Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 42
Enfim, Juntos




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Mais um relâmpago irrompera os céus, fazendo com que o homem que estava debruçado sobre vários livros e pergaminhos que pareciam serem muito antigos, olhasse na direção da janela, sentindo mesmo ali as fortes oscilações espirituais.

Quando Byakuya lhe pediu que ele cuidasse pessoalmente, de reunir informações sobre Amaranthine, Ukitake sentiu que estava deixando algo passar. Tudo em torno de Mariko Nagai, era nebuloso demais.

Ela havia sido aluna da Academia de Shinigamis, havia estagiado na sexta divisão e sendo dispensada, em apenas poucas semanas. O que por si já era estranho, porque absolutamente todos os novos recrutas passavam por sua divisão, antes de serem realocados para outras.

Não por acaso, sua divisão era conhecida como a casa dos novos recrutas, exceto em casos especiais, o que não foi o caso de Mariko. O que era ainda mais estranho, considerando a forma como ela conseguira sequestrar uma taichou com facilidade, dentro de uma propriedade de uma família nobre e ainda dominar com tanta facilidade, Unohana e outros shinigamis de alta patente.

É como se não houvessem obstáculos no caminho de Mariko, ou Amaranthine, que fosse. Nomes não eram importantes. Ukitake refletira, enquanto continuava revirando os arquivos pessoais de seu clã, que poderia não ser um clã nobre, mas era muito antigo dentro do Gotei, e em sua biblioteca reuniam-se muitas informações coletadas ao longo de gerações que remontavam a milênios passados.

“Eu já li sobre algo assim, faz muito tempo, talvez tivesse sido em um velho registro”. – Ukitake pensara enquanto sentia mais um acesso de tosse, em meio a um calafrio que era um indicio de que a doença atacava impiedosamente o seu corpo.

“ Agora, não. Mimihagi”.

Ukitake protestara, enquanto sentia o ser que habitava sua alma, animando-o com o fôlego da vida, sustentando sua existência naquele corpo raquítico, e frágil.

Indiferente a isto. Ele continuou folheando os livros, até que enfim... Ele tivera um insight.

E seus olhos voltaram-se para uma fileira de livros, muito grossos e de aparência envelhecida e realmente... Eles eram muito velhos.

O homem pegara-o com certa dificuldade, enquanto sentia o ar, de seus pulmões escassearem, mas ele não iria parar agora.

A felicidade de uma pequena família dependia de seus esforços.

Então seus olhos, percorreram um enorme índice, até que a peça que faltava, naquele quebra cabeça mental, fosse achada.

“Eco de morte”.

O homem lera mentalmente, os Kanjis, sentindo uma rara sensação de contentamento encher-lhe o peito.

— Já sei o que é você, Amaranthine.

...

        Enquanto isto, em Karakura, o céu tornava-se nebuloso, as nuvens negras, converteram o dia em noite, ao mesmo tempo que um aguaceiro desabava impiedosamente sobre as ruas de Konoha, fazendo a multidão de transeuntes, que vagavam despreocupadamente pela rua, correrem enquanto achavam fugir do que pareceu ser um evento meteorológico esquisito, quando na verdade seu inimigo era invisível a seus olhos, apesar de estar pairando sobre sua cabeça.

        Komamura e Hitsugaya, seguravam sua espada, junto a Iba e Matsumoto, que mesmo sendo fukataichous, sentiam suas pernas falharem perante a esmagadora pressão espiritual que os acercava naquele momento.

        — Esse deve ser o plano mais desmiolado de todos, do velhote. – Hitsugaya dizia inconformado, enquanto tentava encontrar o equilíbrio usando aquele estranho quimono, junto com aquela barriga postiça, e um sinalizador esquisito no braço, que estava atraindo os Hollows diretamente para eles.

        Matsumoto, por sua vez mordera os lábios segurando o riso, apesar de estar com uma barriga também postiça.

        — Você fica uma gracinha, grávido, taichou! – Matsumoto disse em tom zombeteiro, sabendo que o plano era de natureza duvidosa, mas tinha como propósito distrair a atenção dos Hollows, enquanto estes procuravam por Soifon, ou melhor por seu bebê.

        A diferença entre um bebê humano, e um bebê gerado por seres espirituais, é que este se trata na verdade de um espírito novinho e folha que passa a existir, ou seja poeticamente é uma alma, absolutamente pura, sem pecados nem arrependimento.

        Mas, para os Hollows, que não entendem nada de poesia, nem de filosofia existencial, aquilo não passa de uma especiaria gourmet, altamente nutritiva e especial, do tipo que eles teriam de viver muitas existências, para ao menos se deparar com uma.

        Esse era apenas um dos motivos, que tornava a taxa de natalidade entre espíritos muito baixa. Primeiro, o nível de fecundidade, exige uma alta elevação espiritual, e depois que os perigos que isso causava quando acontecia sem o devido preparo, eram proporcionais ao que estava acontecendo.

        Fosse como fosse, o plano extravagante estava funcionando, e Hitsugaya se viu perseguido por três Hollows desavisados, que acharam que era uma boa ataca-lo, enquanto ele estava irritado em um nível que nem ela conseguia fazê-lo ficar.

— Souten ni Saze, Hyourinmaru. – Hitsugaya proferira sua frase de liberação e assim um dragão de gelo saíra de sua espada, congelando os Hollows e fazendo-os despedaçar-se em vários cristais de gelo.

