— Kristoff! Não, dessa vez não! – disse a loira enquanto criava uma lança de gelo e corria atrás da sombra. Ela tentou atingir o monstro várias vezes, mas foi inútil. A garota se preparou para correr novamente, mas Jack segurou seu braço impedindo-a.

— Elsa, nós temos que esperar…

— Não! É só isso que você faz! Talvez se não tivesse esperado tanto, Sandman estivesse vivo! – Elsa se arrependeu assim que terminou de falar, a garota pode notar o quanto suas palavras da loira machucaram o guardião. Se fosse outra pessoa, Jack teria transformado em um picolé, mas não ela. Elsa era especial.

— Não vou deixar você ir é perigoso demais!

Enquanto tentava se soltar, a rainha percebeu que eles estavam próximos as montanhas de gelo do norte. Antes que a loira protestasse mais uma vez, Jack a soltou e fez sinal para que ficasse em silêncio e o seguir. O guardião avançou para a direita, ela o acompanhou, até que encontraram Hans, caído na neve, ainda com as mesmas roupas que usava quando Anna o encontrara inconsciente.

Os dois estenderão o saco de dormir e colocaram o príncipe sobre ele, pensaram em fazer uma fogueira, mas não importava em que direção olhasse viam apenas neve. Jack pegou o saco de dormir da loira e colocou por cima de Hans como um cobertor, já que o frio não incomodaria eles dois. Ele ainda não parecia nada bem, mas a cor estava voltando ao seu rosto. Elsa pegou sua bolsa e a lança de gelo que criou durante batalha.

— Aonde você vai? – perguntou o guardião.

— Vou salvar a minha irmã. Afinal, está amanhecendo. Não era esse o plano?

— Vai simplesmente abandoná-lo? – disse Jack olhando para Hans.

— Vou, entre ele e minha irmã, eu escolho a Anna.

— Ele é uma vítima! Se o deixarmos aqui ele vai morrer. – O guardião estava chocado com a frieza de Elsa.

— Esse cretino se aproveitou na minha insegurança para tentar roubar o meu reino. Não vou perder minha irmã agora. Eu passei anos sozinha! Você tem noção do que é isso?

— Sim, eu tenho.

— Não, você não tem.

— Tenho. Eu sempre estive lá com você. Não era o vento que soltava o seu cabelo e tentava tirar suas luvas.

— O quê?

— Saber que existia alguém como eu, fazia eu me sentir melhor. – disse Jack com um sorriso sem graça.

—Então onde você estava quando eu precisei? –Elsa deu as cortas para o rapaz e correu em direção a montanha.

Jack fez uma poltrona de gelo ao lado de onde Hans estava, mas antes de sentar entregou um pouco de água para o ruivo.

— Eu recebi um convite para uma coroação e olha só aonde eu vim parar. – Hans resmungou ao acordar.

— Veja pelo lado bom, vai ter muitas histórias para contar quando voltar. – disse o jovem de cabelos brancos.

— Quem garante que vou voltar?

— Se quer voltar para sua terra, cuidado com o que faz.

— Isso é uma ameaça? – perguntou o príncipe.

— É um aviso. – respondeu Jack encerrando a “amigável” conversa.

O silêncio dos dois foi interrompido com a aproximação de Olaf que vê o príncipe começando a bater no mesmo. O bonequinho estava batendo na cabeça de Hans com uma cenoura congelada que alguns minutos atrás lhe servia como nariz.

— O que você está fazendo?! – perguntou Jack.

— Jack? Foi mal, nessa situação a gente bate primeiro e pergunta depois. – explicou Olaf.

— E o que houve com seu nariz? – perguntou Hans, notando que a cenoura estava menor do que antes.

— O Sven mordeu ele em um momento de pânico…

— Espera! Como você conseguiu fugir do castelo? – perguntaram os rapazes ao mesmo tempo.

— Que castelo? – perguntou o boneco.

— O que fica no cume destas montanhas. – disse o ruivo apontando para as montanhas.

— Eu não estava lá. – respondeu o bonequinho confuso.

Enquanto isso no topo das montanhas, antigo castelo de gelo.

Elsa ainda estava cansada por causa do caminho íngreme, mas não podia ficar ali em frente ao castelo, esperando um ataque. A loira criou coragem e entrou no castelo, segurando a lança na mão direita, em posição defensiva. A rainha de Arendelle havia se preparado para enfrentar dúzias de guardas ou mais, porém o castelo parecia estar vazio. Mesmo assim a loira olhou todos os cômodos do andar de baixo. Elsa consertou as escadas e então subiu para examinar os quartos de cima. Ela abria a porta de cada quarto, uma por uma, sempre pronta para se defender caso fosse necessário, mas como os outros cômodos abaixo, todos estavam vazios.

Elsa já estava totalmente convencida de que o lugar estava abandonado, mas já que estava ali resolveu verificar o último quarto que ficava no fim do corredor. Quando abriu as portas, ela se surpreendeu, dentro do quarto havia um enorme urso polar. Elsa tentou recuar silenciosamente, mas era tarde demais, o urso já a tinha visto e se preparava para atacar. Elsa levantou sua lança tentando manter o urso longe, mas ele correu em sua direção e tentou golpeá-la com a pata, ela rolou para o lado e acabou indo para varanda, o enorme animal bloqueando seu caminho.

Ela não queria machucar o animal, então correu até a grade, subiu nela saltando. Elsa finalmente entendeu o porque de Jack ter um cajado, é muito mais fácil voar, quando se está segurando algo, pois se pode imaginar que aquilo o sustenta no ar. Mas apesar isso, a rainha não tinha prática o que a fez cair instantes depois. Não demorou para que o urso percorresse a pequena distância que os separava. A garota tentou voar, seus pés até chegaram a sair do chão, porém o urso a atacou, Elsa usou a lança para se defender, caindo na neve outra vez.

— Ele não desiste?! – pensou Elsa enquanto se defendia de mais um ataque e tentava acertar a lateral do corpo do urso. Eles rodaram em círculos, o animal procurando uma brecha para atacar e Elsa tentando achar uma rota de fuga.

A garota não queria machucar o animal, mas precisava se defender. Elsa podia ver um brilho diferente nos olhos daquele animal, que parecia ser inteligência, mas poderia ser apenas o reflexo de seu próprio olhar? Finalmente o urso atacou fazendo a garota levantar a lança de forma defensiva.