Vida Adulta - A nova geração escrita por Júlia França


Capítulo 3
Dizendo adeus à Hogsmeade




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ROSE POV.

Sétimo ano, mas ainda tenho dezesseis anos. As coisas estão muito calmas para que já foi morta por Voldemort, mas não costumo dizer essas coisas em voz alta porque descobri que palavras tem poder.

Depois que Snape começou a coordenar a escola de forma decente, fizemos os N.O.M.s no início do sexto ano, uma vez que era meio complicado realiza-los em plena batalha.

Eu e Scorpius estávamos brigados. Terminamos a mais ou menos uma semana, mas agora já voltamos de novo, e ontem alcançamos o recorde de maior tempo sem brigas: dois dias.

– O que foi? – Perguntei quando ouvi alguém me chamando. Estava na Sala Precisa, estudando para os N.I.E.M.s em uma biblioteca que eu tinha imaginado. Torcia para atingir a meta para passar na faculdade de medibruxia. Eu sei que queria fazer curso de auror na França, mas de uns tempos para cá resolvi cursar essa matéria, até porque depois que a Madame Pomfrey morreu de velhice mesmo, eu era voluntária na enfermaria a tarde e estava adorando.

_ Você já está aí há quase quatro horas amor. Pare um pouco. – Scorpius tentou me puxar.

_ Mas eu ainda preciso estudar poções de cura!

_ Mas já está aí há muito tempo! Não sei como ainda consegue fazer alguma coisa entrar na sua cabeça.

_ Scorpius...

_ Está me deixando sozinho. Sinto falta de você.

_ Mas é só até eu conseguir passar no teste! Eu preciso passar no teste!

_ Errado. Quando passar no teste vai estudar para a faculdade e depois vai estudar novas técnicas mesmo já sendo medibruxa, e então eu vou ficar de lado até você se aposentar.

_ Aposentar? – Perguntei impressionada ao ponto que ele tinha chegado. Tentava não rir na verdade.

_ É! Ou você não pretende se aposentar?

_ Scorpius! – Comecei a rir. Suspirei e fechei o livro, colocando dentro da mochila. – Se sente solitário, é isso?

_ Sim. – Ele respondeu tocando o me rosto.

_ Acho que eu posso dar um jeito. – Murmurei séria, mas pensando em fazer uma brincadeira. – Talvez uma poção de alto-estima ou alto confiança ajude, e eu ainda vou estar treinando!

_ ROSE! – Comecei a rir. – Isso não é justo. Eu só estou pedindo para você me beijar, só que de um jeito menos direto!

_ Sério? Não tinha percebido. Me desculpe! – Brinquei rindo.

_ Só se você me der um beijo. – Cheguei mais perto e dei um selinho nele, me afastando depois. – Você é inacreditável sabia? – Perguntou pasmo.

_ Não. Por quê? – Fiz cara de desentendida.

_ Não te interesse. – Disse pegando o meu rosto e dando um beijo na minha boca que me deixou atordoado.

_ Isso é assédio sabia? – Brinquei depois que terminamos os amassos.

_ Acho que só é classificado como assédio quando você não quer. – Piscou.

_ Tá bom vai... tenho que estudar.

_ De novo?

_ Sim. E você também deveria, se está pensando em ser auror precisa de notas muito altas em poções, feitiços e defesa contra as artes das trevas, e como eu sei que notas altas não são o seu estilo...

_ Está me chamando de burro?

_ Não, só estou dizendo que você não é bem dotado de inteligência. – Dei de ombros enquanto ele ficava carrancudo.

_ Isso não é justo. – Ele disse fazendo menção de sair, e mesmo que magoá-lo não fosse a minha intenção, eu me senti culpada.

_ Scorp... não faz assim. Eu só estava brincando.

_ Mas é só que... eu vivo tanto na sua sombra! Rose Weasley a esperta. Rose Weasley a menina que sobreviveu. Rose Weasley a garota da Nova Geração. Sabe o que dizem sobre mim? – Perguntou e eu neguei. - Scorpius Malfoy, o namorado da Rose Weasley. Não me leve a mal. Eu adoro que me tratem assim, mas acontece que eu queria ser lembrado por ser eu mesmo, não pela minha namorada.

