Sacrifício de Amor escrita por Kaline Bogard


Capítulo 10
Capítulo 09 - Proteja o que é importante


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi a sementinha que deu origem a fanfic toda. Sabe quando determinada cena vem a nossa mente e a gente fica pensando em todas as possibilidades e de repente... tem uma fanfic?! Foi isso o que aconteceu: “Sacrifício de Amor” nasceu deste capítulo. E eu estava muito ansiosa para postá-lo, acredite. Ele ficou enorme, bem recheado para vocês.

Sobre uma segunda temporada... sim, é perfeitamente possível, graças a forma como escolhi desenvolver essa fanfic. Porém... extremamente inviável. Sim, acredito que uma segunda temporada seja complicada. Vocês entenderão o porquê no próximo capítulo.

Durante todas essas semanas inúmeras pistas foram dadas sobre a identidade da Ruby, mas... de forma a manipular vocês. Todas as conclusões, desconfianças e teorias foram propositalmente manipuladas por mim. Antes de prosseguir a leitura peço que se lembre daquelas notas que coloquei no inicio da história e guarde na memória: nada foi colocado na fanfic por acaso. Preparado? Então siga em frente e... boa leitura!



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Sacrifício de amor

Kaline Bogard

Parte 09

Proteja o que é importante

– Boa noite senhorita Ruby – cumprimentou esbaforido e tentando sorrir – Aconteceu alguma coisa?

– Senhor Stilinski – ela respondeu séria – Precisamos conversar sobre algo muito grave.

O garoto tentou pensar no que era grave o bastante para trazer uma professora à porta de sua casa àquela hora tardia.

– Senhorita Ruby, não quero ser rude, mas são onze horas da noite. Tipo... já não é um horário para fazer visitas sociais...

– Vi você e Derek Hale – a mulher foi direta e seca.

O queixo de Stiles despencou. Ele nem conseguiu esconder seu desconcerto diante da afirmação acusatória.

– Não... não sei o... que a senhora... pensa que viu... mas...

– Não penso que vi nada. Sei bem o que vi. Não consegui deixar para lá. Por isso estou aqui, Stilinski. Vou agora mesmo falar com Hale, antes de ir a delegacia.

– O QUE?! São onze horas da noite, Derek deve estar dormindo – falou um tanto alto na esperança de que o Alpha ouvisse a conversa e viesse interferir. Nada aconteceu. Chocado, Stiles compreendeu que Derek não estava por perto. Ele prometera ficar vigiando a noite toda, mas saíra na primeira oportunidade!

– Pois eu vou a casa desse pedófilo impedir que ele tenha outra noite de sono tranquila!

– Pe... Pedófilo?! – o queixo de Stiles desabou uma segunda vez.

– Você é apenas uma criança. Não tem noção do que está fazendo.

– Senhorita Ruby, garanto que...

– Sei que ele está escondido naquela mansão queimada. Outros alunos viram coisas, Stiles. E é para lá que eu vou nesse momento. Darei um ultimato ao Hale, antes de ir à delegacia denunciá-lo.

Louca. Aquela mulher era total e completamente louca. E alucinava. E ia se matar caso fosse a mansão de Derek fazer aquelas acusações sem sentido.

– Senhorita Ruby... normalmente eu sou a pessoa sem bom senso da história, sempre me metendo em confusão e tal. Mas o que está falando é bizarro. Eu nunca me envolvi com Derek Hale e agora não é hora de ir no meio do mato falar com ele!

Sem contar que era lua cheia, havia um Pack de Alphas nas redondezas e uma criatura não identificada rondando. Smith pedia para morrer.

– Não seria uma professora digna de confiança se me calasse. Vou proteger meus alunos, custe o que custar. Boa noite, senhor Stilinski.

Fez menção de se virar, mas Stiles não permitiu.

– Espera! Eu... vou com a senhorita! Só me deixa pegar as chaves do jipe. Está de carro?

– Sim, mas não me importo de seguir junto com você.

O menino apenas balançou a cabeça. Sentiu-se tão desesperado que sequer notou a incoerência da situação. Era tudo insólito e irreal, mas só pensou em uma coisa: proteger Derek e livrá-lo da confusão. E impedir que a louca da professora de literatura morresse estupidamente.

Enquanto ele ia buscar suas chaves, Ruby se permitiu sorrir um pouco. Fácil. Aquilo fora realmente fácil.

oOo

Scott, que ouvira um estranho e desafiante uivo, estava inquieto. Seus olhos se mantinham fixos na janela do quarto de Allison, vigiando com cuidado alguém importante, assim como sabia que Derek e Jackson estavam fazendo.

Quase cedeu a tentação de ir verificar o que acontecia. Segurou-se a custo. Podia ser uma armadilha. McCall era esperto e tinha instinto aguçado.

Não deixaria a namorada desprotegida, a não ser que ouvisse Derek uivando em contra partida.

