NARRADO POR SARAH MARSHALL – LOBA

Beleza, já não era suficiente Bradley e Drake terem aquela ideia idiota de nos juntarmos aos caçadores, agora teria de ir à busca de mais caçadores na presença de um caçador. Caçadores e lobos não se dão muito bem, preciso ressaltar esse pequeno fato?

Haviam se passado três longos e irritantes dias na presença de todos eles. Estávamos “hospedados” em sua casa enquanto bolavamos’ um bom plano em conjunto, ou pelo menos tentávamos. Em uma ideia que algum tinha de cinco, três não concordavam e assim se prosseguia.

Agora estava em viajem na companhia de William, estávamos indo até Yanille para recrutar tal garota caçadora chamada Maya Falker. Ela devia ser boa pelo o que as pessoas falavam dela e mesmo se não fosse, eu a forçaria. Pelo trabalho que estamos passando com ela, deverá valer a pena.

A viajem tanto quanto o silêncio irritavam-me de maneira descomunal. Eu gostaria de encontrar a tal garota de uma vez e voltar para casa logo.

– Nós já chegamos?

William olhou-me irritado logo voltando à atenção para a estrada. Esse garoto só pode ter problemas, afinal o que o deixava assim? Era apenas a segunda vez que perguntava.

– Não.

Bufei colocando os fones e prestando atenção na vista. Apesar de manter uma pose forte na frente de todos, eu não era o que parecia. Quando pequena vi coisas que não poderiam ser apagadas em uma simples piscada da minha mente, mas não vou negar que queria muito ter esse poder.

Sofri muito na mão do meu pai quando era pequena, um maldito lobo cruel qual não abandonava a crueldade nem com a própria filha.

– Já chegamos? – Perguntei algum tempo depois.

– Finalmente... – resmungou.

Resolvi abandonar as más lembranças do passado e observar a paisagem fora do carro. A floresta continuava e na estrada estava uma placa com os dizeres: “Bem vindo a Yanille. População: 3.296”.

Era sem dúvidas a cidade menor e com menos população que eu já havia visto, com certeza.

– É impressão minha ou a cidade desapareceu?

William revirou os olhos com divertimento, mas sem sorrir.

– Paciência é uma virtude.

Contorci a boca enquanto olhava novamente para a paisagem. Não gosto de ter paciência, paciência é o ponto fraco em uma luta.

– Desde quando você é um caçador?

Ele mexeu os ombros.

– É de família. Meus pais eram e me ensinaram tudo, ou quase tudo que sei hoje.

– Eram? Por que eram?

– Foram mortos por lobos em uma caça.

– Oh, me desculpe.

Ele deu-me um sorriso amarelo.

– Tudo bem.

E mais uma vez, como esperado permanecemos em silêncio.

William não era uma pessoa difícil de conviver, ele era um cara legal quando em silêncio. Bem, na verdade nunca havíamos tido um diálogo tão extenso então não tenho outra opção para elogios a ele.

Não era mal humorado, não provocava briga nem alfinetava ninguém, não reclamava e sim argumentava se não gostava de algo; era um cara na dele.

Aos poucos algumas casas foram aparecendo e então já estávamos em um tipo de ponte que ficava um pouco a cima da cidade.

– Nárriman tem razão, você fede pra caramba. – Retiro o que disse sobre “alfinetar”.

– Não tem medo da morte?

Ele deu de ombros, divertido.

– Se tivesse acha que estaria aqui com você?

Movi a cabeça, como se seu ato fosse totalmente ridículo. O que era verdade.

Sem conseguir esconder a curiosidade perguntei onde a tal garota Maya morava. Ele respondeu que estávamos chegando perto e que se eu não parasse de amolar ele me amarraria e colocaria sobre minha boca uma fita. Coitado, como se eu devesse temer ele ou coisa do tipo.