Diamante de Gelo - Diamond Ice escrita por AliceCriis


Capítulo 12
Capítulo 12 - O jogo




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Capt.12 – O jogo.


 


 - Julie, não é? – perguntou um garoto fortão e alto.


 - Sim. – eu disse normalmente.


 - Não se preocupe... vamos pegar leve com você.... – ele bateu em minha cabeça e riu.


 - Qual seu nome? – perguntei raivosa.


 - Daniel. – ele elevou as sobrancelhas.


 - Escuta aqui, Daniel. – eu pausei e observei Willy á meu lado. – Se eu quisesse que pegassem leve comigo, eu jogaria no time das meninas, ok? E vamos ver quem é que vai precisar pegar leve... – eu disse, empurrando-o para longe de mim.


 Muitos: Whoa, wall, e etc, ecoaram do público que observava.


 - Eu é que não quero irritar você... – sussurrou Arthur, passando por mim velozmente.


 - Separaram os times? – perguntou o técnico chegando perto de nós.


 - Ainda não. – respondeu o tal de Daniel.


 - Precisam que eu mande, é? – xingou o técnico.


 - Não treinador. – disse um dos garotos.


O técnico se retirou do campo.


 - Quem se dispõe á capitão? – perguntou Arthur.


 - Eu. – disse um menino loiro e enorme.


 - Eu também. – disse outro completamente moreno.


 - Kenen. – disse o primeiro.


 - Wally.


 - Peter.


 - Arthur.


 - Will.


 - Julie. – Chamou o garoto loiro.


Não prestei mais atenção... que droga! Eu queria jogar com Will, e contra Arthur.


O cheiro delicioso de Arthur se aproximou de mim, e murmurou algumas palavras.


 - Não pegue leve. – ele disse e pegou a bola.


Ele parecia se controlar facilmente com meu aroma. Eu estava impressionada.


 - Não estou gostando desse mutador perto de você... – murmurou Will em minhas costas.


 - Will, eu sei me cuidar. – dei um soco em seu ombro.


 - Mais eu estou do seu lado. Pra te proteger de qualquer um que vá dar em cima de você... – ele cuspiu.


 - Dar em cima de mim? – perguntei fingindo admiração.


 - Sim, você ouviu bem. – ele enrugou o nariz.


 - Vamos jogar, isso está ficando patético. – eu ri;


O técnico apareceu, se colocou em meio ao campo, e depois pegou a bola de Arthur.


 - Vamos garotinhas... – ele insinuou – nada contra você. – ele fez careta.


Jogou a bola para o alto, e num impulso eu voei para pegá-la, quiquei uma, duas, três vezes e depois cesta de três pontos.


 - O que foi isso? – perguntou o loiro que me escolheu para jogar.


 - Uma cesta de três pontos, Mané. – debochou Arthur.


Mais um apito e a mesma coisa, roubei a bola do capitão do time de Will, e lancei. Mais uma cesta de três pontos.


 - Não se aproveite de sua velocidade... – insinuou Will.


 - Ah... coitadinho do meu irmãozinho, tão pequenininho e fraco... – eu falei num tom de cuti-cuti.


 - Vamos jogar, novata. – ele se irritou. Exatamente o que eu buscava nele.


 - Julie... – chamou o técnico na arquibancada.


 - Hm? – perguntei em sua frente.


 - Gostaria de fazer parte do time feminino de basquete? – ele estava admirado.


 - Não senhor. Eu não gosto de jogar com as garotas... elas tem aquelas coisas de quebrar a unha e torcer o pé com salto alto... – cocei a cabeça.


 - E a senhorita não gosta de usar isso? – ele estava vibrante.


 - Não senhor. – eu respondi, mexendo em meu cabelo.


 - Vejo que já arranjou admiradores... – ele apontou para os garotos babando no campo. Olhei diretamente para Arthur. Ele estava quase morrendo de raiva, seu rosto branco e perfeito estava vidrado em vermelho.


 - Deve ser apenas um engano... – eu pausei. – Senhor... – eu chamei.


 - Hm? – ele pediu atencioso.


 - Pode não contar á meus pais, sobre o nosso talento para esportes... eu posso acabar por sair destas aulas... – eu murmurei.


