Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 41
Capítulo 41 - Peeta & Katniss


Notas iniciais do capítulo

Sim, meus amores. Eu fiquei um tempo sem postar.
Definitivamente, o motivo deu ter me afastado da S&S foi que enfrentei o pior bloqueio criativo que já tive. Eu simplesmente estava fora da história. Não conseguia encontrar inspiração, mesmo lendo, relendo, cada capítulo. Apenas, eu assumo toda e total culpa nisso.

Vocês também me abandonaram, né? :(
Deixaram de comentar na S&S e deixaram de recomendar. Isso me desanimou totalmente. Eu via que nas outras histórias que eu tinha, havia um feedback instantâneo. E isso me fazia correr para escrevê-las e deixar um pouco essa fanfic de lado. Então, eu não pretendo levar a S&S muito a diante. Provavelmente mais uns três capítulos e ela será finalizada. :)

E agora, o capítulo que todo mundo estava esperando.
Eu, realmente, seguro meu coração na mão a fim de surpreender vocês.
Espero, sinceramente, que vocês se apaixonem por esse momento assim como eu.

Então, vamos ao nosso casal preferido ;)
Deixo vocês nas mãos de Peeta e Katniss.
Nos vemos nas Notas Finais.



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A noite caía evidentemente mais rápido em tempo de verão. O sol se punha cautelosamente, quase com pressa de ir embora, por ter passado demasiado tempo posto ao horizonte. Como se ele percebesse que já aquecera o suficiente, agora era hora de partir. As nuvens estavam no tom mais belo de rosa e lilás, não era costumeiro ter o céu tão límpido e predestinado às estrelas como hoje, entretanto, a natureza tem sua própria maneira de voltar a normalidade.

Com a retaliação da Capital – atual Sede –, na época da grande Guerra, o céu da Cidade Doze havia se transformado em algo obscuro, repleto de nuvens grossas de fumaça e passado. Depois de tanto tempo, a própria natureza estava trabalhando para o bem da humanidade, deixando assim, a beleza crescer por cima das montanhas e dar uma das mais belas vistas da Panem.

– A noite está chegando. – disse Peeta suavemente, abraçando Katniss cautelosamente em volta da cintura.

O casal estava admirando a paisagem há exatos trinta minutos. Era um sábado calmo e tranquilo e Peeta estava destinado a ficar em casa aos domingos. Katniss estava feliz em tê-lo por perto, sem a farinha e os ovos em seus meios, somente com o calor do seu corpo e as batidas do coração retumbando em suas costas.

– Sim, você tem planos? – ela perguntou casualmente.

Katniss sentira que, ao decair o crepúsculo no céu, aquele sábado seria como qualquer outro; ambos ficariam aprumados no sofá, lendo um livro ou assistindo um filme. Então, não queria pressiona-lo a sair, afinal o que ela gostaria mesmo era de adormecer em seus braços.

– Sim, temos planos. – Katniss pôde sentir a respiração de Peeta próxima a sua orelha, causando arrepios doces em sua espinha. – Eu espero que você goste do que tenho preparado para você.

– Soa misterioso. – ela comentou levemente ansiosa.

Não era típico, depois de tudo o que houve em sua vida, ter ansiedade e espírito de uma jovem adulta, mas se tratando de Peeta, ela se permitia sentir. Com ele, ela gostava de acreditar que a vida poderia ser fácil, tranquila e finalmente normal.

Algo que, na verdade, ela nunca tivera.

– Certo. – ele respondeu, seus olhos correndo pelas cores incríveis que o céu pintava. – Você pode se vestir da forma que achar confortável.

– Depois de tantas reclamações em seu ouvido sobre as roupas que já tive de vestir, eu não esperava que me pedisse para colocar saltos e vestido elegante.

Peeta sorriu.

– Suas características, minha linda, não estão nas roupas que veste. Eu gosto das suas calças de caçada e camisetas folgadas. – Peeta a puxou, girando sua cintura, a deixando de frente para o seu rosto.

Katniss sempre prendia a respiração quando estava perto de Peeta. Seu perfume era forte, algo com canela e mistura cítrica, tinha cheiro de casa e segurança. Ela adorava sentir tudo isso, porém havia algo nesse homem que a deixava inebriada, embebecida. Seus olhos azuis, aqueles grandes e lindos olhos azuis, afundavam sua sanidade como o oceano. Peeta tinha total controle sobre seus batimentos cardíacos, sobre sua respiração descontrolada, era como se ele tivesse um manual de instruções.

Isso não mais a amedrontava, Katniss tinha segurança de suas ações com Peeta, mas ela gostaria de elevar as sensações a um nível mais alto; a um nível novo. Nenhum dos dois sequer tocara no assunto depois dos atentados de Enzzo, mas estava implícito nos beijos, nos abraços, na vontade de se ter mais perto que um dia aquilo aconteceria.

Katniss queria que acontecesse.

Peeta gentilmente colou seus lábios aos dela, deixando a energia fluir. O beijo era a ligação de alma para ambos, como se dizer as três palavras não fosse o suficiente; os lábios conectados e extasiados de sentimento era a forma que achavam de completar o que as palavras nunca alcançaram.

– Linda. – Peeta disse, mordiscando o lábio da sua amada mais uma vez antes de deixa-la ir. – Nós precisamos ir.

Os olhos azuis e pedintes estavam lá e Katniss não queria decepciona-los. Ela, a contragosto, afastou-se de Peeta, plantando um beijo suave na nuca antes de ir. Ela o viu se arrepiar e partiu para o seu quarto ainda sorrindo.

~

– Aonde vamos? – ela quis saber.

Katniss vestia uma calça jeans e uma regata branca justa em seu corpo, não era de seu costume utilizar peças assim, mas toda a vez que os olhos de Peeta caiam em seu corpo e brilhavam, ela sentia como se uma missão havia sido concluída.

Naquela noite, não fora diferente, Peeta precisou de longos segundos para conseguir focar em sua fala.