— Todoroke, Tenken. – Komamura moveu o braço no ar, e segurara sua espada na vertical como se fosse perfurar algo abaixo de si, um dos Hollows que vinha a frente, “leu” seu movimento e o desviou pronto para atacar o capitão que sorriu, quando um braço de um gigante rasgou os céus, atingindo em cheio os monstros que desapareceram em meio a um guincho de protesto.

”Idiotas, ficam olhando para o que acham que viram, e são acertados pelo que não viram.” – Komamura quase latiu de tanta animação, o que fez com que Matsumoto e Iba que também estavam vestidos a caráter, para o que seria conhecido como o mico do século, ficaram com enormes gotas na cabeça, já que diferente de Hitsugaya, Komamura não ligava a mínima para o traje que estava vestindo.

Então uma explosão ainda mais forte, se fez ouvir, chamando a atenção dos quatro, então Zaraki apareceu correndo pelas ruas, usando um quimono vermelho, e uma enorme barriga postiça, enquanto um hollow fracote mordia o seu ombro, e outro grudava-se em sua bochecha, e mais um em seu traseiro.

O taichou lunático alargara ainda mais o riso, nem se quer dando o trabalho de pegar sua espada, emanara sua enorme energia espiritual, fazendo com que os Hollows o largassem, e fugissem para longe dele.

Porém, Ikkaku que tinha uma barriga postiça tão redonda, quanto sua careca, tratou de saltar na direção dos monstros, atingindo-os com sua shikai, e logo a seguir fazendo uma dança esquisita, enquanto Yumichika, que usava um quimono florido, e estava debaixo de um guarda-chuva dava um sorriso afetado.

— Céus, o que esse moleque que nem nasceu, está fazendo com a Soul Society. – Hitsugaya protestou indignado, enquanto preparava-se para lutar.

Percebendo que o plano a princípio estava dando certo, já que os Hollows estavam concentrados em torno deles, atraídos por suas barrigas esdrúxulas, e suas reiatsu desproporcionais.

...

Indiferente a todo o caos que estava acontecendo fora dali, Soifon mordia os lábios, tentando em vão conter um gemido, que para ela era fraqueza, embora Unohana tentasse em vão, fazê-la ficar à vontade, para chorar, espernear e fazer qualquer coisa, desde que ela continuasse respirando no ritmo certo.

A mulher petite sentira mais uma contração, fazer seu pequeno corpo estremecer, enquanto ela segurava com força os lençóis que estavam abaixo de si.

Byakuya, queria muito confortá-la, mas ela sempre o repelia, então ele não queria lhe causar mais incômodo, porém não arredou o pé dali, já que sua presença e a do detestável Kurosaki, eram imprescindíveis para a segurança do bebê.

Yoruichi, chegara carregando Orihime e Urahara estava ao seu lado. Quando percebeu a presença do ex-taichou do décimo segundo bantai, Soifon até esqueceu um tantinho da dor e do constrangimento que estava sentindo. Para destilar sua raiva irracional contra o loiro.

— O que está fazendo aqui, maldito? – Ela perguntou quase levantando-se de onde estava e parando no mesmo lugar, apenas porque Unohana a segurara ainda assim com certa dificuldade.

— Shaolin, querida... Concentre-se, em respirar... Pelo bem de seu bebê. – A médica dissera em tom apaziguador, mas havia algo de assustador em sua aura, que funcionou com todos ali, até em Byakuya, com exceção de Soifon que apenas bufou e se aquietou por causa de seu bebê.

— O amor é lindo! – Urahara não perdeu a oportunidade, de uma pequena provocação, mas calou-se quando levou um peteleco doloroso de Yoruichi, que havia ido até ali, simplesmente porque se preocupava com sua ex-amante.

Mas, a julgar pela carranca de Byakuya, com certeza, ela não era nem um pouquinho bem vinda ali.

— Está tudo pronto, no subsolo de minha loja. – Urahara dissera estranhamente sério, o que deixou Soifon indignada, por ter de depender daquele homem miserável, em um momento assim.

Mas, ao invés de protestar e reclamar, ela arfou mais um pouco sentindo um pico de dor em sua pelve, fazendo-a revirar os olhos lacrimejantes.

Já havia sido eletrocutada, queimada, transpassada por diversos objetos cortantes, inclusive tivera um braço amputado a sangue frio, e vários outros tipos de fraturas que nem de perto lhe causaram tanto desconforto quanto aquilo.

Era por isso que sua mãe dizia que é na hora do parto, é que uma mulher descobre sua verdadeira força.

Já Byakuya andava para um lado para o outro, desejando sentir um tantinho da dor, que sua princesa estava sentindo e assim amenizar seu sofrimento. Porém, a natureza não deu a mínima para o seu desejo e continuou fazendo sua amada sofrer para desespero do cavalheiro Kuchiki.

— Orihime, como combinamos. – Urahara pediu solenemente, para a ruivinha que estava assustada, por estar se deparando pela primeira vez, com uma mulher em trabalho de parto.

Mas, logo seus olhos castanhos escuros tornaram-se determinados, já que ela gostava de se sentir útil, e seus poderes segundo Urahara, seriam cruciais ali.

Soifon ia protestar, por terem levado uma humana inferior, aumentando ainda mais sua humilhação, porém uma redoma de reiatsu a envolveu, junto a Unohana, e Ichigo aproximou-se de Orihime lançando um olhar para Byakuya parar de ser frouxo, e tratar de guardar Soifon, já que ele estaria ocupado protegendo sua namorada.

