Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 36
Capítulo 36 - Final da Primeira Temporada


Notas iniciais do capítulo

MEUS AMORES! AQUI ENCERRO O FINAL DA PRIMEIRA TEMPORADA DE SAFE AND SOUND!

Eu estou com outra fic (enquanto essa entra em férias), se vocês quiserem acompanhar: http://fanfiction.com.br/historia/481219/Locked_Out_Of_Heaven/
É divertida, juro juradinho! hahaha ^^

Bom, eu não tenho muito o que falar aqui, então...
Nos vemos nas notas finais..

PS:. GUARDEM UM LENCINHO AO LADO, BJS.



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Katniss

Katniss cerra suas pálpebras ainda incomodadas por alguma situação distante. Seu corpo encontra-se tão cansado que há uma dificuldade quase sobre-humana para acordar. Ainda um pouco atordoada e sonolenta, a morena abre os olhos quase instantaneamente pelo susto. Um forte barulho vindo da sala é a causa para seu despertar momentâneo. Sua cabeça dolorida mal consegue formar pensamentos.

A princípio, ela acredita que Annie está preparando a mamadeira do pequeno Finnick, mas logo descarta a hipótese ao escutar certa agitação e diversas vozes inteligíveis. Como um súbito, logo Katniss se lembra da missão para o resgate de Johanna, mas ela tem certeza que os rapazes não iriam aparecer em sua casa, visto que eles deveriam apresentar-se a primeira instância no pequeno posto do Exército da cidade para depois dar o encaminhamento da missão concluída.

A não ser que tenha dado algo errado.

Sua mente começa a trabalhar quase de imediato, doentiamente. Buscando tortura-la com todos os piores possíveis acontecimentos dessa maldita missão. Nunca Katniss pensou que pudesse sentir aquele medo de novo, angustia de algo terrível acontecendo a seus entes queridos. Em seu cérebro, fortes imagens insistem em passar apertando cada vez mais seu coração quase a sufocando.

Não! – ela grita abafado pelo calor de seu quarto.

O músculo que bombeia sua vida bate descompassadamente, seus pulmões forçam Katniss a golpear forte o ar em busca de oxigênio, mas aparentemente toda a atmosfera saudável que existia naquele local foi eliminada. Suas pernas estremecem com o toque gelado do piso ao chão.

Katniss não tem forças, não tem absolutamente energia alguma para sair de onde está.

– Covarde. – vocifera contra si mesma com um ódio mortal. – Você precisa ir lá! Ver Peeta, ver Gale e Johanna! Vamos Katniss.

Suas palavras de incentivo de nada servem. Seja o que for que a esteja esperando ao descer as escadas, ela não está preparada para ver.

Um filme de sua vida passa implacavelmente em sua memória. Talvez, aquilo seja uma tentativa de seu cérebro dizer a si própria que ela já havia enfrentado muito e que talvez, as coisas não estivessem assim tão ruins, mas o pessimismo é um demônio malévolo que insiste em fazer você não acreditar que algo finalmente dará certo.

A porta de seu quarto se abre lentamente. Katniss identifica uma Annie chorosa sem seu bebê nos braços. É inevitável não pensar o pior. A jovem mãe se aproxima de Katniss com o rosto inchado e os lábios vermelhos de tanto serem mordiscados pela ansiedade.

– Peeta? – Katniss pergunta em seu último fio de voz.

Ela não aguentaria que algo houvesse lhe acontecido, sua morte seria a mesma coisa que a dela proclamada. Não existia um mundo sem Peeta Mellark, não haveria vontade de viver para uma coisa tão brutal como perdê-lo.

– Ele está bem. – falou com lágrimas nos olhos. – Vá vê-lo Katniss.

Dessa vez seu corpo agarrou-se ao fio de esperança que tudo havia ocorrido bem. Repentinamente Katniss vestiu seu roupão e bateu a porta pelas suas costas sem olhar para trás. Descendo as escadas quase pela velocidade da luz e tropeçando no tecido comprido de seda, Katniss identifica vários homens enfardados e ao meio, uma pequena mulher.

Johanna Mason estava um pouco fraca, não por ter sido mal alimentada, mas muito provavelmente pelo forte choque que havia passado a pouco. Suas mãos são levadas gentilmente em seu rosto tentando evitar lágrimas densas de caírem e Katniss decide se aproximar.

– Johanna? – ela pergunta a fitando delicadamente.

