Kokoro escrita por Claire


Capítulo 10
O Convite


Notas iniciais do capítulo

Demorei um bocado pra postar esse capítulo, por que na verdade fiquei chateada com o contador de acessos... Tem algumas pessoas lendo isso, deu pra ver pelo contador, mas ninguém comenta. Isso desmotiva, sabiam?



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Não foi fácil para May admitir o que estava acontecendo. Shiro não estava mais presente, Oliver se calara desde a chegada de Rin, e ela mesma não via mais tempo para ficar com os amigos nas raras ocasiões em que Shiro não estava com a namorada nova. Era engraçado que isso acontecesse mas não era completamente inesperado, afinal a turma estava entrando na faixa de 17-18 anos e a tendencia era que cada um tivesse a própria vida, ainda assim ela não conseguia pensar em não ter mais os amigos de infância por perto. Foi por isso que chamou Oliver para a sua casa e conversar um pouco, mas as coisas não iam bem..

Por favor Oliver! Não quero ver nossa turma desaparecer. Me conta qual é o problema, por favor?

Nada May! É o Shiro e essa menina, nem trouxe ela pra gente conhecer.

Não, quero dizer com você! Você está diferente! Tá calado, o que foi?

Oliver respirou fundo analisando se devia ou não falar com ela. Não que ele precisasse falar, mas gostava demais de May e sabia que não esconderia as coisas dela por muito mais tempo. Ele imaginou mil vezes chegar para ela e pedir conselhos, mas como falar algo tão estranho? Como explicar?

Acho… que estou me apaixonando pela Rin. - Direto e Reto. May piscou algumas vezes tentando processar aquela informação, mas não teve sucesso.

Mas… ela é um

Eu sei! Ah

E ele se levantou do sofá azul da sala de estar dos pais de May e foi até a janela olhar a rua. Uma fina chaminé de oxigênio enfeitava o quintal de cimento da casa dela e havia um pássaro pousado ali perto bicando qualquer coisa no chão, mas fora isso não havia sinal de vida. May também se levantou e foi até Oliver, abraçando-o pelas costas.

Então... — Começou ela - … chame-a pra sair.

O que? Não! Ela é um robô, pelo amor de Deus!

E você a ama. Fazer o quê? São tempos estranhos esse.

Oliver pensou um pouco sobre o que ela falou e considerou suas opções. Ou ele a chamava pra sair ou abandonava a ideia de vez, porém não havia como estando na mesma escola. A sorte era que logo ele se formaria e talvez as coisas melhorassem… Ele afastou May delicadamente e lhe deu um beijo na testa, então se despediu da garota e saiu de lá. Tinha esquecido de um compromisso anterior que fizera e acabara perdendo tempo na casa de May. Bom… Não exatamente já que agora ele tinha tirado algo que lhe incomodava do peito.

 

 

Então me explica de novo? Se puder desenha pra mim uma molécula de serotonina?

Oliver deu um suspiro baixo e começou a desenhar enquanto se xingava mentalmente. Por que tinha aceitado estudar com Lia mesmo? Aquela garota ou era burra como uma porta ou se fingia muito bem… A única coisa boa era que a casa dela era bem espaçosa, seus pais deviam ser ricos mesmo. Afinal espaço não era algo que estivesse sobrando no Japão… Ele terminou de desenhar e começou a explicar a matéria novamente de um jeito mais simples para ver se ela compreendia algo, mas logo se tornou visível que ela não ia entender nem se fosse o melhor professor do mundo. Até por que ela era aluna do segundo ano e Oliver não se lembrava de todos os detalhes daquela matéria em específico.

Aaaaww isso é muito difícil! Você é tão inteligente Oliver, deve estar cheio de pretendentes.

Não tantas assim. — Oliver já imaginava onde aquilo ia parar. Odiava ser paqueirado… Era tímido demais para isso, e sua mente crítica não deixava de achar todo aquele jogo uma perda de tempo enorme.

Não seja modesto! Aposto que já tem até acompanhante para o baile de formatura.

Na verdade… Eu não sei se vou nesse baile, quem eu quero chamar é do segundo ano e não sei se é permitido.

Lia se iluminou na hora. Seu sorriso ficou maior, seus olhos brilharam e ela não conseguiu conter um suspiro de alívio. Era óbvio que ele ia convidá-la! Claro, senão por que mais teria ido até a sua casa? Ela afastou uma mexa de cabelo do olho e se inclinou um pouco para evidenciar os seios – agora já bem grandes, já que ela não os escondia em camisetas largas mais.

