_Que? Ficou louco Vargas? Não podemos nos beijar assim, do nada! –falei.

_Mas a escola inteira já nos viu, porque não podemos agora?

_Porque não! Não vou ficar tão vulnerável a você! – falei cruzando os braços. – E porque você quer me beijar? Já não fez isso muitas vezes não? – perguntei irônica e ele riu.

_Eu gostei, você é especial, e eu juro que eu nunca gostei tanto de um beijo de uma garota, quanto o seu!

_Isso é atração física... – falei. – Eu não sou especial, apenas sou mais uma em sua vida.

_Não se rebaixe, você é linda, apesar de grossa – disse rindo.

_Ai, Ai!

_Quer sair comigo? – perguntou naturalmente, eu arregalei os olhos não acreditando naquilo, ele realmente me chamou para sair? – Calma, só como amigo, sem segundas intenções... Eu acho.

_Você é impossível!

_E eu sei que você gosta... – sussurrou em meu ouvido, aquilo fez com que eu me estremecesse, um frio passou em minha barriga, se transformando em calor, que irradiava a minha pele. A cada toque do León, meu corpo respondia de uma forma diferente, querendo mais toques, mais beijos...

_Ai que droga! – falei pondo as mãos no rosto.

_Tudo bem? – León perguntou preocupado.

_Não, não tá! – falei grossa. – Eu não sei o que está havendo comigo!

_Violetta... – o cortei.

_Olha o que você causa em mim, garoto! – falei soltando uma lágrima. – Eu fico totalmente desconcertada quando você me olha, quando você encosta sua mão na minha, quando nossos olhares se cruzam, quando a nossa respiração se transforma em uma só, quando seu perfume entra na minha alma, e eu durmo pensando em você, quando nós nos beijamos, quando você acaricia o meu rosto, ou mexe em meu cabelo. E eu não sei o que acontece, com o meu coração, e toda a vez que eu te vejo, ou falo com você, mil borboletas invadem meu estomago e fazem festa ali, me deixando tonta, me deixando fora de mim! Sinto-me uma idiota por completo do seu lado. – suspirei. – Sinceramente... Eu não sei o que você causa, mas você me transforma, meu corpo todo transforma, querendo buscar mais de você, e eu não estou agüentando mais isso... Eu... – ele me interrompeu se levantando e me puxando junto.

_Minha perdição – León disse baixo.

_Tomara que isso não seja apenas uma ilusão... Odiaria você por isso! – falei baixo.

_Eu seria um idiota se fizesse isso – disse com um brilho intenso nos olhos. – O que nós somos?

­_Hã? Não entendi...

_O que existe entre a gente? – León perguntou sério, esperando uma resposta minha.

_Não somos nada... – disse suspirando. – Digo, não sei o que existe entre a gente. E eu não estou disposta a entender o que acontece. – falei.

_Por quê?

_León... Eu já sofri com isso – expliquei.

_Então me de uma chance – insistiu.

_Pra quê León? É mais fácil uma amizade que se transforma em amor, do que um amor que se transforma em amizade... Não quero estragar o que temos, você é um dos meus “melhores amigos”. Melhor ficarmos na amizade...

_Me de uma chance – insistiu novamente.

_León... Você acabou de sair de um relacionamento – falei. – E eu não estou afim, sério, não estraga isso.

_Você sabe que eu não vou parar de insistir até eu conseguir o que eu quero... Não sabe? – perguntou.

_Garoto... Você não pode levar um fora né? – perguntei irônica e ele riu. – Bom, você faz o que quiser, mas eu não vou ceder, apesar de você causar mil coisas em mim, não quero apaixonar-me realmente de você! – falei.

_Ok... Apenas aguarde.

_O que? León para... Não vai da em nada, melhor continuarmos “amigos”.

_Amigos que se sentem atraídos, e que se gostam... – ele disse segurando em meu queixo. – Não me diga que somos apenas bons amigos, se somos bem mais que isso.

_Não podemos... – falei.

_Sim, podemos, você que não quer... – León disse com seus olhos brilhantes me hipnotizando.

_É você tem razão... EU não quero – falei por fim e me retirei de lá o mais rápido possível.

Saí correndo daquela pracinha, e quando finalmente saí, fui caminhando vagarosamente até a minha casa. Passei em frente a uma lanchonete, e encontrei Diego e Ludmila fazendo lição de casa, pois estavam com cadernos e livros na mão. Decidi ir perturbá-los um pouquinho, pra tentar tirar o Vargas da minha cabeça.

_Oi gente! – falei.

_Oi – responderam juntos.

_Senta aí com a gente... – Diego disse simpático. – Aproveita e pega um suco, aqui é uma beleza.

_Ai Diego! Eu não estou entendendo nada dessa porcaria de química! Sério mesmo que isso é necessário? – Ludmila perguntou irritada largando o lápis.

_Ludmila... É simples! Leia isto: “Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço e...” – ele continuou a explicação com a maior paciência vista nesse mundo. O carinho que ele tinha por ela era incrivelmente visível!

_Ah! É isso? – Ludmila perguntou e ele assentiu. – Não é tão difícil como eu pensava.

