The Moon Over Me escrita por _TheDarkMoon


Capítulo 9
Termos e Condições


Notas iniciais do capítulo

E quando finalmente consigo regular o ritmo de postagem, a história já está chegando ao final. Nem parece que faz quase um ano que comecei a postar essa fic como quem não quer nada. Não imaginava chegar tão longe e olha que nem fui tão longe assim).
De qualquer forma, uma ótima leitura pra vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/468440/chapter/9

Hook analisava as paredes da caverna. Não era a sua caverna. Mas sim a da Bruxa do Mar. As paredes não eram sujas de limo, mas eram negras como carvão e possuía alguns brilhos verdes e roxos de pedras incrustadas.

– Que bom que veio. – uma voz forte disse.

Os olhos da bruxa brilhavam no escuro como as pedras das paredes. Logo, pôs-se em uma região mais clara e Hook tentou não demonstrar o que sentia quando viu a figura de pele cinza e vestes negras à sua frente. Para dizer a verdade, nem ele mesmo sabia o que sentia.

– Temo que queira pedir algo, Capitão. – ela colocou ênfase no vocativo. – Imagino que será bem direto. O que deseja?

– Jolly Roger. Eu quero meu navio de volta. – ele disse de uma vez.

– Pensei que um bom pirata tomava seu navio de volta sem ajuda de magia. Ainda mais tomá-lo de um moleque. – debochou enquanto se aproximava do bizarro caldeirão.

Finalmente, Hook conseguiu identificar o que sentia: além do desconforto, raiva. A Bruxa o enganara e agora ele se rebaixara ao ponto de pedir-lhe ajuda. Desejou ir embora imediatamente, mas já que estava ali, iria até o final. Só sairia daquele lugar quando tivesse o que queria.

Úrsula passou os dedos gordos pelas cinzas no fundo do caldeirão e, instantaneamente, elas tornaram-se esverdeadas, subindo pelo ar como fumaça. Logo uma imagem começou a se formar: um menino de expressão confusa voando para fora de um grande navio.

– Parece que, nesse quesito, não precisará de minha ajuda, Capitão. O menino rejeitou a embarcação.

– Rejeitou?! Como pode? - Hook estava satisfeito por poder ter seu navio de volta, mas, simultaneamente, estava inconformado por terem rejeitado seu precioso navio.

– Crianças querem sempre brinquedos novos. Muito diferentemente dos adultos, que se apegam a coisas velhas.

– Olha como você fala do meu navio, sua bruxa.

– Acalme-se, Capitão. Por que não se senta e bebe alguma coisa? – ela se aproximou com um sorriso largo no rosto.

– Já tenho o que quero, portanto vou embora.

– Mas você se satisfaz com tão pouco? Eu posso lhe dar mais. – ela estendeu a mão para prateleiras que pareciam podres, mas que resistiam muito bem a enorme quantidade de objetos, líquidos e feitiços. – Estive pensando em potencializar seu querido Jolly Roger. Dessa forma, ele poderia não apenas ficar bem mais rápido, mas navegar por diferentes meios, como debaixo do mar e até mesmo voar.

– Você está brincando comigo, bruxa? Mesmo que ele navegasse em baixo do mar, meu tripulantes morreriam.

– Não acha que eu deixaria passar algo tão óbvio, não é? Quando mergulhar, o navio e tudo aquilo que estiver em contato com ele estará seco. Os homens presentes nele respirarão tranquilamente. Exceto se saírem do navio.

Hook ponderou por alguns instantes. Era uma oferta tentadora. Dessa forma, poderia até, inclusive, sair de Neverland e ter uma vida de pirata muito mais digna Embora todos saibamos que a pirataria é tudo menos digna.

– Qual o preço disso tudo? – o pirata questionou.

– Você fala minha língua, pirata. – ela riu e seu grande corpo estremeceu. – Infelizmente, vou cobrar mais caro. Até porque você partiu meu coração. – ela forjou uma feição entristecida, mas logo voltou a gargalhar. – Quero todo a riqueza que tiver seu navio. Sei que o esconde em fundos falsos da embarcação.

– Até os ganchos?

– Até os ganchos.

– Deixe os ganchos.

– Então me dê algo no lugar deles. Que tal uma dezena de piratas?

– Ótimo. – Hook disse sem hesitar. “Antes piratas inúteis do que meus ganchos” pensou.

