O sol novamente ardia forte ao pé da montanha,onde Yuka morava com seu pai,o que a deixava irritada era o fato de ter que subir o morro para o trabalho em meio a lama,a mesma colocava um lençol branco no varal em frente a casa,enquanto que Hagoromo estava sentado ao lado da porta em uma cadeira,ela olha de soslaio para a porta.

–Ainda não consigo acreditar que você seja mesmo filho de uma Deusa..-comenta Yuka alisando o tecido no varal velho,Hagoromo que estava de olhos fechado aparentemente meditando os abre olhando as costas da albina.

–E eu ainda não acredito que me colocou para dormir no celeiro junto com o cavalo-murmura ele um tanto sério,Yuka sorri.

–Não tinha onde você dormir...a única cama que eu tenho,meu pai a usa...além do mais,eu não iria começar a tratar você como um rei,só porque disse ser filho de Kaguya-fala ela com as mãos na cintura,com uma pose imponente,Hagoromo sorri de lado.

–Você é realmente diferente dos demais humanos que moram neste mundo-fala ele ainda sentado,Yuka pega a cesta que trazia as roupas e da de ombros.

–Como disse...não acredito muito em deuses e muito menos em filhos de algum-caminha ela passando para dentro de casa,o rapaz vai atrás-Vem cá? me diz uma coisa,se você é mesmo o filho da "deusa",porque você veio para cá? achei que você deveria estar no céu,em um castelo de ouro e coisas assim...-fala ela se virando para ele,enquanto coloca a cesta em sima da mesa,Hagoromo ri.

–Não moro no céu,literalmente...moro em um espaço tempo diferente desse...quase como um mundo paralelo-fala ele se escorando na mesa,ao lado de Yuka-Vim para cá,pois eu serei o sucessor de minha mãe..

–Quer dizer...vai se tornar o Deus daqui?-pergunta a mesma,Hagoromo confirma.

–Digamos que sim..ficarei responsável por criar e cuidar desse mundo....assim como ela-fala ele cruzando os braços,Yuka o olha por um tempo.

–Humm...quer dizer então que estou conhecendo um futuro Deus? isso eu chamo de sorte-fala ela sorrindo e indo para o fugão,Hagoromo a acompanha com os olhos-Mas porque veio aqui? foi para inspecionar a gente?-pergunta ela,ele fecha os olhos negando.

–Não,vim pois queria aprender como as pessoas desse mundo vivem...e como devo trata-las....resumindo,vim aprender como é ser um humano normal-fala ele,nesse momento Yuka o olha quase incrédula,mas um sorriso aos poucos se forma em seu rosto-Que sorriso é esse?

–Bom...estava pensando...se você veio para a terra ver e aprender como um humano normal trabalha..então porque não começa se fazendo de humano normal?-começa ela se aproximando,Hagoromo sente um arrepio e um pressentimento ruim correr por seu corpo.

–Como assim?-pergunta descruzando os braços desconfiado,um brilho novo arde os olhos de Yuka,que agarra as mãos de Hagoromo o que o faz corar.

–Vem comigo...você não quer aprender a ser humano normal? pois então...vamos lhe ensinar a ser um!-exclama o levando para fora,indo até o lado de trás da casa,encontrando uma segunda casa,essa só havia um cômodo,onde a albina guardava suas roupas e de seu pai,ela empurra a porta com o pé,e logo sobe uma cortina de pó,fazendo os dois tossirem,ela vasculha em uma cômoda peças de roupas,enquanto que seu hospede olhava em volta a bagunça total ali-AQUI!-exclama chamando a atenção de Hagoromo que olha para a mesma,enquanto em suas mãos ela estendia alguns pedaços de panos velhos-Veste isso...e então sua lição ira começar!

–Hã?!

[...]

–Vamos Hagoromo você está muito lerdo! precisamos chegar logo até o nosso serviço!!-Yuka exclama logo a frente,enquanto que subia a montanha com uma bota de plástico e uma calça jeans surrada para dias de chuva,uma regata branca por baixo de uma camisa xadrez vermelha,ela olha para trás,segurando a risada,ao avistar um homem aparentemente bonito,e com porte de um Rei,subir a montanha com uma cesta na cabeça,calças marrons velhas de seu pai,uma regata branca por baixo velha e com manchas de graxas e outras manchas que a mesma não sabia dizer do que era,um coturno velho também marrom claro,e na cabeça uma outra faixa azul,a roupa do pai de Yuka ficara perfeita no corpo atlético de Hagoromo,ele a olha fazendo uma careta.

