Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 41
Laços de Amor




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Soifon realmente não queria ter de passar por tudo aquilo de novo.

Porém, Unohana a examinou minuciosamente. E depois de fazer um constrangedor, toque com o dedo, ela concluiu que a mulher petite estava com dilatação.

— E isso é ruim? – A pequena taichou não queria parecer tão preocupada quanto estava.

— Depende, se você não fizer repouso... – A taichou mais velha respondera com um sorriso gentil, mas seus olhos a avaliavam minuciosamente e aquilo foi de algum modo enervante.

— Desde que isso possa ser feito aqui. – Soifon disse pausadamente, não queria falar mais do que o necessário.

— Em seu atual estado não é conveniente uma passagem pelo portal entre o mundo em que estamos a Soul Society. A mudança de pressão do reishi poderia ser fatal para seu bebê... – Unohana dissera também pausadamente.

— COMO? – Soifon arregalara os olhos em choque.

— Acho que você não dirá como veio parar aqui, mas posso afirmar com toda certeza que isto não foi uma decisão deliberadamente sua. E quem fez isso, está querendo dificultar as coisas para você...

— ... “eu me assegurarei de que essa criança não nasça”. – Um tremor percorreu o corpo de Soifon, ao lembrar-se das palavras de Amaranthine.

A ideia de que seu filho teria de pagar por seus erros, lhe era quase insuportável.

“Seu filho... Está enfim, o reconhecendo como uma existência importante”.

A mulher olhara para o céu e em meio aquelas nuvens cinzentas ela vira o rosto de todos que havia se ido... Seus irmãos. Chidori. Tsuro-sensei.

E havia também o abandono de Yoruichi. Laços importantes, era o mesmo que um pedido formal para se machucar e sofrer. Por isto, ela fugira tanto de uma relação, fosse entre amigos, fosse entre companheiros de trabalho, quem dirá se apaixonar...

Uma lágrima escorrera de seus olhos sem que ela pudesse controlar.

Ela achou que as coisas iriam mudar. Que o acaso iria lhe dar uma chance, mas ela não teria uma segunda chance... E, se ela não outra teve chance, significava que ela não teria perdão.

Soifon apenas virara para o lado, sem dizer uma única palavra. Seus olhos marejados. Sua tristeza tangível. Sua revolta e seu cansaço.

“Amaranthine, está feliz?” – Até seus pensamentos saíram em um murmúrio cansado.

...

Nunca Byakuya se sentira tão realizado e ao mesmo tempo tão frustrado.

Sendo um homem em sua posição ele sempre soube que seria obrigado a apresentar um herdeiro para o seu clã. E, a ideia sempre lhe desagradou, porque a única mulher que ocupava seu coração era Hisana. E, depois de sua morte, francamente, ele pensou que nunca mais haveria nenhuma, até Soifon aparecer, na verdade acontecer.

Começou com sexo, e deveria ter ficado apenas nisto, mas ele em algum momento se apaixonou, mas agora que ele tinha alguém para amar mais uma vez, esse alguém ficava distante de suas mãos, por um motivo que ele não conseguia compreender.

— Você por acaso sabe o que significa Amaranthine?

— Imortal, imperecível, aquele que não se pode alcançar.

As palavras de Ukitake, tomaram de assalto sua mente, e ele sabia que aquilo com toda certeza tinha o dedo de Amaranthine. O desaparecimento de Soifon, seu retorno... Seu distanciamento.

Mas, uma coisa ele tinha certeza, se aquela maldita encostasse um dedo no fio de cabelo de Shaolin de novo, ele não responderia por si.

...

Os dias foram se passando languidamente, Kurosaki não estava lá muito feliz, havia perdido seu quarto, sua cama... E, sua paz.

Agora ele se via duas horas da manhã, indo em uma loja de conveniências, comprar doce de leite, uma maravilha do mundo moderno, descoberta por uma taichou grávida e irritadiça, que tinha como passa tempo, tentar matar Kuchiki Byakuya de cinquenta mil maneiras diferentes.

Essa era a única parte divertida do seu dia, porque o resto era a mesma amolação de sempre: escola, trabalho de meio período, preparação para o vestibular, os Hollows e agora uma grávida lunática, e ele que achava ruim uma baixinha invocada habitando seu armário.

...

Byakuya havia se escapado por pouco da armadilha, com papel bomba, com Soifon havia deixado na soleira do seu quarto, era ridículo o taichou mais forte do Gotei 13 deixar-se cair naquele truque barato, mas as forças furtivas sempre tiveram seus próprios métodos de batalha, e não era atoa que eles eram uma elite distinta, que nem ele sendo o melhor dos melhores, conseguiria prever.