 - Eles tem algo contra? – arqueou a sobrancelha.


 - É necessário contar? – perguntei fazendo cara de inocente.


 - Quando se sentir disposta a contar... – ele sorriu.


Eu estava gostando dele. Ele era legal. Entendia-me, talvez não os garotos, mais sim á mim.


 - Posso voltar ao campo? – perguntei implorante.


 - Claro... eles viciaram em você... – ele riu.


Quiquei de volta ao campo, e me posicionei no ataque.


 - Vai me deixar jogar? – perguntou Arthur me inundando com seu hálito doce.


 - Tente... – brinquei maliciosa.


 - La vai! – gritou o técnico jogando a bola para cima. Arthur pegou, driblou Will, e lançou para mim marcar.


 Fiquei séria.


 - Você não sabe ser nem um pouco discreto... – reclamei, num passar por perto dele.


 - E quem disse que eu quero ser? – provocou.


 - Não me provoque lobo... – sorri de canto.


 - Ou se não? – pediu a alternativa.


 - Vai engolir seus dentinhos, maravilhosos... – ameacei contente.


 - Hm...você não me intimidou... – ele arqueou a sobrancelha.


 - Eu ainda não tentei. – disse e me aproximei de Will.


 - Ei maninho... vamos mostrar para esses molengas o que é o verdadeiro basquetebol... ou está com medo do meu lobo admirador? – ele já estava nervoso... e agora com essa... ele estava pegando fogo.


 - Não me tente á arrancar a cabeça do fedorento... – começou.


 - Will... volte ao estado racional. – brinquei. O técnico jogou a bola mais uma vez, e Willy, roubara a bola.


 Cesta para ele... a aula se passava, e os demais jogadores - á não ser os três sobrenaturais – tinham ido descansar na arquibancada.


 - Vocês não cansam? – pediu o treinador com os olhos arregalados.


 - Não que percebamos... – riu Will.


O placar estava 76 á 76. Uma verdadeira disputa.


 - Vestiário; - mandou o técnico.


Joguei a bola para ele – que sofreu para pega-la.


 Fui para meu vestiário. E não tive uma recepção nada agradável.


 - Olá. – eu disse indo para o chuveiro.


 - Nada de “olá”. – disse uma loira, nada bonita, mais uma loira – não te queremos mais aqui. – anunciou raivosa.


 - Posso saber o que eu lhe fiz? – perguntei com descaso.


 - Há? O que me fez? – ela pausou – você chega aqui, dá em cima de Oliver Twist, que é o cara mais gato e prestigiado da escola, e ainda se acha boa de mais para jogar conosco? – ela estava incrédula.


 - É o que você quer? – eu pausei. – Quer que eu vá embora? – amarrei meus cabelos compridos.


 - Dá pra entender ou está difícil? – perguntou nojenta. Como eu queria poder soltar meus dons, e fazê-la achar que era uma pulga para o resto de sua vida.


 - Algum problema aqui? – perguntou Arthur, adentrando o vestiário cheio de garotas.


 - Oliver... – disse ela, arqueando a sobrancelha.


 - Com licença. – eu entrei num cômodo e troquei de roupa em segundos. A garota ficou encarando Arthur.


 - Até mais, loira. – peguei minha mochila e saí do vestiário. Arthur me acompanhou.


 Caminhei para fora do ginásio. Will já tinha ido. Agora eu iria para a aula de artes e teatro... uma das aulas que eram de sua escolha. Entre: Arte e Teatro; Estudos Internacionais; Moda e Costura; Informática e Performance Vocal.


 - Está tudo bem? – perguntou a voz preocupada que me seguia.


 - Melhor sem alguém me seguindo. – avisei trincando os dentes e cerrando os  punhos.


 - Ei... espere. – disse ele me alcançando.


 - O que quer de mim? – perguntei parando e fechando os olhos.


 - Quero que você esteja do meu lado, oras. – ele sorriu abertamente, exibindo sua pele clara e seu lindo cabelo. Ele encostou seu dedo em minha testa – que estava pegando fogo.


 - Arthur... você não entende não é mesmo? – eu sentia os soluços vindo.