–O serviço é seu! não meu...então não venha me apressar!!-ele estava visivelmente irritado,nunca em sua vida,havia passado por isso,maldita hora que se encontrou com a albina,ela sorri largamente fazendo ele se perder naquele sorriso,mas logo passa por ela pisando duro.

–Não adianta ficar irritadinho senhor futuro Deus...foi você que disse estar aqui para aprender ser humano normal...agora se mecha que estamos chegando-diz ela ao seu lado,o mesmo revira os olhos,mas logo avista uma vasta plantação de trigo,com vários homens no meio dela com uma cesta e facão em mãos,ele olha para a mulher ao seu lado e vê o brilho nos olhos da mesa,não tinha duvidas,ela gostava da vida que tinha-Chegamos..venha vou lhe apresentar ao seu novo patrão-diz ela,Hagoromo deixa a cesta do lado de um armazém,e segue a mesma para perto de um homem robusto vestido com uma camiseta vermelha,chapéu de palha velho na cabeça,calça jeans e botinas marrons,Yuka sorri.

–Há! Yuka..chegou cedo hoje...seu pai está bem?-pergunta o mesmo com um timbre forte e sorrindo,a mesma o abraça.

–Está tudo ótimo com meu pai,ele é forte como um touro....mas vim mais cedo pois queria apresentar seu novo ajudante,ele ira ajudar na colheita de Trigos-fala Yuka dando um tapa generoso nas costas de Hagoromo que a olha com senho franzido.

–Ho! pois não seja por isso...seja bem vindo meu rapaz...e obrigado pela ajuda-diz ele sorrindo,Hagoromo iria contestar mas ao ver a felicidade do mesmo desiste e sorri também.

–De nada...é um prazer ajuda-lo senhor-diz ele respeitoso e reverenciando,os dois riem.

–Não precisa ser tão formal rapaz...aqui todos somos uma família...e você sendo novo ou não já faz parte dela-diz colocando a mão no ombro de Hagoromo,que sorri mais.

–Obrigado...-murmura,Yuka ao lado dos dois suspira.

–Certo..vamos Hagoromo,temos muito o que fazer!-exclama puxando-o pelo braço e dando tchau para o homem sorridente,os dois vão até o armazém e a albina aponta para uma cesta maior-Pronto,você pega aquela cesta e me segue...vamos começar a trabalhar com gente normal...aqui,pega-diz lhe entregando um facão.

–Para que isso?-pergunta olhando para a enorme faca,a mesma o olha e em seguida revira os olhos.

–Como espera cortar o Trigo? ele não vai se cortar sozinho sabia? agora vamos-fala ela pegando um segundo facão e saindo,ela apanha a cesta que estava na porta do enorme armazém e os dois sobem o morro um pouco mais e passam por um portão de madeira entrando no meio do monte de trigos secos,a mesma sorria e cumprimentava todos a sua volta,e Hagoromo apenas observava sorrindo discreto.

Quando em fim pararam,estavam um pouco distante dos demais,Yuka coloca a cesta ao seu lado e agarra com uma das mãos um punhado de Trigo generoso e olha para o rapaz ao seu lado.

–E assim você o corta!-exclama e desce o facão na lateral do punhado cortando o punhal de trigo,ela joga dentro da cesta-Agora tenta você..-murmura,Hagoromo olha para o trigo,olha para o facão,e para sua "sensei",que sorria,ele suspira.

–Certo,vamos lá..-assim que termina de dizer,uma espécie de camada de poder envolve o facão e o mesmo abaixa o facão até a uma altura boa para cortar,e com apenas um mexer do braço para o lado,uma quantidade absurda de poder passa como uma navalha afiada torando uma boa parte dos trigos a sua frente,deixando Yuka estática olhando para toda aquela devastação,com apenas um golpe-O que? isso é muito fácil!-diz sorrindo aberto,com as mãos na cintura.

–Mas...mas...-nada saia da boca da albina,a mesma não acreditava que alguém pudesse fazer isso,demoraria um pouco para ela se acostumar com a força daquele homem.

[...]

De tarde,boa parte da colheita já havia terminado,graças ao novo queridinho na plantação,todos os agricultores que trabalhavam ali,o elogiaram muito com o tanto que ele fizera em tão pouco tempo,Yuka não havia gostado nada,afinal ele apenas usou seu poder para cortar tudo,ainda mais por que ela achava injusto todos terem de trabalhar duro enquanto que ele com apenas meia hora,metade da plantação já havia sido cortada.

–Ei,vai ficar emburrada até quando?-pergunta o moreno olhando para as costas de Yuka,que descia a montanha com certa pressa.