– Estamos chegando. – ele disse, com os dedos entrelaçados aos de Katniss.

Ao perceber a rua em que estavam caminhando, Katniss pôde imaginar que partiriam ou para o ateliê ou para a padaria, não havia muitas opções para ambos jantarem ou qualquer surpresa que Peeta estava planejando.

Subitamente, ela sentiu um frio em sua barriga. A ansiedade estava tomando grande parte das suas emoções e não sabia, ao certo, quanto tempo mais aguentaria sem ter de cobrar mais uma resposta.

– Eu sei que está nervosa – Peeta comentou, como se lesse seus pensamentos. –, mas preciso que você confie em mim agora.

– Você sabe que confio. – ela interpelou rapidamente. – É que eu nunca fui boa com surpresas.

– Espere e verá. – o loiro beijou o topo de sua cabeça e parou em frente ao ateliê.

Calmamente, Peeta pescou em seu bolso o grande molho de chaves e abriu a porta.

O seu espaço para pintura tinha um leve cheiro de verniz e tinta, não poderia ser diferente, de qualquer forma. Porém, isso nunca tirou a beleza do lugar. Peeta havia sido tão cauteloso com seu ambiente de trabalho, como tudo durante sua vida. Katniss sabia que esse pequeno recinto quadrado era a realização de um sonho. Ele finalmente poderia ser tudo o que quisesse.

– Eu pintei durante essa semana. – os olhos de Peeta cintilaram no escuro. – Eu quero que você veja.

Como se tivesse tudo planejado, de fato, ele tinha, Peeta retirou do seu outro bolso um grande fósforo e riscou em uma superfície áspera. Katniss não pôde acompanhar seu passo no primeiro instante, mas logo as pequenas partes do ateliê foram iluminadas por nanicas velas redondas.

A perspectiva de ter tudo fulgurado por velas era absolutamente incrível. Os olhos de Katniss percorreram todos os cantos, mostrando diversos quadros que Peeta pintara. Era inimaginável que, em um tempo tão apertado e corrido na padaria, Peeta ainda tirava um momento para se dedicar a sua arte.

Ela soube que várias pessoas adquiriram seus quadros e quiseram pagar muito bem por eles, mas Peeta negara qualquer valor financeiro. Alegou que o que fazia, era para que as pessoas experimentassem um novo sentimento, que era para que compreendessem a essência de sua obra. Ele entregava sua alma para um quadro branco e jogava seus sentimentos através tintas; não pensava ser ressarcido por isso. Aliás, o dinheiro que ambos recebiam permanentemente do governo já era o suficiente para que nenhum dos dois precisasse trabalhar.

Com os olhos correndo para a direita, Katniss pôde identificar algumas imagens da nova Cidade Doze e suas reformas. Havia pessoas trabalhando, quase como uma fotografia viva; tamanho o realismo da tinta nas telas. Ela pôde compreender também a felicidade que Peeta quisera passar nesses primeiros quadros. Ainda que os trabalhadores estivessem fadigados pelo serviço, sustentavam o esforço em meio a sorrisos e brincadeiras. As pessoas estavam finalmente felizes e isso era gratuito ver.

– Eu encontrei algumas obras quando passeei pelas ruas centrais. – Peeta sorriu abertamente, tocando com seus dedos brandos as telas já secas. – Esse quadro é o que mais gostei de fazer.

Katniss olhara com atenção e percebera que os quadros eram complementares. Eles estavam alinhados, como se exibissem um ao lado do outro uma sequência realista. O primeiro era o início da obra, sua entrada e as pessoas que carregavam materiais para a parte interna: cimento, tijolos, argamassa, etc., conforme seus olhos caminharam, Katniss vira o segundo quadro, onde passaram a existir pessoas no setor interno, ajeitando seus materiais para que pudessem trabalhar. O terceiro quadro demonstrava o segundo piso da obra, onde os trabalhadores estavam conversando e rindo enquanto mediam os espaços para adaptar os tijolos. O quarto e último quadro era o mais incrível, como Peeta falara, havia uma pequena garotinha em um vestido cor de vinho, com os braços abertos aos céus. Ela estava no último andar da arquitetura e seu pai, com as vestes sujas de cal e cimento, esboçava um sorriso verdadeiro ao erguê-la no ar. Ele parecia estar verdadeiramente feliz, mostrando para sua filha a nova realidade do mundo, como o Distrito Doze passou a se tornar a Cidade Doze. Um lugar afortunado e pacífico, onde as pessoas poderiam ser verdadeiramente felizes.

Os olhos de Katniss estavam marejados, mas ela não queria demonstrar o quanto à surpresa a afetara. Era magnífico, em toda a sua essência, e saber que Peeta capturara seguidamente esses momentos foi excepcional.

– Isso é incrível Peeta, eu não consigo encontrar palavras. Quero-os em nossa casa. – ela disse, aproximando-se dele. Katniss envolvera a cintura firme de Peeta com os braços. Um suspiro seco saiu dos lábios do garoto.

– Tem certeza? – ele perguntou, um pouco atordoado. – Não acho que seja a melhor coisa que já fiz...

– Tudo o que você pinta, cria, constrói, para mim é a melhor coisa que você possa fazer, Peeta. – Katniss disse, certa de si. – Apenas vamos leva-los.

– A surpresa ainda não acabou. – ele girou seu corpo e encarou os olhos cinzentos. – Eu ainda preciso lhe mostrar alguma coisa.

– Certo. – ela concordou. – Aonde vamos?

Peeta gentilmente se afastou, segurou em sua mão e a puxou pelas curtas escadas no andar inferior do ateliê. Katniss estava com o coração na mão, pensando se algo importante estava para acontecer. De alguma forma, ela estava verdadeiramente apreensiva com as possibilidades.

– Preciso que feche os olhos. – ele pediu gentilmente, retirando a venda de seu bolso.

– Essa é a segunda vez que você me venda.

