Guerreira da Lua escrita por Anyan


Capítulo 3
Capítulo 2 - O Baile.


Notas iniciais do capítulo

Acabei de começar a faculdade e já estou atolada de trabalhos a fazer. T-T
Espero ter mais tempo para minha fanfic, mas mesmo se não tiver eu vou continuar escrevendo, só que vou demorar pra postar.
Mais um capítulo, Aproveitem!



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– Atrasada de novo! Quando você vai aprender a chegar na hora certa?

– Sinto muito, tive problemas com o vestido.

O vestido era preso por um espartilho e Rebeka tinha insistido em amarrá-lo tão firmemente quanto o possível.

Por sua vez Margaret estava, rodeada de azul escuro, em um vestido chique e refinado como sempre.

– Vou deixar passar dessa vez pelo esforço, – comentou dando ênfase ao olhar em direção as vestes da garota – mas fique mais atenta.

– Obrigada tia. – respondeu com uma voz sem emoção.

– Vamos. Não quero deixar ninguém esperando.

Assim que a carruagem parou em frente ao casarão onde o baile ocorria Margaret bloqueou a saída se colocando na frente da porta.

– Me escute bem, eu não quero nenhum tipo de gracinhas lá dentro.

– Claro, titia, agirei de acordo com o que me ensinou. Assim como uma dama. – disse a jovem com sarcasmo.

Percebendo a rebeldia nos olhos de Artemísia, Margaret se viu encurralada. Ela não permitiria que uma simples garota sujasse o nome da família. Não deixaria ninguém envergonhar os Rosenberg por causa de uma criança rebelde.

– Se tudo ocorrer sem nenhum problema esta noite eu deixarei que faça o que quiser amanha. Terá seu tão esperado dia livre. – barganhou.

Por essa ela não esperava. A ruiva pensava que a tia não se importava com nada, mas aparentemente preservar o nome da família era mais importante até que seu orgulho.

– Feito. – Concordou animada.

Elas apertaram as mãos cobertas pelas luvas que iam até o cotovelo e então o cocheiro abriu a porta da carruagem oferecendo sua mão para ajudá-las a descer e mesmo sem precisar Artemísia aceitou recebendo um olhar de aprovação da tia.

Assim que elas passaram pela grande porta de entrada seus nomes foram anunciados.

– Margaret Rosenberg Mellchiore e sua sobrinha Artemísia Rosenberg.

Como sempre apenas o nome do pai tinha sido citado. Apenas mulheres casadas poderiam carregar os dois, do pai e do marido, mas ela não se importou realmente, não faria que ela amasse menos a mãe e ainda lhe concederia seu tão esperado dia livre.

Três mulheres se reuniram em volta de Margaret ignorando completamente Artemísia, que teve que lutar para ainda permanecer ao lado da tia, enquanto analisava o salão. Haviam várias pessoas bem arrumadas que faziam questão de mostrar sua classe nos mínimos detalhes.

– E seu marido?

Voltando sua atenção para a conversa, Artemísia ficou atenta.

– Infelizmente ele não pode vir. Você sabe como Rodolfo fica ocupado com o trabalho com frequência.

A garota percebeu que só tinha visto o homem umas duas vezes durante sua estadia na casa e eles quase não se falaram na ocasião.

– Artemísia. – chamou Margaret – Estas são Nicole Gammel, Camélia Nieren e Silvia Eliezel. Logo você vai conhecer os filhos delas e quero que se apresente corretamente.

As três tinham cabelos e olhos castanhos, com exceção de Silvia que possuía olhos azuis gelo. Nicole trajava um vestido vermelho e era a mais magra com o nariz um pouco grande para seu rosto de pássaro. Camélia era mais gordinha e suas feições mesmo doces mostravam sua seriedade, seu vestido era verde escuro lembrando as escamas de uma cobra. Silvia parecia ser a mais simpática, mesmo com suas feições duras ela não parecia tão ameaçadora quanto às outras duas com sua baixa estatura e para completar o trio ela vestia azul para combinar com os olhos.

Uma coisa que poderia se observar era que mesmo que todos os vestidos fossem perfeitamente enfeitados as jovens usavam cores mais claras e as casada vestidos escuros. E por mais que o vestido azul de Silvia fosse bonito o de Margaret era dezenas de vezes melhor.