Foi nesse instante que para surpresa de Byakuya, Soifon segurara o tecido de seu quimono e o encarara com seus olhos cinzentos, foi um gesto involuntário que aqueceu o coração de Kuchiki, mas assustou verdadeiramente a jovem taichou que se viu traindo a promessa que havia feito:

“Eu finalmente a encontrei querida irmãzinha. – Amaranthine sem avise aproximara-se dela e a abraçara como se sua vida dependesse disso, mas o seu aperto não transmitia acalento e sim, um sentimento brito que deixara a taichou sem ar. “Agora quero que sofra, lenta e dolorosamente. Enquanto, estiver triste, seu filho estará a salvo, mas se eu notar qualquer sorriso em seus lábios, eu me assegurarei de que essa criança não nasça”. – Amaranthine havia feito uma promessa, e ela havia feito uma segunda promessa... Então, suas mãos desceram em seu ventre, e ela sentira seu filho mexendo-se inoportunamente, indiferente ao perigo que a aguardava.

A lembrança era tão vivida que ela podia sentir o aperto de Amaranthine em torno de seu pescoço, e ela sabia que não muito longe dali, ela a observava.

— Vai ficar tudo bem. – O Kuchiki dissera se esforçando para ser gentil, apesar da inexplicável frieza da mãe de seu bebê, mas Soifon soltara a barra de seu quimono, ainda mais receosa pelo que poderia acontecer com seu filho.

— Fica longe... – Ela disse arquejando de tanta dor. – Por favor. – Lógico, que as palavras dela o magoaram, mas havia tanto desespero no fundo de seus olhos, que ela queria que aquilo apenas desaparecesse.

— Desculpe, mas não posso. – Ele disse, com a voz embargada. Um nó formava-se em sua garganta e ele se sentia humilhado, por estar se deixando fraquejar justo ali, perto daqueles ryokas e daquela gata ladina.

Mas, nos últimos meses nada teve controle em sua vida, tão pouco em seu coração. Ele queria apenas que as coisas voltassem para o eixo.

Então, mais uma forte contração, causou um tremor em Soifon que embora resistente para a dor, não estava preparada para aquilo, e não conseguiu deixar escapar um gemido de protesto.

— Não se contenha querida, chore, esperneie, grite, faça o que quiser. – Unohana disse em um esforço para deixa-la à vontade.

Mas, Soifon sabia que controle foi tudo que ela não teve nos últimos tempos. Justamente, ela que sempre se esforço para se comportar quase como uma máquina.

E, naquele momento ela teria de voltar ao que era, de qualquer maneira.

— Ela não pode me ver sorrir. – Ela murmurara para si, mas todos ouviram o que ela tinha dito.

— Você deve sorrir sempre. – Byakuya respondera. – E eu quero me assegurar que isso aconteça com mais frequência. – Ele dissera com tanta intensidade, que Soifon por um momento sentiu uma pontinha de esperança, mas logo mordeu os lábios com força, ao mesmo tempo que sentia mais uma contração, fazendo-a dar um doloroso beliscão no braço de Yoruichi que agradeceu aos céus, não estar no lugar de Shaolin.

...

O trajeto relativamente curto, parecera durar uma eternidade, entre a horda de hollows, que chocava-se contra o escudo de Orihime, reforçado pela Benihime, os gemidos de dor de Soifon e a colossal reiatsu que apoderava-se de Karakura, ao mesmo tempo que a mulher que encontrava-se no alto da catedral que ficava no centro da cidade, observava todos os desdobramentos.

— Você acha que pode fugir de mim irmãzinha? – Amaranthine murmurara com um sorriso endiabrado, ao mesmo tempo que sentia o vento massageando sua pele.

Shunsui foi o primeiro a sentir aquela energia obscura indo em sua direção, ele chegou a sacar seu zanpakutou e preparar-se para contrabalancear, mas ele fora atirado com tudo para trás, batendo com força contra um muro de concreto, e indo parar sobre algo macio.

— Ai, isso dói... Taichou. – Matsumoto gemeu dolorosamente.

Enquanto desviava do ataque cego de um Hollow, que foi despedaçado, pela espada de Shunsui, enquanto Matsumoto sentia aquela reiatsu esquisita queimando sua pele.

— De onde está vindo isso? – A loira perguntou ficando mais uma vez em posição de batalha, costas a costas com Shunsui, enquanto procurava seu taichou em meio ao enorme campo de batalha que as ruas de Karakura haviam se tornado.

— DELA. – A resposta, não fora proferida por Shunsui e sim por Ukitake que havia aberto um senkaimon ao mesmo tempo que Amaranthine começava se mover.

— Ukitake? – Muito preocupado com seu amigo, Shunsui correra em auxilio do platinado que não parecia em muito boa forma.

— Você deveria estar descansando, sabia? – Shunsui dissera calmamente, enquanto amparava seu amigo, ou pelo menos tentava.

— Preciso falar com Byakuya e Urahara. – O outro dissera ofegante.

— Já sei com o que estamos lidando. – Ukitake dissera depois de tossir um pouco de sangue.

— Eco de morte. – Essas três ultimas palavras deixaram Shunsui e Matsumoto um tanto alarmados.

...

Era impressionante o que muito dinheiro poderia fazer.

Byakuya não havia poupado gastos e o subsolo da loja de Urahara havia se tornado em uma confortável sala de parto.

A cama de casal, já estava com lençóis impecavelmente brancos. Isane e Hanatarou, já estavam a postos.

Unohana estudara com afinco as técnicas mais modernas de parto, já que ela pouco fazia esse tipo de procedimento, já que eram poucas as grávidas na Soul Society.

De qualquer maneira, ela interessou-se pelo parto domiciliar e também pelo parto humanizado.