–Não estou emburrada!-exclama visivelmente emburrada,Hagoromo suspira e aumenta os passos para alcança-la.

–Não fica assim...foi você quem disse para ajudar na colheita não foi? eu apenas a ajudei-fala o mesmo ao seu lado,ele a segura pelo braço a fazendo parar.

–Eu sei disso...mas eu pedi para você me ajudar como um humano normal,não acabar com a colheita de uma vez...todos nós trabalhamos dia e noite tentando terminar essa colheita antes do inverno....e do nada chega você e acaba com tudo o nosso esforço-fala ela apontando para Hagoromo.

–Bom...ninguém reclamou comigo sobre isso...pelo contrario eles me elogiaram...não sei porque tanta raiva,isso não é bom se terminarem antes do inverno?-pergunta ele com uma sobrancelha arqueada,Yuka bufa voltando a andar.

–Bom é...mas nunca precisamos de alguém com poderes sobre-humanos para fazer nosso serviço...amanhã vamos arrumar outra coisa para fazermos!-exclama ela de longe,Hagoromo sorri dando de ombros.

[...]

–Seja bem vinda minha filha...-sussurra o pai de Yuka,ao ouvir a porta ser aberta,a mesma vai até ele segurando sua mão com cuidado.

–Estou em casa,papai...como o senhor está se sentindo?-pergunta ela com um sorriso fraco,o mesmo tosse algumas vezes e sorri.

–Estou morrendo...mas estou bem-murmura ele,fazendo Yuka sentir um bolo na garganta.

–Não diga essas coisas Pai!-repreende Yuka olhando para o pai que mesmo fraco sorri novamente.

–Sinto muito minha filha...mas é a verdade-dizendo isso ele volta a dormir,Yuka suspira secando uma lagrima solitária que escorria de seus olhos,Hagoromo na porta abaixa o olhar,ele podia fazer o velho melhorar,mas ele não podia mudar o fluxo do tempo,logo ele sai porta a fora olhando para o céu já quase escuro pela noite que se aproximava.

–Hagoromo,venha para dentro...vou fazer o jantar!-chama Yuka na porta e sorrindo,o mesmo sorri de volta e acena.

–Já irei!-fala,a mesma confirma adentrando novamente para dentro de casa,Hagoromo volta seu olhar para o céu,vendo uma estrela cortar o céu,ele fecha os olhos por alguns minutos,antes de voltar para dentro de casa,e sentir um cheiro delicioso da comida de Yuka,logo sente o estômago roncar.

–Se sente..logo estará pronto-murmura ela virada para o fogão a lenha,ela se abaixa ao lado do mesmo,pegando mais dois pedaços de madeira,e arrumando dentro da boca do fugão,mas uma braça acaba encostando em sua pele,queimando sua mão-AI! que droga...odeio quando isso acontece!-exclama,colocando o queimado na boca,Hagoromo se levanta preocupado.

–Está tudo bem?-pergunta o mesmo,ela confirma.

–Sim,não foi nada..um pedaço do madeira queimada caiu em minha mão...mas não foi nada-diz ela olhando o ferimento que começava a avermelhar a mão da mesma,o rapaz vendo isso,segura a mão da albina que cora um pouco surpresa,e fica assustada,quando uma luz verde rodeia a mão de Hagoromo e a sua,e quase que instantaneamente a dor e a vermelhidão somem de sua mão,Yuka sente seu coração vacilar por um momento,quando seu olhar surpreso cruza com os olhos roxos do mesmo.

Os dois continuam se encarando por alguns minutos,até sentirem um cheiro de queimado,e Yuka gira os olhos para o fogão,onde a panela estava queimando,ela arregala os olhos.

–HAA! meu ensopado!!-exclama puxando sua mão rápido do agarro de Hagoromo que da alguns passos para trás,um pouco assustado com o grito da mesma de uma hora para outra,a mesma corria até um lado pegando um pano e retirando a panela de ferro do fogo,colocando na mesa rapidamente,ela suspira-Uff...ainda bem que não chegou queimar tudo..-murmura mexendo o ensopado com uma concha.

–Sinto muito por isso,Yuka-chan-murmura cabisbaixo,Yuka olha para ele e sorri.

–Não foi nada,ainda está ótimo para comer...obrigado por me curar...ainda não sei o que aconteceu direito...mas mesmo assim obrigado-diz chegando perto dele e sorrindo,o mesmo sorri sem jeito,ela segura sua mão-Agora vem...coloque sua comida,irei ver meu pai e logo voltarei-diz ela olhando para o velho deitado na cama de casal,Hagoromo gira os olhos para o mesmo suspirando.

