Ainda deitado no chão, o jovem cavaleiro abre os olhos e percebe que Philip e Lara o estão observando, além de outros alunos que olhavam um pouco mais de longe, porém com mesma intensidade de seus amigos. De repente uma das alunas percebe que Guilherme acordara de seu sono profundo.

– Vejam, vejam! – dizia ela apontando para ele – Ele acordou!

E assim que todos os alunos perceberam, foram correndo na direção de Guilherme, alegres e gritando seu nome, claramente era uma festa em sua homenagem.

Ele tenta se levantar, mas por estar ainda com um pouco de tontura e dor de cabeça, acaba conseguindo ficar apenas sentado. Guilherme leva uma das mãos em sua nuca e repara novamente que Philip e Lara apenas o observavam com um leve sorriso no rosto, até que sua amiga se aproximou um pouco mais e lhe estendeu uma das mãos a fim de ajudá-lo a se levantar.

– Bem vindo de volta, Guilherme – disse Lara sorrindo.

E ajudando Guilherme a se levantar ele pôde ver melhor o que acontecia a sua volta. Todas as turmas já estavam reunidas formando um círculo ao seu redor, onde os únicos dentro do mesmo eram Asha com as duas mãos na cintura, Rafael bem ao lado de Guilherme procurando por seu cajado e Túlius ao lado de Asha com os braços cruzados. Todos pareciam bem alegres, com exceção de Tarso que estava sentado em uma pedra um pouco zangado por ver o “rival” levando todo o crédito.

– Vejo que está bem, Guilherme! – disse Asha se aproximando.

Ele tentou dar um sorriso, mas seu corpo ainda doía com o mínimo movimento de seus músculos.

– Não se esforce muito, Guilherme! – dizia Philip que corria e rapidamente apoiava seu amigo em seus ombros – O professor Rafael ainda está te curando... quer dizer... assim que ele encontrar o seu cajado – dizia olhando para o professor.

– Curando? – perguntou Guilherme com uma voz baixa resultado de sua fraqueza.

– É uma de suas habilidades. – disse Túlius que também se aproximava dando um leve tapa nas costas do aluno, o qual pôde sentir seus ossos se quebrando ainda mais após o “gesto de afeto”.

– Túlius, cuidado! Venha comigo e deixe esses jovens em paz! – dizia Asha que arrastava o professor pela orelha.

Philip e Lara olhavam para os dois a fim de verem a situação com que seus professores trabalhavam, segundo eles, em equipe. E não conseguiam para de rir com o que viam, porém, logo após seus olhares voltaram para Guilherme.

– Porque vocês e todo o resto estão me olhando dessa forma?

– O que você está vendo é resultado de seu ato heroico, meu amigo – disse Lara com um grande sorriso no rosto.

– Ato heroico... – dizia ele coçando sua cabeça – É verdade! O dragão! Onde ele está? Vocês precisam tomar cuidado!

– Tsc, Tsc... – dizia Tarso que surgia de repente – Você é realmente muito fraco para desmaiar daquele jeito depois de ter feito tão pouco esforço.

Philip se voltou para Tarso.

– Como você sabe o que aconteceu aqui?

– Quando nós ouvimos o rugido do dragão e logo após o grito de Guilherme eu decidi vir na frente, pois não podia deixar que esse pirralho medroso morresse.

– Eu não entendo... – disse Guilherme um pouco confuso – Eu realmente enfrentei aquele dragão?

– É melhor você continuar treinando Guilherme, porque eu vou ficar mais forte e então vou te superar! – disse Tarso dando as costas e deixando nossos amigos sozinhos novamente.

Lara não entendia como Guilherme não conseguia se lembrar, apesar de ter uma vasta ideia do que poderia teria ter acontecido, mas isso era algo que não deveria ser comentado em meio a muitas pessoas. Philip sabia menos que a jovem princesa, então não se apegou muito aos detalhes de tudo o que vira seu amigo fazer naquele momento.

– Guilherme, você realmente não se lembra de nada? – perguntou Philip.

Seu amigo respondeu apenas com um gesto negativo e então continuou.

– A única coisa que eu me lembro foi quando vi vocês caídos. De repente senti algo que não sei explicar, mas parecia que queria sair de mim a qualquer custo, e então... – Guilherme olhava para suas mãos.

– E então? – disse Lara.

– É isso! Não me lembro de mais nada.

Philip olhava para Guilherme tentando entende-lo, assim como Lara tentava absorver tudo o que ouvira naquele momento e ao mesmo tempo organizar todas as ideias. De repente, Rafael aparece colocando as mãos sobre Lara e Philip.

– Finalmente achei meu cajado!

– Por acaso ele não estava bem diante de seus olhos, estava? – disse Lara o encarando com uma cara ao mesmo tempo assustadora e engraçada.

– Há, há, há, há! Dessa vez não – dizia o professor rindo.

– Professor, você usou a poção do encolhimento de novo? – perguntou Philip como um investigador pergunta para um suspeito.

Rafael subitamente parou de rir, pois ele realmente havia usado a poção em seu cajado, a fim de guarda-lo em seu bolso e não perde-lo novamente.

– Bem... – dizia Rafael tentando disfarçar com um leve riso claramente falso – isso não é muito importante agora, não é mesmo? O importante é que agora eu posso voltar a cuidar desse garoto.

Com essas palavras esfregou a cabeça de Guilherme e o deitou novamente no chão enquanto começava os preparativos necessários para cuidar do jovem guerreiro.

– ESPÍRITO: CURA CELESTIAL!

Rafael fechou os olhos ao mesmo tempo em que seu espírito se manifestava. Naquele instante, nossos três colegas conseguiram ver algo como duas asas nas costas de seu professor muito parecidas com as asas de um anjo, fato que os espantou por certo tempo, até que Asha reapareceu seguida de Túlius, o qual segurava sua orelha por estar sentindo um pouco de dor.

– Pelos olhares, acredito que vocês estão um pouco confusos com o que estão vendo. - dizia Asha – Mas não se preocupem, isso não é apenas imaginação de suas cabeças, aliás, aproveitando este momento em que estamos mais “calmos”, acho que devo dizer que vocês já viram o suficiente para saberem de mais algumas coisas.