Sacrifício de Amor escrita por Kaline Bogard


Capítulo 9
Capítulo 08 - Fragmentos de um domingo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Aqui está o último capítulo da retrospectiva. No próximo a gente alcança o prólogo e a história volta ao tempo presente.

Então, sobrevivemos à season Finale de Teen Wolf? Todos? Acho que sim. Mas não seguiremos inteiros para a próxima temporada. Puxa, foram 12 longas semanas, hum?

Agora o de sempre: não foi betado, erros é culpa do corretor do Word que não me avisou! Boa leitura e bom final de semana.



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Sacrifício de amor

Kaline Bogard

Parte 08

Fragmentos de um domingo

O clima dentro do jipe era pesado. Derek podia sentir a irritação e a mágoa minando de Stiles quase como duas presenças físicas dividindo espaço com eles. Todavia não tinha tempo de pensar naquilo.

Cada segundo passado lhe dava mais certeza de suas desconfianças. Aos poucos ligava um e outro dado. O garoto ao seu lado fora ao treino uma única vez naquela semana, justamente no dia que “aquilo” se aproximara a ponto de ser percebido.

Quantas vezes mais estivera perto do menino sem que Derek soubesse? A percepção trazia um desespero frio ao seu coração. Mostrava-lhe quão impotente poderia ser em relação a proteger alguém importante.

– Derek – a voz de Stiles cortou sua reflexão.

– Agora não.

– Mas...

– Você tem noção de como a situação é perigosa? – o Alpha voltou-se para o companheiro de viagem e olhou gravemente para ele. Doeu um bocado ver o receio embaçar o brilho das íris castanhas, mas muita coisa estava em jogo.

– Acho que faço uma idéia...

– Não. Você não faz. Apenas fique quieto e dirija.

– Um dia teremos que falar sobre isso – Stilinski soou aborrecido – Falar sobre muitas coisas! Não pode fugir para sempre.

O arroubo de coragem surpreendeu Derek. Porém não cairia na armadilha.

– Não há nada a ser dito.

Stiles olhou de relance para o homem sentado ao seu lado. Respirou fundo, resignado. Maldito cabeça dura.

O resto do caminho foi feito em silêncio. A determinado ponto o carro de Allison saiu do campo de visão, quando a garota dirigiu para outro lado, assim como o veículo de Jackson.

Pouco tempo depois Stiles chegou em casa. Anoitecera e havia luzes acesas em pontos estratégicos. Seu pai deixava aquelas lâmpadas ligadas quando saia e a residência permanecia sozinha. Provavelmente dobrara outro turno.

Antes de saltar do carro, Derek pegou o celular.

– Você tem o meu número. Eu tenho o seu – afirmou seco – Eu falo muito sério, Stiles, não saia de casa esta noite. Não atenda ninguém que não conheça bem.

– Derek...

– Se notar alguma coisa estranha ou se sentir ameaçado de qualquer forma me liga na mesma hora. Estarei por perto.

O garoto emburrou, mas balançou a cabeça e concordou com o que foi mandado.

– Se você resolvesse conversar seria muito mais fácil armar um plano para...

Derek sequer ouviu o resto da frase. Apenas desceu do jipe e bateu a porta. Afastando-se do veículo.

Stiles observou aquela fuga e praguejou, sabendo que seria ouvido. Maldito destino que trouxera aqueles malditos lobisomens a sua maldita vida.

oOo

Apesar das precauções de Derek a noite transcorreu com a tranqüilidade de sempre. Stiles acreditou que mal conseguiria pregar os olhos dado seu estado de espírito. Ledo engano. Dormiu feito uma pedra e foi acordar apenas no domingo com o sol invadindo a janela aberta e iluminando sua face.

Levantou-se pouco disposto e ao descer para a cozinha encontrou John sentado a mesa, tomando café.

– Bom dia, pai! – a visão de seu progenitor pareceu devolver-lhe as forças.

– Bom dia, filho – o homem respondeu no mesmo tom de voz animado. Séculos pareciam ter se passado desde a última vez que conseguiram um momento juntos – Como vão as coisas?

– Como sempre – o menino respondeu evasivo, enquanto alcançava o suco de laranja e se servia de uma dose – Nada diferente da rotina. E com você?

O xerife sorriu. Aquele era o seu garoto, se achando esperto e tentando despistar. Gostava mais de vê-lo assim do que desanimado e entristecido.

– Como sempre ultimamente – imitou a resposta que recebera – Essa já foi uma cidade tranqüila.

– Algo aconteceu? – Stiles nem tentou segurar a curiosidade.

– Nada que seja da sua conta. Fique sossegado, garoto. Agora me diga: para quando é a reunião de pais do seu colégio? Já devia ter acontecido, não?

– Ah... isso – Stiles recostou-se na cadeira e respondeu com a boca cheia de torradas, fazendo alguns farelos voarem longe.