Um quarto comum, sem que parecesse o ambiente frio de um hospital, foi a escolha da antiga capitã, que teve todas suas escolhas, acatadas por Byakuya sem contestações.

E, o Kuchiki não poupou gastos.

— Respire querida. – Unohana incentivou a pequena capitã.

Que tentara atender as ordens da médica, até pelo bem estar de seu filho, mas ela podia sentir, mesmo de longe a presença esmagadora de Amaranthine.

Ela havia percebido, seu pequeno deslize.

E, ela não iria perdoar esse mesmo deslize.

— Aconteça o que acontecer, eu quero que você leve nosso filho para longe. – Soifon disse quase suplicante para Byakuya, o pegando repentinamente pela barra de seu quimono.

Por um momento, ele achava que ela estava apenas com medo, no entanto havia tanto desespero no fundo daqueles olhos cinzentos, que ele não pode fazer outra coisa a não ser concordar, mesmo não concordando.

Pois, acontecesse o que acontecesse, ele não deixaria Soifon para trás.

— Acalme-se, querida. – Ele disse fazendo o seu melhor para lhe dar apoio. – E, tente respirar como Unohana-taichou, pediu.

Mas, tudo que Soifon não conseguia fazer era respirar.

A ameaça real era mais forte do que qualquer ameaça que ela tenha lidado na vida, porque dessa vez a espada estava apontada para um pedaço de si, e nenhuma espada poderia proteger aquela criança.

— Você já está com quatro centímetros de dilatação, isso é ótimo. – Unohana dissera com animação, pois estava preocupada que o porte pequeno de Soifon, fosse dificultar o parto, mas a fama de parideiras do clã Feng, parecia ter seu fundo de verdade.

...

Paralelo a isto, a reiatsu de Amaranthine propagava-se por toda a Karakura, engolindo a tudo e a todos, fazendo-os congelar no mesmo espaço e tempo, tornando-se imóveis, como se ali já não houvesse nenhuma vida.

Seus olhos azuis voltaram-se para o horizonte, e ela lembrava do horizonte poeirento da Soul Society, quando ela era uma alma solitária e esfomeada, vagando pelas ruas de Rokungai.

Desde que havia sido expulsa da sexta divisão, o anseio tornou-se mais distante, mas nem por isto ela iria desistir, então ela perseguia aquela vontade, com todas as forças que iria alcançar.

Movia-se com lentidão, estava tão faminta que até as pedras pareciam apetitosas, mas ao invés de tentar alimentar-se, ela conseguia vagando em uma busca delirante por sua irmã.

Seu coração insistia, que Shaolin iria ajudar, ela tinha prometido, que iria protege-la.

O próprio Kirito morrera, garantindo que o socorro viria, mas ela sabia que não podia esperar.

Ela tentara fazer sua parte, mas acabara dispensada e desde então, não dera nenhuma sorte, estava fraca e debilitada demais para tentar trabalhar em alguma casa como serva.

Rastejando pelo chão, no limiar de suas forças, ela seguira cada rumor de ação por parte dos shinigamis, em Rokungai, até que enfim ela sentira.

Muito tenuamente, uma reiatsu que lhe devolvera momentaneamente as forças.

— Guree no Me. – Ela falou bem baixinho pela jovem taichou que estava ao lado de um homem gordo e corpulento.

Mas, por mais alto que ela gritasse, a mulher não se movia.

E então foi como se tudo lentamente ao seu redor se desvanecesse, e quando finalmente Soifon olhou em sua direção, ela já não estava mais lá.

Ela tinha morrido.

Mas, sua vontade permaneceu.

E, ela iria atingir Soifon, fazê-la olhá-la de verdade, e se arrepender por tê-la salvado anos atrás, para condenar a uma interminável espera.

...

E assim sua reiatsu propagou-se, fazendo com que apenas os hollows vibrassem espiritualmente em uma frequência que permitia que eles conseguissem se mover.

Shunsui, Hitsugaya, Komamura, conseguiram desviar a tempo, mas Matsumoto foi atingida e perdeu os sentidos, não entrando naquele estado de paralisia, porque Shunsui conseguiu carrega-la, com ajuda de Ukitake.

— Que m**** é essa. – A careca de Ikkaku resplandecera no horizonte, enquanto ele e Yumichika, puxavam um revoltado Zaraki que achava que não tinha porque fugir de uma “reiatsu” de nada como aquela.

— Eco de morte. – Ukitake repetiu, mais uma vez e todos olharam-no esperando explicações.

...

— Eu não vou desistir, apenas porque morri. – Amaranthine dissera caminhando rumo a seu objetivo.

Sua família havia sido morta.

E, seu algoz a salvara.

Mas, nunca a protegera, deixando a própria sorte, por muito tempo.

Houve um tempo que ela queria saber o porquê.

Mas, agora ela queria apenas o que era seu por direito: a proteção que lhe foi negada.

...

— Força querida. – Unohana pedira quando vira que a dilatação de Soifon já era o bastante para o nascimento do bebê.

Três horas haviam se passado, e ali dentro parecia uma eternidade que havia se passado.

Yoruichi, segurava uma das mãos de Soifon, e Byakuya segurava a outra.

Orihime acompanhava tudo com os olhos arregalados, mas estava a postos, enquanto Isane enxugava a testa da taichou com uma toalha morna.

Urahara manteve-se mais afastado, para dar privacidade, a futura mamãe.

Porém, ele podia perceber as oscilações lá fora, e a pressão só aumentava.

