sobre as ex relações do León. Fui mancando até o banheiro do quarto de León, pois minha perna doía um pouco.

Peguei a toalha e “minha roupa”. Entrei no banheiro e tranquei a porta, não seria tola em deixá-la aberta. Olhei-me no espelho, e eu estava horrível! Como o León consegue olhar para minha cara, sendo que nem eu mesma consigo? “Será que é porque ele te ama?” Minha mente perguntou, e sim, eu acho que ele me ama, eu sinto que ele me ama, não importa! Sinto-me amada e é isso! Comecei a tomar meu banho, e não demoraria muito, pois León poderia ficar preocupado, e tudo que eu não queria era que ele desse a louca e arrombasse a porta.

_Violetta! – alguém bateu na porta. – Está viva? – perguntou-me. Era León. Está vendo, não deu nem trinta minutos que eu estou dentro do banheiro e ela já está perguntando sobre minha vida.

­_Claro! – respondi. – Algum problema? – perguntei.

_Não só fiquei um pouco preocupado. – respondeu do lado de fora. – Vai demorar? – perguntou. – Estou falando porque seu pai ligou e quer ter noticia de você, amor. – Falou e eu senti um medo horroroso me atingir. – Violetta? – chamou-me eu não respondi. – Violetta? – novamente. – Violetta! – berrou. Eu não raciocinava, de um lado eu estava feliz, mas do outro... Tinha medo, medo de ser só uma ilusão, ou apenas um sonho.

Vi a maçaneta da porta mexendo, sorte que estava trancada, se não ele já teria entrado. Ele continuou a me chamar, mas eu não correspondia, as palavras não saiam de minha boca, acho que fiquei um bom tempo assim... Pensando, sem mover um músculo e sem dizer absolutamente nada.

Eu ameacei chorar, mas me segurei, não sou frágil, preciso ser forte, me manter forte... Sequei-me e me vesti. A camisa do León ia até o meu joelho. Sequei meus cabelos na toalha, e percebi lágrimas brotando de meus olhos. Abri a porta do banheiro e deparei-me com León descabelado, totalmente assustado e... Preocupado. Ele me olhou, e como se adivinhasse, me deu um abraço, um super abraço, eu diria. Ele acariciava meus cabelos, me acalmava em seus braços, e eu apenas fechava os olhos, deixando seus carinhos me consumirem e me relaxarem.

_O que houve? – ele perguntou, mas eu não respondi, não queria palavras, queria apenas ficar assim, abraçada com ele enquanto podia, enquanto eu queria... – Não vai me falar? – falou baixinho, quase que sussurrando. Tomei coragem e disse algo.

_Não me solta – falei num sussurro o abraçando mais forte. León voltou as caricias em meu cabelo, mas logo parou, o que me deixou novamente triste, e se afastou de mim, me deixando ainda pior.

_Seu pai está á sua procura. – ele disse sorrindo, acariciando minha bochecha.

_Eu... Eu não quero – falei. – Não quero falar com ele, não quero ver ele.

_Vilu, ele ligou aqui em casa, perguntou se estava aqui, e eu disse que sim... Seu pai disse assim que você quiser ir para casa, ele virá te buscar. – León disse carinhosamente.

_Eu vou para casa sozinha – disse rígida.

_Não vai não – León riu. – Nem que eu te leve, mas sozinha você não vai. – advertiu. – Agora vamos comer algo, a empregada está nos esperando... E a Ludmila e o Federico estão lá em baixo também.

_Tá bom – falei limpando meus olhos, León sorriu.

Ele pegou em minha mão, mas logo me abraçou, e assim descemos até a cozinha. Chegando lá, encontrei Ludmila e Federico, “namorando”, como eu e o León estávamos, ri ao ver aquela cena, mas parece que León não gostou muito, pois sua cara não era uma das melhores.

_Bebê, não tenha uma crise de ciúmes – sussurrei em seu ouvido, para somente ele escutar. Ri logo depois, e o León me olhou com certa reprovação.

León tossiu propositalmente, e logo me soltou de seus braços, os cruzando na altura do peito, com uma cara horrivelmente seria. Federico e Ludmila se separaram, e olharam assustados para nós dois. Ri fraco, pois a situação era tensa, mas engraçada.

_Hum... Vamos lanchar? – ela perguntou envergonhada, disfarçando o olhar de León sobre ela. Apenas assenti, e me sentei na cadeira, e logo chamei o León para sentar ao meu lado, e ele assim fez.

Havia de tudo na mesa, pães, bolos, doces, café, suco, entre outras coisas... Tem certeza que era só um “lanchinho”?

_Violetta, você está se sentindo bem? - senhora Vargas apareceu na cozinha me olhando com certa preocupação.