Olha, eu ouvi conversas sobre isso nos corredores e é permitido sim… O Sam vai levar uma menina da minha classe de geografia então acho que você também pode convidar.

Oliver sorriu com a notícia e já começara até mesmo a imaginar como fazer seu convite, então apenas disse que tentaria fazer de uma forma especial e continuou explicando biologia para Lia. A menina mal conseguia prestar atenção de tão feliz que estava.. Afinal tudo o que mais queria era ir ao baile com Oliver, e ele iria convidá-la de uma forma 'especial', como ele mesmo dissera. O que poderia ser melhor?

 

….

 

O dia estava chuvoso e por isso apenas a quadra coberta foi liberada para as turmas de educação física, causando uma mistura de classes estranha. O lado bom era que a sala de Oliver e a sala de Rin estavam juntas e a turma inteira podia jogar junta pela primeira vez em tempos. May e Rin estavam com o uniforme padrão de educação física: um short azul e uma blusa de manga branca, tênis e meias brancas; os meninos é que divergiam bastante apesar de estarem todos de tênis e blusa branca, sendo que alguns vestiam calças de lona pretas e outros vestiam bermudas azuis. Depois das quatro voltas na quadra que todas as turmas faziam depois do aquecimento, foram formados times mistos e logo estavam jogando futebol de salão. E Rin se descobriu péssima nisso… Tinha noções do esporte, claro, mas a execução era diferente. Seus passes eram perfeitos, mas se tentava correr com a bola logo era roubada. Não era programada para correr rápido.

Foi no fim do treino quando todos estavam suados e cansados que finalmente deixaram as turmas relaxarem, então foram formados grupinhos para bater papo e pela primeira vez Lia estava no grupo de Shiro, Oliver, May e Rin. Todos estranharam, mas fazer o quê? Aparentemente ela era amiga de Oliver.

Eu preciso fazer uma pergunta, e queria que todos estivessem presentes. Acho que não tem melhor hora do que agora. — Os meninos se calaram e olharam para Oliver enquanto este tomava coragem e Lia se enchia de um sorriso de vitória. - Rin, você quer ir ao baile comigo?

Choque. Shiro não podia parecer mais embasbacado do que naquele momento, mas de todos era Lia quem mais parecia surpresa. Ela fechou a cara e olhou Rin enquanto esta mantinha o sorriso idiota no rosto. Era o fim para Lia, não havia mais outra saída se não confrontar aquela pirralha mais tarde. Afinal o que a loira sem graça tinha que ela não tinha para oferecer? Rin era uma criança, pelo amor de deus, como Oliver podia gostar mais dela?

Claro, se é o que quer irei contigo.

Epa pera… Oliver, você vai levar ELA? Pensa bem, tem outras GAROTAS mais indicadas pra você levar, não acha? — Shiro dava uma ênfase maior para as palavras que designavam Rin tentando lembrar o amigo de que ela não era real, mas May o cutucou e logo ele passou a ficar calado rindo da situação. Seria divertido ver aquilo.

Tenho sim bro. Então eu te pego por volta das… sete?

Sete.

E o assunto mudou de foco, mas para Lia ainda era complicado aceitar ter perdido para uma pirralha geniazinha como ela.

 

….

 

Os meses passaram muito rápido, o dia do baile chegou como um raio e Rin estava na sala de estar com um lindo vestido branco enquanto Kaito a enchia de flores amarelas no cabelo, formando uma coroa. Kaito estaria mais feliz se não estivesse tão cansado… Tinha passado semanas sem ver a luz do sol, apenas programando e testando seu programa. Oliver chegou exatamente às 18:55 e entrou para conversar com Kaito enquanto Rin ia no quarto para pegar um colar com pingente roxo que Kaito lhe dera. Quando voltou, Kaito lhe deu um abraço e respirou bem fundo.

Juízo.

Sim Kaito.

Não chegue muito tarde ok? Vou ficar acordado te esperando no laboratório.

Ok. Quando chegar prometo ir até lá.

Ok. Divirta-se

E Oliver pegou-a pela mão e levou porta afora até uma limusine que tinha alugado para a ocasião, e aquilo fez Kaito compreender o quanto ela estava perdendo por ele não ser rápido o suficiente em seu trabalho. Quando a limusine arrancou ele fez uma jarra de café e voltou para o laboratório decidido a terminar o mais rápido possível.


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