 - Eu entendo o que você pensa... mais não adianta agir assim... – ele encostou seu nariz no meu.


 Quando dei por mim. Eu via nossa posição e localidade. Podia ouvir os comentários que nos cercavam.


 “E ela ainda nega?” “Como ele pode gostar dela?” “Eu sou muito mais simpática...”


 - Eu- Eu tenho que ir... – disse me desvencilhando dele de qualquer forma, e quase correndo para a sala de artes.


 - Eu tenho a mesma aula que você... – disse sorridente.


 - Você gosta muito dessa aula? – perguntei parando de costas para ele.


 - Sim, muito. – ele respondeu sem entender.


 - Tudo bem. Eu vou fazer o curso de informática. – pausei – vou ir á secretaria agora. – voltei á caminhar em rumo diferente.


 - Ei... não mude. Por favor... – ele suplicou e me abraçou.


O corredor estava vazio de alunos, e os únicos dalí eram nós.


 - Arthur. Não podemos causar uma guerra entre os clãs por um simples capricho... – eu parei de respirar, para que a tentação não me incomodasse.


 - Mais e quando esses dois clãs pensam em você? – ele questionou com a expressão dura.


 - Isso não importa... – eu neguei.


 - É hora de ser egoísta. Pelo ao menos uma vez... – ele recomendou.


 - Ok... e se supostamente eu pensasse.. o que eu faria? – eu supus.


 - Você seria realmente feliz. – ele colocou sua mão extremamente gelada em meu rosto me causando espanto.


 - Você não é quente? – perguntei arregalando os olhos.


 - Eu controlo minha temperatura. – ele ficou sério.


 - Sr. Twist, Srtª. Wants... – chamou uma voz autoritária. – o que fazem no corredor ainda? Estão atrasados para a aula de teatro. – impôs a coordenadora.


 - Sim, Senhora Peoope. – dissemos em uníssono, e caminhamos pelo corredor em silêncio.


 - Podemos...? – iniciei a perguntar á adorável senhora que distribuía roteiros para os alunos.


 - Fiquem á vontade. – sorriu com doçura.


Adentramos a sala, e fomos encarados pela classe – com aparências nada amigáveis. – Arthur abraçou-me e me guiou para uma carteira vazia ao fundo da sala.


 Sentei, e percebi que ele ignorava as expressões que eram tomadas por toda a turma.


 - Você tem que parar com isso. – adverti, sem olhá-lo.


 - E por que? – ele não me olhou.


 - O que as pessoas iram pensar? - perguntei enquanto a professora se aproximava.


 - E por que se importar... – ele murmurou,  e a professora se colocou em nossa frente.


 - Eu não gosto de ser desmancha prazeres... mais... não quero que fiquem aos “abraços” aqui... – ela riu com doçura.


 - Não somos um casal. – disse cética.


 - Não é o que parece...  – ela disse voltando para a frente do quadro.


 - Eu não disse? – perguntei soprando no ouvido de Arthur.


 - É bom que pensem assim... – ele soprou no meu.


 - Eu não vou nem comentar. – disse mau humorada.


A professora anunciou o trabalho que se seguiria: trabalhando em argila.


 - Peguem esses toletes e barro e moldem o que te inspira, o que te faz admirar... o que te torna uma pessoa.  – ela disse com uma voz delicada e sonhadora.


 - Bustos incluídos? – perguntou a garota loira que estava com raiva de mim.


 - Claro... o que te inspirar, Cloney. – a professora sorriu.


Coloquei minha mão no barro e deixei minha cabeça encontrasse o que desejava.


 Comecei a moldar e vi o que estava saindo. Um enorme lobo, com todos os detalhes...


 - Isso tem algo haver comigo? – perguntou Arthur, convencido.


 - Não sei... – eu fui sincera e olhei para seu molde.


  Ele moldava... á mim.


 - E só falta dizer que isso não tem nada haver comigo... – eu usei sarcasmo.


 - É você. Não vou negar. – ele suspirou e terminou seu molde.


 - Vejo que é amor mesmo, Senhor Twist. – disse uma voz risonha ao nosso lado.