– Stiles, que modos são esses? – John soou horrorizado – Espero que não esteja se comportando assim com seus amigos.

O menino tentou responder da mesma forma, mais farelos se espalharam. O xerife respirou fundo e levantou-se da mesa.

–Vou descansar um pouco. Termine o café da manhã e vá fazer o dever de casa. Aposto que não fez ainda.

Stiles apenas sorriu, com a boca cheia de pão torrado e, internamente, feliz por que seu pai desistira de interrogá-lo sobre a reunião de pais. Para quê preocupá-lo com aqueles ínfimos detalhes, não?

oOo

Derek sentiu a segurança retornar com o nascer do sol. Precisava manter a cabeça no lugar. Peter vivia lhe dizendo isso. McCall já lhe dissera isso. Às vezes se precipitava e evitava pensar nos riscos de uma situação. Eventualmente pagava caro por isso.

Na atual crise não podia meter os pés pelas mãos. Não com algo tão valioso em risco. Por mais que se negasse a ceder ao que sentia, não podia negar que estava lá, fundo no seu coração.

Stiles estava certo em um ponto: não podia fugir para sempre.

Quando a situação voltasse ao normal, teria uma conversa muito séria com o garoto. Colocaria os pingos nos “i’s” e trataria de esmagar qualquer esperança que ele pudesse alimentar dentro de si. Cuidaria dele, sim; como verdadeiro membro do Pack. Nada mais, nada menos.

Derek não se envolveria outra vez, nem com seu lobo exigindo o contrário. Não queria sofrer tanto quanto sofrera no passado. Quem sabe padecer mais ainda.

Sentindo que podia se afastar da casa sem medo resolveu ir atrás de Peter e discutir as informações que juntaram. Voltaria ali durante a noite ou caso Stiles precisasse lhe ligar em busca de ajuda.

E o Alpha desejava ardentemente que isso não acontecesse e o menino nunca estivesse em perigo...

oOo

Ruby Smith caminhava com cautela pela floresta. Passara a noite toda fora de Beacon Hills, caminhara até tão longe que percorrera quase metade do caminho para chegar a Frisco. Precaução nunca era demais.

Segurava a bolsa de couro falsificado debaixo do braço como se fosse um tesouro. O que levava ali dentro garantiria o sucesso de seu plano.

Além dos detalhes que cuidara com tanta atenção precisaria contar com uma boa porcentagem de sorte. Jogava com o destino, mas observara bem Stiles Stilinski naquela semana, colhera dados e montara um perfil confiável.

O garoto mudara praticamente nada aqueles anos todos. Se fosse diferente, ou outra pessoa, não se arriscaria a depositar parte do sucesso de seu plano em algo como sorte ou a falta dela. Mas era Stiles. Ruby conseguiria levar a bom termo a longa jornada.

Chegou em um lugar ermo da floresta que considerou longe o suficiente. Seguira no exato oposto ao que se encontrava o Pack de Alphas. Aproximara-se, inclusive, a ponto de conseguir visualizar os cinco lobisomens pela primeira vez em sua vida.

Como os odiava.

Se não estivesse sozinha... se também possuísse potencial... se fosse uma Alpha... não hesitaria em atacá-los e lutar contra eles, mesmo que perdesse a vida no processo. Contanto que levasse pelo menos dois consigo...

No entanto não podia agir assim às claras. Precisava atuar a traição e usar subterfúgios. Como se diz por aí: os fins justificam os meios. Ela não podia morrer enfrentando os cinco Alphas, por isso criara um frágil plano B.

E era hora de pôr em prática.

oOo

Derek combinou com Peter que deviam invadir o Cartório de Registros e seguir o faro para se aproximar o máximo possível dos arquivos que os Alphas pudessem ter mexido. Era algo viável, pois o cheiro ficaria impregnado e o local fechava nos finais de semana. Domingo a noite seria perfeito, ao contrário do hospital, que funcionava vinte e quatro horas por dia.

Peter iria cumprir as ordens enquanto Derek voltava para vigiar a casa de Stiles. Aquela seria a primeira noite de lua cheia, por isso não contaria com Erica e Boyd, ambos envolvidos em controlar seus lobos. Isaac, Scott e Jackson, com melhor domínio nessa época, tinham o encargo de proteger as duas garotas humanas; exceto pelo primeiro, claro. Embora não pudesse depender do rapaz. Ainda que tivesse certeza de que era Stiles a bola da vez, como Alpha não podia deixar ninguém do Pack servindo como um elo fraco na corrente. Antecipar-se às ações do inimigo era algo que aprendia aos poucos.

oOo

Stiles passou um dos dias mais tediosos de sua jovem vida. Atravessou a tarde inteira tentando fazer os deveres, mas logo se cansou. Não conseguia manter o foco muito tempo em uma coisa só.