A decisão o acalmou e ele continuou vigilante e apreensivo, prestando atenção em cada pequeno som noturno, atento para algo diferente do esperado.

oOo

Derek corria pela floresta usando seus poderes sobrenaturais. Estava meio transformado e os olhos vermelhos brilhavam na noite clara de lua cheia, refletindo toda a fúria que comandava seus passos.

Os sentidos aguçados eram o melhor guia. Sabia bem para onde seguir. Na mente uma única decisão: encontrar o inimigo e retalhar. Fosse um solitário ou o Pack de Alphas.

O sangue fervia. Seu lobo se agitava.

Aquele uivo o intrigara. Era estranho e não natural. Nunca ouvira algo similar antes. Tinha a direção de onde ouvira bem gravada em seu cérebro. Seguia na direção que julgava correta.

Com velocidade inumana alcançou a reserva em pouco tempo e invadiu a floresta. Cada segundo perdido podia ser crucial na batalha que provavelmente se desenrolaria tendo apenas a lua cheia e as árvores como testemunhas.

Proteger o Pack. Aquela era sua responsabilidade.

Proteger Stiles... era sua missão mais importante.

Correu exigindo o máximo de si e de suas forças. Correu com a urgência de quem luta por uma justa causa.

Correu até sentir... até que sua audição captasse aquela desarmonia sonora. Um simples humano não captaria, mas seus sentidos ampliados registraram facilmente. Diminuiu os passos até parar de vez, um tanto ofegante.

Respirou fundo e concentrou-se. Havia um som... os olhos avermelhados tornaram-se inquietos. Iam de um ponto a outro da floresta semi-iluminada. Inclinou a cabeça de leve para a direita.

Avançou um passo depois outro. Estabilizou a respiração, recuperando-se com primor da corrida inumana.

Foi quando ele viu. Uma minúscula luz amarelada, enroscada nas raízes de uma árvore, escapando por entre espaços de folhas que tentavam ocultar o que quer que fosse aquilo.

Com cautela, Derek aproximou-se e se abaixou. Espalhou as folhas com as mãos e descobriu um smartphone conectado por USB à uma caixinha de som portátil. A tela LCD exibia um aplicativo de edição de som. O ruído que Derek captara era a gravação rodando. Como se alguém tivesse gravado em sala silenciosa. Estática e mais estática, ocasionalmente um chiado. Apenas isso.

A um ponto da tela o programa exibia um pico de som. Como se algo mais alto tivesse sido gravado.

Curioso, o Alpha pegou o aparelho e desconectou da caixa de som. Tocou a tela para segundos antes da marca maior, que cronometrava cinco horas de gravação! Ficou quieto escutando.

Mais um segundo. Estática. Dois segundos. Estática. Três segundos. Estática. O cronômetro de gravação chegou ao ponto de cinco horas e quatro segundos. E Derek se surpreendeu.

Havia um uivo gravado ali. O mesmo rosnado que o convocara para a luta. Um grunhido não-natural e estranho, que incomodara seu lobo por sua constituição inesperada.

Por que alguém abandonaria um celular naquela floresta? Uma coisa ficou óbvia: o smartphone fora deixado ali há pelo menos cinco horas atrás e ficara rodando estática até determinado ponto, quando o uivo gravado soara.

Como se fosse importante que ocorresse na hora certa.

Como se...

Uma armadilha. Realmente uma armadilha!! O Alpha estremeceu de raiva. Deparava-se com nada menos do que um truque para atrair Derek até o local ermo. Afastá-lo da cidade. E de Stiles.

Sua fúria foi tão grande que esmagou o aparelho portátil com a mão, reduzindo-o a migalhas e peças retorcidas. A Estática acabou e tudo o que sobrou foi o silêncio natural da floresta.

Alguém tinha que pagar por fazê-lo de bobo. Mas antes disso, a urgência em retornar para a casa do garoto nublou seus instintos a tal ponto que quase não percebeu o alerta sonoro indicando a chegada de um SMS.

Por muito pouco não ignorou, tão desesperado estava com a sensação de ser feito de bobo e arriscar algo importante.

Voltou a forma humana e puxou o celular do bolso na esperança de ser noticias de Stiles. E era. A tela exibia o nome do menino junto ao ícone de um envelope. Ele tocou no pequeno desenho.

E as quatro simples letras despertaram uma fúria maior do que Derek julgava ser capaz de sentir. Rancor minou de cada poro de seu corpo, enquanto ele permitia que o lobo assumisse uma parte de si, numa transformação incompleta. Seu próprio celular acabou destruído num arroubo de fúria incontrolável. Help. Quatro letrinhas que somadas apresentavam uma mensagem gigantesca. Stiles precisava de si. E pedia sua ajuda.

oOo

Ruby Smith observou a tela do smartphone. Estava feito e ele entenderia. Derek era esperto. Sacaria na hora que fora propositadamente afastado. O resto do Pack estava longe o bastante para não ser causa de preocupação. Com os outros humanos sequer se incomodaria.

