Izzy tinha dito que Raphael se foi.Mas eu não acreditei,e fui procurá-lo.O cara que ocupava o quarto ao lado disse que ele tinha ido mesmo,e parecia bem revoltado no dia do baile.
Annia insistiu em ligar pro meu pai,para contar sobre meu ¨incidente¨,mas eu disse que não precisava,que estava bem,e que meu pai não atenderia,de jeito algum.
Jace e Jordan,pra me irritarem,ficavam cantando:
"I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I believe I can fly
I believe I can touch the sky"
Vê se não dá vontade de matar uns seres desses?
Não voltei a falar com Sebastian,estava furiosa com ele,e comigo mesma.Raphael tinha ido embora,e era nossa culpa.
–Mel,pare de fazer essa cara de condenada,agora.-Izzy mandou,ergui a cabeça da mesa.- Coma logo seu jantar.
–Não,valeu.-Empurrei o prato.
–Não vai se matar de fome.
–Apenas observe.
–Vai comer isso?-Maia perguntou,apontando.
–É todo seu.
–Valeu.
–Sabe,acho que Raphael devia ser mais compreensivo.-Clary comentou.
–Simon não foi compreensivo quando você beijou Jace na frente dele.
–Wou,como sabe disso?
–Ele contou para Jordan,que contou pra mim.
–Eu não beijei Jace na frente de Simon.Ele apenas...nos flagrou.
–Destruiu o momento,eu diria.Mas ok.Ih,quem vai ficar no lugar dele no teatro?
–Provalmente algum outro garoto.-Izzy disse.
–Desde que não seja Jordy,tudo bem.
–Hã?
–Jordan.
–Ah.-Isabelle a encarou como se ela precisasse de um psicólogo.-Ok,não vamos discutir isso.Mel.
–Que é?-Resmunguei.-Não há nada que me diga que pode me animar.-Abaixei a cabeça, enconstando-a na mesa.
–Bem...talvez eu possa tentar:aquele não é seu pai?
–Não seja absurda.-Me virei.-PAI?!
***
–Onde esteve? Por que me evitou? Hum? Eu me senti órfã!
–Mel,calma.-Papai pediu,me fazendo sentar.Ele olhou em volta,como se meu quarto fosse um outro planeta.
–O que raios está havendo?
–Estou apenas em férias com Alec.Você não precisava ficar ligando.
–Nossa,desculpa se eu queria ficar perto do meu pai! Principalmente com todos esses... problemas.
–O que aconteceu?
Comecei contando sobre como todos me olhavam como se eu fosse uma nova espécie, então sobre Julie,e terminei contando sobre a partida de Raphael.Papai ouviu tudo,sem interromper.
–Você realmente é minha filha.-Ele disse.-A confusão te segue,querida.
–Nossa,e eu achando que você ia me dar um conselho daqueles! Poxa!
–Calma,Mel.É só que...tudo vai dar certo.-Revirei os olhos.-Quer que eu diga o que? Porque eu tenho muita coisa pra falar.
–Então fala.
–Você foi idiota.
–O QUE?
–Você deu esperanças para Raphael,sendo que sabia que não o ama.
–Eu...eu...
–Você ama Sebastian,está na sua cara.E você deu esperanças pra esse pobre vampiro burro.Devia ter dito desde o começo que não havia chances!
–Mas...
–Mas o que? Não era óbvio? Agora eu tenho que ir.Preciso fazer uma visita importante.
–Vai ver quem?
–Presidente Miau.Ele está num hotel para gatos.-Revirei os olhos e peguei o caminho até a porta principal,com meu pai.-Você tem que...
–Bane.-Alguém chamou.Papai e eu nos viramos e dissemos ¨Eu¨ ao mesmo tempo.Era Martin.-Ah,Magnus.
–Martin? Você dá aulas aqui?
–Sim.Sua filha é minha aluna.
–Mel,se importa se eu...