Logo ligou o PC e começou a jogar RPG Online, intercalando com suas visitas aos fóruns de discussão, principalmente os que falavam sobre o fenômeno que aconteceria mais a noite.

Contemplação Maia e Alinhamento Perfeito.

Pensou em chamar o Alpha para assistir com ele, mas era uma idéia tão ridícula que riu de si mesmo e logo a descartou.

Passava das nove horas da noite quando resolveu tomar um banho e comer alguma coisa. Como seu pai estava em casa, teria que ser algo saudável para variar.

oOo

A professora de literatura observou o céu noturno. Seu lobo se agitou e não foi por causa da lua cheia, afinal magia como nunca visto antes movimentaria o Universo aquela noite. Felizmente tinha uma ancora poderosa ao qual se agarrar. Caso contrário... a adrenalina e ansiedade a fariam se descontrolar com facilidade.

Respirou fundo e pegou o telefone. Discou três números rapidamente.

“Emergência 911, em que posso ajudar?”

Ruby sorriu sem humor ao ouvir a voz da telefonista.

– Eu... eu... presenciei um crime – mentiu sem remorso, fingindo nervosismo. Precisava tirar o Xerife Stilinski da casa dele e garantir que o menino estivesse sozinho.

oOo

Derek permanecia oculto em um ponto onde podia observar sem ser observado. A luz da lua cheia tinha um efeito indescritível em seu lobo, que se tornara mais intenso com sua condição de Alpha. Algo que nenhuma palavra no mundo poderia descrever.

Via sombras passando de um lado para o outro, através da janela fechada do quarto de Stiles. O garoto não parecia ter um segundo de sossego! Como era possível alguém assim?

Hale podia se cansar só de olhar...

Foi então que aconteceu. Veio do nada, sem aviso. Um uivo. Como Derek nunca ouvira antes. Algo estranho, deslocado. Claramente um desafio.

E ele compreendeu.

Talvez estivesse enganado. Quem sabe Stiles não fosse o real alvo e tão somente uma distração. Estivera tão concentrado em ligar os pontos de modo a colocar o adolescente no epicentro do furacão que tomara nenhuma providência para se proteger.

Agora era chamado a enfrentar algo desconhecido. Uma criatura, provavelmente um lobisomem, que invadira seu território e rosnava em busca de um confronto. Havia grandes chances de ser o Pack de Alphas.

Uma armadilha da qual Derek não podia se esquivar. Aquele uivo não seria ouvido apenas por ele, talvez com mais intensidade por sua condição de responsável pelo grupo. Como prevenir que um dos garotos não iria ver o que acontecia...?

Além disso, a provocação era óbvia. Ele jamais a ignoraria.

O pensamento de ligar para Stiles e recomendar cuidado passou vagamente pela mente do Alpha, mas ele logo a descartou. Melhor não alarmar o garoto. Se Derek era o real alvo, não restavam motivos para se preocupar.

E, sem que percebesse, agiu precipitadamente como sempre; correndo em direção à Reserva Florestal.

oOo

Stiles observava o céu através da janela do seu quarto. Não tinha um telescópio potente o bastante para admirar o planeta e as constelações.

A Internet transmitia o fenômeno em tempo real, todavia perdera o interesse e não acompanhava mais online. Era quase onze horas e o ponto máximo se daria à meia noite. Talvez espiasse algum site no momento crucial.

Disfarçadamente observou as proximidades. Não viu sombra de Derek. Estaria o Alpha por ali? Ele prometeu que estaria, então Stiles confiou.

Desistiu de ficar feito uma estatua e caiu de costas na cama. Sentia-se chateado. Seu pai fora chamado para atender uma emergência e ele ficara sozinho em casa. Era tão tedioso...

E tanto tédio ameaçava dar-lhe sono. Ia cochilar quando ouviu a campainha soando. Por um milésimo de segundo pensou em fingir que não havia ninguém em casa. Mudou de idéia por causa das luzes acessas.

Cheio de precauções foi atender o visitante noturno. A surpresa ficou evidente na face de Stiles quando ele espiou pelo vidro da janela da sala, disfarçadamente e notou sua professora de literatura parada a porta.

Imediatamente a recebeu.

– Boa noite senhorita Ruby – cumprimentou esbaforido e tentando sorrir – Aconteceu alguma coisa?

– Senhor Stilinski – ela respondeu séria – Precisamos conversar sobre algo muito grave.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Agora sim. O próximo é o mais importante da trama. Finalmente a máscara da Ruby vai cair e todos saberão quem ela realmente é! Huashuashaushaus

Estou tão ansiosa para posta-lo, vocês não imaginam o quanto! To me segurando... kkkk

Vamos lá: é a última chance de arriscar um palpite. Teve gente que arranhou nas teorias! Até me surpreendi.

Vejo vocês semana que vem!