Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 4
Capítulo 4 - Peeta


Notas iniciais do capítulo

Eu espero que vocês fiquem tão surpresos quanto eu estava enquanto escrevia.
Beijos e boa leitura!



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O relógio marcava três horas da tarde. A casa estava vazia e silenciosa. Peeta não se sentia sozinho desde que havia voltado para a cidade 12, afinal, estava morando ao lado dela. Aos seus olhos, aquilo só poderia ser um sonho, jamais iria pensar que poderia amar ainda mais aquela garotinha que vira em seu primeiro dia de aula. A mesma que fazia os pássaros pararem de cantar estava fazendo seu coração parar de bater.

Após Haymitch muito insistir, Katniss tinha saído para ajuda-lo a não enlouquecer na festa de premiação e nomeação de seu cargo. Peeta sentia que não podia ficar parado, sua padaria e ateliê ainda não estavam em funcionamento e mal podia esperar para poder voltar a trabalhar. A responsabilidade e a rotina iriam cair bem.

Seus pesadelos acerca da guerra e dos traumas sofridos eram frequentes. Mesmo estando ao lado de quem ama, a perda de seus familiares e seu telessequestro eram os principais motivos de seus sonhos inquietos. Não queria que isso afetasse a Katniss. Estava feliz por dormir ao lado dela todas as noites e acolhe-la em seus braços quando ela acordava assustada e tremendo. Daria tudo, até a sua vida para tirar essas memórias de sua cabeça.

Embora os sentimentos do Peeta fossem sinceros, os pesadelos da Garota em Chamas não pareciam que iriam acabar tão cedo, talvez nunca. A quatro dias a depressão a arrebatara novamente e ela estava particularmente difícil de lidar. Se machucava e gritava ao acordar. Peeta havia telefonado para o Dr. Aurelius que tentou tranquiliza-lo dizendo que isso era perfeitamente normal. O garoto retrucara com o médico, dizendo que ela estava sorridente e carismática desde sua volta ao 12, não entendia o motivo dela regredir. O médico tentou parecer neutro mas havia algo em sua voz que deixara Peeta irrequieto. Recomendou novamente o uso de medicamentos e pediu para que ela saísse de casa, para dar uma volta.

Tentando evitar a solidão e suas preocupações, Peeta começou a arrumar toda a casa. Começou pela cozinha, que após sua fornada de pães estava uma bagunça. Katniss arrumava a casa sempre, mas esses dias tem sido impossíveis. O único motivo dela sair foi a súplica de Haymitch. Deu certo, mas ela foi mais contrariada do que normalmente iria.

Parecia um universo paralelo, a menina que se emocionou ao ver o ateliê em homenagem a sua irmã, a garota linda que brincava com ele todos os dias e o beijava, abraçava, tocava, estava ficando distante e depressiva. Peeta achara que nunca mais isso ia acontecer, que ela nunca mais ia negar seus beijos. Não a culpava, sabia que essa fase poderia voltar. "Afinal, que pessoa passa por isso e fica normal?" Sabia que tinha um tempo para dar até ela reorganizar os seus sentimentos. De certa forma, estava tudo acontecendo muito rápido. Não que ele não gostasse, mas para Katniss, com certeza, seja em qual categoria aquele relacionamento se encaixava, era rápido demais.

Peeta ficou repentinamente chateado ao se lembrar da noite anterior, em que ao invés de seu nome, chamou por Gale. Sentiu-se confuso e não sabia que reação ter. Sem conseguir tempo para pensar, Katniss abriu os olhos.

– Peeta, acordei você? - Disse Katniss com preocupação em sua voz.

– Não, não. Você estava sonhando? - Peeta esperava uma explicação para o nome Gale ter saído de sua boca.

– Eu estava tendo pesadelos. Já foram. Vamos voltar a dormir? - Katniss não queria abordar muitas palavras e fechou os olhos. Peeta se aproximou mais e sentiu subitamente uma certa repulsa por parte dela ao sentir seu abraço. Antes de deixar as lágrimas caírem por seu rosto, dormiu.


___

A cozinha estava brilhando como nunca, assim como a sala e os banheiros. Só faltavam os quartos. Peeta começou arrumando a cama, trocando os lençóis e organizando as almofadas. Queria deixar o quarto bonito e aconchegante pois sabia que ao chegar, Katniss iria correndo até ele.

Ao sacudir a colcha, ouviu um pequeno barulho seguido de uma queda e vários quiques ao chão. Se abaixou para achar o objeto mas acabou encontrando outra coisa. Ao apalpar o solo não deixou de notar um desnível na madeira. Aos primeiros olhos não havia nada ali, exceto uma pequena cordinha. Intrigado, decidiu se levantar e empurrar a cama. Por um momento hesitou em puxar a pequena corda, mas sua curiosidade foi maior. Ao abrir, encontrou diversos envelopes e achou estranho ver que estavam direcionadas a Katniss, decidiu não se meter em sua privacidade e preferiu não abrir. Só gostaria de saber quem as enviou. Por um segundo empalideceu, sem acreditar no que seus olhos viam e ainda boquiaberto, as letras estavam todas em maiúsculo para facilitar seu entendimento. GALE.

Ainda incrédulo não se decidia entre ler e não ler. A raiva tomou conta de suas veias, levantou ainda com as cartas. "Como ela pode? Como ele pode?"

– A GENTE ESTAVA FELIZ, NÃO ESTAVA?- Dessa vez, ele gritou.