– Enzzo, Gale. – disse sussurrando o suficiente para somente Katniss ouvir.

A morena não precisou de muito para compreendê-la, Johanna estava sentindo falta, pena, temor por Enzzo. Não existia alguma explicação viável para algum sentimento criado por parte dela, mas seja lá o que Enzzo fez com Johanna, foi algo terrivelmente marcante.

Katniss a abraçou e logo recebeu os magrinhos braços de Johanna em volta de sua cintura como resposta.

– Eu sei que você não está legal agora. – Katniss sussurrou acariciando os curtos cabelos da menina. – Mas vai ficar tudo bem.

Johanna se afastou de Katniss e a olhou incrédula como se aquilo fosse uma frase absurda para dizer. Prontamente, Mason apontou para o sofá da sala, indicando que algo de errado havia ali. Os olhos cinzentos de Katniss acompanharam o movimento e identificaram Gale deitado e de olhos fechados.

Não pode ser.

Lágrimas caíram ao movimentar suas pálpebras quando viu a figura estática de Gale Hawthorne deitado ao sofá. Sua pele estava empalidecida e seus lábios levemente roxos.

O pior havia acontecido.

Seus pés novamente a traíram, Katniss não conseguia dar mais um passo e então, seus joelhos dobraram pela falta de sustentação do seu corpo.

– NÃO! – exasperou com lágrimas caindo sem parar. – Gale! NÃO!

Seu corpo sentia uma dor excruciante, um vazio que nem se ela explicasse poderia fazer outra pessoa sentir.

Um curta metragem de todas as pessoas que já se foram começou a passar pela memória afetada de Katniss.

O seu pai, vagou pela memória apresentando a ela pela primeira vez a flor de Katniss, Cinna percorreu suas lembranças mostrando delicadamente o vestido de seu casamento, Primrose caminhou dolorosamente sem olhar para trás com o curto pedaço de tecido excedente para fora da barra de sua saia, Boggs gritou para o esquadrão 451 exigindo mais agilidade e competência, Darius brincou com ela sobre sua beleza, Cray mostrou sua calvície para fazê-la rir, Madge tocou seu piano acompanhada da doce voz aveludada, Mags fez armadilhas para pescar os mais saudosos peixes do mar, Rue cantou para todos os pássaros ouvirem, Finnick a ofereceu mais um cubo de açúcar com seus olhos repletos de sedução, a pai do Mellark a saudou com todo o carinho após adquirir mais um de seus esquilos. Mortes percorriam a sua mente e Katniss estava cega pela insuportável dor.

Eu só quero morrer para ficar com vocês.

Peeta

Escutando vozes e choros pela sala, Peeta apura mais seu ouvido. Ao reconhecer a voz melodiosa de Katniss, largou o copo d’água que estava em suas mãos e correu velozmente até as lamurias agoniantes.

Ao identifica-la ajoelhada ao lado de Gale, chorando e falando palavras desconexas, Peeta abaixou-se para alcança-la e acompanhar sua altura. A morena estava com seus olhos cinzentos vermelhos pelas lágrimas e nublados pela dor, suas bochechas adquiriam um tom rosado como todas as vezes que ela chorava e seus lábios mantinham o vermelho vivo denotando o grande fluxo de sangue que ali ecoava.

– Katniss. – cochichou Peeta em seu ouvido. – Meu amor, você está entendendo errado. – disse baixinho acariciando seus cachos.

– Gale. – ela falou sobre lágrimas. – Gale...

Peeta então compreendeu sua confusão, era óbvio o que ela estava sentido.

– Amor...

– Gale está morto! – sua voz adquiriu força. – MORTO!

– Minha vida, você está...

– Ele morreu! E isso é culpa minha! Por que o Enzzo não me matou de uma vez? – vociferou com toda a raiva existente em seu ser.

– Katniss, me escuta...

– Não! Eu não quero ouvir.

Katniss se levantou bruscamente se soltando do abraço caloroso de Peeta que logo correu atrás de sua amada. Ela estava transtornada e raivosa, caminhando cegamente para a varanda de casa.

E então, Peeta soube uma forma de contar a ela, sem que ela negasse sua atitude veementemente.

– Katniss, venha até aqui. – falou com sua voz calma tentando a trazer para casa.

– Não quero! – gritou irritada.

