Kokoro escrita por Claire
Notas iniciais do capítulo
Demorei um bocado pra postar esse capítulo, por que na verdade fiquei chateada com o contador de acessos... Tem algumas pessoas lendo isso, deu pra ver pelo contador, mas ninguém comenta. Isso desmotiva, sabiam?
Não foi fácil para May admitir o que estava acontecendo. Shiro não estava mais presente, Oliver se calara desde a chegada de Rin, e ela mesma não via mais tempo para ficar com os amigos nas raras ocasiões em que Shiro não estava com a namorada nova. Era engraçado que isso acontecesse mas não era completamente inesperado, afinal a turma estava entrando na faixa de 17-18 anos e a tendencia era que cada um tivesse a própria vida, ainda assim ela não conseguia pensar em não ter mais os amigos de infância por perto. Foi por isso que chamou Oliver para a sua casa e conversar um pouco, mas as coisas não iam bem..
— Por favor Oliver! Não quero ver nossa turma desaparecer. Me conta qual é o problema, por favor?
— Nada May! É o Shiro e essa menina, nem trouxe ela pra gente conhecer.
— Não, quero dizer com você! Você está diferente! Tá calado, o que foi?
Oliver respirou fundo analisando se devia ou não falar com ela. Não que ele precisasse falar, mas gostava demais de May e sabia que não esconderia as coisas dela por muito mais tempo. Ele imaginou mil vezes chegar para ela e pedir conselhos, mas como falar algo tão estranho? Como explicar?
— Acho… que estou me apaixonando pela Rin. - Direto e Reto. May piscou algumas vezes tentando processar aquela informação, mas não teve sucesso.
— Mas… ela é um…
— Eu sei! Ah…
E ele se levantou do sofá azul da sala de estar dos pais de May e foi até a janela olhar a rua. Uma fina chaminé de oxigênio enfeitava o quintal de cimento da casa dela e havia um pássaro pousado ali perto bicando qualquer coisa no chão, mas fora isso não havia sinal de vida. May também se levantou e foi até Oliver, abraçando-o pelas costas.
— Então... — Começou ela - … chame-a pra sair.
— O que? Não! Ela é um robô, pelo amor de Deus!
— E você a ama. Fazer o quê? São tempos estranhos esse.
Oliver pensou um pouco sobre o que ela falou e considerou suas opções. Ou ele a chamava pra sair ou abandonava a ideia de vez, porém não havia como estando na mesma escola. A sorte era que logo ele se formaria e talvez as coisas melhorassem… Ele afastou May delicadamente e lhe deu um beijo na testa, então se despediu da garota e saiu de lá. Tinha esquecido de um compromisso anterior que fizera e acabara perdendo tempo na casa de May. Bom… Não exatamente já que agora ele tinha tirado algo que lhe incomodava do peito.
…
— Então me explica de novo? Se puder desenha pra mim uma molécula de serotonina?
Oliver deu um suspiro baixo e começou a desenhar enquanto se xingava mentalmente. Por que tinha aceitado estudar com Lia mesmo? Aquela garota ou era burra como uma porta ou se fingia muito bem… A única coisa boa era que a casa dela era bem espaçosa, seus pais deviam ser ricos mesmo. Afinal espaço não era algo que estivesse sobrando no Japão… Ele terminou de desenhar e começou a explicar a matéria novamente de um jeito mais simples para ver se ela compreendia algo, mas logo se tornou visível que ela não ia entender nem se fosse o melhor professor do mundo. Até por que ela era aluna do segundo ano e Oliver não se lembrava de todos os detalhes daquela matéria em específico.
— Aaaaww isso é muito difícil! Você é tão inteligente Oliver, deve estar cheio de pretendentes.
— Não tantas assim. — Oliver já imaginava onde aquilo ia parar. Odiava ser paqueirado… Era tímido demais para isso, e sua mente crítica não deixava de achar todo aquele jogo uma perda de tempo enorme.
— Não seja modesto! Aposto que já tem até acompanhante para o baile de formatura.
— Na verdade… Eu não sei se vou nesse baile, quem eu quero chamar é do segundo ano e não sei se é permitido.
Lia se iluminou na hora. Seu sorriso ficou maior, seus olhos brilharam e ela não conseguiu conter um suspiro de alívio. Era óbvio que ele ia convidá-la! Claro, senão por que mais teria ido até a sua casa? Ela afastou uma mexa de cabelo do olho e se inclinou um pouco para evidenciar os seios – agora já bem grandes, já que ela não os escondia em camisetas largas mais.
