I'm Alice escrita por Yume


Capítulo 2
Acontecimentos Estranhos


Notas iniciais do capítulo

Antes que fiquem confusos, Ressentimentos são o nome das Sombras c:



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Acordei, minha cabeça latejava. Sentia-me tonta e estava com medo. Levantei e tomei um banho, para relaxar. Em seguida fiz chá.

Ao abrir a porta, eu notei que estava em casa, minha casa do mundo real. Era um sonho.

Eu me lembrava da cena, da chuva em que levemente pousava sob o fogo. Eu não queria me lembrar da tragédia, nem do que eu vi aquele dia, por isso decidi viver em Wonderland.

Eu andava para fora sem olhar para trás, eu sentia os Ressentimentos me seguirem.

Apresava os passos até estar no jardim. Observava de fora aquela cena novamente, vendo tudo pegar fogo.

–Você não pode se esquecer disso Alice. Faz parte de você. – Ouvi uma voz falar enquanto se aproximava de mim. Era um Ressentimento.

Afastei-me, mantendo distância. Fechei meus olhos e coloquei as mãos no ouvido, enquanto me agachava ignorando tudo. Ouvi as coisas se acalmarem. Parei de ouvir os gritos na casa, parei de ouvir os sons e parei de sentir minha pele quente no fogo. Abri os olhos. Estava de volta à Wonderland.

Levantei-me da cama. Eu ainda estava tonta. Tomei o chá como de costume. Saí de casa.

Quando me dei conta estava sentada perto da fonte de água da praça, perdida em pensamentos. Lembrava-me daquele sonho desconfortável, me fazendo lembrar parte da tragédia. Amanhã seria o jogo, eu não estava disposta o suficiente no momento.

Novamente adormeci, no banco. Desta vez estava no castelo da Rainha de Copas.

–Há algo estranho neste mundo. – Falou a Rainha.

–Eu percebi, Lufa. – Respondeu o Coelho Branco.

–Me chame de Majestade! – Exclamou a Rainha. – Tenho certeza que os ressentimentos estão se manifestando por causa de Alice. Aquela forasteira devia sumir.

–Se acalme, “Majestade”. Foi você que mandou eu trazê-la até aqui.

–Sim, queria um novo brinquedinho e vinha a observá-la fazia um tempo. Mas no fim ela me surpreendeu se adaptando ao Reino.

–Mesmo assim, o que devemos fazer quanto aos ressentimentos?

–Não sei, talvez se matarmos Alice eles ficarão mais quietos.

–Não se atreva a encostar um dedo sequer em Alice. – Disse Shiro, irritado.

–O que deu em você? Andas estranho!

–Que seja. – Ele disse e se retirou.

Eu acordei, havia sido um sonho estranho. Normalmente sonhos são aleatórios. Talvez eu pudesse mover minha consciência para algum outro lugar. Não sei...

Levantei e resolvi passear pela cidade. Novamente vi Chapeleiro tomando café no lugar de ontem. Parecia ser seu preferido.

–Olá Alice, que raro te ver por aqui. – Ele cumprimentou.

–Bom dia.

–Você está pálida. Os Ressentimentos ainda lhe perseguem?

–Sim. – Eu disse colocando a mãe na cabeça, para aliviar a dor.

–Realmente, há algo estranho neste mundo. – Ele olhou para cima. Fiz o mesmo e notei que o céu estava escuro.

–Que diabos... – Eu disse confusa com tudo o que estava acontecendo.

–A Rainha deve estar preocupada. Se as coisas continuarem estranhas, o jogo terá que ser cancelado.

Horas depois a Rainha de Copas anunciou que o jogo aconteceria.

Voltei para casa, meu corpo estava fraco.

Dormi durante a tarde, acordei de noite com fome. Abri a geladeira e comi um pedaço de frango lá dentro.

Fui escovar dentes. Após isto olhei para o espelho. Meu rosto estava pálido, meus cabelos castanhos despenteados e meus olhos verdes irritados. Enxuguei o rosto e olhei para o espelho novamente.

A imagem havia mudado, eu vi o rosto de minha irmã, queimado e triste. Sua voz grossa e rouca gritava meu nome.

–Alice. Alice. Alice. Venham viver com a gente! Volte para seu mundo. Se queime até morrer. Estamos com saudade. Alice. Alice. Aliiiiiiiiiiiice!

Saí do banheiro e me joguei no sofá, tremendo.

–Que merda foi essa?! – Eu dizia, passando a mão no olho. Não estava dormindo.

Eu saí de casa. Ainda eram nove horas. O que menos queria era ficar sozinha. Estava com medo. Voltei para a cidade.

Tinham poucas pessoas nas ruas, devia ter em torno de umas 40 em cada rua. Estava frio, e as pessoas sem rostos deixavam as coisas mais assustadoras. Era bizarro.

Notei algo estranho com elas. Elas não pareciam ter vida como antes. Estavam lentas e... Tão “Cinzas”.

Estava tudo tão quieto, eu ouvia os pingos da fonte, os batimentos do relógio.

–O que você está fazendo? – Ouvi uma voz.

Olhei para trás, era Shiro.

–Não lhe importa. – Eu disse, tentando parecer indiferente.

–Se é por causa dos Ressentimentos, é bom tomar cuidado. Desses das para cá eles andam violentos. – Eu tinha certeza que ela já sabia o que estava me incomodando.

–Estou atrasado, devo ir. – Shiro falou, olhando o relógio.

–Adeus, mascote real. – Eu disse provocando-o.

–Ao menos este mascote te venceu no último jogo. - Filho da mãe! – E te vencerá novamente.

Eu estava a ponto de meter um chute na cara dele, mas não queria ser punida por vandalismo tão cedo, um dia não mata ninguém. Amanhã é o dia do jogo, irei ter minha vingança pela última vez!

Fiquei mais um tempo na praça e fui embora pelo caminho com mais pessoas possíveis. Tranquei a porta de casa e fui dormir.


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