Annabeth IV

I knew you were trouble when you walked in
So shame on me now

Olhava-me no espelho da escola tentando tirar um macarrão do meu cabelo.

Talvez você pense “Annabeth que história é essa de macarrão?” Bem, estou tão furiosa que tentarei resumir tudo. Não acho que esteja com paciência pra narrar o que aconteceu até agora.

Após fazer as DEZ páginas do trabalho de francês sozinha resolvi, depois de muito pensar ( e de ser muito agredida pelos travesseiros da Hazel por ficar de luz acesa até tarde) decidi que não as incluiria no trabalho. Eu sabia que isso podia não prestar, mas não achei que elas fossem realmente fazer algo. Percebi que estava perdidamente errada na hora do intervalo, eu estava andando, distraída, e me sentindo mal por estar ignorando Percy daquela forma, ele havia tido varias tentativas frustradas de falar comigo naquele dia. Foi nessa hora que eu caí, na verdade tropecei em algo, algo que descobri ser alguém. Uma voz que fez choques percorrerem meu corpo disse para que apenas eu ouvisse

– Isso foi por me dedurar no trabalho. – fiquei em choque. Como ela me derrubava por uma besteira dessas? E como se não bastasse estar cheia de molho, macarrão e carne, outra garota veio correndo sabe-se lá de onde e tropeçou, caindo no chão fazendo com que seu suco voasse diretamente para a minha cabeça. Todo o refeitório olhava e ria. Eu ficaria muito triste se aquele tivesse sido a primeira vez. Até que de repente as risadas cessaram e uma voz atrás de mim disse:

– As três. Na minha sala. Agora.

***

– Mas que... O que vocês estavam pensando? - Não respondi, ela não devia perguntar isso para mim, eu só estiva indo almoçar. – Andem, falem logo, não tenho o dia todo.

– Olha só, eu não fiz nada, estava apenas passando e ai tropecei nela que estava no chão e meu suco voou. Nem sei por que estou aqui. – Piper realmente não parecia ter culpa, só estava no lugar errado, na hora errada. Tudo bem que eu também disse que ela não me ajudou, mas ela não faria algo contra mim, faria?

– É o seguinte Afrodite, - Thalia começou a falar – eu fui levantar, não vi a Chase vindo, ela tropeçou e fim. Foi tudo um mal entendido, e podemos todos ir. – eu tive que responder isso. Como ela podia mentir na maior cara de pau?

– Não foi nada disso dona Afrodite – minha voz saiu confiante e firme, de um jeito que eu não ouvia a um bom tempo – Thalia colocou o pé para que eu caísse de propósito. Sobre Piper eu não sei, mas acho que ela não fez nada.

– Viu mãe? Até ela admitiu que eu não fiz nada. Me libera vai.

– Senhorita McLean, cale-se, não é a sua vez de falar, e aqui não sou sua mãe, sou a psicóloga escolar. Senhorita Chase, tem certeza disso? Thalia realmente fez isso?

– Fez. – disse eu com convicção.

– Sua louca – ela me interrompeu – eu não fiz nada disso! Você tem provas do que está falando?

– Não, mas...

– Sem “mas” garotinha, a tansa da McLean pode tropeçar, fazer algo sem querer, e eu não?

– Quem você chamou de tansa?

Quando me dei conta nós três estávamos quase aos gritos uma com a outra, e Afrodite não fazia nada.

– Já chega. – continuamos a discutir - Eu disse já chega! Caladas. –finalmente paramos - Vocês precisam de algo para concertar isso, claramente existem problemas graves entre vocês. Começou com um empurrão hoje. O que estarão fazendo amanha? – ela sentou em sua cadeira com um semblante pensativo, até que seu rosto de iluminou e ela começou a dar pulinhos de alegria dignos da filha – já sei, já sei, eu sou demais. Vocês três suas pestinhas, irão fazer um... Trabalho. Sobre a vida das outras.

– Trabalho? Como trabalho? Valendo nota? – eu não estava intendendo onde ela queria chegar.

– Notas? Querida, vale mais do que isso, vocês irão ver, e vão me agradecer no futuro. Mas, por agora, terá de valer algum incentivo. Se o trabalho for entregue direito, estarão garantidos três As em matérias que irei escolher. O trabalho consistirá em passarem um tempo juntas e escreverem o que aprenderam. Tem que ser algo consistente, e não qualquer bobagem. Vocês terão um mês para fazê-lo. Agora sem mais perguntas, saiam.