Ficara dois dias com as barbas de molho, e retornara para tentar ter uma conversa definitiva com Soifon. Não era justo ela ficar o repelindo daquela maneira. E, ainda ficava o preterindo para aquele moleque Kurosaki, com quem estava dividindo o quarto. Na verdade, ela não estava, mas na cabeça do Byakuya enciumada do nobre, sim.

— Shaolin, pela última vez precisamos conversar... – Ele dissera abaixo da janela dela, tomando uma distância segura, mas suficientemente perto para ela o escutar.

A mulher estava foleando algumas revistas de futilidade que Matsumoto havia lhe dado, enquanto escutava Rehab de Amy Winehouse. Mas, ela sabia que ele estava por perto, não apenas por estar sentindo sua reiatsu, mas pela estranha ligação que havia desenvolvido com sua pessoa.

“Eu finalmente a encontrei querida irmãzinha. – Amaranthine sem aviso aproximara-se dela e a abraçara como se sua vida dependesse disso, mas o seu aperto não transmitia acalento e sim, um sentimento brito que deixara a taichou sem ar. “Agora quero que sofra, lenta e dolorosamente. Enquanto, estiver triste, seu filho estará a salvo, mas se eu notar qualquer sorriso em seus lábios, eu me assegurarei de que essa criança não nasça”. – Amaranthine havia feito uma promessa, e ela havia feito uma segunda promessa... Então, suas mãos desceram em seu ventre, e ela sentira seu filho mexendo-se inoportunamente, indiferente ao perigo que a aguardava.

Ela lembrara de novo das palavras de Amaranthine. Se pudesse voltado no tempo, ela teria a matado com suas próprias mãos, como seu pai queria. O tempo lhe ensinou que sua piedade, não passou de arrogância... Salvar alguém, cuja penitência maior seria continuar vivendo, com o fardo de ter perdido tudo e todos que amava.

        Lembrou-se do último encontro com Kirito, dois anos depois que ela já estava sob a tutela de Yoruichi que havia a adotado como sua aprendiza. Mas, enquanto ela vivia no conforto, da vasta fortuna do clã Shihouin, Mariko vivia de migalhas, na periferia de Rokungai e seu primo estava exilado de seu clã, condenado a uma vida que ele não merecia, tudo porque tentou ajuda-la.

        Kirito foi um rapaz bonito, com seus cabelos negros que caiam até seus ombros, seus olhos escuros como ônix, sua pele que não era muito clara, mas também não servia para morena, ficava no meio termo. Era muito habilidoso, tido como um prodígio de sua direção, mas ele nunca aceitara as normas de seu clã. Desde pequeno seu coração pedia para que ele salvasse vidas, e não que matasse com a desculpa de salvar pessoas que no fundo não mereciam continuar vivas. Ele estava em seu leito de morte, quando ele veio até Shaolin, para uma despedida.

— A tentativa de salvar Mariko, foi uma expurgação para os meus pecados, Shaolin. Espero que você diferente de mim e de todos de nosso clã, use sua espada corretamente.

Então, sem aviso ele a puxou pelos ombros e a beijou, foi um selinho rápido, cujo significado ela nunca entendeu, mas podia ainda sentir o gosto do sangue de seu primo em sua língua, muitos anos depois. Ela nunca soube o significado daquele beijo, mas ele também lhe deixara a localização de Mariko.

Shaolin tivera de se esforçar muito, para conseguir driblar toda a pesada segurança da Onmitsu Kidou, mas acabara levando quase um mês para ir até sua amiga, e quando chegara a seu esconderijo, Mariko já não estava mais lá, apenas o que restara de sua boneca, que agora estava inteiramente despedaçada junto com o corpo sem vida de Algodão, e na parede escrita com sangue, palavras que sempre a atormentariam dali por diante: porque não veio?

“Fazer coisa melhor com sua espada é?” – Soifon murmurara olhando para um ponto no vazio, era uma sensação estranha, como se seu primo estivesse ali a escutando, então ela deslizara a mão por seu ventre, sentindo seu bebê continuando chutando-a com impaciência.

“Kirito, é um bom nome?” – Shaolin murmurara deslizando a mão pelo seu ventre, mas a ideia de dar um nome para seu filho, lhe pareceu algo feliz, e ela não poderia se permitir isso.

...