E, por mais que eles quisessem evitar, Soifon também estava sentido, e aquilo estava tornado o parto ainda mais tortuoso, para a jovem shinigami, que mordera os lábios mais uma vez, tentando em vão deixar escapar um grito.

— Força, vamos lá respire. – Unohana dissera tentando incentivá-la, mas Soifon só ficou ainda mais nervosa, sentindo a aproximação de Amaranthine.

— Eu ainda não acredito em você. – Ela disse olhando para Byakuya. – Eu ainda não... – A voz tornou-se falha, e um murmúrio de agonia escapara de seus lábios.

— Você tem que proteger o bebê, acima de qualquer coisa. – Ela disse quase suplicante.

— Esse bebê é meu filho, é claro que o protegerei com minha vida, se for preciso. – Ele disse com uma determinação de ferro em seus olhos, ao mesmo tempo que buscara as mãos dela.

Ela chegou a ter o reflexo de segurar com força, a mesma, e assim acreditar que ela e Byakuya teriam um futuro juntos, junto aquela criança, mas a mais remota ideia do tipo, era um convite a felicidade, que ela não podia aceitar.

Então, ela repeliu o toque, inspirando com força, sentindo a escuridão envolver.

Ao mesmo tempo que todos se colocaram em posição, sentindo a aproximação derradeira do inimigo, que soltara um grito de gelar a alma, atraindo com sua energia espiritual, todos os Hollows que começaram a circundá-la, como se ela fosse um sol.

Já que Amaranthine naquele momento brilhava, de um jeito que chegava ofuscar a vida de todos os shinigamis que de sua força descomunal tentavam escapar.

“Um eco de morte, é uma aparição rara. Tanto que quase não consta nos registros”. – Ukitake pensara sem acreditar que em seus olhos estavam vendo.

Era como o velho ditado dizia: quando você acha que viu de tudo, vem a vida e te surpreende com algo novo e inesperado.

“A morte nada mais é do que um ciclo interminável de vontades. E, é justamente essas vontades que preenchem uma existência. Muitas existências terminam, quando se acabam as vontades. Mas, também muitas vontades ficam pelo caminho, porque já não há mais existências o bastante para realiza-las”.

Ukitake rememorava cada palavra como se fosse um poema, que saia das páginas de um livro naquele momento, e materializava-se diante de seus olhos, mas as belas palavras convergiam-se em algo grotesco e assustador, demais.

Amaranthine já não mais existia, não tinha mais um nome, já não tinha mais uma história, nem mesmo um coração para chamar de seu.

Tudo que restara era aquela vontade sombria de encontrá-la.

E, era por essa vontade que ela se movia.

Era essa vontade que sustentava o eco de sua existência e lhe dava tudo o que era necessário, para alcançar o seu objetivo.

“Ecos de morte, são considerados o mais frágil limiar de uma existência, mas o mais perigosos, justamente porque eles não conhecem limites, para a realização da única coisa que lhe resta: a realização de uma vontade.”

— Amaranthine, não vai parar enquanto não levar Soifon consigo. – Ukitake disse em um tom que fez o coração de todos ali pesar.

— Ela vai continuar multiplicando seu reiatsu, e o condensando em um único objetivo. Foi assim que ela nocauteou Unohana. Foi assim que ela passou pela segurança de todo o Clã Kuchiki. Foi assim que ela conseguiu subtrair facilmente Soifon e mantê-la fora de nosso alcance, por todo esse tempo.

Ukitake dissera, por fim, odiando ser o arauto de más notícias.

— Então, só nos resta... – Shunsui lamentou ter de chegar aquela conclusão.

— Entregar, Soifon ou morrermos defendendo o que é impossível defender. – Ukitake dissera já imaginando qual seria a escolha de Byakuya.

— O que será daquele bebê? – Quem preocupou-se com essa pergunta foi Komamura, mas não teve respostas, apenas o silêncio.

Que foi preenchido por um grito de Soifon, junto ao de Amaranthine, que pudera sentir uma nova reiatsu, brotar em um canto específico de Karakura, junto ao choro de um inocente.

— É um menino. – Unohana disse emocionada, ao segurar aquele infante absolutamente puro, que chorava a plenos pulmões, apesar de sua pequenez, revelando assim boa saúde.

Soifon se deixou cair, exaurida, mas satisfeita, por pelo menos contemplar o choro de seu filho.

Ela, sentia que seria a única coisa que ela poderia ter de seu bebê.

Mas, era um sacrifício válido, para que aquela criança pudesse continuar a viver.

Já Byakuya cedeu ao próprio peso, e caiu de joelhos diante da emoção avassaladora, de se descobrir pai naquele instante.

Algo que ele nunca esperou, desde a morte de sua primeira esposa.

Unohana, dera um rápido banho no pequenino, antes de envolve-lo com panos de linho, e leva-lo até sua mãe, que estava com os braços latejando de vontade de pegar aquela criança. Mas, ela não o faria.

— Byakuya, o leve para longe.

Ela disse no limiar de suas forças, dando trabalho para Isane mantê-la na cama, não sem antes finalizar os procedimentos de segurança pós parto.

— Ficarei aqui com você. – Ele disse sabendo o que sua mulher pretendia, e não deixaria ela fazer aquilo sozinha por nada no mundo.

— Será que não entende... Esse bebê é meu presente para você, então é seu dever leva-lo e protege-lo, antes que seja tarde.

A pequena taichou insistiu, sentindo Amaranthine aproximar-se, ela fingia não ver todo o amor, de Byakuya no fundo de seus olhos e a certeza de que ao lado daquele homem ela seria feliz.

Yoruichi assistia tudo com certa amargura.