 - É mais que isso, - respondeu ele á professora.


 - Você não cansa garoto? – perguntei para que a professora ouvisse.


 - Se eu estivesse mais nova... eu lhe dava uma chance... – disse a professora para Arthur, e riu.


 - Só tenho olhos para ela... ontem, hoje e sempre... – ele beijou minha bochecha.


 - Seu trabalho está ótimo, Nick. – elogiou a professora.


 - Obrigada... – eu disse vagamente.


 - Deduzo que queiram lavar as mãos.... – ela insinuou.


 - Seria bom. – eu sorri.


 - Eu vou com você... – disse Arthur sorridente;


 - Não acho uma boa idéia. – eu disse sem graça.


 - Aproveite. – disse a professora e nos deu passagem. Bufei e segui porta a fora.


 Era realmente difícil me esquivar de minha paixonite por Arthur – aquele mutador...


 Saindo da sala de aula, bufei mais uma vez.


 - Sabe de uma coisa. – eu me dirigi á algumas pias que ficavam no corredor.


 - O que foi? – ele disse meio confuso.


 - Eu desisto! – eu exasperei, bufando mais uma vez. – eu não posso mais me segurar. Eu não consigo, não da mais! – eu falava alto demais.


 - Do que esta falando? – ele me olhava com o rosto indecifrável.


 - Me beija, droga! – eu disse secando minhas mãos com papel toalha.


 - Não precisa pedir duas vezes... – ele segurou meu rosto e me aproximou do dele.


 Eu não sabia o que estava fazendo... se eu estava enlouquecendo de vez ou apenas parei de perceber o certo do errado.


O sinal tocou.


 - Inferno! – ele bateu o punho na parede da escola, da qual ficou marcada;


 - Tenho que ir... – disse caindo na real, e caminhando para a sala onde eu havia


 deixado minha mochila. Ele me seguiu.


 - Você não precisa se sentar com sua família... nunca ficam juntos. – ele finalizou.


 - Ma-mais você fica com a sua... – eu disse entrando na sala vazia.


 - Não é necessário... – ele riu.


 - Mais é o correto... – eu desculpei-me.


 - Que se dane... – ele me encurralou mais uma vez.


 - Agora não... – eu disse escapando de sua prisão;


 - Sinceramente eu não entendo os vampiros... – ele sorriu.


 - Talvez não haja como entender... – eu disse saindo mais uma vez da sala em sua companhia.


 - Mesmo te conhecendo a mais de 250 anos... é complicado entender suas ações... – ele justificou.


 - Então não me conhece tão bem assim... – ri maliciosa.


 - Não é para tanto. – ele concluiu.


 - Eles estão lá... – eu disse apontando para a porta do refeitório.


 - Minha família não necessita que eu esteja 24 horas por dia com eles... – esquivou-se.


 - Mais pode aumentar uma á mais em seu currículo... – disse parando e olhando para ele.


 - Ok... mais se eu for você vai também... – diabólico.


 - Não! Se meus irmãos me verem em meio á vocês... eu terei que inventar uma desculpa... – eu disse me pregando ao chão.


 - Vai estar tudo bem... mais você vem comigo... – ele adentrou o refeitório me arrastando. Minha face de desespero, era fitado por todos os rostos que existiam sentadas ás mesas. Inclusive algumas, pálidas como o papel e raivosas como ninguém.


 - Espero que me ajude á sair dessa... – eu disse desistindo de lutar contra sua enorme força.


 - Não tenha dúvidas. – ele sorriu e me levou para a mesa de seus irmãos.


 - Está é Julie. – ele me apresentou e puxou a cadeira para mim sentar.


 - Como se não soubéssemos... – disse uma garota loira escura.


 - Alisson. – disse Arthur sentando ao meu lado.


 - É um prazer. Eu sou Alisson, e ela é Erin. – disse a garota loira apontando para uma cópia dela.


 - O prazer é meu. – eu disse sem muito sorrir.


 - Eu sou Wilden e ele é Nerry. – disse os outros gêmeos. Eles eram parecidos com Arthur, porém mais velhos.


 - Todos vocês são irmãos dele? – perguntei surpreendida.