– Teremos mais disso. – ele sussurrou em seu ouvido, elaborando o nó. – Prometo.

Katniss sentiu seus pés saírem do chão à medida que Peeta a pegara no colo. Um sorriso genuíno formou em seu rosto. Seu nariz estava tão próximo de Peeta que os fios loiros produziram uma leve cosquinha. Ela espirrou e ele sorriu.

– Vou te colocar sentada agora. – explicou.

Ela já sentia seu corpo sendo acomodado por uma poltrona confortável.

Um barulho suave de tecido ecoou em seus ouvidos.

– Aguarde mais um momento. – ele disse amenamente. Ela não podia vê-lo, mas conseguia imagina-lo sorrindo. – Pronto, tire sua venda.

Katniss não demorou a acostumar suas vistas a claridade, já que era pouca devido as velas. Peeta estava com os olhos brilhando, como se pudesse chorar a qualquer momento, mas o sorriso elaborado e emocionado em seu rosto foi o que fizera Katniss recobrar os sentidos.

Ele segurava uma série de papéis, ela deduziu. O primeiro estava escrito seu nome, com uma letra delicada e cursiva.

A letra de Peeta.

Katniss,

Peeta estava mudo, com os lábios selados por um sorriso, segurando o nome como se dependesse sua vida. Katniss não estava compreendendo o que se passava, mas aguardou. Ele deixou cair o primeiro papel da sequencia e o mesmo viajou livremente ao chão.

Desde o dia em que assisti você cantar...

Ele deixou cair esse também.

Meu mundo parou.

Katniss olhava em seus olhos, que não expressavam nada além de um brilho totalmente diferente e inexplicável. Seu coração saltou forte no peito e ela mal podia conter sua respiração. Peeta estava declarando seu amor, mais uma vez, porém aquilo nunca deixava de ser incrível. Ele sempre teria seu efeito devastador sobre ela, sempre seria o garoto-bom-com-as-palavras. Sempre faria seu coração retumbar aridamente.

Você se tornou a espécie de: A pessoa mais importante da minha vida.

Peeta a encarava seriamente enquanto o papel caia de seus dedos. Ele esperava, apenas para ter a certeza de que ela lera tudo carinhosamente. Quando ela assentia, ele deixava vazar de seus dedos.

E dali em diante, eu nunca consegui fazer você deixar de ser.

Seus olhares cruzaram.

Para mim, quando o céu nublava, eu me lembrava dos seus olhos.

Katniss sorriu carinhosamente, vendo algumas lágrimas pinicarem os olhos de Peeta.

Quando o seu cabelo reluzia ao vento, lembrava-me do mais doce chocolate.

Outro papel correra no chão.

Quando o seu sorriso acendia, meu coração só faltava percorrer um caminho próprio.

Uma lágrima correu do rosto emocionado de Katniss.

Um caminho até você.

Peeta suspirou.

Sempre foi você, minha doce Katniss.

Papel ao chão.

Sempre será.

Com as mãos trêmulas e ciente de que aquilo era mais importante do que tivera ciência, Katniss aguardou o próximo papel cair. Seu coração caindo em um limbo novo, sua respiração pausando a cada queda, seus orbes cinzentos não querendo deixar de encarar o incrível homem a sua frente.

Desde o dia em que meus olhos fitaram você, meu coração não soube palpitar por outra pessoa.

Peeta tremia levemente.

Seu beijo é do mais incrível sabor.

Katniss tocou seus lábios.

Seu perfume do mais maravilhoso odor.

Ela sorriu.

Seu toque do mais terrível fogo. Mas garanto que daquele que temos vontade de nos queimar.

Peeta mordiscou o lábio e Katniss corou.

Eu quero viver para sempre sentindo isso.

– Peeta... – ela sussurrou, apenas para si própria.

Pois todas as sensações do mundo são absolutamente nada sem você.

– Shhh. – ele sibilou baixinho, assistindo algumas lágrimas correrem nas bochechas de Katniss.

Katniss,

Os olhos dela cruzaram com os dele, sentindo toda a expectativa naquele momento.

Você, por favor, me daria a honra de ser minha?

Ambos os corações pararam.

Para o resto dos dias que me tiverem?

Os lábios de Katniss formaram um O redondo.

Porque eu quero mais de nós, eu quero o meu sobrenome junto ao seu.

O silêncio estava significativo, o único som que surgia era do crepitar das velas.

Quero poder planejar o dia das nossas vidas.

O chão já estava cheio de papéis. Ambos os corações adornados na emoção. Peeta não ousava respirar, Katniss, por sua vez, respirava desregulamente.

Quero fazer o bolo do nosso casamento.

Katniss soltou uma risada tímida em meio as suas lágrimas. Peeta riu baixinho, junto a ela. Assistindo a mulher da sua vida se derreter com a surpresa. Katniss não poderia estar mais chocada, mas feliz.

Então, por favor, seja minha.

– Então, por favor, seja minha. – Peeta repetiu, com rouquidão na sua voz, emocionado tão quanto o momento fornecia.

Seja minha Katniss Everdeen Mellark

– Seja minha Katniss Everdeen Mellark. – ele disse, assistindo Katniss secar as teimosas lágrimas.

Porque no começo desse discurso, você era apenas Katniss.

Seus lábios emudeceram.

Agora, você passará a ser minha.

– Sua. – ela ecoou.

Minha Katniss.

As velas continuavam a crepitar enquanto o silêncio parecia ser o único existente. Katniss nunca acreditou que poderia flutuar, mas naquele momento, ela quase pôde criar asas. Havia muitos anos, dos quais ela se recordava, que a felicidade não domava seu coração. Ela se sentiu feliz no primeiro momento em que viu Peeta vivo após o telessequestro; antes do acidente de quase morte. Ela se sentiu feliz quando voltou para casa e abraçou Prim após os Jogos. Ela se sentiu feliz quando soube que Gale estivera bem após o sequestro de Johanna.