–Já to sabendo do lance de vocês.-Avisei.-Vá em frente,fale com seu ex.-Deixei os dois para trás,encontrando Izzy,Jace e Clary com Alec na sala de jogos.-Hey,oi Alec.
–Oi.-Ele respondeu,com as mãos no bolso do casaco.-Então,e Magnus?
–Parou para...-¨Falar com o ex dele?¨,eu responderia? Não,Alec era muito inseguro.-para falar com um professor meu,parece que tem umas queixas.Professores são assim,eles adoram falar mal dos alunos para os pais.
–Ah.
–Ele logo aparece.
–Ah,Melissa!-Annia chamou,sorrindo.-Soube que seu pai está por aí,onde ele está?
–Falando com o professor Martin.
–Eles...
–O professor deve estar querendo despejar minhas proezas como encrenqueira.Ah,esse é Alec,namorado do meu pai.-Annia pareceu ter entendido.
–Hum,olá,Alec.Sou amiga de Magnus,uma bem antiga.
–Ele nunca me falou sobre você.-Alec disse.
–Ah,nós não nos vemos faz tempo,ele deve ter até se esquecido de mim.
Meu pai demorou mais alguns minutos,então foi embora,com um Alec levemente desconfiado.Annia praticamente correu atrás de Martin,no mínimo querendo saber o que ele conversou com meu pai.
Eu entendo,também faria isso se fosse ela.Estava morrendo de curiosidade.
***
–Professor!-Chamei,correndo para alcançar Martin.Não que ele estivesse facilitando.-Ei! Professor!
–O que quer,Bane?
–O que conversou com meu pai,ontem?
–Isso não é da sua conta.
–Claro que é! E então?
–Falamos sobre como você é uma péssima aluna,e se não tomar cuidado vai ser reprovada.
–Mas eu sou uma boa aluna!
–É o que pensa.
–Ah,Martin,fala sério! O que falou com meu pai?
–Não te interessa.E vá arrumar o que fazer.
–Grosso.
***
Eu estava lendo e ouvindo música nos fones enquanto ia para o refeitório.O que eu ia fazer da vida? Partir o coração dos caras era uma profissão? Eu.Me.Odeio.
Não percebi que tinha alguém me chamando,até meu fone ser arrancado do meu ouvido.
–Ei!-Gritei,me virando.-Você ficou...Sebastian,que é?
–Posso falar com você?
–Não.Eu estou ocupada.
–Fazendo o que?
–Ei,Mel-!Alguém chamou.Me virei.
–Pietro?-Murmurei.-Pietro,é você!?
Pietro era um feiticeiro de pele azul que eu conheci,ele era brasileiro,e tinha um irmãozinho que era um capiroto.
–Ei,Mel,quanto tempo!
–Verdade.-Concordei.-O que faz aqui?
–Vim estudar.Bom saber que está por aqui.Vou procurar meu quarto,com licença.-Ele passou por mim e seguiu pelos corredores.Meu sorriso morreu quando vi a cara de Sebastian.
–Que?
–Quem é esse cara?-Ele perguntou,irritado.
–Um amigo.
–Amigo? Nunca me contou sobre ele.
–Não te devo explicações.E,aliás,quem foi que me traiu,mesmo?
–Ela me embebedou!
–Vou fingir que acredito.
–É verdade.
–Não minta pra mim,Seb.
Me afastei e corri pro quarto,eu esbarrei em Izzy,que me seguiu.Me joguei em cima da cama,enfiando a cara no travesseiro.
–Soube que Sebastian queria falar com você.-Ela disse.Minhas próximas frases saíram abafadas.
–O único Sebastian que eu quero ver,é o Sebastian Stan.Então shh.
–Mel,vocês dois precisam se acertar de vez,ou...ou...não sei.
–Eu o amo,ok? Mas...ele me magoou muito!
–Melissa,pare de drama.Entenda que...
–Entender o que? E Raphael? O que eu faço com ele?
–Eu não sei.Eu não sei.