  - Sim. – disse Thays, que conheci na sala de aula - Thays, Erin, Alisson, Wilden, Peter e Nerry. – Ela citou todos os nomes.


 -Peter.  – disse um lobo de cabelos estranhamente desarrumados.


 - É um prazer conhecer todos vocês. – eu disse com meio sorriso.


Era simples de ver a semelhança entre eles. Todos tinham uma aparência magra e esbelta, completamente albinos.


 Um som de um cachorro quente estourando soou em minha frente;


 - Peter. – Disse Erin entrando em erupção.


 - Epa. – disse ele levantando e correndo.


 - De novo não... – Arthur bateu a cabeça na mesa. – Vocês não podem ser normais por ao menos um dia? – ele estava implorante.


 - Ei! Eu sou exatamente normal! – disseram todos os irmãos dele em silêncio.


 - Ah... então o problema daqui é Peter? – ele foi sarcástico.


 - Hmm.. eu... ah... tenho que ir... – eu disse meio constrangida pela situação.


Levantei acenei, e caminhei de volta para a colocação das salas.


 Ele me seguia mais uma vez.


 - Alguém de minha família á atormentou? – perguntou no silêncio do corredor.


 - Não... eles são adoráveis... – eu ria de costas á ele.


 - Então... – ele pausou.


 - Eu não me sinto confortável em meio de... uma família de verdade. – disse por fim.


 - Está se referindo ao fim da sua? – ele pediu suplicante.


 - Sim. – eu apenas respondi triste.


 - Me desculpe... – ele disse culpado.


 - Não... eu é que tenho que em desculpar. – disse voltando-me á ele.


O sinal tocou.


 - Tenho Geometria e Biologia... – eu disse caminhando para trás.


 - Nos vemos na saída da escola... – ele disse tristonho, com os pobres olhos azuis doloridos.


 - Espero que Ket esteja melhor. – voltei ao corredor que se enchia de alunos. E me dirigi á sala de Geometria.


 - O que foi aquilo? – perguntou uma voz estridentemente curiosa.


 - Marie. – eu entendi.


 - Julie Wants! – ela insistiu.


 - Tudo bem, tudo bem... – eu disse levantando as mãos. – eu estou me rendendo.


 - Rendendo? – ela estava confusa.


 - Espero que Liza, conte tudo á você. – eu disse entrando em minha sala e a deixando no corredor.


 


 Sentei em minha carteira ao lado de um garoto moreno claro. Ele me olhava incessantemente – e me deixava com agonia.


 - Qual seu nome? – perguntei quebrando o gelo.


 - Mark. E você é Julie Nicoll? – ele já sabia a resposta.


 - Julie? – eu estava assustada.


 - Sim... sua mãe apareceu ontem aqui... – ele disse – e colocou seu nome completo... – ele sorriu.


 - Ela devia ter me avisado... – eu falei mal humorada.


 - Sim... – ele deu de ombros e o assunto se encerrou.


 


As duas aulas haviam se passado, e  o sinal já havia tocado, caminhei para minha moto e avistei os garotos me olhando torto.


 - Eu não vou dizer nada á vocês! – exclamei. – vou visitar Ket, e quero que levem minha moto para casa. – Joguei a chave para Cristopher e virei as costas.


 Voltei a porta do colégio, e lá estava Arthur. Á minha espera.


 - Você não precisava demorar tanto... – ele sorriu.


 - E você não precisava ser tão exagerado... – eu ri.


 - Vamos..., você tem que ver Ket logo. – ele segurou minha mão e me puxou para o lado contrário do estacionamento.


 Caminhamos em silêncio.


Entramos no hospital e depois ele conversou com a recepcionista que foi persuadida por todos os encantos de Arthur.


 - Quarto 3 O1; - ele anunciou.


 - Como fez isso? – eu perguntei estreitando os olhos...


 - Você não iria querer saber. – ele riu malicioso, e seus olhos contavam o que ele exatamente tinha feito.


  Ele me levou até a porta e falou com os pais da menina. Eles não sabiam que ela tinha  feito amizade comigo... e ainda demoraram á entender que queríamos conversar apenas.


 - Podem entrar... – disse a mãe vencida.