Silêncio mortal. Ele se sentou no sofá.

_ Não posso fazer nada de dizem isso. Eu não acho que você devesse ser tratado assim. Tem qualidades maravilhosas.

_ O que, por exemplo? Conquistei a Rose Weasley? – Ironizou.

_ Também. Eu sou muito rígida quanto a e envolver com garotos.

_ Não tem outra qualidade, certo?

_ Tem muitas qualidades. Você é lindo. É um Malfoy, mas é bom. É um ótimo jogador de quadribol. É carismático. Não tem preconceito, porque eu percebi que você era realmente perfeito quando descobrimos sobre a Julie. Você nunca a deixou. Nunca teve nojo dela. Eu me orgulho de você. De ser sua.

_ Você também é linda. É boa ótima jogadora de quadribol. Carismática. E também adora a Julie.

_ Só porque temos características iguais não significa que você seja desmerecido por isso.

_ Eu te amo sabia? E esqueci de falar: tenho orgulho de você. De ser seu. – Imitou a minha frase. E então me abraçou.

Tenho orgulho de dizer que naquela tarde, eu quebrei a promessa que tinha feito com o meu pai.

Os N.I.E.M.s começaram uma semana depois do acontecimento na Sala Precisa. Eu estava desesperada e os outros tentavam a todo custo me acalmar, mas não conseguiam. Scorpius estava sentado do meu lado no meu quarto de monitora, com medo de tentar alguma gracinha e ser estuporado.

_ Viu como você sabe tudo? – Perguntou sorrindo. Os N.I.E.M.s tinham sido modificados. No sexto ano escolhíamos que profissão queríamos seguir, e no sétimo, fazemos uma prova que falava especialmente sobre o assunto.

_ Eu estou com medo. – Admiti me aconchegando no seu peito.

_ Mas eu acabei de fazer perguntas e você acertou todas!

_ Faz de novo? – Perguntei com uma carinha pidona.

_ Tudo bem. – Scorpius suspirou sorrindo. Pegou o livro de medibruxia e folheou até encontrar uma pergunta adequada. – Para que servem as poções calmantes?

_ Servem para atrair o bem-estar, calma e prosperidade.

_ Em que casos são utilizados os feitiços de cura?

_ São muito uteis em vários tipos de casos. Os medibruxo precisam de muita concentração para conseguir realiza-los. Eles também podem ser não verbais.

_ Certo. O que você faria se o seu namorado chegasse na sua sala e dissesse que precisa falar com você urgentemente? – Fez a pergunta de forma séria, mas estava segurando o riso.

_ Mandaria ele tomar vergonha na cara, porque se ele não tem nada para fazer, eu tenho.

_ Nossa. Você é mesmo muito profissional. E se o assunto fosse realmente sério?

_ Então ele esperaria a namorada não ter nenhum paciente ou ficaria na lanchonete do St. Mungus esperando pacientemente por ela.

_ Não acredito!

_ Pode continuar com o questionário?

_ Não pode perguntar um pouco para mim? Também estou com medo do teste. – De repente me senti egoísta. Não tinha nem pensado que como eu, Scorpius também poderia precisar de ajuda.

_ Claro. – Respondi pegando o livro de feitiços dele. – Muito bem... feitiços avançados. Quais são as maldições imperdoáveis e o que elas fazem?

_ Imperious. Toma o controle mental da vítima. Cruciatus. Pode causar dor à vitima, mesmo que isso seja psicológico. Avada Kedavra. É a maldição da morte e também a forma mais rápida e indolor de perder a vida. Mais conhecida como a maldição usada em você e que rendeu a morte do seu desafiador.

_ Ótimo. O que é Fianto Duri?

_ É um feitiço defensivo que conjura uma barreira ao redor de determinado local.

_ Olha só! Meu namorado é um gênio!

_ Aprendo com a melhor. – Deu de ombros.

_ Acho que vou só estudar mais um pouco e...

_ Não vai não. Vamos à Hogsmeade. Todos já estão lá.

_ Meu Merlin! Esqueci que hoje é sábado!

