Vida Adulta - A nova geração escrita por Júlia França


Capítulo 2
Férias




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ROSE POV.

Acordei caindo no sofá com Mortje no colo. Os dormitórios ainda estavam completamente destruídos, e nós não tivemos ânimo para consertá-lo com magia, por isso dormimos no salão comunal. Meu gato estava bravo comigo porque eu acidentalmente tinha caído em cima dele, mas parou logo quando percebeu que poderia acordar alguém. Subi a passos leves para os dormitórios, tentando ver o que restava das minhas coisas, mas quase tropecei em James e Ashley, que estavam dormindo abraçados no tapete.

_ Não sobrou muita coisa, não é, Mortje? – Murmurei, abrindo o guarda roupa intacto. Pelo menos meus livros, roupas e o malão não tinham sido destruídos. Em compensação, as fotos de família que sempre deixava no criado mudo tinham se transformado em cinzas. As cartas de Scorpius sobreviveram com algumas queimaduras no canto dos pedaços de pergaminhos, e outras delas estavam ilegíveis, porém inteiras. Guardei-as no bolso do casaco que tinha acabado de trocar e joguei o resto dos meus pertences no malão.

Fui até o espelho que tinha uma grande rachadura no meio ver como estava o meu rosto. Não era dos melhores, mas pelo menos não pertencia a uma pessoa morta. Prendi o cabelo chamuscado com um rabo de cavalo apertado e deixei que alguns fios levemente cacheados caíssem no meu rosto.

_ Mary. – Chamei quando desci novamente, minhas botas fazendo barulho nos degraus.

_ Oi?- Perguntou rouca.

_ Precisamos ir para Hogsmeade. – Ela se levantou e deu um chute leve em Ashley, que acordou atordoada.

_ Por que fez isso?

_ Prá você acordar logo. – Deu de ombros. – Acorde de uma vez.

_ Tudo bem. – Respondeu tropeçando no namorado que acordou confuso.

_ D - desculpe. – Murmurou bocejando.

_ Tudo bem. Vou me trocar. – James respondeu dando um selinho na boca de Ashley.

Todos nós nos arrumamos e saímos da escola quase que totalmente destruída.

_ E então? Como foi a sua noite? – Scorpius perguntou já dentro do trem, sem saber o que falar.

_ Boa. Tivemos que dormir no Salão Comunal. E a sua?

_ Também foi boa. – Respondeu, e então ficamos calados por um tempo.

_ Bonito. O colar. – Ele pegou com cuidado o colar com um W.

_ Obrigada. – Respondi corando. – Scorp... vai contar para os seus pais?

_ Acho que sim. Não gosto de esconder as coisas deles. Só não contei antes porque a gente não tinha se resolvido ainda. – Deu de ombros e eu deitei a minha cabeça no seu ombro.

_ Acho que também vou contar para os meus.

_ Vou ficar famoso entre os Weasleys agora? – Perguntou divertido.

_ Provavelmente. Mas isso não quer dizer que eles vão gostar de você.

_ Não me importo se vão gostar de mim ou não. A única pessoa que precisa me amar é você.

_ Também acho.

_ Rose... eu preciso te contar. – Murmurou. Levantei a cabeça e olhei nos seus olhos.

_ Contar o que?

_ Quando eu te vi naquela cama... morta, eu quase não conseguia entender mais o porque de eu estar lutando. Era como se toda a razão tivesse virado fumaça. Quando encontrei Julie eu contei tudo à ela, e eu descobri que eu te amo! Eu sei que te contei isso no Lago, mas eu preciso que sabia que você é o amor da minha vida.

_ Também te amo.

_ Promete que você não vai me largar se seus pais não gostarem de mim? – Perguntei.

_ Eles vão te odiar. Eu prometo que não vou deixar que façam a minha cabeça.

_ Eu também prometo. – Me deitei no seu ombro e adormeci.

SCORPIUS POV.

Rose dormiu assim que seus olhos se fecharam. Eu podia sentir a respiração desacelerando aos poucos e isso me acalmava. E pensar que achava que nunca mais ouviria nada vindo dela!

Fiquei olhando para ela, desejando ver aqueles olhos de um azul escuro apenas para me certificar que não tinham perdido a cor ou desbotado, como nos desenhos antigos. Quase me esqueci da hora.

_ Rose... – Chamei, com pena de acordá-la.

_ Oi? – perguntou rouca, ainda com os olhos fechados, mas com um sorriso mínimo transparecendo no rosto.

_ Acorda. Estamos quase em Londres.

_ Quase.

_ Quero ficar um pouco com você antes de a gente desembarcar! – Fiz manha e ela riu abertamente.

_ Tá bom. – Reclamou, ainda m pouco chateada por ter sida acordada, mas acabou me dando um selinho.

_ Só isso? – Perguntei risonho.

_ Só. Você não merece mais, e ainda me acordou. – Reclamou.

_ Mas...

_ Tudo bem. – Riu e depois me deu um beijo mais demorado.

_ Admita. Você ama me beijar.

