Acordei, era o dia do jogo. Tivemos tempo de nós prepararmos até o meio-dia.

Não tinha nada para fazer, já estava tudo pronto, e eu estava pouco disposta. Sentei-me na mesa e fui tomar chá. Ouvi uma batida na porta.

–Alice, está aí? – Pela voz suave e calma, eu soube que era o chapeleiro.

–Sim, pode entrar. – Ele abriu a porta e olhou ao redor da casa.

–Você já está pronta? – Ele disse, surpreso e calmo ao mesmo tempo.

–Sim...

–Foi rápido, você é mesmo Alice?!

–Claro que sou!

–Bem, eu irei acompanhá-la, ou você acabará perdida como da ultima vez. E também é por causa das sombras, elas estão cada vez mais violentas.

–Okay – Eu disse – Aceita chá?

–Irei aceitar. – Ele disse alegre, ele era viciado em chá.

Nós bebemos e depois de alguns minutos resolvemos andar pela cidade.

No caminho observamos tudo. O céu estava escuro e o ar pesado.

Ele me puxou para a floresta.

–O que está fazendo?! – Indaguei estranhando.

–Silêncio, há algo nos seguindo.

–Algo... ?

–Sim, eu consigo ouvir seus passos. – Ele apontou um poste na estrada, depois de olhar eu percebi que havia uma sombra lá. – Viu?

–Que diabos está acontecendo neste reino?!

–Não sei, mas tem algo haver com você Alice.

–Como assim?

–Cada sombra carrega alguma memória. Essas sombras, os Ressentimentos querem se alimentar da sua consciência, usando uma memória que você tentou apagar.

–Não... Não pode ser... – Eu disse assustada.

O Chapeleiro se aproximou, me abraçando. Sua boca estava próxima ao meu pescoço, eu podia sentir sua respiração.

–Alice, eu não posso te perder. – Ele me apertou mais forte, estávamos muito próximos um do outro. – Você é a coisa mais preciosa para mim.

Meu rosto ficou corado, meu corpo estava ficando quente. Sua boca se aproximava da minha, mas algo fez um barulho, e olhamos, tentando ver o que era.

Não vimos nada. Ele parecia sentir a presença. Ele segurou minha mão e puxou-me para mais dentro da floresta. Começamos a correr.

Estava claro, esperamos que a sombra desistisse e fosse embora. Foi o que aconteceu.

Dirigimos até o local do game. O Chapeleiro se aproximou, sussurrando em meus ouvidos:

–Boa sorte.

Eu corei, tudo o que consegui fazer foi um sinal com a cabeça.

Logo em seguida chegou a Rainha de Copas. Ela se dirigiu até mim.

–Olá Alice. Vejo que veio para perder novamente.

Eu estava prestes a dar um chute na cara dela, mas Shiro e o Chapeleiro me seguraram.

–Ora, ora. Mal começou o jogo e você já quer quebrar uma regra? – Ela disse, me desafiando.

–Quando o jogo começar, você vai ver, vaca!

–Que ato foi este? Você vai perder, largue teu orgulho. E pare de atrair calamidades para meu reino.

–Do que está falando?!

–Você está atraindo Ressentimentos para o Reino. A culpa é toda sua.

Eu iria dar um tapa na cara dela, mas Andy segurou minha mão:

–Já basta Alice. Vamos começar logo, “Rainha”.

Os moradores da cidade já haviam sido evacuados, Deus sabe para onde. Agora a cidade era nosso campo de batalha.

Separamos-nos, cada um se escondeu, enquanto esperava o sinal do início do jogo aparecer no céu. Um fogo de artifício foi o aviso. O jogo já havia começado, a partir de agora.