–Está bem...-diz,enquanto Yuka caminha até o pai,e ele para a panela,ao abri-la sente sua boca se encher de água,ele adorava aquela comida,nunca havia provado uma comida tão boa quanto a que Yuka fazia,o que o fez olhar para ela por um momento ela estava ao lado na cama do pai,olhando com um olhar marejado para o velho,enquanto que com uma das mãos fazia carinho no rosto do mais velho,Hagoromo suspira.

Depois de todos jantarem,Yuka fez o filho de Kaguya lavar a louça suja,como uma desculpa sobre aprender a viver como pessoa normal,ele lavara tudo direitinho buscando não usar seu Chakra,o que as vezes o irritava,por demorava mais para fazer aquilo sem usar seus poderes,ao terminar ele vai até lá fora e encontra Yuka dentro do armazém alisando o pelo do cavalo marrom que tinha,enquanto o mesmo comia o feno colocado para ele,Hagoromo sorri caminhando até lá.

–Pronto já terminei de lavar a louça-fala ele com a mão nos bolsos da calça que pegara emprestada do pai de Yuka,a mesma sorri sem olha-lo.

–Até que em fim...você demorou quase uma hora para lavar a louça...nunca vi alguém demorar tanto-fala ela debochada,fazendo o rapaz torcer o nariz.

–Não me culpe,eu não precisava lavar louça onde eu morava-murmura emburrado,Yuka ri-O que está fazendo?

–Estou apenas alisando o pelo dele...-diz se referindo ao cavalo-Esse carinha aqui já nos ajudou muito...esteve sempre ao nosso lado,desde quando meu pai ainda trabalhava na lavoura..-comenta ela olhando para o amarronzado e sorrindo,ela olha para Hagoromo-Onde você morava vocês não tinham animais?

–Não...nós moramos em um templo no meio do nada...é bem difícil de explicar onde moramos,mas de lá podemos ver tudo o que queremos...desde que nos concentramos-fala o mesmo,se recostando no portão do armazém.

–Humm...só vivem você e sua mãe lá?-pergunta ela sem olha-lo.

–Não...vivem eu,minha mão e meu irmão-fala ele dando de ombros,mas Yuka o olha surpresa.

–Irmão? não sabia que tinha um irmão!-exclama arrancando um sorriso de lado de Hagoromo.

–Pois eu tenho...eu e ele não conversamos muito..mas sempre estamos prontos para ajudar um ao outro-fala ele olhando longe,como se lembrasse de algo,Yuka sorri.

–Eu tinha uma irmã,mas ela morreu junto de minha mão no parto...então não sei dizer o que é ter um irmão...mas deve ser legal ter um-diz ela olhando pensativa para cima.

–O seu pai...ele...como foi que ele ficou doente?-pergunta receoso Hagoromo,Yuka olha para ele e logo para a casa ao lado.

–Devo dizer que foi mais por minha culpa que isso aconteceu..-murmura,fazendo o moreno franzir o cenho-Um dia estava chovendo e eu tinha que guardar o cavalo por conta da chuva...mas eu acabei sofrendo um acidente,quando uma cobra que eu não sei de onde havia saído,me atacou mordendo meu pé...meu pai saiu comigo as pressas para a cidade com o cavalo,mas a descida até a cidade estava muito difícil,por conta do barro e da lama...então ele desceu do cavalo,o amarrou debaixo de uma árvore enorme,e me colocou no colo,saindo correndo comigo..-ela suspira secando um lagrima que queria escorrer por seus olhos-Eu já estava desacordada quando ele adentrou ao hospital comigo...meu pai andou mais de ou menos quase um um quilômetro comigo nas costas,de baixo de chuva até a cidade....depois disso ele adoeceu e em uma visita ao hospital,descobrimos uma doença nele grave,que não havia cura e nem tratamento,pois era algo que os médicos não sabiam o que fazer...então meu pai irritado voltou para casa e parou de trabalhar,ele fica na cama o dia todo...esperando a morte-Yuka engole o choro,sorrindo fraca,o rapaz não sabia o que fazer para ampara-la,ele apenas agiu por instinto e a abraçou,fazendo a mesma ficar surpresa no começo,mas logo aceita o abraço.

–Não se preocupe...vai dar tudo certo-murmura ele com o queixo na cabeça de Yuka,ela funga sentindo o cheiro que vinha do corpo do moreno a fazendo corar.

–Eu sei...obrigado por estar aqui Hagoromo-sussurra para ele,que aperta mais o abraço.

–Sempre vou estar...sempre...

Fim Do Capítulo 40!