Muito surpresa, levantei e todas saímos, comigo de cabeça baixa. Eu teria de pagar pelo que elas fizeram? E que papo é esse de que eu iria agradecer no futuro?

– Vou ter que passar um mês com uma nerd e uma garota que só vive em torno de um cara? – às vezes me pergunto se ela não sabe a hora de ficar quieta.

– Do que você ta reclamando morcega gótica? Tem noção do quanto isso vai atrapalhar minha rotina? E minha popularidade então? Estou acabada, com certeza. – Eu não sei quando Piper se tornou tão... Fútil. Eu ainda não tinha coragem de falar.

– E você Chase? Não vai reclamar de como a sua vida é sofrida por ter que passar um tempo conosco? – respirei fundo e olhei naqueles olhos azuis elétricos antes de responder.

– Não, e você também não devia reclamar, afinal, isso é tudo culpa sua. Exclusivamente sua então se conforme com a sua estupidez.

E sai, chegando ao ponto onde a história iniciou. Eu já havia perdido metade da última aula, então achei que não valia mais a pena entrar lá. Comecei a andar pelos corredores em direção ao armário para colocar minhas roupas sujas, e tive uma surpresa quando abri e vi que existia um livro lá. Na verdade, havia vários, mas aquele em especial não era meu. Peguei -o na mão e vi a capa. Não podia ser. Era a edição de colecionador do último lançamento de Sally Jackson, ainda não havia tido tempo de compra-lo, quando abri, vi que na primeira folha tinha algo escrito.

Para a minha maior fã, Annabeth Chase.
Com muito amor, Sally Jackson.

Eu estava perplexa. Um autografo? De Sally Jackson? Eu estava no Elísio e não sabia?
Quando fui guardar o livro de volta em um lugar onde sabia que ficaria seguro, um pequeno bilhete caiu. Peguei-o, tinha uma caligrafia forte, mas muito bonita, até a pequena folha parecia ter o seu perfume.

Annie, espero que tenha gostado da surpresa.
Na verdade não era uma surpresa, você já sabia que ganharia.
Bom, não importa, só espero que goste, minha mãe ficou muito feliz em ter mais uma leitora.
Espero que possamos ao menos sermos amigos.

Com carinho, Percy Jackson.

Ele errou, eu não esperava que fosse receber o autografo, muito menos um livro todo. Havia gostado muito. Eu resolvi que iria procura-lo, para ao menos agradecer. Foi quando vi que tinha algo escrito do outro lado, com uma caligrafia mais fina.

Como pedido, seu segundo autografo Annabeth.
Espero que não perca nenhum dos dois. *risos*
Com ainda mais amor, Sally Jackson.

Certo, eu realmente preciso achar aquele garoto antes que eu morra do coração.

Comecei a andar pelos corredores da Goode sem rumo, esperando acha-lo. Acho que a felicidade estava afetando meu cérebro. Foi quando lembrei de algo que ele disse, e achei que sabia onde poderia encontra-lo.

***

Quando finalmente achei a bendita sala de música, ouvi uma melodia vinda de lá, e parei para ouvir.

(Clique aqui) (Autora: ouçam se puderem, eu o imagino contando assim, cara, eu adoro os covers desse homem).

Decidi empurrar a porta, ao menos um pouco para saber se era ele mesmo. E era, ele estava tão concentrado que nem me viu, tinha uma voz muito bonita.

Once upon a time (Era uma vez)
A few mistakes ago (Alguns erros atrás)
I was in your sights (Eu estava na sua mira)
You got me alone (Você me pegou sozinho)
You found me (Você me encontrou)
You found me (Você me encontrou)
You found me (Você me encontrou)

I guess you didn't care (Acho que você não se importou)
And I guess I liked that (E eu acho que eu gostei disso)
And when I fell hard (E, quando eu me apaixonei intensamente)
You took a step back (Você recuou)
Without me, without me, without me (Sem mim, sem mim, sem mim)

And she's long gone (E ela está muito longe)
When she's next to me (Quando está ao meu lado)
And I realize the blame is on me (E eu percebo que a culpa é minha)