— Olha, eu ouvi conversas sobre isso nos corredores e é permitido sim… O Sam vai levar uma menina da minha classe de geografia então acho que você também pode convidar.
Oliver sorriu com a notícia e já começara até mesmo a imaginar como fazer seu convite, então apenas disse que tentaria fazer de uma forma especial e continuou explicando biologia para Lia. A menina mal conseguia prestar atenção de tão feliz que estava.. Afinal tudo o que mais queria era ir ao baile com Oliver, e ele iria convidá-la de uma forma 'especial', como ele mesmo dissera. O que poderia ser melhor?
….
O dia estava chuvoso e por isso apenas a quadra coberta foi liberada para as turmas de educação física, causando uma mistura de classes estranha. O lado bom era que a sala de Oliver e a sala de Rin estavam juntas e a turma inteira podia jogar junta pela primeira vez em tempos. May e Rin estavam com o uniforme padrão de educação física: um short azul e uma blusa de manga branca, tênis e meias brancas; os meninos é que divergiam bastante apesar de estarem todos de tênis e blusa branca, sendo que alguns vestiam calças de lona pretas e outros vestiam bermudas azuis. Depois das quatro voltas na quadra que todas as turmas faziam depois do aquecimento, foram formados times mistos e logo estavam jogando futebol de salão. E Rin se descobriu péssima nisso… Tinha noções do esporte, claro, mas a execução era diferente. Seus passes eram perfeitos, mas se tentava correr com a bola logo era roubada. Não era programada para correr rápido.
Foi no fim do treino quando todos estavam suados e cansados que finalmente deixaram as turmas relaxarem, então foram formados grupinhos para bater papo e pela primeira vez Lia estava no grupo de Shiro, Oliver, May e Rin. Todos estranharam, mas fazer o quê? Aparentemente ela era amiga de Oliver.
— Eu preciso fazer uma pergunta, e queria que todos estivessem presentes. Acho que não tem melhor hora do que agora. — Os meninos se calaram e olharam para Oliver enquanto este tomava coragem e Lia se enchia de um sorriso de vitória. - Rin, você quer ir ao baile comigo?
Choque. Shiro não podia parecer mais embasbacado do que naquele momento, mas de todos era Lia quem mais parecia surpresa. Ela fechou a cara e olhou Rin enquanto esta mantinha o sorriso idiota no rosto. Era o fim para Lia, não havia mais outra saída se não confrontar aquela pirralha mais tarde. Afinal o que a loira sem graça tinha que ela não tinha para oferecer? Rin era uma criança, pelo amor de deus, como Oliver podia gostar mais dela?
— Claro, se é o que quer irei contigo.
— Epa pera… Oliver, você vai levar ELA? Pensa bem, tem outras GAROTAS mais indicadas pra você levar, não acha? — Shiro dava uma ênfase maior para as palavras que designavam Rin tentando lembrar o amigo de que ela não era real, mas May o cutucou e logo ele passou a ficar calado rindo da situação. Seria divertido ver aquilo.
— Tenho sim bro. Então eu te pego por volta das… sete?
— Sete.
E o assunto mudou de foco, mas para Lia ainda era complicado aceitar ter perdido para uma pirralha geniazinha como ela.
….
Os meses passaram muito rápido, o dia do baile chegou como um raio e Rin estava na sala de estar com um lindo vestido branco enquanto Kaito a enchia de flores amarelas no cabelo, formando uma coroa. Kaito estaria mais feliz se não estivesse tão cansado… Tinha passado semanas sem ver a luz do sol, apenas programando e testando seu programa. Oliver chegou exatamente às 18:55 e entrou para conversar com Kaito enquanto Rin ia no quarto para pegar um colar com pingente roxo que Kaito lhe dera. Quando voltou, Kaito lhe deu um abraço e respirou bem fundo.
— Juízo.
— Sim Kaito.
— Não chegue muito tarde ok? Vou ficar acordado te esperando no laboratório.
— Ok. Quando chegar prometo ir até lá.
— Ok. Divirta-se…
E Oliver pegou-a pela mão e levou porta afora até uma limusine que tinha alugado para a ocasião, e aquilo fez Kaito compreender o quanto ela estava perdendo por ele não ser rápido o suficiente em seu trabalho. Quando a limusine arrancou ele fez uma jarra de café e voltou para o laboratório decidido a terminar o mais rápido possível.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!