Poucos momentos de felicidade ditaram sua vida, mas nenhum como esse primoroso minuto.

Peeta deixou o último papel pousar em seu colo. A pequena junção do seu nome com um pronome possessivo ainda tatuava o papel pálido. Ela sorriu para aquilo, não sabendo se ele esperava uma resposta direta, ou se apenas ter dito que sim, ela era dele, fora o suficiente.

Ele se afastou alguns passos, o suficiente para esticar um lençol manchado de tinta de um cavalete.

Por alguns segundos, Katniss não capturara o significado, contudo quando seus olhos se acostumaram com a explosão de cores, pôde identificar claramente: Era um retrato de Peeta a pedindo em casamento.

Ele estava agachado no chão, com o joelho da perna saudável dobrado no piso amadeirado. A outra perna – que tinha sua prótese –, apoiada levemente em uma curva não perfeita. Katniss tinha suas duas mãos levadas aos lábios, exatamente como estava fazendo naquele momento.

Quando ela virou seus olhos para Peeta, ele estava em seus joelhos.

Em uma pequena caixa vermelha, exibiu-se um anel em pedras pequenas e trançadas pelo minúsculo círculo, ao qual Katniss soubera exatamente que caberia seu anelar. Ela se levantou. Para sua surpresa, a pérola que Peeta dera a ela na segunda arena, estava polidamente ao topo do anel. Brilhando e reluzindo.

– Isso chega a ser redundante, dar o mesmo presente duas vezes. – ele disse, retirando o objeto brilhante da caixa. – Mas eu sei o quanto a pérola significa para você. Sei que ela afastou os pensamentos ruins nos piores momentos do nosso passado. Sei também que você se agarrava a ela como um amuleto, como seu tordo. – calmamente, Peeta tomou a mão esquerda de Katniss com a sua e escorregou o anel até deixa-lo complementar as pequenas mãos calejadas da sua noiva. – Sei que, naquele momento em que te dei a pérola, meu único pensamento era se um dia eu seria capaz de te dar uma joia tão importante quanto aquela, se um dia eu seria capaz de cobrir seu dedo como uma promessa de fidelidade, carinho, dedicação e acima de tudo, amor.

“Então, eu preferi arriscar, dando novamente a você o que te pertence. De uma forma que ela fosse reformulada, readaptada para ser importante nesse momento. Na verdade, esse é o meu segundo pedido de casamento para você. Porque naquele dia, naquela arena, por mais que ficasse implícito, o meu sentimento e intenção fora tão fidedigno quanto agora. Eu te amo, Katniss.”

As palavras que Katniss gostaria de dizer jamais chegariam a borda de seus lábios. Peeta sempre foi melhor com elas, sempre conseguiu expressar cada pensamento em verbos, pronomes, adjetivos, substantivos... ele sempre elaborava as melhores concordâncias, sempre a faria se perder com isso.

Então, ela levou suas mãos ao rosto de Peeta e o fez levantar pelo gesto. Ela identificou uma pequena centelha de dor em seu olhar, já havia passado a hora da medicação de sua perna, entretanto ele não parecia se importar. Katniss, docemente, caminhou apenas um passo para que seus corpos juntassem como um só. Com as mãos ainda acarinhando o rosto do seu futuro marido, ela levou os dedos até a nuca e alentou com cautela os cabelos loiros e cacheados. Ele soltou um suspiro; uma mistura de alívio e satisfação.

O rosto de Peeta, movimentando pelas chamas das velas, se aproximou o suficiente para seus narizes se tocarem. Com o conjunto de lábios roçando-se levemente, Katniss pôde experimentar uma cosquinha suave, deixando todo o seu corpo arrepiar-se de forma visível. Peeta abriu sua boca, delicadamente, como se puxasse um ar que não retornaria em seus pulmões.

Suas mãos saíram da pequena cintura de Katniss e correram até os seus braços, afagando todos os pelos arrepiados na palma de suas mãos. Ao chegar aos seus ombros, Peeta as alojou embaixo dos cabelos sedosos e anelados da morena. Com os orbes fitando os lábios carnudos de Katniss, ela se aproximou. O segundo, que durou apenas uma eternidade, se foi e Peeta selou seus lábios.

A boca de Peeta a envolveu timidamente. Seu gosto era doce, cauteloso e repleto de carinho. As mãos do garoto do pão, respeitosamente, caíram da nuca até costas dela e acariciaram a linha da coluna, coberta pela regata, enquanto as de Katniss brincavam com pequenas mechas de cabelo loiro.

Peeta e Katniss eram naquele momento um só. Não importava todo o passado, o presente e, ao menos, o futuro. Aquele sentimento, que ela experimentara na areia da praia, sentindo as mãos de Peeta tão firmes em sua cintura, jamais se compararia a emoção de tê-las agora, em um ambiente seguro, livre da opressão e das câmeras. Naquele ateliê, era somente ambos, a conexão de suas bocas e o coração retumbando audivelmente para o mundo.

Aqueles lábios quentes, macios e tão compreendidos do caminho que tinham de fazer, sugaram os lábios de Katniss de modo lento, sôfrego, como se precisasse de todo o apoio que ela pudesse oferecer. Com mordidinhas leves, apenas para deixar tudo mais devagar e caloroso, ela sentia borboletas se debaterem em seu estômago e o fogo estalar em suas veias. Katniss não se demonstrou surpresa. Ela deixou seus lábios descolarem e sentiu uma corrente elétrica por cada poro, nervo, músculo de seu corpo. O instante em que a língua de Peeta alentou a sua, ela se tornou uma explosão de sentimentos e reações físicas que desconhecia.

Em meio a um beijo tão quente, ela não deveria se surpreender, eles já tiveram alguns assim, mas Katniss, subitamente, sentiu vontade de deixar suas mãos correrem pelo corpo de Peeta, sem a timidez rendida que sempre a julgava e a deixava frear seus sentimentos.