As densas lágrimas da morena caiam formando gotas gordas em seu corpo e pequenas poças de sofrimento umedecendo a camisola. Agora, as roupas de Katniss estavam desalinhadas e seu robe estava quase caindo pelos seus ombros, mas isso era a última coisa que ela iria se importar, mesmo que em casa existisse um pequeno batalhão de homens.

O rosto que até então estava angelical agora se transformara em raiva, decepção e luto. Ela realmente havia compreendido errado.

– Meu amor, por favor... Vem aqui. – pediu Peeta baixinho com súplica em sua voz.

Katniss assentiu positivamente ainda desconfiada. Gentilmente, Mellark pegou em suas mãos, trouxe-a para casa e a levou perto de Gale.

– Chegue mais perto e abaixe aqui comigo. - convidou.

Após silenciosamente relutar fez o que ele havia pedido.

Peeta selecionou o dedo indicador de Katniss e posicionou levemente na jugular de Gale. Katniss olhou para o loiro, incrédula, sentindo o ritmo da batida em seu dedo. Com lágrimas nos olhos, mas com um sorriso bobo formando uma trilha de felicidade em seu rosto, Katniss permaneceu boquiaberta tentando compreender toda a situação. A expressão daquela mulher, a felicidade contida e acreditada transformou suas orbes em um profundo brilho de euforia.

– Ele está...

– Vivo. – completou Peeta sorridente.

Gale

UMA SEMANA DEPOIS.

Sentindo-se nu, Gale acorda com suas pálpebras pesadas e uma intensa dor em seu corpo. Sua visão, ainda turva, não consegue identificar de imediato onde está, mas ao sentir um líquido gelado percorrer suas veias percebe rapidamente que se trata de um hospital. A angústia por não se lembrar de nada que havia acontecido na missão, toma-o por completo.

Quem havia sobrevivo? Peeta estaria bem?

Katniss nunca o perdoaria se algo acontecesse com o padeiro, ele jamais se sentiria em paz sabendo que ele havia arrastado Peeta Mellark para a morte certa . A culpa completou-se em seu organismo, percorrendo rapidamente sua circulação assim como o líquido injetado em seu corpo. Era inevitável não pensar nos problemas.

E Johanna?

A dor fervorosamente aumentada, a dúvida o comprimindo e a incerteza o sufocando.

Gale pensou seriamente em desistir, em parar de lutar. Seria mais fácil do que enfrentar o vazio grande em sua vida. Com certeza, a morte seria uma ótima pedida.

Até que subitamente o rapaz notou o toque de uma pequena mão aquecida sobre a sua. Era difícil compreender quem era. Poderia ser Katniss, então se esforçou para agarra-la e mostrar que ele estava ali, mesmo um pouco desacordado. Não demorou um milésimo de segundo para sentir uma resposta.

– Oh Deus, Gale!

Aquela voz cursou todas as suas lembranças, mas parando somente em uma. Na morena, de olhos castanhos, corpo impecável e sorriso exuberante. A melodia entoada agora a pouco, ele poderia reconhecer a longa distância. Johanna Mason.

A saudade somada a confusão de sentimentos, o alívio por saber que ela estava bem e viva em sua frente. Ele não conseguia vê-la, pois sua visão estava tremendamente embaçada, mas era visível sua silhueta. Mesmo sem conseguir avista-la, sabia que ela estava linda.

– Oi. – disse após pigarrear um pouco, tentando não mostrar sua voz rouca.

A dor aguda em seu peito era demasiada, percebendo assim que não se tratava de um problema físico, mas sim do terrível labirinto de seus sentimentos. Ter Johanna ali, tão perto depois de tanto tempo era como se conseguisse tirar um terrível peso de seus ombros, como se sua missão finalmente havia sido cumprida e agora só lhe restava abraça-la como se o amanhã não existisse.

– Gale. – ela começou se aproximando e ele notou que sua visão estava se recuperando da implacável turves.

Johanna estava com os olhos inchados, possivelmente por noites mal dormidas e lágrimas em excesso, mas ela continuava linda. Seus cabelos curtos estavam perfeitamente alinhados e seus olhos castanhos o fitavam com ternura e preocupação. Gale satirizou a si mesmo lembrando que ela havia passado pelo inferno e ele quem acabou terminando no hospital.

– Está tudo bem. – ele disse a acalmando conseguindo manter sua voz firme. – Estamos bem agora.

– Eu preciso conversar com você, mas faremos isso quando você se sentir melhor. – disse ponderadamente.

