Kokoro escrita por Claire


Capítulo 3
Colégio


Notas iniciais do capítulo

Estou tentando retomar essa história... Sei que esse capítulo não ficou muito bom, mas foi o que deu pra fazer ^^' Espero terminar ao menos essa história, tenho sérios problemas com terminar as coisas...



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Não era tão fácil quanto ele imaginara colocar emoções em forma de texto executável. Haviam… Inviabilidades técnicas, pequenas coisas que ele não conseguia controlar. A principal dela por enquanto era a tristeza: como traduzir isso em códigos? Ele precisaria de mais tempo do que imaginara. E precisaria criar um programa, junto com um aparelho de hardware, que fosse capaz de executar os comandos complexos que ele fornecia. Seu escritório parecia um arquivo federal de tão cheio de armários e escaninhos repletos de arquivos que ele acumulava, não havia muito espaço para andar ali dentro e ainda assim ele sempre arrumava um lugar novo para enfiar outras engenhocas. Era sorte que Rin tivesse feito amigos… Humanos, principalmente adolescentes, não costumavam ser muito hospitaleiros com robôs. Já no primeiro dia Rin aparecera com três amigos novos que pareceram muito legais e compreensivos, mas embora estivessem interessados nos projetos do jovem cientista ele sabia que não tinha como explicar a complexidade de seu trabalho para crianças em idade escolar.

E foi por isso que ele inscreveu Rin no colégio, embora ela tivesse acesso irrestrito ao Google direto de sua cabeça. Ele queria que a “menina” tivesse experiências comuns. Os amigos dela sugeriram que talvez fosse divertido que ela aprendesse sobre interação humana dessa forma já que seus softwares não estavam completos ainda, e claro que Kaito concordou – Afinal não foi difícil ver que eles apenas a queriam por perto mais tempo. No começo Rin não achou necessário que ela fosse para a escola, mas May logo deu seu jeito de fazer parecer algo muito necessário. E enfim Rin concordou em “aumentar sua database com expressões e interações entre adolescentes”.

May e Shiro eram da mesma classe no colégio, ambos no primeiro ano do colegial, ambos odiando a escola. Já Oliver era da classe ao lado e já estava no segundo ano. Rin não tinha curiosidade como as meninas de sua 'idade', mas entendia um pouco de como os humanos puxavam conversa e perguntou certa vez como os adolescentes se conheceram já que Oliver não era da mesma classe que eles.

Na verdade nós moramos na mesma rua e nos conhecíamos antes do colégio.— Falou Oliver com um sorriso constrangido. Não gostava muito da ideia de robôs – Então, você foi construída como uma menina de 14 anos. Como o diretor deixou você ficar na sala dos alunos do primeiro ano?

Kaito foi quem ajeitou tudo, ele disse que o mundo gira em torno de verdinhas. Sejam lá o que forem.

Ha! Ele é rico então? Bom, é de se supor já que ele é um cientista com dinheiro suficiente para fazer você.

É de se supor.— Repetiu ela enquanto processava mais essa informação.

O primeiro dia de colégio não foi exatamente o que uma criança normal chamaria de agradável para Rin, mas a robozinha não teve nenhuma reação diante das milhares de bolinhas de papel que foram atiradas nela durante a aula. Ela não falou que era uma robô quando se apresentou, e fez bom uso das palavras, como Kaito ensinara, ao dizer que tinha 14 anos e tinha ido morar com o tio. Kaito queria que ela se passasse por uma criança comum mas parecia ter esquecido que não era comum que alguém tão jovem estudasse em uma sala com crianças de 16 anos para cima. Não demorou nada para o apelido de 'gênio' lhe ser atribuído, e pegou ainda mais facilmente depois que ela apaticamente resolveu meia folha de exercícios de calculo em 15 minutos.