Ela correu suas mãos pelas costas definidas e maltratadas de Peeta e o sentiu encolher pelo caminho de seus dedos. Katniss avançou alguns sinais e elevou a camisa dele pela borda, podendo sentir o quão sua pele já quente estava fervendo. Tanto quanto a dela estava. Seus dedos, não tão acanhados, subiram a linha da coluna e ela percebeu o estremecer de seu corpo. Com a língua ainda envolvendo a sua, ele parecia tão sobre avisado do contato, que sua resposta veio de forma automática, levando seus quadris ligeiramente para frente.

Aparentemente, esse fora o retorno que Katniss precisava para continuar o movimento. Ela se afastou de Peeta, mordiscando o seu lábio inferior e plantando um beijo suave. Ele se separou, sem compreender, e então, ela voltou suas mãos das costas do seu noivo até o abdômen, deixando Peeta tão surpreendido que chegara a soltar todo o ar dos seus pulmões.

– Katniss? – ele perguntou alarmado; sua voz visivelmente mais rouca do que jamais fora. Katniss gostou da sensação que o ruído causou em seu ventre.

– Levante os braços. – ela pediu baixinho e ele assentiu.

Ela percorreu a camisa branca de gola v por todo o corpo de Peeta, vendo o quão devagar o tecido subia pelo seu tórax, pescoço, cabeça e enfim, braços. Ela o fitou, totalmente, avaliando tudo o que Peeta não sentia confortável em mostrar.

Embora ele adorasse pintar sem a parte de cima das vestes, a luz de velas, ela poderia ver os pequenos cortes que existiam em seu peito, barriga e um bem significativo no umbigo. Havia uma falha grande próxima ao seu ombro esquerdo e ela se perguntou se não fora fruto da luta com os macacos bestantes.

Seus dedos correram para cada cicatriz e Peeta a olhou com admiração. O que provavelmente faria muitas mulheres recuarem, aquilo fizera Katniss doer de alívio. Ainda que as cicatrizes mapiassem o histórico de suas lutas, ela bem sabia que não existiriam se não fosse para protegê-la.

Contra tudo o que já ousara fazer até agora, Katniss elevou-se nas pontas dos pés e plantou seus lábios na curvatura do pescoço de Peeta. Ele soltou um gemido baixo quando as mãos pequenas da sua noiva circularam sua cintura. Ela desceu seus beijos labirínticos e molhados do ponto pulsante do seu pescoço até a curvatura do mesmo, esticando o momento, até descobrir seu ombro machucado. Ela beijou carinhosamente a cicatriz e desceu para o meio de seu peito. O tórax de Peeta subia e descia com a respiração descontrolada e a arritmia, que seu coração não pudera controlar.

– Eu quero beijar todas elas. – Katniss disse, com os lábios na terceira cicatriz, próxima ao abdômen. Ele estremeceu.

– Isso... é... uau... nós nunca fomos longe, Katniss.

Ela continuou descendo seus lábios, chegando ao umbigo. O beijou carinhosamente ali.

– Eu sei. – ela murmurou pela pele. – Eu apenas não quero esperar mais um segundo sobre isso.

Peeta retirou o rosto de sua amada, ligeiramente, do seu umbigo, segurando-a pelo queixo com seu indicador, sentindo o quanto aquele toque suave dos seus lábios já fazia falta. O cinza, da sua íris, fora substituído pela escuridão das pupilas. Ela estava tão desejosa quanto ele, mas Peeta podia esperar.

– Minha linda, eu não quero que você sinta que agora que temos o pedido oficial, que agora que é definitivamente minha noiva você tenha precisão de dar esse passo comigo. Nós não precisamos fazer isso agora. Nós nem temos uma cama confortável, eu não quero que esse momento seja assim.

– Aquela junção de cobertores e almofadas que você utiliza para cochilar na hora do almoço funciona para mim. – ela disse, com decisão em sua voz. – Eu não estou me sentindo pressionada sobre isso. Você é apenas o homem que tem estado comigo por tanto tempo... você é apenas o homem que eu vou casar. O rapaz que quebrou todos os conceitos que eu tinha sobre uma cerimônia. Eu quero fazer isso, Peeta. E sobre o momento, não haveria um melhor se não esse.

– Você tem certeza? – ele sussurrou baixinho no ouvido dela. – Eu não vou conseguir me segurar se você levar isso a níveis... maiores. Entende?

– Faz muito tempo que eu paro qualquer intenção nossa. – ela sibilou, com as pernas trêmulas. – Eu só quero ter isso com você.

Peeta a encarou para ver se havia sinceridade em suas palavras. Ela poderia dizer qualquer coisa, mas seus olhos sempre carregariam a verdade. Para sua surpresa, Katniss estava sendo tão sincera sobre aquilo que seus olhos brilharam.

Ele segurou docemente o rosto dela, antes de plantar outro beijo apaixonado em seus lábios. Katniss carinhosamente mordiscou o lábio inferior a fim de dar ênfase a tudo o que dissera. Peeta esperava tanto tempo por isso que era incontável. Não havia, necessariamente, pressa em sua consciência, ele gostaria de fazer isso tão lento quanto os segundos, mas tão intenso quanto as batidas do seu coração.

Katniss ergueu suas mãos ao alto ainda o beijando e deixou Peeta retirar sua regata. Ele teve de afastar alguns centímetros para admirar o quão linda era. Não havia cicatriz em seu corpo, a Capital havia tirado, no entanto as de Peeta, embora o tratamento para ausentar os sinais de tortura fosse intenso, algumas não conseguiram sair. Ele se surpreendeu com o olhar carinhoso que ela dera, contra o seu olhar sedento. Ele poderia perder horas apenas beijando cada pele que encontrasse.

