Meu celular despertou com uma música estridente. Que arrependimento, cara. Nunca mais vou por minha música preferida como despertador, sério, nunca mais, juro de dedinho. Levantei com a maior preguiça e fui até o banheiro, tomei um banho bem demorado, deixei que a água quente relaxasse meus músculos entorpecidos pelo sono. Saí do chuveiro e enrolei a toalha nos cabelos, para ele secar mais rapidinho. Fiz uma maquiagem básica, sabe? Rímel, corretivo, base, gloss e essas coisas no geral.

Saí do banheiro e me vesti, coloquei um shorts jeans, meio rasgadinho e uma blusinha de alcinha, azul marinho com umas rendinhas. Por cima coloquei minha inseparável camisa/moletom xadrez, que eu amo. Nos pés um simples all star preto, de caninho.

Desci as escadas com um humor estranho, eu não sou normal, nem um pouco. Fui até a cozinha e ataquei a geladeira. Eu tenho uma mania estranha para a comida, acabo tornando as coisas simples um pouco mais sofisticadas. Tipo hoje, peguei uma frigideira e coloquei no fogão. Peguei tudo o que precisava: margarina e pão. Com minha paciência gigantesca, cortei o pão em fatias e espalhei a margarina pelos dois lados, em seguida , coloquei eles na frigideira até tostar. E cara, ficou muito bom.

Depois desse lanche básico, peguei meu celular e fui caminhar um pouco pelo condomínio. Beleza, ele era lindo, maravilhoso pra falar a verdade, mas não era muuito meu tipo. Era grande demais, lindo demais e sofisticado de mais. Eu sou mais quieta, reservada e com uma mente muito agitada.

Como eu estava de tênis, não fui até a praia, não queria me sujar, então, fui até a edícula, onde tinha uma piscina que meu deus. Não sei se cheguei a contar para vocês que azul é a minha cor preferida, mas é. É relaxante. Voltando ao assunto, a edícula era gigante, tinha churrasqueira e tudo, até mesmo uma hidromassagem no deck!

Maravilhada, continuei a explorar o local, mas antes passei em casa e coloquei um chinelo, para poder ir até a praia. Havia uma entradinha, com degraus de pedra, muito lindos, que levavam até um deck pequenininho na areia, com umas cercas de madeira grossa.

Caminhei um pouco pela água, com os chinelos a mão, até eu me sentir cansada. Então, fui até aquela cerca e me sentei uns minutos. Sem perceber o tempo voar. Cara, ali era mágico, mas não era o meu lugar, definitivamente.

Voltei para casa com muuuita fome, então, sem me tocar que não havia conversado com as outras meninas do chalé, entrei na cozinha. Elas conversavam animadamente, uma delas tinha a pele morena, o cabelo preto e cacheado, com uns olhos cor de mel. Já a outra, era de dar inveja, ela tinha os cabelos castanhos claro, liso e trançado com uma pena, sua pele levemente bronzeada dava à ela uma aparência mais natural, e seus olhos, não sei definir a cor, mas são lindos. Elas me encararam com um sorriso sincero e logo me cumprimentaram:

–Oi, você deve ser a Annabeth, não é mesmo?- falou a morena de cabelos cacheados. – Prazer, sou Hazel e ela Piper.- prosseguiu.

–Ah, oi. – falei meio tímida. Quando elas me puxaram para um abraço.

–Como foi de viagem? – pediu Piper, mordendo um morango excepcionalmente vermelho.

–Foi bem tranqüilo, ainda não me acostumei muito, mas acho que vou adorar aqui.

–Vai mesmo, o colégio é super divertido. – falou Hazel.- E a cidade então? Aqui é Nova York, baby.

Rimos e continuamos conversando por um tempo. Elas me falaram que o almoço seria na edícula, algo organizado pelos meninos. Então, logo corri para meu quarto e trocar de roupa, elas me avisaram que entrar na piscina era obrigatório, então eu logo coloquei um biquíni azul, simples, mas bonito. Coloquei um shorts jeans e uma camiseta preta simples, continuei com meu all star e prendi o cabelo em um coque frouxo. Sei lá, achei que ficava legal daquela maneira.

Desci as escadas e vi Thalia, até havia me esquecido dela. Ela vestia um shorts jeans como eu, uma camiseta de alguma banda que ela amava. Ela estava conversando com alguém e digitava furiosamente no celular.

–Heeeey, que fúria é essa, chatinha? – fui logo perguntando.

–Meu pai, veio pedir como estava sendo meu dia. – Falou ela, e soltou uma risada apavorada. – Socorro Annie, isso ta me matando.

Me surpreendi com o abraço que ganhei dela.

–Calma aí, trate de não chorar, vai borrar a maquiagem. – Sorri para tentar confortá-la.

Ela limpou algumas lágrimas imaginárias e colocou um sorriso sinistro no rosto e foi logo me puxando porta a fora.

–Vamos logo, tem um almoço saindo, e de sobremesa, gatinhos sem camisa. – disse.

Estanquei na calça, e olhei para ela. Thalia não era de dizer essas coisas. Na verdade, ela era o oposto disso. Deixa eu contar pra vocês: Thalia era uma rockeira irrefreável, ia à shows todo final de semana e tinha uma quantidade gigantesca de discos. Eu amava ela, minha melhor amiga desde sempre. Ela tinha um pai muito influente no ramo aéreo, uma madrasta horrível e um irmão, ahn, incrivelmente lindo. Ele já morava aqui e é o oposto dela, loiro, forte e os mesmos olhos azuis eletrizantes, um sonho pra muitas meninas por aí. Já tive uma quedinha por ele.

Acho que não contei muito pra vocês de mim, se querem saber, sou bem tímida. Não, não demonstro pra vocês, não é necessário. Como devem ter percebido, amo ler, caminhar, jogar, correr, estudar, ah, e outras coisas que toda menina ama, como ver filmes com Ian Somerhalder sem camisa. Se sou normal? Nenhum pouco. Popular? Só nos seus sonhos, baby. Bem, você deve estar flutuando aí, acho melhor eu voltar pra real e continuar a história.

Thalia continuou me puxando, coloquei um sorriso no rosto e resolvi fazer como ela. Já que nossos pais nos mandaram para o outro lado do país, por que não aproveitar e curtir um pouquinho? É, um novo começo pode ter sim o seu lado bom, como diz a Thalia, gatinhos sem camisa.