NARRADO POR NÁRRIMAN - CAÇADORA

Admito que esteja preocupada, afinal a maioria dos nossos aliados estavam espalhados e correndo perigo e isso não era nada legal.

– Algum deles atendeu?

Drake negou guardando o celular em seu bolso.

A preocupação era tanta que até esquecia-me da presença de Kenna, garota estranha a qual eu devia ficar de olho.

De repente a porta foi aberta revelando William, Sarah e uma garota de cabelos castanhos.

– Vocês estão vivos!

– O que perdemos? – perguntou William referindo-se aos novos elementos na sala.

– April é uma antiga amiga minha já Kenna diz-se ser uma antiga conhecida de Clarisse – esclareceu Drake. – Você deve ser Maya, certo?

– Exatamente, vim aqui para ajudar vocês a derrotar aquela cachorrinha mimada, o que vocês provavelmente já devem saber.

Revirei os olhos fazendo um som como “dããr” e recebi imediatamente olhos fuziladores de Drake. Ela continuou:

– Mas preciso saber da situação.

Os olhares de Drake, April, William, Sarah e inclusive os meus foram parar em Kenna.

– Que foi? – perguntou inocentemente.

Sarah a analisava.

– Ela é confiável?

– Vocês não tentaram ligar para Clarisse e perguntar a verdade?

– Sim Wil – respondi – Nenhum deles atendeu. Nem Alice.

Drake olhava para o nada enquanto pensava em qualquer merda.

– E será que a própria Clarisse é de confiança?

Estupefata, retirei o tênis do meu pé e arremessei-lhe a cabeça.

– É claro que ela é confiável seu acéfalo desmamado! E já de você eu não posso dizer o mesmo!

– Garota, qual é a sua?

– Eu que digo isso, qual é a sua?

– Estamos com problemas, sejam adultos e parem com essa picuinha ridícula! – argumentou April. – O que deu na cabeça desses jovens de hoje hein? Ao invés de declararem-se ficam fazendo ceninhas ridículas.

Mesmo ela tendo murmurado para si a última parte pude ouvir claramente e isso foi o suficiente para deixar-me vermelha.

– Espera... Jovens de “hoje”?

Os olhos misteriosos de April foram ao encontro dos de Maya.

– Quantos anos você tem?

– Estou viva desde o século 18 – respondeu com um sorriso indecifrável no rosto. – Faça as contas.

William riu nervoso.

– Uou, uou, uou, uou. Deixa-me ver se entendi: você está viva há três séculos e a garota ali está no mesmo recinto que nós, ouvindo a nossa conversa sendo que pode ser uma mandante de Alisson?

– O que? Espera lá meu querido, ai você já está me ofendendo. Que droga, esse povo só pode ter sérios problemas mentais! Eu tenho cara de quem trabalha para aquela cachorra pulguenta?

– Sim – responderam todos.

– Ah, você só pode estar brincando com a minha cara – murmurou.

Suspirei, irritada com toda a situação em que havíamos nos metido.

– O que faremos?

– April e Maya a partir de agora são nossas aliadas, e a Kenna pode permanecer aqui, mas com vigias. – Respondeu Drake fazendo-me revirar os olhos com sua tamanha impetulância.

– Desde quando você manda em alguma coisa?

O grupo todo começou a reclamar, alegando novamente que parecemos crianças e que a ideia de Drake era boa. O maldito olhou-me vitorioso enquanto todos se espalhavam pela casa. Apenas bufei e subi para o meu quarto.

Na frente do notebook estava eu, pesquisando mais sobre a criatura que iriamos enfrentar. Acabei acessando um blog onde tinha um conteúdo realmente muito bom. Em uma postagem eles falavam sobre seus poderes, quais eram citados força, velocidade, ilusão, transmissão e sedução.

Sem mesmo notar pensei em Drake. Ele deveria ter o último poder... Espera, em que merda eu estou pensando? Foco mulher!

“Transmissão – somente estes podem transmitir o vírus da licantropia; sua mordida basicamente pode transformar qualquer um.”