– Eu estou ótimo. – sorriu de lado. – Podemos conversar o quanto quiser.

Johanna pareceu balançar as informações um pouco e analisa-lo atentamente, mas decidiu ceder.

– Gale, porque não me contou que tem um problema no coração? – questionou direta.

Dentre tantas coisas que caracterizavam Johanna, a única que talvez ele nunca fosse se acostumar era que para ela não existia rodeios. O rapaz suspirou fundo, tentando buscar as palavras adequadas e explica-la da forma verdadeira.

– Johanna, não é de fato um problema sério. – disse piedoso. – Quando eu trabalhava nas minas, aspirei muitas substâncias tóxicas e isso fez certo mal para o meu coração. Não é nada grave, eu só não posso fazer esforço físico demasiado, como correr por uma hora, por exemplo. Mas é tranquilo, eu já havia conversado com a Paylor sobre isso e eu estava fazendo um tratamento na Cidade 2, mas como tive que vir para cá acabei parando.

– Tem cura? – ela perguntou com dor em sua voz.

– Claro que tem. – sorriu contente segurando as delicadas mãos dela sob as suas. – Eu não sou um inválido ou qualquer coisa parecida. O Major aqui tem pique ainda.

– O Major aí vai ficar parado até ordem médica. – cortou Johanna. – Seu médico responsável disse que terá que ficar seis meses de repouso antes de voltar a fazer qualquer atividade ligada ao exército e já que você tem um tratamento a seguir, veremos se você não pode fazer aqui ou eu te levarei pessoalmente para a Cidade 2.

Gale olhou para aqueles olhos amendoados de Johanna e um brilho novo existia ali. Ele podia sentir seu fraco coração palpitar. Hawthorne tinha certeza que não era por sua enfermidade, mas sim pela incrível mulher a sua frente.

– Johanna, eu preciso dizer uma coisa para você. - contou decidido.

– Gale, não precisa... – Johanna começou já sabendo onde essa conversa iria parar.

– Quando você estava ao meu lado, - começou interrompendo-a - eu realmente te achava insuportável, você era mandona e gostava tudo do seu jeito. Aliás, uma personalidade muito parecida com a minha, mas eu não gosto de admitir isso. – sorriu. – Eu nunca pensei que pudesse formar um sentimento em vista de tudo o que já passei ao lado de Katniss e eu acreditei que durante toda a minha vida eu seria um solteiro invicto vivendo somente o amor fraternal pela minha família. Mas aí comecei a pintar você totalmente diferente da imagem que surgia anteriormente. Meu sorriso era feliz contigo e toda a piada sem graça que você fazia eu ria sem forçar, mesmo sendo simplesmente para te ver sorrir também. Meu coração covarde começou a aderir você sem ao menos eu consentir e quando já dei por mim, estava completamente apaixonado. No começo, eu neguei claro. Que homem não negaria? Odiamos amar! Só que com o tempo, o sentimento se tornou mais forte que minha teimosia e salvar você uma prioridade mais egoísta do que eu gostaria de aceitar. Eu precisava ter você comigo, entende? – suspirou. - Logo após aquela ligação, em que você disse que resolveria as coisas com Enzzo do seu jeito, eu rapidamente compreendi que houve um interesse de sua parte.

– Gale... – principiou Johanna.

– Me deixa terminar. – pediu e ela assentiu. – Por mais que meu orgulho masculino esteja gritando agora, eu sei que meu sentimento por você é mais forte que tudo isso, então estou sendo sincero quando digo que não me importo com o que quer que você tenha vivido ao lado de Enzzo. Eu quero construir um presente com você, fazê-la aprender a gostar de mim, talvez, pois sei que seu sentimento não é nem a metade do meu. Isso provavelmente é alguma sina minha, gostar de quem naturalmente não nutre um afeito por mim, mas eu...

– Gale, eu gosto de você. – dessa vez Johanna o cortou surpreendendo-o. – Não é hipotético. Eu realmente gosto de você, quando eu estava com Enzzo confesso que fiquei confusa porque ele brincou com a minha cabeça, mas se eu queria estar viva, se eu buscava me salvar era simplesmente para poder abraça-lo de novo. Eu precisava ver você novamente, nem que fosse só por mais uma vez.