Devagar, suas bocas se juntaram, e as mãos de Katniss foram para todos os lugares nus de Peeta. Ela acariciou suas costas uma porção de vezes e correu seus beijos para o pescoço, não perdendo de vista os sons deliciosos que saiam dos lábios de seu noivo. Ela não sabia se mantinha sua boca presa a sua, ou se apenas mordiscava seu pescoço, a fim de nunca perder os sons que ele fazia.

As mãos de Peeta correram pela vértebra de Katniss e essa foi a vez dela fraquejar em seus braços. Peeta abaixou brandamente e envolveu suas mãos nas coxas de Katniss, a fazendo subir em seu colo. Ela se surpreendeu e riu quando percebeu que suas pernas estavam entrelaçadas nos quadris de Peeta, mas perdeu o sorriso do rosto ao ver o negrume de seus olhos. Peeta estava tão perdido nesse limbo quanto ela.

Como se estivessem vivenciando o tempo em estado de pausa, Peeta a colocou devagar sobre os edredons e almofadas. Não era necessariamente um lugar que gostaria de ter sua primeira vez com a garota que amava, mas as velas, o cheiro do perfume doce dela, somado aos cabelos dispersos em ondas – sobre o emaranhado confortável das almofadas –, era a visão que ele jamais pudera pintar. Ele gostaria de parar o momento, deixar Katniss exatamente como estava – seminua da cintura para cima –, e capturar um conjunto de tintas para manter isso permanente, mas ele soube que aquele momento só deveria ser gravado em sua memória, revisto e revivido quantas vezes achasse necessário. Apenas para ama-la e idolatra-la cada segundo mais.

Katniss ergueu seu corpo pelos cotovelos, assistindo Peeta cautelosamente retirar o cinto da sua calça jeans. Ela sorriu, olhando o quão Peeta havia adquirido corpo durante os dias na padaria. A quantidade de sacos que ele ainda carregava, somado ao fato de estar se alimentando melhor, dera a ele um corpo de homem. Ele não era mais aquele garoto forte que carregava farinha para seu pai, ele era um homem formado; lindo em cada defeito seu. Ela não poderia estar mais apaixonada.

Peeta encarou Katniss como se necessitasse de permissão para abrir os botões de seus jeans. Ela não queria dizer em voz alta, que aprovava eles irem longe, então, apenas ergueu-se mais um pouco, dobrou suas pernas como um índio faria e levou suas mãos para suas costas. O clique avisara que o sutiã estava disponível para ser tirado. Ela olhou para Peeta e antes que ele pudesse abrir seus lábios e dizer qualquer coisa, jogou a peça para qualquer canto do ateliê.

Ele estava admirado, enfeitiçado. Ele jamais arquitetara ver Katniss daquela forma, mas ela era tão linda, tão incrivelmente linda, que seu corpo inteiro transformou-se em vermelho escarlate. Ao menos, era assim que Peeta imaginara estar. O seu baixo ventre protestava com as roupas, era como se houvessem peças demais e ele estava apenas em seus jeans.

Vendo o quanto Katniss estava sendo corajosa sobre isso, Peeta cautelosamente desabotoou sua peça, correu o zíper encarando Katniss nos olhos e desceu o jeans por seus quadris. Não era novidade para ninguém que essa era sua primeira vez seminu para uma garota; para uma mulher. Mas com Katniss, ele não deveria ter vergonha, ela mal corara com o resultado da sua nudez e ele estava todo tímido para ficar em suas cuecas. Ele sabia os passos, afinal, morava com irmãos no passado e definitivamente, os homens – nas idades em que os hormônios estão a flor da pele –, só comentam sobre isso. Todavia, na prática, Peeta era tão inocente quanto Katniss.

Os olhos cinzentos dela o fitaram em sua boxer preta e ela não pôde mensurar aquilo, mas a sensação fora como jogar gasolina em um incêndio iminente. Seu corpo inteiramente ardeu em chamas de uma forma completamente nova e positiva. Ele era tão lindo. Inteiramente a coisa mais linda que Katniss vira na vida. Ela não se importava com a perna em prótese, não ligara para o corte em alto relevo que tinha na altura do joelho. Aquilo apenas o deixava mais lindo, como um herói de guerra, como um homem que pode literalmente carregar o mundo nas costas.

– Você já me viu de bermuda, quer dizer... se você se importar, eu escondo... não é grande coisa. – Peeta disse, sentindo seu rosto esquentar.

Ele estava genuinamente com medo da reação dela pela primeira vez dos dois. Não por não alcançar seu objetivo, bom, em parte por isso também, pois ele não tinha qualquer experiência, todavia, seu receio momentâneo veio a partir do instante que os olhos dela correram para sua prótese.

– Eu gostaria que você lesse meus pensamentos. – Katniss murmurou, como se não quisesse que qualquer outra pessoa escutasse. – Eu apenas acho você incrível em qualquer parte, Peeta.

Ele se aproximou, sentindo-se mais confiante, dobrou seu joelho bom no amontoado de almofadas e edredons e pela primeira vez, em longos minutos, pode sentir o calor da pele da sua amada refletir na sua. Katniss estava fervendo. Ele queria poder colar esse momento e jamais se desfazer.

Gentilmente, Peeta apoiou seu corpo sobre o dela, tomando a cautela de manter seu cotovelo ao lado para reter todo o peso. Katniss sorriu e o brilho do seu olhar era apenas aumentado em níveis inumanos pelo chamariz das velas. Ela estava perfeita e Peeta precisava beija-la.

Os lábios colaram, contudo dessa vez, a calmaria se cessou. No instante que Katniss sentiu o tórax de Peeta tocar seus seios, todas as suas barreiras foram jogadas para o lado. Não havia qualquer outro lugar, qualquer outro momento que ela pudesse querer. Apenas o calor da pele de Peeta contra a sua, fizera todo o ateliê girar a uma velocidade lenta e mortal.

Peeta sentiu, diametralmente, todo o seu corpo deixar de circular sangue. O único lugar que bombeava era em seu coração e em sua barriga, como se toda a energia que ele precisasse, terminasse ali. Ele compreendia seu corpo, sabia totalmente o que estava acontecendo, porém, ter aquela reação, com Katniss embaixo de si, apenas intensificava toda a eletricidade que passava em suas veias.