Apenas um lobo dominava seus pensamentos: Derek. E ele voltaria correndo desesperado ao ver que o pedido de ajuda fora enviado do telefone de Stiles Stilinski.

Soltou o celular ao lado da barra de ferro no chão. Já não precisava mais deles. Ficou de pé com Stiles em seus braços e ergueu o queixo de leve, fechando os olhos em deleite. O uivo assustador escapou de seus lábios como um desafio. Um desafio contra seus pretensos inimigos.

Volte a tempo, Derek Hale”; pensou. “Volte a tempo de salvar o que é importante”.

Sem esperar mais seguiu com o garoto em seus braços para dentro da mansão destruída.

oOo

Derek paralisou-se no ato de correr. Aquele uivo... sim. Ali estava a coisa acontecendo ao natural, um rosnado animalesco saindo direto da garganta, rasgado por presas afiadas.

Nada de gravação ou circunstancias inexplicáveis.

E vinha da direção da casa de sua família. Não da direção da cidade. Ponderou o que fazer por breves segundos. As peças do quebra-cabeças pareciam se encaixar um pouco mais: fora afastado por que aquele outro lobisomem precisava de tempo. Ficou claro como a luz.

Todavia não era suficiente para entender o quadro por completo. Sua casa ficava muito mais próxima que a casa de Stiles. Chegaria lá em minutos!

Mas... o que fazer?!

Ir para a cidade ou para a construção destruída pelo fogo? Um impasse que deixaria seu lobo decidir. O instinto de um Alpha era poderoso, quase infalível. Derek pararia de agir precipitado e daria ouvidos ao seu lado mais ancestral e arcaico.

Fechou os olhos e respirou fundo, decidindo o que fazer.

oOo

Nem dez minutos chegaram a se passar quando Ruby sentiu seu lobo se inquietar assustado e cheio de respeito. Um Alpha se aproximava. E vinha rápido, furioso. O animal dentro de si se encolheu. O primeiro reflexo foi de correr e se esconder. Porém a mulher manteve-se firme, parada no centro do que fora o lar dos Hale.

Seu rosto adquiriu uma feição lupina, pêlos circularam-lhe as maçãs do rosto. As garras cresceram enormes e mortais. As presas afiadas mal contidas por seus lábios, dando-lhe um aspecto ainda mais grotesco junto com os olhos dourados.

Ruby assumiu a forma meio transformada. Precisaria dela para se defender um mínimo que fosse da investida de Derek Hale.

Lançou um breve olhar para Stiles, deitado inconsciente em um dos cantos da sala, segundos antes de a porta da frente ser arrancada, pouco resistente à ação de Derek.

Os dois lobisomens se encararam em silêncio por um instante que pareceu se prolongar por séculos. Eras se passaram enquanto as íris de vermelho intenso faiscavam rancorosas contra um olhar feito de ouro.

Então Derek captou um leve e peculiar cheiro. O aroma do sangue de Stiles. E isso fez com que perdesse o pouco de humano que ainda restara em si. Ele ergueu o rosto e rosnou alto e poderoso, uivou juras de destruição sem misericórdia contra aquela mulher parada a sua frente.

Foi tão intenso e assustador que Smith se congelou de medo. Seu lobo era nada mais que um animalzinho acovardado frente à presença daquele Alpha.

Hale avançou contra a lobisomem que ousara desafiá-lo e ferir alguém que seu lobo já considerava como sua propriedade. Agarrou a desconhecida pelo pescoço e a empurrou pela sala até que estivesse com as costas violentamente cravadas contra a parede.

Derek usou a força descomunal para erguê-la do chão, uns bons dez centímetros, com as garras cravadas em sua pele a ponto de fazer sangrar.

Ruby ofegou sem ar.

– Hale – gemeu – me escute...

O Alpha respondeu intensificando o aperto. Sentiu sua mão comprimir-lhe a traquéia. Estava a um passo de quebrar o pescoço da inimiga com as mãos nuas, tamanha a fúria e desejo de vingança sentidos.

– Derek... – sangue subiu pela garganta machucada e escorreu pelo queixo da professora. Ruby Smith mirou fundo nos olhos de Derek e tudo o que encontrou foi a morte encarando-a de volta.

Ele não iria recuar enquanto não estivesse sem vida. Seu próprio lobo conformou-se com o destino fatal, mas a mulher não. Não podia morrer! Não fizera tudo aquilo para que a longa jornada acabasse prematuramente.

– O Stiles... – tossiu cuspindo sangue. A falta de ar lhe deu tontura. Sucumbia rapidamente, embora tivesse forças para uma derradeira revelação – é meu pai.

Continua...


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