Naquela semana,Pietro e eu conversamos bastante,ele andava comigo,e ele foi aceito pelo grupinho de esquisitos que eram meus amigos.Izzy me acusou de estar tentando algo com o feiticeiro azul,mas eu neguei.
Não queria me envolver com nenhum garoto no momento.
Tentei procurar Raphael,sem sair da academia.Liguei para Camille e pedi a ajuda dela,que prometeu que faria alguma coisa.Infelizmente ela só me deu más notícias:ninguém sabia onde Raphael Santiago estava.
Raziel,espero que ele não tenha feito uma bobagem.
***
–Então,todos enteram?-Romeu perguntou.Estávamos todos reunidos no auditório.Pietro estava substituindo Raphael,então fazia parte do elenco principal,comigo e Sebastian.
–Sim!-Todos gritamos,juntos.
Vou te contar um pouco sobre a peça:
Se trata de uma garota (eu!) que era garçonete num barzinho bem esquisito,e se mete num triângulo amoroso com dois rapazes (Seb e Pietro).
Fomos todos vestir as roupas da primeira cena,e aí eu vi que a coisa ia ser mais difícil do que eu pensei.Meu figurino inicial (e de quase toda a peça) era um vestido minúsculo,e patins,usados pela garçonete Amy (eu).
–UM.DOIS.TRÊS!-Romeu gritou.
Eu,e as outras personagens femininas,entramos no ¨bar¨ e começamos a fazer uma performance muito loca de Shalala La La.Já viu o clipe? Inspirou a droga da peça de teatro.
Algumas cenas depois,havia a entrada do personagem de Pietro (Derek) e aí nós cantavámos juntos e começava a cena normal (musicais da Disney nos patrocinam,no mínimo).
Me impulsionando,me aproximei de Pietro,mas era toda descoordenada,e aí me atrapalhei, desequilibrando e caíndo em cima dele.Isso nos fez rir.
–Obrigada por amortecer a minha queda.-Brinquei.
–Conte comigo,Mel.
–Vocês querem parar?-Sebastian perguntou,irritado.Corei e me levantei,disfarçando.Izzy sorriu pra mim.O que? O que está acontecendo?-Que droga.
–Qual o seu problema?-Exigi.-Deixa de ser chato!
–Não grita comigo.
–Vai fazer o que?-Sebastian deu alguns passos na minha direção,mas Pietro se meteu na frente dele.
–Sai daí,idiota!
–Calma aí,cara.-O feiticeiro disse.-Ela é uma garota,não se bate em garotas.
–Ele tem sangue de demônio,qual é!-Exclamei.
–E eu vou te descer a mão,se não se calar.-Sebastian ameaçou.
–Tenta,Valentim 2.
–Ok,parem!-Martin gritou.-O que é isso? Demonstração de amor?-Alguns alunos riram.-Bane,Morgenstern,os dois comigo,agora.
–Mas...
–AGORA!-Droga.
Sebastian e eu seguimos Martin para fora do auditório,até a sala dele.Eu sabia que vinha sermões por aí.E acertei.O professor começou a falar,e não parava mais.Disse que éramos dois cabeças ocas,e um monte de blá blá blá que eu não ouvi.
Então ele dispensou Sebastian.O silêncio baixou ali.Eu estava meio envergonhada em estar com aquela roupa de vadia,mas tentei me esforçar para que Martin não percebesse.
–Eu posso ir?-Perguntei.
–Não.-Oou.Socorro!-Bane,por que você é sempre tão problemática?
–Eu? Mas foi ele que...
–Você pode resolver as coisas de jeitos mais simples,só que insiste em fazer confusão.
–Eu não faço isso.
–Ah,faz sim.-Olhei para a janela.
–É mais forte que eu.Acho que sou muito parecida com meu pai.Você deve saber já que foi tão próximo dele.-Voltei a olhar pra ele.-É muito compli...você está olhando pros meus peitos?
–O que?
–Seu...sem vergonha!-Levantei e dei um tapa no rosto dele.
Ah,merda,o que eu fiz?