Ele pediu passagem com a língua, deixando a ponta circular a borda dos lábios de Katniss. Ela estremeceu, abriu os lábios para capturar ar, mas Peeta apenas queria se afogar naquele momento. Deixou sua língua dançar com a dela, tão sensualmente que todos os músculos do seu corpo ficaram rígidos.

Sua boca correu para o pescoço doce e macio de Katniss, ela gemeu e disse seu nome quando ele mordiscou brevemente um ponto pulsante. Ele já havia explorado ali em outros beijos, sabia inteiramente como aquilo destruía sua sanidade.

As mãos de Katniss correram pelas costas de Peeta e estatelarem no elástico da boxer. Por um instante, ela se dera conta do quanto estava perto. Tão perto. Ela deixou Peeta brincar com seus tremores, deixando beijos tão intensos e cheios de malícia que faziam seus olhos rolarem pelas pálpebras.

Suavemente, ela desceu suas mãos das costas de Peeta, sentindo que seus jeans estavam atrapalhando o contato. Muita roupa, ela pensou consigo. Peeta pareceu sentir e se conectar com seu pensamento e afastou-se apenas um pouco enquanto ela repetia o movimento que ele fizera há poucos minutos. Talvez horas.

Peeta enganchou seus polegares e ajudou Katniss a correr seus jeans pelo corpo. Enquanto ela empurrava pelas suas coxas, Peeta engoliu sua saliva secamente ao identificar a lingerie que ela estava usando. Katniss nunca fora de vestir peças sedutoras, mas hoje, como se ela já estivesse planejando que algo acontecesse, vestia uma pequena peça azul céu rendada que dispunha de lacinhos para amarrar aos lados.

– Deus, Katniss. – ele murmurou, envergonhado por sua respiração ter aumentado substancialmente. Ela apenas sorriu e ergueu o queixo dele em sua direção. Em seus olhos, havia o pedido mudo: Continue.

Tomado por uma coragem momentânea, Peeta continuou o descendo os jeans justos da morena, plantando suaves beijos em sua pele no caminho. Ele afagou seus lábios em um ponto entre a calcinha e barriga, depois desceu para a sua coxa, na parte superior, caminhou com pequenos beijinhos até os joelhos e peregrinou até encontrar a planta dos seus pés.

– Peeta. – Katniss o chamou, quando o jeans caiu pelo seu último dedo.

Ele teve de parar novamente para contemplar, não havia nada além de um pequeno pedaço de pano azul que separava os dois. Katniss parecia a personificação de todos os seus sonhos. Nunca, mesmo em sua imaginação, ela poderia ser tão perfeita. As bochechas coradas, os lábios inchados, os olhos com um brilho intencional e cobertos de sagacidade. Ela estava tão pronta para ele, quanto ele para ela. Um frio na barriga correu até seus pulmões, fazendo-o inspirar um ar gélido. Ele não estava nervoso, apenas, intrigado demais com as sensações novas.

Katniss assistiu Peeta se debruçar novamente sobre seu corpo. Ele tomava toda a cautela para não machuca-la, principalmente com a sua perna em prótese. Ela não se importava com nada daquilo, todavia parecia ser algo importante para ele. Para Katniss, se ele quisesse dormir sobre seu corpo por toda a noite, ela estaria bem com isso.

Ciente de que estava a um passo, Katniss voltou seus beijos com Peeta, deixando caminhos molhados e vermelhos em suas bochechas, lábios, queixos, mandíbula, pescoço e ombros. Peeta tinha os ombros muito largos e ela adorou se segurar ali no instante em que suas pernas enrolaram sua cintura. Ela apenas queria pressentir o que estava por vir, ter uma experiência sem o contato, apenas para ver a reação do seu corpo; que há essas horas era um desfalecido pedaço de nada.

Peeta guiou sua intimidade, ainda coberta da boxer, para próximo a Katniss. Deixou que o momento não perdurasse na estranheza. E na verdade, não fora. No instante que Katniss jogou suas pernas ao redor da cintura dele, Peeta esqueceu por uns segundos onde estava. O contato, quente, tão perto do seu ponto pulsante, era absolutamente inebriante. Ele queria tanto senti-la que ambos os corpos estremeceram.

– Eu acho que estou pronta, Peeta. – ela ronronou suave, próxima ao seu ouvido. A movimentação de vai e vem dos dois, ainda mantidos pelas finas roupas, fora o suficiente para perderem de vez a timidez. – Eu quero isso.

– Eu também, amor. – ele rebateu, tendo de curvar seu pescoço para trás a fim de conseguir um ar em seus pulmões.

Deixando de lado a última peça que faltava de seu corpo, Katniss novamente a retirou para o lado. Ela não pôde deixar de se lembrar dos momentos em que tivera de ficar nua na Capital, para lavarem e esfoliarem sua pele, depilarem todos os pelos de seu corpo e a revirarem do avesso. Esse momento com Peeta, em que ela estava livremente nua, não era nada parecido com isso. Ela se sentia a vontade, como se ficar assim com ele já fosse um hábito antigo. Não pôde compreender bem o motivo de se sentir tão serena com isso, ao contrário do que ela imaginou que seria. Entretanto, nesse exato segundo, Katniss experimentou a familiaridade dos dois. Eles eram íntimos, não havia qualquer razão para se amedrontarem.

Como resposta a nudez da Katniss, Peeta retirara levemente sua boxer, não deixando qualquer indicio de embaraço percorrer seu corpo. Ele estava pronto para aquilo e Katniss, apesar de analisar por alguns segundos a sua intimidade, parecia não olhar com medo, cautela. Ela apenas queria senti-lo. Esse era o meio. O momento em que eles se conectariam e encerrariam a virgindade um do outro. Não poderia ser melhor, não poderia ser mais doce.