_ E você ama ser beijado por mim.

_ Amo mesmo. – Brinquei sorrindo, e então fomos avisados da chegada na plataforma.

_ Vou sentir sua falta. – Murmurou, agora um pouco preocupada. Acariciei seu rosto e sorri.

_ Também vou sentir sua falta.

_ E o seu pai não me deixou nem ficar na mesma casa que a Ash... isso é injusto.

_ Sério? Eu achei até bem legal que ele tenha assumido uma filha da Grifinória.

_ Também achei. Mas agora eu estou sozinha! – Cruzou os braços em forma de protesto.

_ Sobre isso... vou tentar te encontrar o mais rápido possível tá?

_ Certo. Tenho que ir agora. – Ela disse me beijando pela ultima vez e seguindo os primos para fora do trem. Vi de relance Rose e o pai se abraçando e perguntei se tudo não podia ser mais fácil, mas a resposta veio alta e clara na minha cabeça: NÃO.

ROSE POV.

_ PAI! – Gritei, quando vi a figura paterna na porta do trem.

_ ROSE! Rose? – Perguntou assim que me viu andando. – O-o que foi isso?

_ Eu explico depois.

_ Explique agora mocinha!

_ Eu estava paraplégica, mas aí Voldemort me matou, e então usaram a Pedra para me ressuscitar e mata-lo, mas ai a energia vital dele passou para mim e eu voltei a andar! – Gritei, e levantei o cabelo depois que me virei de costas, mostrando a marca em forma de raio.

_ Você explica depois. – Concordou.

_ Tudo bem! – Ri quase que descontroladamente.

_ Sua mãe estava te esperando com uma cadeira de rodas de presente. HERMIONE! PODE DEVOLVER A CADEIRA!

_ O QUE? – Gritou de volta, mas assim que me viu, correu para um abraço. – O que foi isso?

_ Eu explico em casa. – Respondi.

_ Ok. E os outros? Onde estão?

– Provavelmente se despedindo.

_ Tudo bem. – Ela pretendia dizer outra coisa, mas viu mais alguns ruivos saindo do trem e correu para abraça-los também.

_ Fico feliz que a minha anãzinha não tenha ficado mais baixa ainda. – Meu pai brincou e eu revirei os olhos.

_ Vamos? – Alguém perguntou, mas a minha atenção estava centrada em dois loiros de olhos verdes azulados e uma morena também de olhos claros saindo da plataforma apenas com um elfo. Scorpius já tinha mencionado que os pais nunca se importavam muito em ir busca-los na plataforma, mas não pensei que chegassem a esse ponto. Me senti tentada em pedir ao meu pai para leva-los em casa, mas eu sabia que isso só traria mais confusão.

Por isso Scorpius tinha ficado olhando de dentro do ônibus quando abracei meu pai. Lancei um olhar significativo a ele, que foi correspondido prontamente e depois vi um sorriso de canto se formando em seus lábios.

_ Rose! Já repeti três vezes! – Minha mãe quase gritou.

_ Desculpe mãe. O que?

_ Você quer ir para casa ou prefere ir ver a sua avó na’ Toca?

_ Ver a vovó na’ Toca. – Respondi. Tia Gina me olhava com uma expressão interessante. Pensei que talvez ela tenha me visto trocar olhares com Scorpius, e me senti preocupada com isso, mas tive que espantar esse pensamento. Se ficasse me remoendo o tempo todo por causa de pequenas coisas não iria aguentar, além de que logo eles saberiam de tudo.

_ Vamos logo então.

Chagamos na casa da minha avó quase nove horas, mas acabamos jantado e dormimos lá, para podermos aproveitar melhor o outro dia.

_ ROSE WEASLEY! – Minha tia Gina e meu tio Harry também dormiriam aqui, mas os meus pais preferiram voltar em casa. Parece que receberiam umas visitas do ministério e não queriam adiar.

_ Oi tia. – Falei rindo.

_ O que foi aquilo exatamente?

_ Aquilo o que?

_ As olhadas para o Comensal da Morte Junior em Experiência?

_ Quem? – Perguntei rindo.

_ SCORPIUS MALFOY! – Gritou e eu mandei ela calar a boca. – Vocês estão juntos?

_ Sim. Mas não pode contar isso para ninguém tá? – Perguntei.

_ Tá bom. Roniquinho vai ficar chocado! – Disse saindo do quarto. Minha tia era muito espontânea.

Dormi pensando em que diria a verdade no almoço. Não gosto muito de contar mentiras, e acho que esconder alguma coisa também não é contar a verdade.

Acordei e tomei um banho rápido. Tentei pensar em alguma coisa para não deixar o meu pai morrer quando desse a notícia, mas nada veio à minha cabeça, então pensei em falar com Hugo. Ele é meu irmão, mas sempre me dá ótimos conselhos, só não sei se seria tão eficaz quando o assunto é “garotos”.

Entrei no seu quarto mas vi uma cena que me fez voltar sem fazer barulho. Lily e Hugo estavam se beijando. Provavelmente uma nova técnica de briga.