Peeta não conseguiu conter seus sentimentos. Desatou a chorar. Suas lágrimas desciam tão raivosas quanto ele estava. Um turbilhão de emoções passou pelo seu corpo. Mil volts de energia. Ele percebeu que tinha bagunçado todo o quarto. Se sentia enjoado e achava que ia colocar o almoço todo para fora.

– NÃO ACREDITO NESSA MERDA!- Suas palavras saíram de forma tão bruta quanto eram. Não imaginava que ele mesmo havia proferido palavras tão sujas, mas pouco importava, não tinha ninguém para escuta-las. Sua raiva estava insana.

Em um primeiro momento, Peeta sentiu que precisava dar um jeito de falar com o Gale e resolver isso de uma vez. Queria pegar o primeiro trem e visita-lo, mas sabia que ele agora tinha um cargo importante, se ele quisesse, podia inventar um crime cometido por Peeta e simplesmente joga-lo em algum buraco. "Já sei, vou ligar e tentar conversar, civilizadamente."

Ao pegar o telefone, hesitou algumas vezes mas discou o número. Percebeu que suas mãos tremiam em demasia, mas não queria dar importância aos seus nervos agora, tinha algo muito importante a fazer. Perdido em suposições não deixou de se assustar ao ouvir a respiração do Gale do outro lado da linha. Ele tinha atendido.

– Gale, precisamos conversar. - Sem resposta por uns instantes, percebeu que Gale poderia ter reconhecido sua voz, mas não queria deixar aquilo passar. - Alô? Gale? - Mais alguns instantes se passaram, mas ele continuava na linha.

– Oi Peeta. - A voz de Gale era tão tóxica como sua atitude.

– Gale, precisamos conversar. - Repetiu Peeta ao ver que Gale tinha respondido seu chamado.

– O que foi, Peeta? Me ligou para me fazer um convite quando eu passar com a minha tropa pela sua cidade? - Gale dizia ironicamente. Sua voz estava estúpida de ódio.

– Gale, você vai escutar o que tenho a dizer e não vai me interromper. - Peeta estava tão autoritário que surpreendeu Gale.

– Ah é, padeiro? Então diga de uma vez.

– Quero que pare o que quer que esteja fazendo. Não é para mandar carta para a Katniss, isso a faz ficar mal. Eu vi as datas das cartas que mandou e começaram exatamente no dia em que sua depressão voltou. O que é agora, Gale? Quer mandar 5 cartas por dia a fim dela voltar a falar com você? O que você acha que ela está tentando fazer? Ela quer esquecer o passado, começar a construir um futuro...

– Um futuro ao lado do padeiro, doce e querido, Peeta Mellark. - Gale o interrompeu por uns instantes.

– Pedi para não me interromper. - Peeta disse, quase gritando agora e continuou colocando calma e prudência em sua voz. - Ela quer construir um futuro. Ela estava bem, Gale. Estávamos felizes, vivendo nossas vidas até a depressão dela voltar. Você acha que está fazendo bem a ela? Pois bem, ela se machucou demais nas últimas noites ao se rebater com toda a força que tinha, quebrou o abajur e o vaso de flores que estavam na cabeceira. Katniss cortou seu braço e eu tive que leva-la ao hospital. Para darem os pontos, tiveram que injetar morfina em suas veias. E então, Gale? Você ainda acha legal ficar mandando cartinhas que nem uma criança para uma pessoa que está tentando superar a vida, QUE ESTÁ TENTANDO SUPERAR VOCÊ? - Definitivamente, Peeta estava gritando.

– Olha Mellark, eu não sabia que estavam fazendo mal, ok? Eu vi que ela não respondeu, só que não pude deixar de mandar. Você acha que eu não to sofrendo? Ela escolheu você cara. Ou será que... será que... que devo dizer que meu contato com ela balançou os sentimentos que ela tinha por você? Será que o que fez ela entrar em depressão foi ter visto que tomou a decisão errada ao estar do teu lado? Cara, se for isso, você vai aguentar minhas cartas e vai me aguentar no Distrito 12... Cidade 12, dane-se. Cidade 12. Eu vou aí e ver se ela tá legal. Ela precisa de mim, Peeta.

– Gale, se você aparecer aqui... - Peeta disse em um tom ameaçador.

– Você vai o que Mellark? Me bater com um pão? HA-HA-HA Grande feito. Nos vemos em breve. - E desligou.

Ele não acreditava no quão arrogante Gale havia se transformado. Não parecia aquele rapaz que conversou com ele durante a guerra, que aceitava a opção da Katniss, independente de qual fosse sua decisão.

Peeta não sabia o que sentia, mas aquilo só poderia ser ódio. Nunca havia passado por algo assim em toda sua vida, seu corpo estava quente e lágrimas desciam descompassadamente. E se aquilo que Gale havia dito era verdade? E se a Katniss estava arrependida pela escolha que tomara? Decidiu sair de casa pensando em não voltar mais. Sabia que não podia, não ia desistir do amor de sua vida, o que ele sentia por Katniss era puro e antigo. Mesmo que ela havia escondido dele as cartas do Gale, pode ser que não significavam o que pareciam significar. Katniss podia estar só as escondendo com medo dele descobrir. "As malditas cartas, ela vai ver que achei. Preciso voltar". Antes que pudesse concluir seu pensamento, viu a Katniss e Haymitch virando a esquina.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Gostaram? Estão ansiosos pra saber como vai ficar a história?
Pessoal, se vocês estão acompanhando e gostando ou odiando, preciso saber o que acham *-* Se não, não tem como eu saber se está interessante aos seus olhos ou não.
Se puderem, deixa uma review pra mim, tá bom?

Beijos,
Line.



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