_ Viu só? Eu falei que você só pensava em estudar! Eu falei!

_ Vamos logo Scorpius. – revirei os olhos e me vesti apressada enquanto meu namorado esperava sentado no sofá. Moxie e Mortje estavam em algum lugar do dormitório e resolvemos deixa-los.

_ Pronta?

_ Claro. – Respondi quando cruzamos o limite do castelo.

_ Falando em pronta... vai me dizer o que vai vestir no baile de formatura?

_ Me esqueci disso. Acho que eu vou acabar tendo que comprar em Hogsmeade mesmo. Posso fazer isso hoje. Acho que não tem mais nenhum passeio antes da formatura tem?

_ Não. Já imaginou que é a ultima vez? Quer dizer... não vamos mais vir aqui como alunos.

_ Não tinha pensado nisso. Vou sentir falta de Hogwarts. Muita.

_ Você é Rose Weasley. Imagina se não sentisse!

_ É sério. Não estou falando das aulas. Estou falando da escola.

_ Você quer que as aulas acabem?

_ Na verdade estou ansiosa para isso. De verdade.

_ Quem é você e o que fez com Rose Weasley?

_ É que eu já assisto as aulas desde os onze anos! Mas acho que o que mais vou sentir falta é do castelo. Dos jogos de quadribol e dos jantares também. Hagrid.

_ Eu sei. Vamos parar de falar de coisas tristes e comprar logo esse vestido?

_ Você vai ver o vestido?

_ Claro! Por que não veria?

_ Homens normalmente não têm paciência para isso.

_ Prá você eu faço qualquer coisa, ruiva.

_ Nossa. Adorei essa. Vamos logo então.

_ Tudo bem! Não sabia que você gostava tanto de compras! – Gritou quando eu o puxei.

Saímos da loja com Scorpius ainda reclamando sobre o fato de eu não deixa-lo pagar o vestido.

_ Não pode fazer isso.

_ Mas era o seu presente de formatura! Por isso eu queria ir com você!

_ Isso seria errado. Além de que o seu pai iria achar que eu estou me aproveitando do seu dinheiro.

_ Nisso você tem razão.

_ Viu? Eu sempre tenho razão.

Nossa ultima tarde em Hogsmeade foi marcada por choro. Fomos à Casa dos Gritos e em todas as lojas de lembranças que encontrávamos, e no final, começamos a chorar. Eu e as outras meninas, quero dizer. Era como se sentíssemos um vazio, sempre crescendo, como se nunca mais fosse voltar. Foi um sentimento estranho. Acho que nunca o senti tão bem quanto agora.

Imaginei que talvez as pessoas que perdessem parentes ou amigos próximos poderiam se identificar com a nossa dor, mas era mais do que isso. Hogwarts sempre foi a nossa casa, desde os onze anos. Desde que nós nos tornamos fortes. E naquele dia nos sentimos fracos. Não poderíamos fazer nada quanto sair da escola. Não seriamos lembrados lá. Fomos só uma fase rebelde e perturbadora de Hogwarts. Era tão inconveniente ter que deixar tudo o que mais prezamos para trás! Eu sempre sonhei em deixar a escola de magia. Não que eu a odiasse, mas queria ter um futuro, queria ser alguém, porém agora que poderíamos senti-la dizer adeus aos poucos tudo deixou de fazer sentido.

Não queria deixar a minha casa. Eu morri para defendê-la. Morri acreditando em algo diferente, concreto. E isso foi alcançado. Era como se a nossa ajuda não fosse mais necessária, então não precisaríamos mais ficar ali.

Acho que nunca me senti tão triste quanto quando tive que dizer adeus à Hogsmeade. Nem imagino como vou me sentir dizendo adeus à própria Hogwarts. Foi o inicio do fim, mas ao mesmo tempo o inicio do começo. Foi quando percebi que eu já estava crescida o suficiente para ter uma vida, para poder fazer o que eu queria. Me virei e vi a pequena cidade se distanciando enquanto caminhávamos calados pela rua agora escura. Consegui ver o ultimo relance da sombra, e então soube que a minha vida tinha começado.


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