Johanna sentou-se na beirada da cama hospitalar e debruçou-se suavemente sobre Gale. O peso de seu corpo era tão leve e confortante que Gale poderia querer ficar preso a aquele momento para todo o sempre. Suas testas colaram e seus narizes tocaram suavemente. Os olhos acinzentados de Gale fitavam os da Johanna com toda a expectativa e ansiedade. Lentamente, seus lábios colaram e uma corrente elétrica percorreu os corpos causando uma sensação boa de paz e carinho. Gale intensificou o beijo, levando suas mãos ao pescoço de Johanna e pedindo passagem com sua língua. Logo, eles estavam completamente envolvidos e apaixonados. Aquilo seria um começo, o primeiro passo para finalmente conquistarem uma paz e uma deixa para a felicidade entrar, sem permissão mais para sair.

Effie

2 MESES DEPOIS.

– Haymitch, eu já falei para você que precisa colocar um terno! – ela bufou ao ver que ele estava ainda de camiseta e bermuda.

– Mas boneca, eu disse que é só um jantar na casa da Katniss! – provocou.

O Prefeito havia decidido colocar esse apelido a Effie, pois na época em que a Sede era Capital, ela tinha o hábito de usar um pó intensamente branco no rosto e isso dava a aparência de boneca de porcelana. No começo, Effie simplesmente contrapôs o apelido, mas com o tempo, se tornou algo tão carinhoso que ela decidiu não implicar mais.

– Eu sei! Mas vamos nos reunir depois de todo esse tempo. – ela disse ajeitando o bojo do vestido. – Precisa ser perfeito.

Haymitch a olhou atentamente com um sorriso malicioso no rosto. Ela não precisava ser um gênio para compreender os olhos pervertidos do seu namorado.

– Acho que poderíamos deixar isso pra lá. – falou se aproximando enlaçando sua cintura. – E passarmos a noite toda na cama, o que você acha? – disse a última frase em seu ouvido beijando bem devagar seu lóbulo.

– Pare com isso. – rolou os olhos, mas não conteve o sorriso. Haymitch realmente mexia com seus nervos. – Vamos, vista esse terno.

Ver Haymitch tão à vontade e completo de uma nova personalidade a fez sorrir orgulhosa. Se há algum tempo atrás ela dissesse para si mesma que estaria vivendo um romance ao lado desse homem, jamais acreditaria. Mas agora, ele era tão seguro de si e com uma autoestima inalcançável que ela não poderia conseguir ama-lo mais. Ele tinha brilho em seus olhos, força para trabalhar e um carinho inestimável para com ela. Effie não podia estar se sentindo mais sortuda e feliz.

– O que é isso ai? – ela perguntou enquanto ele guardava algo dentro do paletó.

– Nada, na verdade. – deu de ombros indiferente. – Vamos?

Os saltos de Effie não permitia a ela dar passos largos, todo esse tempo sem suas peripécias da Capital havia a deixado um pouco desacostumada com o luxo. Então, ela agradeceu mentalmente o fato de Haymitch morar a poucos metros da casa da Katniss e por ele ter braços tão firmes a ponto de não deixa-la cair.

Pelo lado de fora, dava para ouvir algumas risadas e ela logo sorriu ao reconhecer a de Peeta. Uma felicidade emanou todo o seu ser, ao finalmente sentir que agora estava prestes a entrar em uma atmosfera de alegria e carinho.

Havia espaço para se formar uma família que mesmo não pertencendo ao mesmo sangue, os laços que haviam sido criados através de tantos problemas já compensavam todo o por menor. A força que unia-os era mais proeminente as que já formaram famílias inteiras. Aquele era um grupo de pessoas que passaram por tamanhas dificuldades e que agora finalmente poderiam ser felizes.

– Olá. – disse Haymitch ao abrir a porta.

Uma enxurrada de abraços percorreram pela sala. Salvas e carinhos para todo o lado foram distribuídos igualmente.

Peeta estava galante, com uma calça social envolta de um cinto elegante de couro e uma camiseta fina social, porém branca. Annie estava com seu bebê Finnick e embora o cansaço fosse visto através das olheiras, Annie nunca perdera sua beleza. Seus olhos profundos e intensos e seus cabelos caindo em cascata sobre o ombro, demonstravam que ela era uma das mulheres mais lindas que Effie já conheceu. Gale, estava mais despojado, com uma calça jeans escura e uma camisa polo azul, combinando e dando complemento ao cinza de seus olhos. Johanna estava vestindo uma calça preta e uma blusa de um ombro só, lilás, que caia por seu corpo delicadamente. Katniss apresentava-se com um vestido incrivelmente delicado e sensível, assim como ela, em pequenos tons de branco e cinza que combinavam com sua pele perfeita.