Mais uma semana se passara, e Unohana percebera que o sol já não mais brilhava, o céu estava mais cinzento, e um vento frio soprava constantemente, como se houvesse uma tempestade a caminho, mas o que havia além daquele céu obscuro, era uma horda de Hollows, atraídos pela reiatsu descomunal de Soifon e do bebê, já que estando grávida, ela não poderia usar um selo de restrição.

Yamamoto tivera de deslocar Hitsugaya-taichou e Komamura-taichou, para reforçarem Karakura e proteger os civis, dos ataques de Hollows que se tornara ainda mais frequentes.

        — Faltam poucos dias... – Unohana dissera olhando para o calendário, enquanto notava uma fina garoa precipitando-se do céu.

        Estavam pouco mais de um mês acampados na casa dos Kurosaki, ela estava penalizada por Byakuya que ainda não havia desistido de estar perto de Soifon.

...

        A mulher dormia tranquilamente, havia se fartado com sorvetes de morango com calda de avelã, e dois pedaços de torta de chocolate.

        Ichigo tinha de admitir que ela era adorável quando dormia. Pena que acordava, ela era eficiente em fazer a vida dele e dos outros um inferno, mas ele sabia que ela estava sofrendo, e sendo um espírito protetor o ruivinho não lidava muito bem com o sofrimento alheio.

        Por isto, depois de conversar com Urahara que havia convencido Yoruichi a ficar longe por aqueles dias, ele elaborara um plano mirabolante, para que Byakuya pudesse se aproximar de Soifon. Na verdade, não era um plano tão mirabolante assim, era algo bastante simples, Ichigo usaria sua reiatsu colossal, para disfarçar o nível de reiatsu de Byakuya.

        Soifon não perceberia sua aproximação, até que ele estivesse colado nela. Claro que ele tomou cuidado de limpar seu quarto de todos objetos pontiagudos e arremessáveis, embora ele soubesse por experiencia própria que a mulher sabia ser bem ameaçadora com as mãos limpas, quando queria.

        Byakuya tivera de engolir seu orgulho, trezentas vezes, por ter de aceitar a ajuda de Ichigo... Mas, o moleque estava sobrecarregado, e estava na hora de parar de descascar um abacaxi que nem era dele.

        Soifon estava dormindo, um sono pesado e sem sonhos. Suzumebachi havia dado uma aliviada para sua mestra, pois reconhecia seu sofrimento, e lamentava Amaranthine estar sendo tão eficiente em mantê-la sobre aquela redoma de medo... Mas, Suzumebachi podia sentir a aura do bebê que crescia no ventre de sua mestra, e ela quase sorria acreditando que seus esforços valeriam a pena.

        Aquela criança seria a luz que faltava, na vida de Soifon. Então, o zanpakutou notara a aproximação de Byakuya, e franzira o cenho, sabendo que aquilo daria ruim.

        O homem não conteve a emoção ao vê-la ali dormindo tão linda, com uma de suas mãos sobre o ventre protuberante. Mesmo dormindo seu semblante era triste e cansado, sua flor estava solitária, assim como ele.... E, ele não entendia do porquê a sua escolha.

        Cuidadosamente ele aproximou-se da mulher petite, Ichigo fechou a cara torcendo para que aqueles dois não fizessem nada estranho na sua cama. Ele ficou parado na porta, esperando até o último instante do plano, para que Soifon não notasse Byakuya burlando as regras.

        Até que enfim, suas mãos a alcançaram. Foi um toque tênue, um leve deslizara de dedos sobre a pele branca e leitosa, da mulher que abrira os olhos sobressaltada, seus olhos sonolentos abriram-se perplexos por ver Byakuya ali parada no leito de sua cama.

        — É um sonho... A porcaria de um sonho... – Ela murmurou ofegante.

        — Não, eu estou aqui... – Ele disse tentando ser o mais brando com as palavras que conseguia, mas estava magoado.

        Soifon o mantinha afastado quando ele não merecia. Não havia feito nada de errado, exceto transar com ela estando bêbada, e engravidá-la acidentalmente, mas aquilo abriu as portas para um sentimento que poderia ser algo muito bonito na vida deles dois, se ela parasse de complicar um pouco as coisas.

        — Não, fique longe... – Ela disse fechando o punho ameaçadoramente, mas o bebê em seu ventre a cutucou bem naquele instante, e ela não conseguiu ser tão certeira quanto gostaria.

        — Eu não vou ficar longe, Shaolin... – Byakuya parecendo suplicante, quebrando seu orgulho em mil pedaços, no processo. Mas, não havia nada no mundo que ele não faria por aquela mulher e por aquela criança.

        — Mas, você precisa, por favor entenda... – Soifon disse deixando que a agonia que sentia se convertesse em lágrimas que derramavam-se em sua bochecha.