Mas, no fundo ela sabia ser uma boa perdedora.

Por isso, para não ver, ela dera as costas em silencio.

Era como ver um enorme buraco negro tragando tudo a seu redor, sem que nada pudesse se refletir nele. Nem mesmo a luz.

Uma força obscura que movia-se irradiando o mais absoluto poder.

E, apenas com sua força, ela compactara toda a dimensão do espaço tempo em que eles se encontravam, impedindo que Yamamoto e os outros taichous chegasse a Karakura.

Percebendo isso, o primeiro a mover, fora Zaraki, expandido o seu próprio reiatsu, mas o mais assustador é que nem mesmo a reiatsu colossal de Zaraki se comparava aquilo.

“De onde vem toda essa força?”

Era o que Ukitake queria saber, pouco antes de gritar em vão para que Zaraki não fosse:

— Não adiantara de nada Kenpachi. – O capitão de Rukia dissera tardiamente, quando de cada dedo de Amaranthine saíra um pouco de reiatsu, negra, envolvendo Zaraki como se fosse uma flor.

O taichou tentou mover-se indiferente aquele poder que ele considerava inferior, porém foi em vão também.

A reiatsu o envolveu como se fosse um animal carnívoro devorando sua presa, e o contato durara alguns segundo, e tudo que aconteceu foi que a fora vital de Zaraki fora drenada, e uma vez que já não tinha mais nada para absorver, ela deixou que o homem caísse como uma boneca de pano, para espanto de todos.

— Absorção e replicação? – Shunsui murmurara, desejando não chamar atenção, de Amaranthine, que sabia que eles estavam ali, mas ela queria apenas Soifon.

Conforme ela aproximava-se tudo a seu redor, ruía em pedaços, sobre a pressão da energia que ela emanava.

Urahara tentara reforçar o campo de proteção, mas o poder de Benihime, começou ser primeiramente suprimido, antes de ser extinguido.

“Porque não absorveu?” – O taichou acabou por notar esse detalhe com interesse, mas ele sentiu os hollows convergirem atraídos, pelo pequeno bebê que acabara de nascer, a criança chorara pressentindo o perigo, e Soifon acabou não resistindo ao instinto primitivo de acalentá-lo.

Tinha a pele muito clara, e um tufo de cabelos pretos como o do pai dele. Aliás, ela podia ver muitos dos traços de Byakuya escondidos naquele pequeno corpinho.

Mas, quando ele abrira seus olhos, foi como se o mundo tivesse parado. Eram tão cinzentos quanto os seus, só que em uma coloração mais clara, e ela nunca achou que pudesse amar tanto alguém como naquele momento.

Amaranthine sentiu isso, e seu grito tornou-se mais ensurdecedor.

Percebendo isto, Ichigo levantara-se com a espada em mãos.

— Proteja sua família, idiota. – O Kurosaki dissera voltando seus olhos para o monstro que caminhava na direção deles, torcendo que os preparativos de Urahara tivessem sido efetivos, e que os danos não fossem além do material.

Byakuya tinha recursos para arcar com qualquer dano a propriedade, e Ichigo se encarregaria de cobrar essa dívida.

Mas, por horas. Ele pensava em apenas proteger, os seus principalmente Orihime que já se debulhava em lágrimas, pensando que todo o desenrolar dos fatos estava sendo tão triste.

— Kurosaki-kun... – A ruiva chamou pelo seu amado, nervosa.

Mas, ele já havia corrido rumo ao campo de batalha que era ali pertinho.

— Orihime, no três... – A voz firme de Yoruichi chamou atenção da garota, para o que ela tinha de fazer.

A ideia era simples, usar a capacidade de negação de eventos de Orihime, para criar uma brecha, para tirar Soifon e o bebê em segurança.

Urahara estava mantendo um portal direto para a Soul Society, onde estaria Yamamoto, e a expectativa é que o Soutaichou pudesse manter os dois rápidos.

Mas, Ichigo falhara quando girara sua espada, pronto para atingir Amaranthine, que rompera o campo feito por Urahara como se fosse um castelo de areia.

Vendo isso, nisso Ichigo segurara firme com sua espada, e correra em linha reta, preparando-se para investir seu ataque:

— Getsuga... – Mas, apenas com um dedo Amaranthine segurara sua espada, e Ichigo piscou confuso, percebendo que ela não mais parecia algo negro e obscuro.

Seu corpo parecia duro e resistente, como...

— Diamante. – Ichigo murmurara entre dentes, enquanto se via puxado e arremessado, para longe, ele tentara o equilíbrio, mas um Hollow como se movesse por um controle remoto, ligado a vontade de Amaranthine, que mandou atacar Ichigo, que usara sua espada, para evitar aqueles dentes enormes.

Geralmente, apenas o reiatsu monstruoso de Ichigo repelia os Hollows, mas ali não estava funcionando, sua reiatsu estava sendo redirecionada para Amaranthine, que com isso se tornava mais forte.

Cada vez mais fraco, Ichigo tentara se defender, mas para sua frustração ele ficara ali parado, e seu Hollow interno, não reagira como de costume.

— Orihime, agora... – A garota tocara os ombros de Soifon, que arregalou os olhos, quando vira Amaranthine materializara-se bem ao lada da jovem ryoka.

Temendo pela vida da jovem da ryoka que não tinha nada a ver com seus problemas, Soifon tentou mover-se para ajudá-la, mas Unohana puxou-lhe com mais força, ao mesmo tempo que Yoruichi se movimentou, e empurrou Orihime para o chão.

