NARRADO POR EDGAR SULLIVAN - CAÇADOR

Estava andando por uma estrada de chão batido e com árvores ao redor. Um fim de mundo.

Eu nunca me juntaria a um grupo de caçadores para derrotar Alisson, mas no fundo eu sabia que não poderia derrotar a mandante do assassinato do meu amigo sozinho, afinal ela tinha um clã realmente muito grande. Não estou dizendo que não consigo, não, eu sou um ótimo caçador e revelo que não seria nada difícil derrotar aquela cachorra sem sal nem açúcar, mas uma coisa eu digo: não é nada legal encontrar mais ou menos 10 lobos seguidores dela e sair como um cachorro com o rabo entre as pernas.

Parei instantaneamente ao avistar uma sombra humana ao lado esquerdo por entre as árvores. O que mais me impressionou foi que mesmo estando a uma distância realmente grande do que parecia ser uma pessoa, a silhueta pareceu me ver e sair correndo. E é claro, eu fui atrás dela.

As árvores dificultavam um pouco, mas não chegava a ser impossível, pois afinal eu havia me preparado para isso.

Retirei minha adaga do bolso e atirei contra a silhueta, que caiu no chão.

– Isso!

Foi nesse mesmo instante que uma flecha passou de raspão pelo meu braço.

– Que droga...?!

Ouvi vozes ao longe. Deviam ser inimigos.

Olhei novamente para o lado, massa silhueta não estava mais ali.

Ouvi uma voz feminina gritar: “Não deve ter ido tão longe.”.

Escondi-me rapidamente atrás de uma árvore ignorando a dor que sentia no braço. Não estava esperando por isso! O que eu faria agora?

– Achei. – Disse a mesma voz, agora mais próxima. – Está... Suja de sangue.

Fitei meu braço. O estado estava critico.

Os passos leves do que pareciam ser uma mulher faziam barulho ao pisar nas folhas caídas da árvore e isso me deu uma grande vantagem: eu sabia por onde estava indo. Sua respiração também podia ser ouvida e ela não parecia nada calma.

Espiei por trás da árvore e pude ver uma mulher de costas com cabelos castanhos que iam pouco abaixo do ombro.

Avancei contra ela e logo segurei seu pescoço, a deixando imóvel e assustada.

– É melhor me soltar! Não vai ser nada legal o que irei fazer com você se não me obedecer... – Ameaçou.

– Ora, ora... Parece que temos uma inimiga com personalidade forte por aqui.

– Eu disse para me soltar, ou juro que não vai mais ver o sol nascer!

– Incrível como isso me da um tremendo medo.

– Vou arrancar o seu fígado seu desgraçado!

Podia sentir que ela estava nervosa por baixo dos meus braços, sua pele tremia.

– Está com medo? – Ri.- É bom estar.

Virei-a de frente para mim e a coloquei contra a árvore mais próxima. Ela era bonita e estávamos realmente muito próximos, mas não podia deixar isso me abalar.

– Quem era aquele? – Perguntei sério.

– Aquele o que seu louco?

– Não se faça de boba, é óbvio que me atirou aquela flecha para ver seu amiguinho fugir. Pena que ele não voltou para te buscar...

– Responda a minha pergunta! – Brigou ela.

– Sou eu que faço as perguntas por aqui. – Disse enquanto apertava a faca em seu pescoço, ameaçando afunda-la. – Onde fica a casa dos caçadores?

– Caçadores? Você é um cúmplice de Alisson?

– Do que você...

Mas antes que pudesse terminar a frase ela chuta minhas “partes baixas” com o joelho.

– Droga, por isso eu não esperava... – Disse com a voz fraca.

Cai de joelhos no chão enquanto ela fitava-me vitoriosa.

– Agora sou eu quem faz as perguntas.

Droga, isso está doendo para caralho!