– Espada negra, me guie para mais uma vitória!

E dizendo essas palavras, Túlius saltou em uma altura que chegava a tocar a copa das árvores. Daquela altura ele foi capaz de visualizar todos os filhotes de dragão que somavam vinte e seis no total. “Para quem já derrotou mais de trezentos soldados em um único combate, um número tão pequeno de inimigos não será problema.”, pensava ele.

Ao mesmo tempo, ele suspirava e se concentrava para não abusar da força, pois se acontecesse, nem mesmo a barreira mais forte de Asha poderia aguentar. Túlius conseguia pensar em tudo isso em poucos segundos devido ao treinamento que tivera ainda jovem.

Após o momento de concentração, sua feição se tornou mais séria como a de alguém que estava decidido a fazer algo, neste caso salvar a todos. E foi então que ele começou a descer de cabeça para baixo em uma grande velocidade enquanto todos os filhotes o esperavam prontos para matá-lo. Ao se aproximar do chão, uma das criaturas fez o primeiro movimento e partiu para o ataque, porém, ao se aproximar de Túlius com os dentes todos a mostra, o professor guerreiro desaparece de repente, impressionando a todos os alunos que presenciavam o combate.

Da mesma forma misteriosa que desaparecera antes, Túlius reaparece em outro ponto do campo nas costas de um dos filhotes que antes mesmo de perceber, era perfurado pela espada que brilhava em chamas escuras e literalmente transformava o pobre filhote em cinzas. Logo após desaparecia novamente, assim como o homem que a empunhava em suas mãos. Rapidamente ele surgia em outro ponto, derrubava mais um filhote e sumia antes mesmo que outro filhote se aproximasse. Um a um eles eram derrubados enquanto Túlius fazia a contagem de cada filhote de dragão que matava (apresento-vos mais uma das manias dele).

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Mas já que nosso amigo está se entretendo com a luta, convido vocês a voltar um pouco atrás até o momento em que Túlius se prepara para saltar, já que quero mostrar um outro ponto da história enquanto tudo acontecia. Peço desculpas se você já começava a se empolgar com os acontecimentos, eu mesmo relutei muito em parar nesta parte, porém, confesso ser um pouco interessante o fato de voltar a história para mostrar outro ponto de certos fatos. Isso se faz necessário para que alguns leitores não pensem no que estão perdendo do outro lado enquanto voltam seus olhares para outro lugar, hábito que tenho muito de fazer, confesso. Portanto, o lugar que mostrarei agora vem de dentro da barreira criada por Asha, a qual explicava a técnica de Túlius para Tarso.

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Túlius segurava sua espada acima de sua cabeça enquanto Asha conversava com Tarso.

– Essa é uma das técnicas deixada pelos ancestrais de Túlius – dizia Asha, que percebia um olhar de confusão em seu aluno – Os nossos espíritos sempre foram os mesmos de milhares de anos atrás, porém com a diferença de que em cada geração, esse espírito habitava um corpo diferente.

– Isso quer dizer que meu espírito pertencia a outras pessoas há muito tempo atrás? – perguntava Tarso.

– Exatamente. Além disso, esse espírito não desaparecia junto com seu dono ao morrer. Ele continuava vagando pelo mundo com todas as habilidades e até mesmo traços de personalidade do antigo recipiente, apenas esperando por um novo corpo para habitar.

– Isso parece interessante – Tarso olhava para suas mãos que forçavam seus punhos – Então o meu jeito de lutar e até mesmo de ser pertencia aos meus antepassados.

Enquanto Tarso dava um leve sorriso, Asha percebia que no fundo dos olhos desse aluno se escondia algo que a deixara preocupada. O mesmo olhar de quem planeja algo grande, apesar de não ser algo bom, de acordo com a imaginação da professora.