O vento gélido batia no rosto de Anna, mas sabia que ainda demoraria para chegar até a simpática família de Kristoff. Os primeiros raios de sol começavam a aparecer no céu, fazendo a princesa esquecer dos problemas. Pela segunda vez ela acreditou em Hans, e pela segunda vez ele a decepcionou. Kristoff nunca a fez chorar, ao contrário, ele a apoiou na fase mais difícil de sua vida, agora ela podia ver claramente, que durante todo esse tempo, Kristoff era a pessoa certa para ela.

Alguns quilômetros dali...

Elsa finalmente achou Jack, os trolls já haviam terminado o curativo e o guardião parecia bem melhor. Ela simplesmente abraçou o rapaz, que simplesmente retribuiu o gesto.

— O que aconteceu?

— Irmão...

— O que?

— Kristoff é meu irmão. - Apesar de saber que era verdade, dizer a frase em voz trazia uma sensação ainda pior.

Jack a abraçou novamente, pois qualquer coisa que ele falasse não faria sentido e poderia denunciar que de certa  forma, ele estava feliz. Talvez agora ele tivesse uma chance.

Kristoff sabia que Elsa era sua irmã, mas não conseguia sentir amor fraternal por ela. Ele precisava encontra-la, conversar, pois ela era a única no mundo que entendia como ele estava. Kristoff começou a subir na direção em que as pequenas pegadas o levavam e depois de alguns momentos andando ele chegou ao quintal de um amigo, onde costumava brincar quando era pequeno.

— Elsa, eu queria... - Kristoff ficou em silêncio quando viu Elsa abraçada com Jack. Ao ver Kristoff ali, Elsa se separou de Jack rapidamente, mas o sangue do loiro já estava fervendo. Kristoff não tinha o direito de fazer algo. o que aumentara ainda mais sua raiva. O guardião percebendo a raiva do outro puxou Elsa de volta, pois a loira havia dado alguns pequenos passos em direção do irmão. Essa atitude foi a gota d'água para Kristoff.

Kristoff partiu para cima de Jack que empurrou Elsa para o lado, impedindo porém que o guardião bloqueasse o soco. Ele podia sentir o gosto do sangue em sua boca, mas quando ia revidar o soco que Kristoff lhe dera, Elsa separou os dois com uma espessa parede de gelo.

O loiro se levantou e andou na direção dela, Elsa ainda tinha um olhar assustado no rosto, o mesmo olhar de quando soube que eles eram irmãos. Ele ia abraça-la, mas percebeu que não o faria uma forma fraterna e sim como um homem abraça uma mulher, o que o fez desistir. Tal ato só aumentaria a tristeza de ambos.

— Eu...

— Eu sei. - ele se aproximou mas logo recuou novamente. - Apesar de tudo, eu te amo, de todas as formas que se pode amar alguém. E é por isso que devo ir.

Kristoff deu um beijo na testa de sua irmã, descendo pelo mesmo caminho que havia feito anteriormente. Elsa queria impedi-lo, tinha tanta coisa a dizer, mas ele estava certo certo, eles tinham que se afastar um do outro. Afinal agora eles sabiam que o que sentiam um pelo outro era errado, algo que nunca poderia acontecer. 

Elsa se sentou ali perto, recostando-se no tronco de uma árvore. Mais uma vez as lágrimas rolaram pelo seu rosto enquanto o rapaz de cabelos brancos a observava em silêncio.

Depois de alguns minutos Kristof estava novamente no centro da "aldeia" de trolls.

— Foi aqui que sua família tentou nos casar lembra?

Kris olhou para trás a tempo de ver a princesa descer de sua rena, seu cabelo estava preso em um coque, já um pouco bagunçado.

— É, eu lembro. - Por um segundo o loiro imaginou como seria casar com ali no lugar em que havia crescido, mas neste caso, Anna não era a noiva.

— Uma das poucas coisas que me arrependo é de não ter dito sim.

— O Hans vai embora?

— Isso não importa. 

— Sim, importa. Anna, eu não vou mais ser sua segunda opção.