I knew you were trouble when you walked in (Eu sabia que você era um problema quando você chegou)
So shame on me now (Que vergonha para mim agora)
I Flew me to places I'd never been (Voou comigo à lugares que eu nunca tinha ido)
'Til you put me down (Até você me por no chão)

Oh, I knew you were trouble when you walked in (Oh, Eu sabia que você era um problema quando você chegou)
So shame on me now (Que vergonha para mim agora)
I Flew me to places I'd never... (Voou comigo à lugares que eu nunca…)

Ele parou de cantar, pegou um papel e rabiscou algumas coisas, quando foi voltar a cantar, levantou a cabeça e olhou para mim, finalmente percebendo a minha presença, ficando apavorado, eu não sabia quem estava mais vermelho, eu ou ele. Admito que fiquei desapontada quando ele parou de cantar, eu queria saber o fim da música, mas resolvi que precisava falar algo.

– Ãn, obrigada – mostrei o livro – não achei que fosse se lembrar. – a expressão dele se suavizou.

– Isso? Não foi nada, minha mãe adora fazer essas coisas.

– Como você conseguiu coloca-lo dentro de meu armário? – ele deu um sorriso malicioso.

– Tenho meus contatos.

Um silêncio se instalou sobre nós, eu não fiquei incomodada com isso, mas ele pareceu ficar.

– Então... – tentei puxar um assunto. – você que escreveu a música?

– S-sim. – agora, quem parecia tímido era ele.

– É muito bonita. – os olhos dele brilharam, e uma vontade de fazer com que os olhos dele ficassem sempre dessa forma pousou sobre mim. Annabeth se concentre.

– Mesmo? – tive que rir, ele parecia uma criança com aqueles olhos verdes bem abertos, e um sorriso de orelha a orelha.

– Mesmo. E ela foi baseada em alguma coisa? – o sorriso dele diminuiu, e me arrependi na mesma hora de ter perguntado.

– Foi. Uma... Garota que conheci.

– Ah... – foi tudo o que disse sobre aquilo. – você poderia terminar de canta-la? Fiquei curiosa para saber o final. – ele sorriu.

– Ainda não terminei, mas quando terminar eu te mostro.

– Promete? – agora que parecia uma criança era eu. A cachinhos dourados. Ele deu uma risada gostosa que aqueceu a boca do meu estômago.

– Prometo Annie.

– Ótimo, - sorri feliz, e continuei a olha-lo, quando percebi que estávamos nos olhando a um bom tempo e ele parecia feliz com isso, assim como eu, a realidade caiu sobre mim. – E-eu acho melhor eu ir agora.

– Não, fica mais um pouco. – ele me segurou pela mão, mais choques.

– Percy...

– Tá, eu sei, sua popularidade e blá blá blá. Vamos Annie, se você preferir, nós podemos ser amigos em segredo. Na frente de todos... Eu posso fingir que não te conheço, que te odeio, sei lá. E, quando estivermos sozinhos, amigos.

Ponderei a ideia, ter um amigo não seria nada mal, ainda mais um que estivesse tão disposto a ser meu amigo. Mas eu sabia que aquilo não ia acabar bem, mas eu não conseguia pensar direito depois de ouvir aquela musica, ainda mais com os pequenos choques que percorriam meu corpo por ele estar segurando minha mão, e aquela carinha de cachorro que caiu da mudança que ele fazia só me fez dar a resposta mais estupida.

– Isso não vai afetar você?

– Nem um pouquinho.

– Então... Então tudo bem.

Ele sorriu, sorriu muito e me abraçou, do nada. Prendi a respiração. Eu tinha a impressão que fora aberta uma pequena gaiola no meu estômago e todas as borboletas que estavam presas saíram voando. Ele tinha um cheiro delicioso, que me lembrou o mar, quando me soltou, ele estava muito vermelho.

– Desculpe, fiquei um pouco animado. – sorri, deu pra notar.

– T-tudo bem, eu realmente já vou. – não sabia bem como me despedir dele. Simplesmente sair seria um tanto frio da minha parte, e é o que eu normalmente faria, mas eu topei ser amiga dele, e um abraço não parecia uma boa opção, então fiz algo que surpreendeu até a mim, dei um beijo estalado em sua bochecha – Até mais Percy.

Ele sorria bobamente enquanto eu saia. E eu fiquei pensando que merda eu estava fazendo com a minha vida.