– Vou ser boazinha com você e te deixar escolher quem morre.

– Tanto faz.

– Não quer nem escolher quem fica?

– Smee e Starkey. O resto fica a seu critério. – decidiu por fim. Starkey era um dos poucos marujos realmente úteis, com seus diversos conhecimentos de navegação, e Smee tinha carisma – o que o próprio capitão não tinha – e isso poderia ser um tanto útil.

– Perfeito. Agora é só assinar este contrato.

Ela fez um movimento com as mãos e um pergaminho apareceu. Estendeu-lhe uma pena negra e ele assinou logo em seguida. Úrsula guardou o contrato e fez um estranho barulho com o fundo da garganta que convocou uma horda de sereias monstruosas. Elas foram erguendo suas cabeças acinzentadas na superfície gradualmente e logo uma dezena delas estava ali. A Bruxa do Mar deu-lhes instruções com o mesmo tipo de linguagem incompreensível e logo elas voltaram a desaparecer nas profundezas das águas.

– O meu preço será pago, portanto farei o que pede. – ela começou a despejar ingredientes em sequência no caldeirão, que a cada segundo exalava um cheiro e uma fumaça mais forte.

Quando terminou, pegou um frasco prata arredondado e achatado e mergulhou na poção que tinha preparado, enchendo-o. Depois, foi até a beira d’água e mergulhou-o já vedado, o que fez com que um vapor extasiante subisse imediatamente. E, então, finalmente, entregou o frasco cheio de arabescos para Hook.

– Faça bom uso, Capitão.

– Eu o farei. – ele olhou brevemente o recipiente e depois o prendeu na calça.

– Permita que eu chame alguém para lhe levar para seu navio.

– Não é preciso.

Mesmo assim, ela fez o estranho barulho novamente e em menos de um minuto, uma sereia emergiu. Hook reconheceu Ariel imediatamente, ainda que ela estivesse na assustadora forma de dia de lua cheia. Porém, seu olhar estava diretente da noite em que fugira dele e caíra para o mar. Não era completamente selvagem, havia não apenas consciência neles, como uma contrafeita muito humana.

– Por que a trouxe aqui?! Deixe-a em paz! – o Capitão ordenou, sentindo seu desconforto quintuplicar.

– Pensei que gostasse dela, Capitão. – a bruxa provocou.

– Olhe no que você a transformou!

– Eu? Está enganado. Foi você que a deixou assim por não tê-la beijado. Por ter escolhido uma farsa só pela possibilidade de essa outra ter uma voz bonita e talvez ter te salvo. Você rejeitou-a.

Cale-se! – a voz poderosa do Capitão ribombou na caverna. Ele tinha noção de sua culpa, mas preferiu silenciá-la com um grito.

Olhou mais uma vez para a sereia e dessa vez viu que sua aparência oscilava, e ela se esforçava para voltar à sua imagem normal, o que conseguiu com eficiência.

– Mas o quê?! – Úrsula ficara furiosa com o que vira. – Eu sabia que você estava treinando esse tipo de transformação com aquela inútil da Anastasya, mas eu não imaginava que pudesse se sobressair ao próprio contrato que fez! Você é minha serva e obedece às minhas ordens na forma que a Lua desejar.

– Chega, Úrsula. Deixe-me ir. – Ariel tinha o semblante raivoso, mas olhava para trás constantemente, como se soubesse que estava sendo seguida.

– Está esperando alguém, não é? – a outra riu. – Não se preocupe, não faço nada sem intenção. Papai já está chegando.

Ariel estava com seu pai, tentando convencê-lo a sair da Ilha devido ao período das Luas Cheias quando perdeu o domínio de si. Felizmente, devido aos treinamentos, conseguiu manter sua consciência. Seu corpo começara a nadar rápida e involuntariamente enquanto se transformava na figura monstruosa. Quando terminou de atender ao chamado da bruxa, conseguiu, finalmente, reestabelecer o controle.

Então, a Bruxa do Mar saltou na água e puxou a sereia para fora da caverna. Hook acompanhou-as de longe, tentando observar os acontecimentos.

De fato, o Rei Tritão e toda sua horda se aproximavam. Ao se deparar com o que acontecia, o Rei sentiu a raiva aquecer-lhe o corpo e seu tridente dourado avermelhou-se, ansioso para pôr-se em ataque.