Tomei café rápido e fui ajudar a minha avó com o almoço. Todos tinham entendido perfeitamente o que tinha acontecido depois que eu perdi o movimento das pernas, mas ficaram receosos, afinal Harry Potter tinha uma conexão mental com Voldemort justamente por causa da marca e pelo fato de parto do vilão estar alojado dentro dele, mas eu não via muito problema nisso, afinal Voldemort estava morto.

_ Olá filha! – Meu pai disse assim que chegou. – Temos uma novidade! – Resolvi deixar que ele falasse antes, porque provavelmente não se lembraria depois da confissão.

_ O que?

_ Vamos para a França!

_ França?

_ Sim! Para a final da Copa Francesa de Quadribol!

_ ISSO É SÉRIO?

_ Sim! É sério!

_ EU TE AMO! TE AMO! TE AMO! TE AMO!

_ Eu sei. – Brincou me abraçando. – Vamos nos preparar. Partimos amanhã.

_ Amanhã? – Ótimo. Como vou contar sobre o meu caso com Scorpius agora? Ele com certeza vai acabar com a viagem se disse antes, mas se sentirá traído se dizer depois. Isso é TÃO complicado!

_ Sim, filha! Por quê?

_ Precisava falar com você antes. – Murmurei. Não quero que meu pai pense que estava só me aproveitando da viagem para contar depois.

_ O quê anãzinha?

_ Pai...

_ Desembucha criatura! Não deve ser tão ruim assim! – Meu pai disse brincalhão.

_ Eu estou namorando.

_ O QUE? EU VOU MATAR O INFELIZ! QUEM É O INFELIZ? ROSE WEASLEY! QUEM É O INFELIZ?

_ PAI! PELO AMOR DE DEUS!

_ QUEM FOI?

_ TUDO BEM! EU FALO!

­_ ENTÃO FALE LOGO!

_ Scorpius Malfoy. – Sussurrei, mas ele não ouviu.

_ O QUE?

_ SCORPIUS MALFOY!

_ VOCÊ ESTÁ LOUCA! DEFINITIVAMENTE LOUCA!

_ MAS EU O AMO!

_ NÃO AMA NÃO! ISSO É TUDO COISA DA SUA CABEÇA! VOCÊ MORREU E AGORA ACHA QUE O AMA!

_ NÃO PODE DIZER UMA COISA DESSAS! EU O AMO DE VERDADE! E ELE TAMBÉM ME AMA!

_POSSO SIM!

_ O QUE É ISSO? UMA DISPUTA DE GRITOS? – Minha mãe chamou nossa atenção com gritos ainda mais altos.

_ Hermione... diga a ela! Diga que ela não o ama.

_ Não ama quem?

_ Scorpius Malfoy. Eles estão juntos. Diga para ela. DIGA PARA ELA!

_ NÃO GRITE COMIGO RONALD WEASLEY! E O QUE EU POSSO DIZER SE ELA O AMA?

_ ELA NÃO O AMA! EU PREFERIA VER A MINHA FILHA MORTA A ESTAR COM ELE! – Gritou descontrolado, e eu acabei correndo para o meu quarto.

_ VIU O QUE VOCÊ FEZ? COMO PODE TER DITO UMA COISA DESSAS? – Ouvi a minha mãe gritando e logo depois batendo na porta. – ROSE! – Bateu, mas eu corri e tranquei antes que ela abrisse. Só queria ficar sozinha.

Não viajei no dia seguinte. Meus pais batiam na porta mas eu os ignorava totalmente. Alvo era o único que eu deixava entrar, mas eu percebia que ele dizia tudo para os meus pais, as conversas, os choros, tudo. então tentei me isolar ainda mais, afinal uma filha morta era o que o meu pai queria, não era?

_ Rose... – Minha mãe me chamou pela terceira vez naquele dia. Ela sempre deixava comida na frente da porta, e quando eu percebia que não tinha ninguém no corredor, corria para pegar.

_ O que foi? – Perguntei abrindo a porta.

_ Você tem que entender que o sei pai estava nervoso. Ele não prefere ver você morta.

_ Bem... foi o que ele disse. – Murmurei tentando fechar a porta de novo.

_ Venha. Ele quer conversar com você. Se quiser pode voltar depois. Eu prometo que ninguém vai te impedir.

_ Tudo bem. – Murmurei e fui para o escritório.

_ Rose... – Meu pai chamou, tentando me abraçar, mas eu retirei o braço. Percebi que isso o feriu, muito.

_ O que foi?

_ Não quero que fique assim. É só que... é estranho para mim ser parente de um Malfoy. Mesmo não sendo de sangue.

_ Então você aceita? – Perguntei.

_ Aceito desde que você se mantenha virgem até ser maior de idade. – Corri e o abracei. Não sei ao certo como foram as férias de Scorpius mas as minhas não passaram muito disso.

Rose

Mary

Ashley

Julie

Alvo

James

Scorpius

Lily

Hugo

Josh


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