– Oh Katniss. – Effie disse enquanto estava agarrada a morena. – Você está tão bonita e fantástica.

Katniss olhou para ela com todo o pesar e carinho nos olhos. Mesmo após tanto sofrimento, ela conseguia expressar seus sentimentos verdadeiros e felizes, talvez ela conseguisse aprender a aceitar melhor as pessoas em sua vida.

– Eu gostaria que Cinna estivesse aqui para ver o vestido. – sorriu triste.

– Ele está minha doce querida, ele está. – disse secando a pequena lágrima que descia do delicado rosto da morena. – Vamos celebrar! Hoje é um grande, grande, grande dia.

Ambas sorriram com nostalgia pela citação e partiram abraçadas para a cozinha a fim de preparar a mesa do jantar.

. . .

– O jantar está fantástico, Peeta. – Effie elogiou e ele sorriu com as bochechas cheias. - Esse cozido está excelente, muito mais adequado que o da Capital.

– Eu utilizei um molho de laranja e acrescentei o molho madeira, acho que deu um toque especial. - respondeu orgulhoso de si.

– Oh! É esse o segredo? - os olhos de Effie tremeluziram.

– Sim. - sorriu abertamente.

– Realmente, fantástico. - falou Effie por fim.

– Obrigado. – Peeta respondeu após tomar um gole do suco.

– Bom, eu gostaria de propor um brinde. – Haymitch se levantou da cadeira esticando seu terno e sorrindo timidamente.

– À vontade, mentor. – assentiu Peeta erguendo a taça de suco.

– Gostaria de propor um brinde a nós, em primeiro lugar. Que contra todas as chances vencemos a ditadura e a opressão. Gostaria de agradecer a vocês por todo o apoio que me deram e por se tornarem parte de uma coisa grande e bela que posso chamar de família. Annie, você e sua criança sempre serão bem vindas em minha casa e na da Katniss porque nós nutrimos um sentimento muito puro por você e por tudo o que você representa. – Annie sorriu feliz, mas deixou escapar uma lágrima pelo seu rosto. – Não sei se você pretende ficar aqui conosco na Cidade 12, mas se pretender, eu ofereço a você uma vaga ao lado de Delly. Ela vai entrar a partir do mês que vem e será fantástico ter vocês duas para me auxiliar. – Haymitch deu uma pausa, virando seus olhos para Johanna e Gale. – Ao casal do momento! Que eu realmente pensei que Gale seria mais difícil de desencanar que eu. – todos gargalharam. – Katniss não ria, você é a causa de todo o caos! Mas falando sério, fico muito feliz por vocês, vejo o quão se gostam e o quão estão felizes juntos eu só posso desejar o melhor e torcer para que dure muito tempo, porque vocês merecem. Gale, você tem que se cuidar melhor porque o coração é um órgão delicado, então Johanna vê se não fica pelada por ai. – Johanna sorriu sem graça, mas todos na mesa riram em concordância. - Agora, Katniss e Peeta, os filhos que nunca tive oportunidade de ter. Vocês me deram um trabalho danado nos jogos, na Revolução e agora. Os Amantes Desafortunados do Doze! Realmente, eu tive que sambar para que vocês ficassem vivos e sorrio toda a vez que vejo vocês aqui, porque em parte, sei que isso é devido a mim. Mas francamente, eu não posso viver sem vocês me pentelhando. Simplesmente não consigo. Agora, sei que estão tranquilos e possuem um tempo para alcançar a paz no relacionamento, contudo sei que isso virá com o tempo e como os conheço sei que vão permanecer completando um ao outro, guiando a si mesmos e afastando todos os pesadelos. Peeta, você é extraordinário, tanto que teve um momento em meu passado com Katniss que revelei a ela que ela poderia viver 100 vidas e não te merecer, mas hoje retiro o que disse. Hoje sei que ela está pronta para enfrentar esse relacionamento, hoje ela está preparada para arcar com o amor e sei que você será capaz de trata-la bem, porque você é o que há de melhor nesse mundo. Puro, cavalheiro e apaixonado. E Katniss, você agora precisar cuidar do Peeta, porque se não fizer direito eu juro que roubo ele para mim. – Haymitch disse arrancando risadas fervorosas de seu pequeno público. – Effie. – ele começou virando para ela e enlaçando suas mãos. – Você é o que desperta o melhor em mim, é por você que minha vida vale a pena ser vivida e por mais que isso pareça cafona é você o motivo principal deu acordar com felicidade em meus olhos e ser. Sei que nosso passado é um pouco confuso e nós tínhamos uma amizade destoada entre amor e ódio, mas hoje sei que você é a mulher da minha vida. A pessoa que pretendo passar o resto dos meus dias ao lado, quem sonho em acordar mais cedo só para lhe levar café na cama. Você é o motivo, você é a razão e o meu tudo. Por isso eu lhe peço humildemente. – Haymitch se ajoelhou e abriu a pequena caixinha vermelha contida em seu paletó. – Sei que a gente tem algumas páginas juntos, mas quer escrever o resto da sua história comigo?