        — Você está chorando porque quer... – Ele disse deslizando a mão por sua bochecha, ela se viu fechando os olhos, sentindo o poder que seu toque tinha sobre ela.

Agora quero que sofra, lenta e dolorosamente. Enquanto, estiver triste, seu filho estará a salvo, mas se eu notar qualquer sorriso em seus lábios, eu me assegurarei de que essa criança não nasça”.

Mas, então as palavras de Amaranthine voltaram a sua mente, e ela se obrigou a repelir aquele toque mais uma vez.

— Eu preciso chorar, porque eu errei... E, nem um milagre ira mudar as coisas... Será que não entende? – Foi a vez da mulher quebrar seu orgulho, para permitir-se externar um pouco do desespero que estava sentindo.

Ela parecia não ter nascido para ser feliz. Seus pais nunca a amaram, a vida toda a desprezaram apenas por ser menina. Mas, ela sempre foi chamada de “a criança que sobreviveu”. Porque da linhagem de seu pai, ela foi a única semente que vingara, e que de novo daria frutos, por um lindo milagre que ela já não podia mais usufruir em paz.

Isso porque ela achou que poderia ser o que não era “uma boa pessoa”. E, agora ela estava ali, em agonia. Com alguém que poderia lhe devolver a felicidade que Yoruichi lhe negou quando a tratou como um brinquedo, mas ela teria de abdicar até mesmo disso.

— Erros são para a gente melhorar, não para a gente necessariamente sofrer, minha linda... – Byakuya continuara usando suas palavras amanteigadas, puxando-a de encontro a si ela tentou resistir, mas estava desesperada por aquilo e seu bebezinho também, já que ele estava se mexendo todo, enxerido como ele só.

Byakuya enfim conseguira colocar as mãos sobre o ventre de sua mulher, e dar-lhe beijinhos em sua barriga redonda, ficando o mais perto que a natureza permitia de seu filho naquele instante, e a criança pareceu reagir a sua aproximação, já que chutou bem forte no exato instante que ele tocara seus lábios nos seus.

— Por favor, apenas hoje... Não me tire isto... – Ele disse se permitindo mostrar os olhos marejados, e cheios de amor... Soifon não sabia o que havia feito no mundo para merecer aquele homem.

Mas, ela tinha que encontrar forças para lhe dizer não. Era isso ou...

“Enquanto, estiver triste, seu filho estará a salvo, mas se eu notar qualquer sorriso em seus lábios, eu me assegurarei de que essa criança não nasça”

Não poderia se sentir feliz, ela precisava ficar triste, era sua única chance...

“Enquanto continuar se culpando, Amaranthine continuar tendo força sobre você... Se liberte da culpa, Shaolin”. – Suzumebachi falara em sua mente, e ela baixar a cabeça cansada, fechara os olhos, e pelo menos um minuto ela se permitiu sentir o calor daquele gesto.

“Aproveite meu filho será a única vez que terá seus pais juntos...” – Soifon pensara emocionada, contando cada segundo, tentando fazer com que eles durassem o máximo de tempo possível.

Um minuto, e então... Sem que Byakuya esperasse, ela o empurrou.

— Gomensai, não posso... Isso é tudo por MEU filho... – Ela dissera aquilo, chorando. E, Byakuya começara chorar também, sentindo-se também cansado.

A mulher levantou-se da cama, com a intenção de se afastar, mas uma forte contração a empurrara de volta para a cama, ela já havia sentido algo assim, algumas horas atrás, mas o intervalo era bem espaçado, mas dessa vez, não demorou mais que alguns minutos para vir a próxima, e a próxima.

Percebendo que Soifon estava com dor, Byakuya se levantou, mas uma força espiritual monstruosa eclodiu de todas as direções, e ele se viu momentaneamente empurrado na direção do chão novamente.

O céu tornara-se cinzento e escuro, e Unohana que tomava seu chá tranquilamente deixara sua xícara de lado, percebendo que a hora havia chegado, aquela criança iria nascer, naquele dia tempestuoso... Ao mesmo tempo que a Gotei teria de lutar contra uma horda de dois mil hollows, que invadiam Karakura naquele exato momento. Soifon percebera tardiamente que um minuto havia sido tempo demais.

— Você por acaso sabe o que significa Amaranthine?

— Imortal, imperecível, aquele que não se pode alcançar.

 

“Hoje eles lembrarão o que significa meu nome". - Não muito longe dali uma mulher loira de profundos olhos azuis, sorriu de satisfação por estar prestes a completar sua vingança.


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