Fazia pouco tempo desde que amanhecera, mas uma certa jovem rainha já estava de pé, a caminhar entre as árvores do jardim real. A loira tinha tido uma péssima noite de sono, até que resolveu ir ao jardim tentar encontrar a paz que não achava em sua cama. Por fim ela sentou-se embaixo de uma velha árvore, e ficou olhando para as nuvens. Ao vê-las mexendo-se lentamente, nem se podia lembrar que coisas como guerra, medo ou terror. O tempo foi passando e logo era hora do café da manhã, mas ela decidiu não comparecer, pois precisava muito mais de paz que de comida.

Enquanto isso, a copa estava praticamente vazia. Apenas Anna e Hans haviam ido tomar café da manhã. Aparentemente os guardiões compartilhavam os sentimentos da rainha de Arendelle. A princesa porém, não ficou preocupada ou triste pela ausência dos outros a mesa, ao contrário, ficou feliz em passar um tempo com Hans. Agora ela era apenas mais uma garota comum, não haveria empecilhos para que ficassem juntos. Quando Jack apareceu, essa felicidade quase acabou, mas assim que notou a ausência de Elsa, desistiu de tomar café. O guardião perguntou a Margareth onde a rainha estava, e assim que soube que passeava no jardim real foi literalmente voando para lá.

Anna por sua vez ficou muito alegre de ficar a sós com o príncipe novamente. Hans parecia agitado, como se tivesse algo importante a dizer e realmente tinha.

— Anna, eu preciso lhe dizer algo.

— O que?

— Ontem eu recebi uma carta do meu irmão, ele pede que eu retorne imediatamente para o meu reino, pois meu pai está doente.

— Como assim, Hans?

— Eu sei que prometi ficar para ajudá-los, porém eu sou um príncipe e tenho obrigações para com o meu povo e minha família. - justificou-se o rapaz.

— Eu não acredito nisso.

Anna estava eu absoluto choque. Não porque ele não ajudaria na batalha, mas sim porque ele não a amava. Antes mesmo que percebesse uma lágrima já escorria por seu rosto. Hans porém decidiu que era melhor ir o mais rápido possível, afinal seria difícil partir em meio a uma batalha e também ele era a última pessoa que podia ou tinha o direito de tentar consolá-la. O rapaz se retirou deixando a princesa sozinha, a chorar. Sozinha, era sempre assim que Anna realmente estivera desde a infância. Era assim que permanecia agora e como sempre todas as suas tentativas de se afastar da solidão eram inúteis. As vezes, até mesmo pioravam sua situação.

A garota só ficou sozinha na mesa por alguns minutos até Kristoff finalmente resolvera ir para a copa, e a encontrou lá, com o rosto ainda molhado pelas lágrimas.

— O que houve Anna?

— Hans vai embora.

— Ele não ia ficar para nos ajudar?

— Ia do verbo não vai mais.

Por um segundo o loiro pensou em revidar mas desistiu. Ela podia ser meio estouvada, mas ainda sim estava sofrendo. Sofrendo mais uma vez por causa do príncipe Hans. Mas logo Kristoff teve seus pensamentos interrompidos.

— Você deve estar muito feliz com isso né? Feliz por eu ter quebrado a cara.

— Porque eu ficaria feliz Anna?

— Por que eu não quis ficar com você por causa dele. Vai pode rir, pode jogar meu fracasso na minha cara.

— Anna, eu realmente queria ficar com você, mas sua resposta foi não então eu segui em frente. Mas você pode ter certeza, ninguém quis você como eu quis.

O jovem se preparava para ir quando Anna se levantou e puxou a manga de sua blusa.

— Kristoff… Eu sei. - mais uma lágrima escorria pelo rosto da princesa. Anna foi chegando cada vez mais perto do loiro, mas ele a afastou.

— Não… Eu não vou ser mais uma porta de incêndio na sua vida. Não vou ser o cara que te aceita quando os outros se deixam.

Kristoff saiu, se arrependendo de ter levantado da cama e a princesa sentou-se novamente e continuou a chorar sozinha.

Enquanto isso no jardim real…

O Jardim era enorme, e demorou para que Jack finalmente encontrasse a garota. Elsa ainda estava debaixo da mesma árvore agora de olhos fechando, sentindo o vento que balançava seu cabelo levemente. O guardião se aproximou lenta e silenciosamente como um gato. Ele chamou Elsa com um tom de voz baixo para que a mesma não se assustasse. Ela abriu os olhos e se afastou, surpresa pela distância que seu rosto estava do jovem, ou melhor pela falta dela.

— Eu tenho um presente para você, minha linda.

— Que presente?

Jack tirou então do bolso uma caixinha de música e entregou a Elsa. A moça pegou a pequena caixa rosada com um formato oval e levantou a tampa que tinha uma flor de tecido em cima. Ao abrir pode ouvir a tão conhecida melodia de Für Elise, enquanto um pequeno casal de louça girava no meio da caixinha.

— Me concederia a honra desta dança? – disse o jovem de cabelos brancos estendendo a mão para a moça.

— Eu não… eu nunca dancei.

— Tudo tem sua primeira vez. – Jack segurou a mão da rainha e puxou-a.

Ele pegou a caixa de música de sua mãos, deu o máximo de corda possível e colocou-a em um galho baixo. O rapaz colocou uma de suas mãos na cintura da loira e com a outro segurou sua mão e então começou a conduzi-la. A garota demorou um pouco para conseguir seguir o ritmo da música, mas, mesmo assim, Jack era o mais feliz entre os homens. A música parou, mas o guardião não a soltou. Ele foi chegando cada vez mais perto, até que seus narizes se tocassem e então parou, esperando que a garota fizesse o resto. Mas Elsa, mesmo sendo a rainha de Arendelle, não sabia nada em relação ao amor e ainda era uma pessoa muito fechada. Ela se afastou, dizendo que já era hora de entrarem e como ela tinha razão.

Ao adentrarem na sala principal do castelo, encontraram dois guardas feridos.

— O que aconteceu? – perguntou a loira chocada.

— Eles estão vindo. Breu e seu exército.