Bônus – Percy

Eu havia empacado novamente no mesmo lugar. Definitivamente, eu não conseguiria terminar aquela música. Ainda mais agora. Meus sentimentos estavam mudando, eu não me sentia mais tão magoado quanto antes, e meus pensamentos voltavam sempre para a minha nova inspiração. E que inspiração! O que você está pensando Perseu? Como pode achar isso? Foram apenas poucas palavras trocadas seu bocó. Pera lá cabecinha, ela pode gostar da surpresa, quem sabe? Ou ela pode simplesmente não se importar. Subconsciente idiota.

Levantei os olhos para recomeçar, quando a vi. Ela parecia um anjo. Seu cabelo loiro caia em belas cascatas, eu o estava vendo solto pela primeira vez, sua pequena boca rosada estava entre aberta, como se fosse falar algo e tivesse sido pega em flagrante, suas maçãs do rosto adquiriram um tom rosado que a deixava ainda mais bonita. E tinha aqueles olhos, eu nunca havia visto olhos como aquele. Eram de um azul tão límpido que oscilava entre ficar desta cor ou ser cinza, ora sendo um, ora sendo outro, até mesmo sendo nenhum, em uma cor única. Se me esforçasse quase conseguia ver pequenas tempestades se formando. Ela vestia roupas básicas, mas que a deixava sem duvida alguma bonita. Será que existe alguma roupa que ela não fique bonita? Calça jeans, uma blusa três quartos folgada azul - eu adoro azul - e uma corrente com um pingente de coruja. Eu estava começando a achar que ela gostava daquele animal. Era uma das garotas mais lindas que eu já havia visto.

– Ãn, obrigada – ela mostrou o livro que eu lhe dei – não achei que fosse se lembrar. – ela tinha um brilho nos olhos que me deixou feliz.

– Isso? Não foi nada, minha mãe adora fazer essas coisas. – e era verdade.

– Como você conseguiu coloca-lo dentro de meu armário? – ela parecia ter realmente uma dúvida sobre isso, eu sorri, e tinha certeza que eu estaria com uma cara de malicioso.

– Tenho meus contatos. – falei, lembrando-me de como tivera trabalho em convencer Travis e Connor a fazerem isso para mim, eles me olharam sorrindo abobalhados, mas fizeram mesmo assim. São gêmeos legais.

Ficamos em silêncio um pouco e voltei a pensar nela ouvindo minha música, comecei a ficar envergonhado novamente.

– Então... Você que escreveu a música

– S-sim. – porque estou gaguejando? Eu sou Perseu Jackson, o cara que está sempre preparado para qualquer coisa que uma garota faça.

– É muito bonita.

– Mesmo? – eu sabia que devia estar parecendo abobalhado, mas quem ligava? Ela havia gostado da minha música.

– Mesmo. E ela foi baseada em alguma coisa? – senti meu sorriso diminuir, mas respondi mesmo assim.

– Foi. Uma... Garota que conheci. – Ela foi bem mais do que apenas uma garota Perseu, você sabe disso, do nada, meus pensamentos voaram para a garota que havia me inspirado para escrever aquilo, senti que suspiraria, parecia tudo tão distante. Me obriguei a voltar para a realidade assim que ouvi a voz doce da loira a minha frente, era tão diferente da outra.

– Ah... Você... Você poderia terminar de canta-la? Fiquei curiosa para saber o final. – tive de sorrir, ela era tão linda, como podia ser tão tímida?

– Ainda não terminei, mas quando terminar eu te mostro.

– Promete? – Agora os olhinhos dela brilhavam em excitação, parecia uma menininha, com um sorrisinho e olhos pidões. Tive de rir.

– Prometo Annie.

– Ótimo, - ela sorria, e não pude deixar de retribuir o sorriso, era lindo, por mais que ela tenha me evitado ao longo de todo o dia eu não pude ir contra a vontade de ficar ao lado dela, de repente a expressão dela fechou e assumiu um semblante sério – E-eu acho melhor eu ir agora.

– Não, - Perseu, o que você pensa que está fazendo exatamente? - fica mais um pouco. – eu a segurei pela mão. Definitivamente eu estava enlouquecendo. Desde quando eu implorava para uma garota ficar? Era sempre o contrario.

– Percy...

– Tá, eu sei, popularidade e blá blá blá. Vamos Annie, se você preferir, nós podemos ser amigos em segredo. Na frente de todos... Eu posso fingir que não te conheço, que te odeio, sei lá. E, quando estivermos sozinhos, amigos. Como você quiser.

Ela pareceu ponderar a ideia, e depois do que pareceu ser uma eternidade, ela respondeu.

– Isso não vai afetar você?

– Nem um pouquinho.

– Então... Então tudo bem.

Fiquei tão feliz de tê-la feito aceitar que a puxei para um abraço, ela tinha cheiro de morangos. Quando a soltei pude sentir que estava muito vermelho.

– Desculpe, fiquei um pouco animado.

– T-tudo bem, eu realmente já vou. – ela parecia não saber o que fazer, e por um segundo achei que ela simplesmente sairia me dando as costas, parecia ser típico dela, mas ela fez algo que me surpreendeu ainda mais, deu um beijo estalado na minha bochecha que fez com que uma corrente elétrica atravessasse meu corpo, eu sorria bobamente. – Até mais Percy.

Então ela saiu, deixando o seu cheirinho de morango no ar. Eu seria o melhor amigo do mundo para aquela garota.

Sentei-me e peguei meu caderno de música, virei à página, eu já sabia o que faria. Tinha a nova inspiração bem a minha frente, e era bem melhor que a anterior.