Porém, ela acabou ficando na linha do golpe que veio direto ao peito de Yoruichi que só percebeu que foi atingida, quando o grito de Soifon se fez, ouvir:

— YORUICHI-SAMA, NÃO.

Percebendo o desespero de Soifon, Amaranthine soltara uma risada de gelar a alma.

— Como é perder quem você ama? – Amaranthine perguntou aproximando-se de Soifon.

No mesmo instante que Amaranthine movia sua espada, tentando usar uma rede formada pelo poder escarlate de sua Benihime, porém Amaranthine apenas repeliu aquilo, mas não o absorveu, pouco antes de fazer com que de seu braço saísse milhares de adagas muito pontudas.

“Ela consegue transformar-se a sua vontade, não é uma mera ilusão de ótica”.

Urahara tentara utilizar seu senso tático, mas ali aquilo de nada estava adiantando.

— Shire, Senbonzakura.

Ela tentara alcançar Soifon que se agarrara ao bebê que ficara quieto, quando próximo ao peito de sua mãe, que estremecia de medo de perder seu pequenino.

As pétalas de flor de cerejeira envolveram Soifon, que vira Byakuya colocar-se a sua frente, mesmo sabendo que ele morreria com certeza, um gesto que nunca ninguém fez por ela em sua vida.

“Você nada mais é do que uma ferramenta insignificante”.

O lema de seu clã por alguma razão lhe viera a mente.

Mas, pela primeira vez, aquelas palavras não fizeram sentido.

Ela não era uma ferramenta.

Ela era um ser humano.

E, ela precisava apenas um objetivo para viver, um objetivo que valesse a pena.

E, era o que ela desejava ensinar a seu filho.

Se tivesse apenas algum tempo.

Amaranthine continuou caminhando na direção deles, havia um enorme buraco em seu peito, como se fosse um hollow, mas seu corpo era uma versão adamantina, e ela tinha lâminas no lugar dos braços.

Nada, daquilo lembrava a garota magra, de cabelos loiros, e olhos inocentes que ficara para trás.

Yoruichi caíra no chão, sentindo toda a dor daquela lâmina, e Soifon quisera correr até ela, ajuda-la de alguma maneira.

Mas ela podia sentir a mão firme de Unohana, em seu ombro, e seu bebê estava surpreendentemente quieto apesar de toda tensão.

— Os últimos meses, havia sido de medo, mas naquele momento ela não sentia mais medo.

Queria se libertar de tudo aquilo.

Depois daquilo nada mais importava.

Soifon, fechara os olhos e movera o corpo.

“Uma ferramenta insignificante?”

De novo aquelas palavras vieram a sua cabeça e de novo fizeram todo o sentido.

Enquanto, ela levantava o punho e invocava seu zanpakutou.

— Jinteki Shakusetsu. – Soifon dissera fazendo com que o dedal, dourado e amarelo brilhasse em seu punho.

— Mariko. – Foi o único momento que Amaranthine, parou de se mover, quando ouvira seu antigo nome ser chamado. Quando vira os olhos de Soifon levantar-se e encará-la, e vê-la... E, naqueles olhos havia toda a dor e sofrimento, que ela achava que ela merecia sofrer.

Mas, também havia algo que irritou profundamente, Amaranthine.

— Eu não lhe dou o direito de ser feliz, não depois de tudo o que você me fez. – Ela dissera em um sibilo agoniado estendendo seus braços que foram se multiplicando em sua forma adamantina.

— E, eu não lhe dou mais o direito de meu roubar um segundo de felicidade. – Soifon dissera olhando para o rostinho inocente de seu filho, que fizera uma careta típica de bebê, antes de se retorcer, prestes a chorar.

Uma lágrima descera do rosto de Amaranthine, e por um momento ela lembrou do rosto longínquo de sua mãe.

E, por um momento ela quis reconfortar-se em seus braços, e ali repousar. Mas, não podia, por culpa da mulher que estava a sua frente? Não!

— Faça o que quiser comigo, eu não me importo! – Soifon disse, mas não permitirei que toque em meu filho. – A mulher disse caminhando até Unohana, que usava todo seu conhecimento para encontrar uma brecha, mas não havia encontrado nada.

— COMO OUSA ME DAR AS COSTAS, MAIS UMA VEZ! – Amaranthine movera-se na direção de Soifon, mas Byakuya conseguira mover-se e usar sua espada para defender a mulher petite, mas por um triz, a força de Amaranthine naquele momento parecia a ser de um milhão de elefantes, e a musculatura esguia de Byakuya, mau suportava o impacto.

Soifon fechou os olhos sentindo muita dor em sua pelve. Estava ensanguentada e dolorida do parto, e ansiosa por segurar seu bebê em seus braços, mas não podia fazê-lo em paz. Isso já não era castigo o suficiente?

 — Sinto muito, Mariko, mas eu não posso mais mudar o passado. – Soifon disse com sinceridade, lamentando não ter conseguido fazer por Mariko, tudo o que ela pensou que conseguiria.

— E eu não pude cumprir minha palavra, e assim como você, eu também não me perdoo por isso. -A mulher disse com sinceridade, seus olhos cinzentos marejando-se.

— E, tudo que posso fazer é isso... – Ela disse abrindo os braços, literalmente de peito aberto.

— SOIFON, não... – Yoruichi que estava aos cuidados de Orihime que estava curando seu ferimento.

— Faça o que quiser. – Soifon dissera lançando um último olhar para Byakuya, que sentia sobre si todo o preço do muno.

Os Hollows começaram ascender os céus, sendo repelidos, pela força que Amaranthine exalava, assustados com a temeridade daquela força.