Interessante. Então basicamente, se o vírus da mordida for dentro do meu corpo eu acabaria me transformando... Claro se ele não resolvesse me matar, o que é bem provável que ele não faça. Esse é o objetivo da mordida: inserir o vírus – que se localiza, provavelmente, na saliva do lobo. Espera, então quer dizer que... Se eu beija-se um lobo eu me transformaria? Afinal o vírus estaria dentro do meu corpo.

“Sedução – olhar atrativo; conseguem invadir os desejos humanos até chegar aos princípios de atraí-las para sua presença. Basicamente age como uma hipnose rápida e certeira, usado para um sistema mais fácil de caça.”

Então não teríamos nenhuma chance se o lobo resolve-se nos hipnotizar. É por isso que o ser humano acaba se tornando uma presa fácil: ele não espera por isso. Além é claro, do pequeno e simples fato de ele se sentir atraído pelo seu possível assassino.

“Esta raça basicamente acaba se tornando quase indestrutível, lobisomens se recompõem de feridas, cortes e outros enfermos menos de desmembramentos ou dissipação de cabeça...“

Então está ai a resposta de como matar um lobo: seja rápido e arranque-lhe a cabeça. Como se fosse simples...

“...e é claro fragmento de prata no coração (estaca, bala, facas e etc.). Mesmo não atingindo o coração, o deixa um pouco atordoado.”

Balas de prata! Precisamos nos equipar com qualquer coisa que seja de prata!

“O lobo pode possuir o total controle de seu corpo: menos na lua cheia onde seu desejo por carne humana se torna mais forte do que qualquer outra coisa.”

“Para os lobisomens transformados as fraquezas se estendem; podem ser dês transformados através da magia HOMORFO. Estes ainda podem adotar o poderoso controle da transformação através de poções e amuletos.”

Então os lobisomens transformados podem rapidamente voltar a sua forma original com essa magia... Mas como será que funciona? Digamos que não é o fim do mundo.

“Laços Sanguíneos – poderosos; o laço sanguíneo (parente familiar fortemente ligado) impede basicamente nas relativas fomes pela carne humana, ou seja, lobisomens não tacam seus pais ou irmãos. Na verdade protegem.”

Que fofo! Mas por que carga d’água April está aqui? Como vai lutar contra a irmã? Bom, se bem que nem tudo o que tem na internet se pode acreditar.

“Ligação Corpórea: feitiço antigo lançado à raça. Quando encontram uma garota e se apaixonam, a protegem com sua própria vida, dependendo de sua existência. Quando este amor morre, o lobisomem entra em um terrível estado de depressão e acaba deixando todos seus poderes, tendo o fim de suas transformações que os levam a morte por não conseguirem mais se alimentarem.”

Então para o bem de um lobisomem eles não podem se apaixonar, pois no caso deles estão expondo sua vida á risco. Não sei qual minha opinião quanto a isso... Deve mesmo ser verdade? É romântico. E ao mesmo tempo mortal... Que merda.

Em uma das outras diversas postagens estavam nomes de alguns dos seres mitológicos. O primeiro a ser citado eram os Leches, uma criatura masculina da mitologia eslava; era um cavalo meio humano, já o segundo era Selkie, um novo nome para “sereia”, a única diferença era que podiam se transformar além de humanos, em focas, o que cá entre nós é muito estranho. Também citava os Kitsune, eram seres inteligentes com capacidades mágicas que aumentam com a sua idade e sabedoria. E o mais aterrorizante: o Aswang. A criatura é descrita como uma mistura de vampiro e bruxa. É canibal e devoradora dos mortos, e de acordo com certas histórias comem crianças e fetos...

– Que horror! – Disse ao analisar a foto anexada com a postagem.

Abaixo dessa última estava uma a qual eu nunca havia visto. Junto com uma pequena foto estava uma pequena descrição: Slerman é descrito como semelhante a um homem magro, anormalmente alto, com um rosto branco e geralmente inexpressivo e que veste um terno preto. Histórias contam que homens normais são amaldiçoados por bruxas e carregam esse tal “fardo”. Embora descrito em muitos sites como “único”, existem mais e um deles pode estar agora mesmo te observando e esperando você dormir.