— Kristoff você não é minha segunda opção, eu te ...

— Não?! Anna, você só está aqui porque ele não te quis. Só que dessa vez, eu também não quero.

O loiro começou a andar na direção da floresta, Sven logo atrás dele, mas ele não deixou que o amigo prosseguisse.

— Descansa um pouco rapaz.

Sven estranhou mais ficou parado vendo o rapaz continuar seu caminho. Anna estava sem palavras, sem voz. Hans mentiu, o que não era novidade, mas de alguma forma ela esperava que Kristoff sempre fosse estar ali, independente das suas atitudes...

Jack se cansou de ficar olhando a loira se lamentar por outro, quanto mais ele a observada, ficava mais claro que ela não o via ali. Ele voou por cima dos bosques e acabou avistando Anna.

O guardião explicou tudo que havia acontecido e também contou a cena que havia acabado de presenciar.

— Anna, mesmo que vocês não sejam irmãs de sangue a Elsa vai continuar amando você. - Concluiu ele.

Anna não conseguia acreditar, Hans só se interessou por ela porque percebeu que não tinha chance com Elsa e Kristoff desistiu de mim por causa dela também, mas decidiu não falar nada. A princesa contou ao guardião tudo que havia acontecido no reino de Arendelle.

— Isso explica por que consigo sentir magia a sua volta.

— Jack eu vou mesmo me tornar a guardiã dos sonhos?

— Se desejar...

Jack não conseguia esconder sua tristeza, afinal se Anna estava se tornando uma guardiã dos sonhos significava que não havia nenhuma espécie de salvação para Sandman, significava que nunca mais veria o amigo.

Os dois decidiram voltar para o reino, Jack voava com seu cajado fazendo Anna flutuar consigo enquanto iam na direção do reino.

Enquanto isso, as lágrimas de Elsa finalmente haviam cessado quando ela se lembrou do que Kristoff a dissera uma vez, sobre os trolls serem especialistas em amor.

— Como eu queria ser como eles. - pensava ela. - Bom, ficar aqui não vai resolver nada, o povo de Arendelle precisa de mim.

A loira chamou Fuffly, montou e adentrou a floresta rumo a seu reino. Enquanto isso, Kristoff estava cansado de ficar ali, sua cabeça não parava por um segundo. O rapaz deu meia volta e andou até encontrar Sven.

— Se prepara rapaz, vamos voltar para Arendelle.

No reino de Arendelle

O reino de Arendelle estava claro novamente e todos os seus moradores estavam acordados graças a ajuda de Olaf e Hans. Os dois passaram a noite toda acordando as pessoas com o pó dourado de Anna, quando finalmente acabaram foram descansar um pouco nos quartos de hospedes do castelo.

Jack, Anna, Kristoff e Elsa chegaram praticamente juntos em frente as portas do castelo, depois de um pequena discussão decidiram que era melhor ficarem ali para proteger o reino. Afinal era uma questão tempo até Breu atacar o reino diretamente. Todos foram para seus quartos, menos Elsa ela precisava falar com a irmã. A loira bateu na porta, abrindo a mesma em seguida.

— Então você vira a guardiã dos sonhos e não me fala nada. - disse a loira num tão suave.

— Então você sai com o Kristoff e não me fala nada?! Por que sempre que eu tenho ser feliz você entra no meu caminho.

— Anna, você sequer o amava...

— E o que você sabe sobre amar?!

— Eu posso não saber tudo sobre amor, mas você não sabe nada. - A loira desistiu de conversar sobre qualquer coisa com Anna e saiu do quarto, antes que entrasse me mais uma discussão. Após dar alguns passos encontrou Hans no corredor.

— Elsa, eu queria te dizer que mesmo não sendo noivo de Anna, eu quero ajudar.

— Claro, muito obrigado Hans. - respondeu a rainha e seguiu na direção do seu quarto.

Hans olhou para a porta de Anna, pensando sobre como a rainha parecia incomodada.

— Hum, vejo uma porta abrir...