– Úrsula, solte a milha filha! – ordenou.

– Você não manda em nada aqui. Além do mais, quem manda sou eu. Na sua filha, aliás. – ela fez novamente um movimento com as mãos e, por mágica, o contrato de Ariel aparecera.

Tritão nadou para perto o suficiente para ler o contrato. Ao ver os termos e as condições, olhou para a filha com tristeza.

– Sinto muito, papai. – ela abaixou o rosto.

– Ela fez a escolha dela. – Úrsula disse. – Mas você também pode fazer a sua. – ela fechou o pergaminho e quando o abriu novamente novos termos estavam escritos. – Você pode ter sua filhinha de volta em condições completamente normais. Mas, apenas se você me fornecer o seu reino e, consequentemente, a sua honra. O que me diz?

Os olhos do Rei mostraram-se profundamente angustiados, mas não hesitara nem por um segundo ao pegar a pena mágica que a bruxa lhe oferecera.

– Papai, não! – a sereia tentou dissuadi-lo, mas já era tarde.

Seu tridente fora tomado pela bruxa, e o pai de Ariel começara a definhar rapidamente. A perda da honra lhe tomara a aura de poder e disposição. Enquanto isso, Úrsula aumentava de tamanho enquanto gargalhava e admirava sua nova coroa e tridente.

Logo, os guardas de Tritão começaram a atacá-la, e Ariel aproveitou-se disso para auxiliar seu pai a chegar à caverna, onde poderia ficar mais seguro.

– Vai ficar tudo bem, papai. Eu prometo.

Ele não teve forças para responder, o que fez com que o peito de Ariel se apertasse e a fizesse se perguntar se tudo aquilo havia valido a pena. Sem se permitir prolongar esse pensamento, ela voltou para o mar e teve sua tristeza substituída por raiva ao ver Hook nadando para fora da caverna e fugindo.

– Você ainda me deve a vida, e, no entanto, está fugindo! – gritou, enquanto lhe segurava.

– Eu sou um pirata. Não se deve confiar em um homem, que dirá em um pirata. – virou seu corpo bruscamente e voltou a nadar, sem olhar para trás. Mas não antes que Ariel lhe tomasse o frasco que o fizera ir até ali.

– Covarde!

Mas antes que pudesse ter mais alguma reação, ouviu uma voz:

– Ariel! – Anastasya lhe chamava enquanto arrastava seu corpo para a superfície. – A situação não está nada fácil, mas vou tentar fazer algo!

– Que bom que está aqui! – sentiu-se um pouco mais confiante depois de ver a amiga. – Preciso que guarde isso para mim. – jogou o recipiente para a outra. – E, por favor, cuide do meu pai.

– Pode deixar.

Enquanto Anastasya preparava poções e feitiços para que Ariel lançasse-os em Úrsula e os oficiais-tritões a atingiam, Hook nadara até uma praia próxima e segura. Depois, se colocara a correr até encontrar o Jolly Roger. Vira ainda algumas sereias monstruosas jogando os marujos sobreviventes na embarcação e as viu ir embora. Receou voltar para a água imediatamente, e por isso esperou um pouco antes de nadar de volta para seu navio.

Lá viu que os que solicitara vivos estavam lá e alguns outros que viriam a calhar. Mas, verdade seja dita, com a luta com Peter Pan e com a vontade de Úrsula perdera mais da metade de seus piratas, e se agora possuísse meia dúzia deles, possuía muitos. Felizmente, com as novas potencialidades de seu navio, em breve conseguiria muito mais piratas, muito mais riquezas. Mas assim que levou a mão à calça, percebeu que a poção não estava lá.

– Não! – exclamou em intensa fúria. Pensou na possibilidade de tê-la perdida enquanto nadava, mas, logo em seguida, soube exatamente o que acontecera. Murmurou rangendo os dentes: - Maldita sereia.

– Ca-capitão? – Smee se aproximou tremendo como vara verde. – O senhor não irá acreditar...

– Cale-se! Isso só está começando! – o Capitão foi para sua posição no timão e olhou para o horizonte com os olhos faiscando no tom de rubi que apenas a fúria lhe concedia. - Hastear velas!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, por hoje é isso. Este é o penúltimo capítulo da história... Manifestem-se, mostrem suas vozes enquanto há tempo. ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Moon Over Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.