– Silvia tem uma filha da sua idade. – disse a tia.

Nenhuma das três parecia muito contente em conhecer Artemísia, mas ela não se importou. Se elas eram amigas de Margaret com certeza não seriam pessoas que ela teria vontade de conhecer.

– Agora vá andar um pouco por ai enquanto eu trato de assuntos importantes. – e adicionou em voz baixa para que só ela pudesse ouvir – Não me cause problemas.

Assim que ela se viu livre das garras da tia foi como voltar a respirar. Havia muitas pessoas pelo salão, porém nenhuma que ela quisesse conhecer. A mesa de comida estava repleta de doces que como tinha sido instruída não poderia comer quase nada e teria que ser super discreta.

Tomando o maior cuidado Artemísia pegou um copo de água e se pôs a andar pelos cantos. Podia perceber os olhares de desejo que recebia dos homens e os de inveja das mulheres. Rachel tinha feito um trabalho magnífico nela e poucos acreditariam na verdadeira personalidade de Artemísia com aquela aparência de boneca. Ela quase parecia mais uma das garotas mimadas da corte.

Encostando-se em um pilar perto das mesas ela ficou olhando alguns casais que dançavam no meio da sala.

– Posso pedir uma dança minha dama?

Finalmente alguém a dirigira a palavra! Brincou mentalmente, temia que teria que ficar calada a noite inteira.

O homem que estava a sua frente era jovem. Ele tinha uma voz grossa e suave e parecia nervoso ao abordar a moça.

– Eu não confio muito em minhas habilidades para a dança.

Ele se desanimou com as palavras dela, mas ainda mantendo o máximo de esperança.

– Eu não me importaria em ensinar para a dama.

Artemísia percebeu o olhar furtivo de algumas pessoas, esperando para ver a tragédia do pobre rapaz enquanto ele era dispensado. Um grupo de adolescentes da mesma idade dele estava reunido a frente, encarando com um olhar debochado no rosto. Aquilo era um famoso teste de testosterona.

– Se não se importar com minha falta de jeito adoraria acompanhá-lo.

O pobre garoto ficou aliviado.

– Não, não me importo. – e lhe ofereceu a mão.

Os dois saíram em direção à pista de dança onde mais afastados dos outros casais eles começaram a rodar. Ela teve dificuldade enquanto ele a explicava os passos, mas depois de algumas tentativas eles finalmente estavam dançando. O rapaz era um bom professor e a guiava com leveza, mas naquele meio ela duvidou que alguém mais não soubesse dançar.

Nas voltas que eles davam ela pode perceber o olhar de indignação do grupo de garotos que antes pareciam presunçosos e isso a alegrou. Tinha acabado de pisar na arrogância de vários garotos sem nem mesmo esforço.

Quando Artemísia finalmente pegou o jeito a musica acabou e eles se separaram voltando para perto da pilastra.

– Obrigado pelo prazer dessa dança, minha dama.

– Obrigada por me proporcionar um momento tão agradável esta noite.

Ela sorriu docemente para ele o incentivando. Não suportaria ter de se calar novamente. O rapaz pareceu um pouco mais relaxado após o comentário dela e resolveu ficar por perto mais um tempo.

– Posso saber seu nome bela dama?

– Artemísia Rosenberg. – ela decidiu por manter seu nome completo em segredo para não lhe causar problemas.

– Você é parente de Margaret Rosenberg Mellchiore?

– Sim, ela é minha tia. Eu a estou acompanhando esta noite.

Parecendo perceber algo muito importante ele não conseguiu segurar a pergunta só percebendo o quanto fora rude depois.

– Foram os seus pais que morreram naquele incêndio?

Sem gostar da abordagem do assunto Artemísia disfarçou o máximo que pode seu desgosto. Ela não se deixaria abalar na frente daquelas pessoas.

– Sim, por isso eu vim hoje, minha tia acha que eu preciso de uma mudança de ares.

– Meus pêsames. – replicou ele com rapidez tentando consertar sua gafe anterior. – Eu me chamo Tristan Gammel, é um prazer conhecê-la.

