Por algum motivo, Lara parecia estar falando a verdade, apesar de Guilherme e Philip não entenderem o porquê de ela ter dito isso. Mas algo em seu semblante os faziam esquecer que o dragão fêmea diante deles queria devorá-los.

Lara notou que ainda estava com aquela flecha te tamanho e brilho incomuns em suas mãos, porém dessa vez algo dentro dela fazia com que ela já soubesse o que fazer.

– ESPÍRITO: FLECHA SERPENTE!

Ao disparar a flecha, a mesma começou a ficar cada vez mais longa, porém um pouco menos rígida e um pouco mais maleável, como uma corda. Lara sabia do que se tratava, e apesar de não ter dito nada a ninguém, todos os alunos presentes conseguiam ver claramente a imagem de uma serpente naquela flecha, inclusive Guilherme e Philip.

A flecha, agora parecida bem mais com uma cobra gigante, dava voltas em torno do dragão, de forma que suas patas ficassem imobilizadas. No final, ele parecia estar preso pela serpente, pois não conseguia fazer um movimento sequer, apesar do enorme esforço que fazia para se recuperar. Esse era o momento de Lara agir, pois olhando a situação da criatura sabia que sua flecha não poderia resistir para sempre, até mesmo porque ela requeria muita força de espírito, e Lara estava quase esgotada.

– Escute! – dizia ela em direção ao dragão – Eu sei que você está sofrendo, e também sei que a culpa não é de vocês por agirem desta forma. Mas eu me encontrei com sua criadora, e ela me disse que os tempos mudaram, assim como também disse que nós podemos acabar com essa maldição, todos juntos!

Guilherme e Philip não entendiam a história de “criadora” e muito menos o porquê de ela estar conversando com um dragão, no entanto, sabiam que Lara não era louca o suficiente para dizer coisas sem sentido, e que de alguma forma suas palavras deviam significar algo. Logo, decidiram que a atitude mais sensata no momento seria a de apenas observar e deixar as perguntas para depois.

Voltando ao dragão, o mesmo parecia não ouvir uma palavra dita pela jovem princesa, o que ficou ainda mais claro quando ele soltou uma rajada de fogo na direção de nossos amigos.

– ESPÍRITO: BARREIRA D’ÁGUA!

Com essas palavras, Philip ergueu uma grande barreira de água na frente de todos, o que para Guilherme parecia muito estranho, já que com o fim da chuva, era bem provável que não houvesse nem mesmo uma poça por perto. Acabou tomando a mesma decisão de antes: observar e perguntas para depois. Mas não conseguiu evitar de olhar um pouco espantado para seu amigo.

– É uma longa história! Depois eu te conto – disse Philip.

Segundo Philip essa era a última gota de seu espírito.

– Por favor, se controle! – dizia Lara ao dragão, logo após Philip retirar a barreira – Você precisa acreditar em mim! Quem estava falando comigo era...

Lara foi interrompida, pois o dragão havia se soltado de sua armadilha, e com um gesto de fúria bateu sua calda contra ela e Philip, os arremessando contra uma árvore, porém de lados opostos. Apesar de ainda conscientes, não conseguiam se levantar devido aos ferimentos que sofreram com o arremesso e respectiva colisão contra a árvore.

– Guilherme! – gritou Lara – Estou contando com você. Por favor nos salve.

Guilherme estava frente a frente com o dragão.