 - Obrigada. – agradeci e adentrei.


 - Olá... – disse uma voz fraca.


 - Ket. – disse com amargura.


 - O que faz aqui? – ela estava extremamente branca.


 - Por que não me contou... – eu incitei.


 - Está tudo bem.... não queria preocupá-la.  – ela arfou.


 - Mais me deixou triste. Por não confiar em mim. – disse triste.


 - Eu tenho mais duas semanas... – ela contou.


 - Eu sinto muito... – eu disse soluçando.


 - Não sinta. – ela sorriu e segurou minha mão.


Nos olhamos por um enorme tempo.


 A mãe adentrou o quarto e mandou que eu saísse... o horário de visitas havia acabado.


 - Até mais... – eu disse e ela assentiu.


Arthur me abraçou e me dirigiu para fora do hospital sem mais palavras.


 - Vá para casa... sua irmã quer te contar algo muito importante... – ele me deixou á perto do limite da cidade, que á alguns quilômetros alcançariam minha casa.


 - Até mais... – eu disse de olhos fechados.


Caminhei até a mata e comecei a correr. Logo já avistava a garagem vazia e aberta. Estranho.


 Entrei em casa, e vi Alana sentada na sala.


 - Precisamos conversar... – ela disse num tom sério.


 - Se for do que você viu no refeitório... – eu incitei, e ela me parou.


 - Não.. não tem nada haver com este episódio. – ela pausou – tem haver com algo que eu não posso mais segurar em mim... eu não consigo mais esconder.


 - Fale, Lana. Está me deixando nervosa... – incitei para que ela se apreçasse.


 - é sobre papai e mamãe... – ela olhava o chão, e seu rosto tremia e soluçava.;


 - O que tem eles? – perguntei ofegante.


 - Eu... eu... – ela começou mais não teve coragem de continuar.


 - Você... – incentivei.


 - Eu os... – pausou – matei.


 - O que?!! – meus olhos se arregalaram e minhas mãos foram parar em seu pescoço.


 - Eu os deixei morrer! – ela dizia  em meio á lufadas de ar.


 - O que está tentando me dizer? – perguntei tomada pela fúria. Eu apertava minhas mãos em torno de seu pescoço.


 - Eles morreram anos atrás... e eu não fiz nada para evitar... – ela chorava. Soltei as mãos do contorno de seu pescoço e sentei no sofá com as mãos no rosto.


 Meus pais... meus pais tinham morrido...


 - O que realmente aconteceu? – eu perguntei em meio ao desespero.


 - Há exatos dois anos... eles caíram do mesmo penhasco que fingimos nossa morte... – ela contava e minhas lágrimas invisíveis rolavam por meu rosto.


 - A culpa é toda minha... – eu exasperei.


 - Não, é minha... – ela pausou – eu não fiz nada para impedir...


 - Onde eles foram... enterrados? – eu perguntei ainda sem poder olhá-la.


 - Lake. – foi o que ela disse – vai querer vê-los?


 - Sim... Mais preciso de um tempo. – eu respondi.


 - Elisabeth, prevê uma semana toda de tempo bom. Vamos viajar e você vai ficar. É por isso que eu decidi contar hoje... – ela disse se levantando.


 - Só preciso por a cabeça no lugar.. – murmurei entre dentes.


 - Preciso ir agora... e se não quiser mais falar comigo, eu vou entender. – ela saiu chorosa porta a fora, e ligou seu carro vermelho sangue que estava estacionado em frente a casa.


 Eu tinha que por minha cabeça no lugar. Á tanto tempo as coisas não eram assim... a sete anos.


 Quando eu ainda era humana. E tinha a  companhia de meus pais... e minha – humana – irmã Alana.


 Apertei o botão “start” para que minha mente começasse a fazer o resumo do dia.  Ao invés de levitar, subi as escadas passo-a-passo. Tomando novamente a imagem que eu tinha de meus pais... de minha mãe. Em meu falso enterro.


 Em meu quarto, eu me dirigi ao banheiro coloquei á banheira para encher, e meti alguns sais aromáticos nela.


 Arranquei minha roupa e me afundei na água perfumada.


 


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