Finalmente Artemísia percebeu de onde o estava reconhecendo, ele tinha o mesmo nariz de Nicole e os traços angulares.

– Obrigada.

– Então, o que você está achando da festa. De inicio eu não queria vir por que acho essas festas uma perda de tempo e elas costumam ser muito tediosas, mas minha mãe insistiu e eu acabei cedendo. Fico feliz, pois pude conhecê-la. – falou tudo apressadamente.

Ela sorriu pra ele. Não pela tentativa galanteadora, mas pelo sentimento que eles compartilhavam em relação a essas festas, no mínimo inúteis.

– Eu também não pretendia vir, mas minha tia é bem convincente.

– É mesmo. Foi ela que convenceu a minha mãe a deixar eu me inscrever na escola de guerreiros ano passado.

– O que?

– Minha mãe é super protetora e não queria que eu fosse, mas sua tia teve ótimos argumentos e ela teve que ceder no final. Sou muito grato a ela.

– Imagino.

Artemísia não conseguiu se concentrar em mais nada. A escola de guerreiros! Seu pai tinha trocado aulas de etiqueta por estratégia de combate e aulas de luta para ela saber se defender caso precisasse. Estava enferrujada é claro, mas ainda sabia lutar. A resposta era a escola de guerra!

Percebendo o silencio ela aproveitou sua chance.

– Com quantos anos os garotos se inscrevem para essa escola?

– O normal é quinze, mas tem algumas exceções.

Ela faria quinze em alguns dias.

– Se não me engano os testes desse ano estão próximos.

– Que dia?

Ela estava ficando eufórica demais, mas seu acompanhante não pareceu perceber.

– Acho que vai ser dia quinze dessa luada.

Faltavam apenas duas semanas para os testes, que seriam dois dias após seu décimo quinto aniversário. Tudo se encaixava com perfeição.

– Você sabe que prova eles realizam?

– Não. Todo ano eles fazem algo diferente na hora da seleção.

– Nem que tipo de testes vão ser?

Ela estava ficando ousada e falando demais para a etiqueta, mas o rapaz confundiu sua ansiedade com admiração e se sentiu ainda mais orgulhoso pelo status que carregava. Ela só pode se sentir grata por ele não ter percebido o abandono dos bons modos.

Se ele tivesse um pouco mais de atenção talvez percebesse o brilho estranho no olhar dela e teria certeza que não era admiração que percorria ali.

– Normalmente tem alguns testes teóricos pra testar o conhecimento, mas na maioria são provas práticas. Só os melhores são selecionados. – seu peito já estava até estufado, como um pavão que se exibia para uma fêmea.

– Artemísia.

Chamou uma voz próxima a eles.

– Se despeça, esta na hora de ir.

A tia a tinha salvo do orgulho exagerado do garoto mesmo sem perceber. Seus olhos acusadores como se soubessem que ela estava falhando com a compostura no final da conversa.

Ela se despediu sem delongas se sentindo aliviada por conseguir escapar da atenção de seu admirador.

– Vejo que você já conheceu o filho de Nicole.

Artemísia assentiu.

– Ele tem futuro como um integrante da escola de guerra. Eu convenci a mãe dele a colocá-lo lá. Ela não podia desperdiçar tal prestigio.

Artemísia se limitou a assentir novamente.

– Espero que você não tenha feito nada de errado na frente dele.

– Não se preocupe tia, eu me comportei exatamente como a senhora me instruiu.

– É bom mesmo.

A carruagem finalmente chegou e elas se ajeitaram em seus lugares.

– Amanha uma empregada vai acompanhá-la ao mercado pra você comprar algumas roupas que lhe agradem. Ela estará de olho para você não comprar nada inadequado.

– Obrigada tia.

– Não me agradeça, não faço isso por você. Rodolfo acha que você merece ao menos escolher as roupas que vai usar.

– Obrigada. – repetiu Artemísia, não pelo dia de folga, mas por tê-la forçado a ir a festa. Se tivesse ficado em casa nunca teria tido a idéia para sua fuga, mas a ruiva não contaria isso a sua tia.


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Notas finais do capítulo

Se gostarem... COMENTEM!!! Eu fico triste se ninguém comentar nada. TT-TT
Então comentem! ¬¬' Obrigada! *w*



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