Virei-me para trás rapidamente, assustada.

– Cornos...

O último ser mitológico da lista, depois dos licantropos era os vampiros. Sobre esses eu sabia bastante. Quando ia finalmente ler alguém bateu na porta e eu fechei a guia rapidamente.

– Pode entrar.

April entrou no quarto, sorrindo.

– Ocupada?

– Não.

– Certeza? Por que fechou a guia com tanta rapidez? Esconde o que?

Encarei-lhe atordoada. Como ela sabia?

– Como?

– Tenho dons, esqueceu?

– Ah, sim. Dons. – Ela olhou-me sugestiva. – Estava pesquisando sobre os lobisomens.

– Qual sua dúvida?

– Você é irmã da Alisson mesmo? Por que está aqui sendo que são irmãs e não pode ataca-la? Qual seu objetivo? De onde conhece o Drake? O que o Drake tem haver contigo?

Ela arqueou uma sobrancelha.

– Bem... Não acredito que possa responder todas suas perguntas, afinal não invadem apenas minha privacidade.

Revirei os olhos.

– Não me deixe mais curiosa do que já estou.

– A verdade nem sempre é boa.

– Por favor, sem frases profundas.

– A rainha do clã, minha mãe, havia engravidado de Alisson. Foi uma gravidez um pouco complicada, mas no final tudo...

– Não respondeu minha pergunta.

April olhou-me feio e continuou sua explicação.

– Tudo acabou bem. Quando minha irmã tinha em torno de um a dois anos, Josephine descobriu que estava com um tumor chamado Mioma a qual a impedia de engravidar.

– Espera quem é Josephine? A sua mãe?

– Sim, minha mãe...

– AAhh...

– Apesar de meu pai desconcordar com a ideia, minha mãe me adotou em um orfanato mortal; eu era uma simples humana com quatro anos que havia perdido os pais em um acidente. Não tinha nenhum tutor, os familiares mais próximos me julgavam um estorvo.

– Mas você é uma loba, não é?

– Posso continuar sem interrupções?

– Ah, desculpe.

– Alisson e eu nunca nos damos bem, ela era perigosa, solitária e... Um pouco estranha. Após algum tempo ela começou a alegar que eu roubara seu lugar como filha e que eu era a preferida. Ela começou a nutrir ódio por mim, muito mais do que já sentia e isso foi terrível.

– Então ela já tem essa personalidade macabra desde pequena?

– Na verdade Alisson sofreu muito por causa de sua personalidade. Ela sempre mostrou ter aquele lado... Sombrio. Teve um casamente arranjado aos 13 anos.

– Sei... Mas e depois?

– Ela matou o marido em torno dos 14. Sem remorsos, sem sentimento de culpa e sem alguma demonstração de arrependimento. Ela alegava gostar de um rapaz, chamado Sebastian.

– Eles ficaram juntos?

– Saiba definir paixão de amor Nárriman. Minha irmã não sabe o que é amar, ela apenas sentia uma... - ela hesitou - atração pelo moço, nada mais. Não tinham motivos para terem um final feliz.

– Que coisa... Mas como Drake envolve-se nisso?

– Já não é mais uma área do meu departamento. – Ela disse levantando-se. – Aliás, alguns de nós vamos treinar você vem?

Nós descemos até o quintal, que mais era um pedaço de campo vazio com o inicio de algumas árvores. Lá estavam Drake e Maya.

– Finalmente! – Resmungou Maya. – Vamos logo April!

– April? Eu não vou lutar com o maníaco do parque ali – disse.

– Como se eu quisesse lutar com você.

– Tem medo de perder de novo?

– Perder para você? Impossível.

– Duvido.

Drake riu.

– Vamos ver como você se sai contra minha forma lupina senhorita Rosemberg.

(Só estou colocando na estória fichas que estão no primeiro capítulo - segundo...)