O coração de ambos parou.

Peeta se acomodou, pausadamente, pensando em como faria para não ser dolorido para ela. Ele já havia conversado com outros garotos que não eram virgens como ele, e alguns haviam dito que para as meninas, a primeira vez poderia ser pouco ou muito dolorida. Ele já vira Katniss passar dores demais durante esses anos, não queria que ele fosse a razão para que ela sentisse isso novamente.

– Está tudo bem. – ela comunicou como se entendesse sua hesitação. – Eu estou bem, Peeta.

Aos poucos, ele conseguiu preencher Katniss, mas demorou demasiado tempo. Ele foi cauteloso, mesmo ela dizendo e afirmando que tudo estava bem. Ele podia sentir o quanto era difícil, apertado, tremendamente não adaptado para aquilo. Mas, com todo o carinho que ele encontrara, Peeta, aos poucos, foi deixando sua intimidade vincular-se a Katniss.

Ele a beijara, durante todas as tentativas, tentando suprir com beijos e carinhos a dor que ela sentia. Funcionou, pois Katniss, apesar de sentir-se totalmente incomoda em um primeiro instante, teve Peeta plantando seus lábios quentes em partes do seu corpo que ela jamais pensara em ser beijada. Ele envolveu a boca em sua orelha, em sua mandíbula, desceu em seu pescoço e no vale dos seus seios. Beijou, da mesma forma manhosa que beijava seus lábios, seus mamilos e ela retesou em um primeiro instante, não compreendendo bem todas as sensações que sentira, mas quando Peeta sibilou: Confie em mim. Aquilo apenas deixou de fazer sentido.

Katniss se entregara ao momento, sentindo Peeta dentro de si, pela primeira vez, da forma literal. Ele não apenas tinha invadido seu coração, sua alma, agora ele tinha seu corpo. A prova do amor queria dar, estava em cada toque, em cada momento que seus quadris batiam com o dele, na maneira como suas unhas arranharam suas costas, sem se importar com os hematomas. A prova de amor estava no ato de eles fazerem amor.

Ela pôde sentir quando Peeta aumentou o ritmo, a maneira como adquiriu confiança quando ela dava liberdade para seus gemidos ao invés de suspiros. Quando Katniss literalmente começou a gostar do momento, ela percebeu que Peeta também começou a gostar. Não era como se ele sentisse prazer ao vê-la sentindo a mínima dor, ele conseguiu lidar com tudo incrivelmente bem, deixando-se levar exatamente no momento em que ela também se deixou levar.

Os corpos suados e embolados não eram de importância para os dois. Katniss não ligava se suas mãos escorregavam, se seus lábios não completavam os beijos e eram interrompidos por suas próprias lamúrias. Ela experimentou, pela primeira vez, todos os músculos do seu corpo se retraírem, em uma emoção totalmente exclusiva, pela qual uma explosão de cores, sensações e tensões ecoaram em sua mente e corpo. Ela sabia que Peeta era o responsável, já que conforme ele se movimentava, mais aquela sensação aumentava. Porém, viver aquele instante, aquele auge e pico de adrenalina, era tremendamente inimaginável.

Peeta poderia se segurar um pouco mais se conseguisse, mas seu corpo o traíra no instante que Katniss passara a gemer seu nome e a pedir que fosse um pouco mais forte. Ele não esperava que a primeira vez de ambos fosse tão intensa, mas deveria imaginar que pelo o nível de sentimento que estavam experimentando, esse momento seria monumental. Ele deixou seu corpo ser levado por fogos de artifício, por coisas desconexas e pelos lábios de Katniss nos seus. Ele extraiu toda a vontade, toda a emoção daquele momento, deixando a última coisa sair dos seus lábios: o nome dela.

Horas mais tarde, Katniss estava em seus braços, sentindo que poderia estar pronta para repetir o ato se Peeta estivesse pronto também. Ele parecia demasiadamente feliz. E ela soube que a noite de ambos seria absurdamente longa.

– Você é parte de mim. Verdadeiro ou falso? – Peeta perguntou.

– Verdadeiro. – ela respondeu, brincando com desenhos invisíveis na barriga do seu noivo. – Você conseguiu se apaixonar por mim novamente hoje. Verdadeiro ou Falso?

– Verdadeiro.

– Estamos completos agora. – Katniss murmurou baixinho.

– Eu sempre fui completo com você.

– Apenas estamos mais. – ela rebateu, beijando sua mandíbula.

Peeta estava incrível no crepitar final das velas, ela sabia que eles passariam o resto da noite enrolados nos edredons fazendo todo o tipo de amor que pudessem encontrar. Mas que em questão de minutos, estariam na escuridão.

– Obrigado por ser minha noiva, linda. – ele disse, calmamente, acarinhando suas costas.

– Não é nenhum sacrifício ter de passar o resto da vida ao seu lado, Peeta. – gracejou, fazendo-o rir suave.

– Espero que não. – ele comentou.

– Apenas sei que não.

– E como sabe? – virou-se para olha-la.

– Sei porque, com você, tive de passar várias provas para saber o que sentia.

– Todas elas te levaram a que resposta?

– Todas elas me levaram ao agora, em seus braços.

Ela tomou uma respiração profunda, sentindo o quanto seu coração gritava por felicidade. Não era costumeiro se sentir assim, porém hoje, ela deixaria sua alma experimentar a alegria. Por Peeta, ela esquecia por um instante tudo o que já fora.

– Você será a minha Senhora Mellark?

– Serei o que quiser que eu seja, Peeta. – os olhos de Katniss correram pelo rosto de Peeta. Os traços do seu rosto tão belos.

– Apenas a Senhora Mellark por agora. – ele respondeu, sorrindo.

– Apenas a Senhora Mellark para o resto dos dias.


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Notas finais do capítulo

E a aí, meus amores?
Estavam com saudades? *-*
Valeu a pena o capítulo?

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