Effie não poderia dizer a sua expressão facial, mas era com certeza semelhante a uma criança muito animada após ganhar o brinquedo dos sonhos. Ela chorou sem se preocupar com as pessoas a mesa, abaixou-se para ficar na altura de Haymitch e o beijou ternamente. Ele colocou a aliança de noivado em seu anelar e eles finalmente voltaram à posição adequada.

– Sim. – ela disse ainda emocionada. – Vamos escrever o resto da nossa estória juntos.

Peeta

– Que noite, hein? – disse ele levando os pratos até a pia. – Achei incrível o pedido do Haymitch.

– Nossa, eu nunca seria capaz de imaginar que ele fosse fazer uma coisa dessas. – disse Katniss animada. – A Effie ficou tão feliz, foi tão lindo de ver.

Katniss estava com um brilho nos olhos, com a felicidade estampada em sua face delicada. Ela estava realmente completa por ver que todos estavam bem e em paz.

A morena vestia agora sua regata de dormir e uma calça de moletom, a barra de sua blusa estava umedecida pela água da pia deixando aquela região transparente e seus cabelos estavam desarrumados pelo cansaço. Ela parecia cada dia mais linda, singela e inocente.

Em pensar que a ameaça havia acabado.

– Hey, o que está refletindo? – ela perguntou arqueando a sobrancelha.

– Em como você fica linda vestida assim. – sorriu de lado com cara de apaixonado.

Katniss na mesma hora corou suas bochechas trazendo a vermelhidão subitamente.

– Oh! – ela disse sem jeito. – Eu estou de moletom, Peeta.

– Por isso mesmo. – disse se aproximando. – Você é linda de todas as formas.

E seus lábios selaram, percorrendo um calor para todos os cantos de seus membros, trazendo a felicidade e a paixão unidas em seu ser, transformando-os em apenas um só. Amando, respeitando cada limite invisível imposto, deixando-se conhecer lugares antes não conhecidos e aprendendo que agora, ambos tinham a chance de se amar sem interrupções.

– Eu amo você, Katniss Everdeen. – ele disse ainda ofegante, com os olhos azuis fitando o cinza profundo, quase se perdendo naquele nublado.

– Eu amo você, Peeta Mellark. – Katniss sorriu e seus lábios demonstraram a sinceridade e paixão plena.

Borboletas resolviam percorrer seu estômago toda a vez em que Katniss dizia aquelas palavras, era como se seu chão fosse substituído por nuvens. Ao ouvi-la pronunciar que o amava, todos os seus sonhos de quando era um pequeno menino se transformavam em realidade. Era fantástica a sensação de tê-la só para si. Finalmente.

– Ama mesmo? – ele perguntou mal contendo as batidas frenéticas do seu coração.

– Mais do que a mim mesma.


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Notas finais do capítulo

CHORARAM? SORRIRAM?
O IMPORTANTE SÃO AS EMOÇÕES QUE EU VIIIIIIIIVIIII o
HEHUEUEAHEAUHUHEA

PS: ENZZO NÃO APARECEU NESSE CAPÍTULO PORQUE EU TENHO PLANOS PARA CITA-LO NO COMEÇO DA SEGUNDA TEMPORADA! Ok? ok!

Meus amores, sei que ficou meio meloso esse final, mas o que eu posso fazer?
Sou fã de romance!
Então, eu mereço reviews? Olha lá hein, CAPRICHEM!
Quem sabe eu não resolvo aparecer mais cedo? ;)

Beijos queridos e nos vemos em breve!