Foi apenas na hora do lanche que de fato as coisas ficaram ruins para ela. Alguns alunos não estavam felizes de terem alguém mais novo na sala e decidiram pegar no pé de Rin pelo tempo que pudessem, e quando ela foi se sentar – sem pegar lanche algum – com May, Shiro e Oliver, uma menina um pouco mais alta que May e duas vezes maior em largura colocou sua bandeja na frente de Rin, olhando-a com desprezo enquanto um grupinho de meninas davam risadinhas.

Então, novata, não vai comer nada? O que é? A comida da nossa cantina não está a altura de uma geniazinha como você?

Rin não esboçou reação nenhuma visto que não havia nada sobre como responder a algo assim em seu banco de dados. Oliver se levantou e empurrou a bandeja.

Cai fora, Lia. Ela não está com fome.

Ah! E você é o porta-voz dela agora? Volta pra sua turma, isso não é assunto seu. É entre essa geniazinha e eu. - O olhar de ódio dela não era familiar para Rin. Ela não conseguiu encontrar resposta para aquele comportamento já que todas as informações sobre brigas que ela tinha envolvia duas pessoas fazendo algo que incomodasse a outra, e ela não tinha feito nada. Literalmente.

Ele não é nada dela, mas eu sou. E não vou deixar você zoar com a minha amiga atoa, ok? SO-ME! Ou se preferir podemos resolver na diretoria. Se me lembro bem, mais uma briga e você é expulsa não é? Vamos ver se o diretor vai achar legal essa sua hospitalidade com nossos novos alunos.— May não gostava de brigar, mas sabia bem o que dizer para amedrontar seu oponente. E Lia caiu como um patinho, dando dois passos pra trás com os punhos cerrados.

Não estaremos dentro da escola muito tempo Nerd.

E ela não vai estar sozinha lá fora também, pulguenta. - Dessa vez foi Shiro quem se levantou, e as meninas deram meia volta.

Rin observava tudo e absorvia tudo, toda a hostilidade e todas as informações possíveis. Ela não estava muito acostumada com nada daquilo mas já dera pra entender o que se passava ali. Quando todos os três se sentaram tudo parecia ter voltado aos eixos e Shiro logo estava fazendo piadinhas com a comida gosmenta que serviam ali.

Você está bem Rin?

É claro que ela está bem, May, é uma bee bop. Eles não tem sentimentos.

Credo Shiro que jeito de falar!

Ueh mas é! Quer ver? Rin, você é gorda assim de propósito ou foram erros no seu projeto?

Minhas formas foram construídas seguindo modelos desenhados por Kaito, então é de propósito.

Aquilo fez todos caírem na risada enquanto Shiro quase engasgava com seu suco de tanto dizer “eu disse”. Rin não entendeu o que fora tão engraçado mas adicionara aquela piada ao banco de dados de qualquer forma. Talvez fosse útil.

O dia passou rápido com Rin praticamente sem receber nenhuma informação nova. Seus dados de história, matemática, português e línguas estrangeiras eram os mais completos possíveis, apenas algumas coisas sobre biologia e física ela precisou atualizar. Ao chegar em casa a robô encontrou Kaito debruçado em sua escrivaninha lotada de papéis, dormindo enquanto uma xícara de café esfriava ali em cima. Ela parou na porta com a mochila ainda nos ombros e ficou olhando-o daquele jeito por alguns segundos, então seu sensor de temperatura indicou que talvez estivesse abaixo do que seria agradável para seres biológicos. Ela pegou um cobertor em sua cama e estendeu por cima do professor que dormia e retirou a xícara dali já que ela estava em um lugar onde era provável que fosse derrubada se ele se mexesse. Subiu as escadas sem fazer barulho algum, voltou para a cozinha e preparou um sanduíche simples e um copo de suco, voltou ao laboratório e deixou a bandeja em cima de um dos vários escaninhos perto da mesa do professor antes de sair novamente.

E Kaito sorriu imaginando que seria assim quando ele terminasse seu programa, porém feito com amor. Por enquanto ele podia sonhar.


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