_Sim, estou bem, pelo menos me sinto bem. – respondi sorrindo.

Ela sorriu de volta e saiu da cozinha. Tomei meu lanche, não comi muito, e sim pouquíssimo, estava sem fome, não tinha vontade de comer.

_Amor... Você precisa comer. – León disse fazendo manha para ver se eu engolia algum alimento. – Você só bebeu suco, e desde o acidente você vem comendo muito pouco.

_León, eu não sou um bebezinho, eu sei que estou comendo pouco, mas eu não sinto vontade nenhuma de... Comer. Eu não quero me forçar. – expliquei.

Ele se levantou, e logo pegou minha mão, me conduzindo para fora da casa, mas não literalmente para fora de casa, e sim para um jardim, não muito grande, mas muito lindo. Sorri ao ver as flores todas coloridinhas, era bem diferente do meu jardim, que só tinha rosas vermelhas, e algumas brancas, porque a Jade gosta daquele jeito. León sentou-se na grama e pediu que eu sentasse ao seu lado, mas eu neguei, não estava apropriada para estar num jardim. Ele revirou os olhos, e me puxou, e eu me sentei em suas pernas.

_Gosto tanto de você – cantarolou.

_E eu de você – disse risonha. – León... Você vai começar a fazer canto quando? – perguntei interessada e vi sua expressão de felicidade se desmanchar um pouquinho. – Disse algo errado?

_Não. – ele respondeu. – Eu vou começar daqui mais ou menos um ano e meio. – León disse.

_Onde vai ser? – perguntei animada e feliz por ver que ele teria uma oportunidade de música.

_Eu talvez irei estudar na Music School – León disse baixinho, olhando para a grama verde, mas eu estranhei, pois não vi expressão de empolgação.

_Hum... Nunca ouvi falar. Onde fica? – perguntei interessada.

_No... – ele parecia estar, sei lá, triste? – Nos Estados... Unidos... – respondeu ainda olhando para grama.

O que? Estados Unidos? É muito... Longe... Olhei fixamente para o León, mas ele não olhou para mim, se eu estava triste? Sim, estava. Com vontade de chora? Sim, muita! Mas estava fazendo o possível para me controlar, e eu estava conseguindo. Saí do colo de León, eu não conseguiria ficar ali, olhando para ele, sem ao menos dizer que sentiria muita saudade dele.

Fui para dentro da casa dele, eu já ia embora mesmo, só ia vestir minhas roupas, que já estavam secas. Assim que fiz isso, estava saindo do quarto de León, quando Ludmila esbarrou em mim.

­_Desculpe – ela disse sorrindo, mas assim que olhou para mim, notou algo errado. – Que cara de choro é essa? – perguntou-me.

_É só que... – segurei mais uma vez o choro. – Você sabia que o León vai fazer canto do outro lado do mundo?

_Sim... – ela disse olhando para os pés. – Daqui um ano. – ela disse e eu me desesperei, não era um ano e meio?! – Vamos sentir muita falta dele... Mas e vocês? Como vão fazer? Namoro á distancia?

_Não. – respondi. – Talvez a gente nem... Esteja juntos mesmo. – falei forçando um sorriso, que não foi muito bem feito.

_Não fale bobagens – Ludmila cruzou os braços. – Vocês ainda terão um ano para namorarem... Falando nisso... Há quanto tempo estão juntos?

_Há... Três meses. – falei. – Completamos quatro esse mês. – falei.

Assim que falei vi a imagem de León atrás de Ludmila, ela sorriu para mim, e eu apenas ignorei, não estava a fim, estava apenas querendo ir embora, pensar, ver meu pai, me reconciliar com ele, e pronto.

_Esqueceu que te levarei á sua casa? – perguntou próximo á mim.

_Sim, me desculpe – falei estranha. – Eu coloquei sua blusa, em cima da cama, e a propósito, obrigada por cuidar de mim, hoje. – continuei.

_Eu sei que está mal pelo que eu te disse. – León disse cruzando os braços. – Mas olha, eu nem sei se eu vou pra lá, falta fazer milhões de testes, e eu nem fiz minha inscrição ainda, e eu posso escolher outra faculdade, aqui mesmo em Buenos Aires. – ele disse tentando de alguma forma mudar o destino dele. – E... – eu o cortei, León estava eufórico.

_Amor... Eu te amo. – Disse tentando conter a euforia de León. – E nada nem ninguém vai poder mudar isso que eu sinto por você. E mesmo com você longe, eu nunca vou deixar de te amar, ou deixar de te encher o saco. – ri fracamente. – Temos dezesseis anos, temos muitas coisas pra viver, e eu creio que uma relação, não é para vida inteira, ainda mais quando se tem a nossa idade. – Eu disse normal e León me olhou com raiva?