_Claro que não, é falta de interpretação... Você tem que estudar mais, em vez de ficar de namorico com aquele nerd! – Diego falou cruzando os braços. Ludmila fechou o livro e bateu na cabeça dele, o mesmo fez uma careta e eu ri.

_Não estamos de “namorico”! Eu e ele somos amigos.

_Ah claro... Super amigos! – Diego disse num tom irônico. – Assim como a Vilu e o León. – senti minhas bochechas queimarem de vergonha, cruzei os braços eles riram da minha cara.

_Quem dera... – Ludmila suspirou apaixonada.

_Já chega! – Diego disse nervoso se levantando da cadeira e dando um susto em mim e na própria Ludmila. – Cansei Ludmila, Cansei! – ele disse agarrando o braço da mesma, e a fazendo levantar na hora. O pessoal inteiro olhava para a gente. Cara ele pirou!

_Diego! Me solta, tá me machucando! – ela disse puxando o braço que estava preso pela mão de Diego. – O que está havendo com você? Você nunca perdeu a paciência comigo! Nunca! – continuou.

Diego não a soltou, Ludmila se remexia, mas não adiantava de nada, Diego era forte, e ela... Era apenas uma garotinha indefesa e fraca. Ele estava vermelho... Talvez de ciúmes. Ludmila estava soltando lágrimas de desespero? Creio que não, deve ser decepção mesmo. Ver o amigo que ela sempre amou, machucando ela deve ser intrigante.

_Diego! – gritou em meios os soluços. Novamente atraímos mais olhares para a gente. Ela bateu nele tentando se soltar. Diego pareceu irado e a jogou em cima da mesa, fazendo com que tudo caísse... Ludmila caiu no chão e a cadeira caiu por cima dela. – Ai!- disse com a mão na cabeça, provavelmente a bateu.

Diego arregalou os olhos, acho que ele não acreditou no que tinha feito, ele ficou imóvel! Sem nenhuma reação, sua pele estava pálida, acho que ele nunca foi tão grosso com ela.

_Ludmila me desculpe – ele disse indo em direção a ela. – Eu...

_Você Nada! – gritou indo para trás. – Não encoste um dedo em mim! Ou eu chamo a polícia! – disse secando as lágrimas que escorriam desesperadamente por sua face. – Saia daqui Diego! Vai embora! – ela gritou. Diego se aproximou, mas foi interrompido por outro grito. – VAI EMBORA! – e assim se retirou com a cabeça baixa.

Ela se levantou com dificuldade, a manga de sua blusa estava caída, e seus cabelos levemente bagunçados. Ela levantou a cadeira e eu a mesa. Se recompôs e se sentou novamente como se nada tivesse acontecido. Me sentei junto a ela. Logo Ludmila começou a chorar, seus olhos ficaram vermelhos, e começaram os soluços.

_C-Como ele pode?! – ela se perguntava em meio o seu choro.

_Calma Ludmila... Logo vocês se acertam e... – ela me interrompeu.

_Não! Quero distancia do Diego! Ele me machucou! – Ludmila disse com a voz falha. – Como vou fazer quando chegar em casa e minha mãe vê o meu braço todo marcado? Vou falar o que?! “Ai mãe, meu melhor amigo me jogou contra a mesa e apertou meu braço, não tem nada de mais!” – dizia irônica.

_Não é assim também...

_É sim! – cortou-me. – Ele nunca fez isso comigo! Ele sempre foi tão doce, nunca me machucou, pelo contrario, sempre cuidou de mim.

_Você já parou pra pensar na possibilidade, de ele ter agido assim, por estar apaixonado por você? E que toda vez que você fala de um garoto para ele, ele fica com ciúmes, e perde o controle? – perguntei o mais calma possível.

_Que?! Diego apaixonado por mim? Claro que não!

_Claro que sim Ludmila, é normal, e percebe que ele sempre quer estar com você, em todos os momentos, ele te ama de uma maneira especial – continuei e lhe dei um sorriso.

_Sim... Mas eu não sou apaixonada por ele, quer dizer, eu já me senti apaixonada quando eu era mais nova, mas isso mudou quando começamos a estudar aqui, eu já não era uma menininha, queria me libertar, até que conheci Federico, ele é especial, e agora eu só vejo o Diego como um amigo, melhor amigo. – Ela disse séria. – Diego e eu, sempre fomos amigos, mas desde que eu venho falado do Federico freqüentemente, ele tem ficado estranho comigo, quer toda hora estar ao meu lado...

_Está vendo! Ludmila ele te ama! – falei.

_Pode ser, mas... Eu não amo ele, eu já o amei, eu achava que ele me amava como uma irmã, mas agora, eu tenho medo, não quero ele perto de mim novamente, não quero me machucar. – Ludmila disse triste e saiu do lugar sem muitas explicações, e foi embora.

Sorri fraco, realmente, ele pisou na bola, não deveria ter feito isso... Ludmila está machucada, não fisicamente, e sim sentimentalmente, deve ser duro um amigo quase irmão, a tratar desta forma tão violenta.

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