Soifon fechou os olhos desejando ser capaz de falar palavras bonitas naquele momento, mas ela não sabia e no lugar de falar besteira ela preferiu o silêncio, e depois disso tudo veio a escuridão.

...

Três dias haviam se passaram, e tudo que sobrara foram ruínas fumegantes, em um raio de dezoito quarteirões.

Soifon estava repousada, nos braços de Byakuya que tinha as mãos encharcadas de sangue.

Por ser muito veloz, ele sempre viu o mundo passar muito devagar. Mas, naquele dia em especial tudo aconteceu extraordinariamente rápido.

Amaranthine movera-se a toda velocidade para acertar Soifon, que fechou os olhos tendo como único lamento para a sua morte, não ver seu filho crescer, e também não poder estar nos braços daquele que a acolhia naquele instante.

Uma vermelhidão tomou conta do rosto da mulher petite, que ficara constrangida, por estar nos braços de Byakuya, trajando uma fina camisola branca transparente.

Seus seios estavam duros e entumecidos, e ela fez força para lembrar o que acontecer.

— Acabou. – Byakuya dissera no mesmo instante, que Soifon lembrara o modo como Amaranthine parou o próprio braço, e retraiu a lâmina que iria atingi-la no último segundo.

Ela hesitara, por algum motivo.

Talvez a vontade que a movia houvesse se extinguido.

Talvez, ela tenha reconhecido em Soifon, a mesma irmã que outrora ela tanto amou.

Ou quem sabe, tenha sido apenas sorte.

Seja como for, Amaranthine paralisou instantes antes de atingir Soifon, e Byakuya usara toda sua força restante, e girara no ponto cego, e a atingira com sua espada, extinguido o que quer que tenha restado de Mariko, e tudo que existia sobre Amaranthine.

Que soltara um último grito, que se silenciara no instante que o pequeno filho deles começara a chorar em alto e bom som.

Então, Soifon desmaiara e Byakuya a segurara em seus braços.

...

— Meu bebê... Cadê meu bebê, Byakuya? – Ao ouvir aquilo a jovem taichou sentiu que havia ficado longe demais de seu pequeno rebento.

Não demorou que eles escutassem um choro bem forte, que para muitos soaria coo um som irritante, mas para os dois era um som maravilhoso, da realização de um sonho que eles não sabiam que tinham, mas que estavam adorando realizar juntos.

— Ele tem seus olhos. – Mikoto entrara ali trazendo um pequenino que se debatia em seus braços, descontente, porque daquele peito não saia nem um pouquinho de leite.

— É meu filho. – Soifon dissera se permitindo um sorriso tão bonito, e estendendo os braços para pegar o bonito menino, que estava vestido apenas com uma bata branca e uma touquinha na cabeça.

— Mas, o que importa é que os genes superiores de nossa família prevaleceram. – Mikoto dissera em um tom de desdém, e aquilo fizera Soifon apenas fechar a cara.

— Continua sendo meu filho. – Era tudo o que importava para a pequena taichou, que não percebeu que sem querer querendo, ela acabou desdenhando os preciosos genes do clã Kuchiki.

— Byakuya, você vai se casar com essa mulher sem classe? – A nobre quis saber, mas Byakuya só tinha olhos para Soifon amamentando seu filho naquele instante.

Notando a intensidade do olhar, do pai de seu filho sobre si, Soifon mais uma vez avermelhou, mas fez um gesto para que ele se aproximasse, e ele o fez.

E, sem cerimônia, ele aproximou seu rosto do dela e os dois se beijaram, dando a resposta que Mikoto não queria ouvir.

...

Matsumoto, estava inconformada, enquanto olhava a discreta nota de rodapé do jornal, informando que o partido nº1 do Seireitei, era um homem recém-casado.

— Aqueles dois fizeram uma cerimônia fechada e sem festa. – Rangiku não se conformava, em não poder se deleitar com o acontecimento do século, na sem graça vida social da Seireitei.

— Depois de tudo, aqueles dois quiseram um pouco mais de privacidade, só isso, Matsumoto. – Hitsugaya, respondeu, pensando que se estivesse no lugar de Byakuya, e tivesse a mesma quantidade de dinheiro, ele faria o mesmo com sua preciosa Hinamori.

— Mas, nem para o batizado do bebê eles convidaram. Somente a Unohana-taichou, e o Soutaichou foram chamados.

Matsumoto respondera em tom choroso, ainda chateada por Omaeda, ter cumprido a vontade de sua senhora, e não a ter levado na cerimônia, que foi ainda mais íntima e fechada.

— Matsumoto, ao invés de ficar enchendo o saco com isto, trate de trabalhar. – Hitsugaya disse as palavras que a estonteante loirinha não queria ouvir.

Mas, pensando bem, talvez fosse bom, ocupar sua cabecinha de borboleta com algo mais produtivo.

Porém, assim que um dos jovens recrutas trouxera um café, Matsumoto foi acometida por um inexplicável enjoo, seguido de uma tontura que a deixara branca como um pape.

Vendo isto, Hitsugaya em um primeiro momento achou que não seria nada demais.

Porém, não demorou que o mal estar persistisse, e Unohana, desse a derradeira notícias:

— MATSUMOTO, VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA!

“E, lá vamos nós de novo”. – Yamamoto gemeu para si mesmo quando foi notificado.

Mas, não conseguiu deixar de sorrir quando olhara para a foto do homem, abraçado a pequena mulher que tinha um sorriso nos lábios, enquanto segurava um bebê, também risonho.

Eles, estavam, enfim, juntos.


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