Safe and Sound escrita por Aline Martins


Capítulo 26
Capítulo 26 - Enzzo


Notas iniciais do capítulo

GENTE, SEGURA O CORAÇÃO!

Eu tô apaixonada por esse capítulo, espero que vocês se apaixonem também! Estou torcendo pra não me odiarem, porque sei que vai ter gente que vai achar meio estranho :~ Por favoor, não me mateeem = kkkk

Queria dedicar esse capítulo a FabiEverdeen que lindamente recomendou a minha fic! Sério, Fabi MUITO OBRIGADA! Fiquei muito feliz! Foi ótimo ler essas palavras, me inspiraram a fazer esse capítulo. Então, esse é pra ti! s2

Amados, adoreeeeeei os reviews! Por favor, não deixem de enviar, é ótimo para me motivar e excelente para eu saber se o decorrer da história está ficando atrativo, ok?

Sem mais delongas, vamos a esse capítulo cute-cute.



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Johanna estava desmaiada em seus braços. Enzzo gentilmente tirou as amarras de suas mãos e ela despencou em seu colo, ele não conseguia ter uma reação em relação a aquilo tudo, mas sabia que Johanna estava em seu limite, ele tinha que fazer alguma coisa.

– Chama o médico, Eddard. – disse Enzzo para seu capanga.

– Senhor, eu não acho que seja uma boa ideia...

– EU TE PERGUNTEI ALGUMA COISA? EU MANDEI, AGORA VÁ. – vociferou irritado.

Enzzo pegou Johanna em seu colo e se surpreendeu com seu peso, ela era muito leve. Delicadamente deitou-a em cima de um emaranhado de edredons que havia ali, ela estava completamente empalidecida e fraca, seu corpo tremia levemente, Enzzo não entendia o porquê de ela estar passando tão mal, pensou seriamente que um de seus homens não entregou alguma refeição pra ela, ou até mesmo água. Ele se lembrou da expressão que viu em seus olhos quando ela avistou a garrafa com o líquido.

– Enzzo, eu sou formado em medicina pela Capital, eu posso ajudar. – disse um rapaz se aproximando.

– Você? – Enzzo o mediu de cima a baixo. – Se você é médico porque você entrou nessa de se aliar a mim?

– Porque assim como você, eu também não estou satisfeito com o novo modelo governamental. – disse seriamente.

– Tá bem, serve. – bufou. – Mantenha ela viva.

– Sim senhor.

– Custe o que custar, você está entendendo?

– Sim, compreendi.

. . .

O sol jazia lá fora, adentrando por uma pequena fresta da janela, o dia estava claro e o céu límpido. Enzzo sabia que deveria acordar logo, pois tinha vários assuntos para resolver, entre eles, Johanna.

Enzzo se levantou preguiçoso, ele estava vestindo somente uma cueca preta boxer, o calor daqueles dias tem sido terríveis. O rapaz tirou os lençóis de cima de seu corpo suado e praticamente desnudo se encaminhando cegamente para o banheiro, escovando os seus dentes em seguida, enquanto a banheira se enchia de água cristalina.

– Senhor, me desculpa interrompe-lo – um homem bateu a porta.

– O que houve?

– Johanna mandou avisa-lo que ela preparou o café da manhã.

– Ah sim, eu já estou descendo.

Rapidamente Enzzo saiu da banheira e pôs se a vestir uma roupa. Ele não estava compreendendo o porquê de sua pressa, nem fome ele sentia. Balançou a cabeça fortemente para se livrar de seus pensamentos.

Sua vestimenta era simples, uma calça jeans e uma regata preta. Enzzo não era muito de se importar com aparência, mas naquele dia resolveu pentear seus cabelos os deixando levemente arrepiados, como ele tinha acabado de sair do banho, os fios loiros ainda encontravam-se molhados dando uma aspecto um pouco rebelde até para ele, que tinha um rosto de homem certinho. Ele se olhou no espelho e sorriu ao ver seu reflexo, sabia que estava, em partes, impressionante.

Com os passos apressados, desceu as escadas rapidamente, não conteve o sorriso ao ver uma mesa repleta de diversificados alimentos, se perguntou há quanto tempo Johanna não deveria estar acordada para organizar tudo aquilo.

– Olha Enzzo, me desculpa, eu acho que peguei toda a comida que tinha na despensa, fazia dias que eu não comia direito. Eu exagerei? – disse Johanna rapidamente.

– Não, tá tudo bem. Só não vai ficar gorda. – riu Enzzo.

– Como se fosse possível. – murmurou Johanna.

E então Enzzo percebeu o quanto Johanna estava magra, mais magra do que aquele dia em que ela estava em seus braços, desmaiada. Ela vestia um short branco jeans, uma blusa azul celeste de um ombro só e uma sapatilha preta, mas ela não perdia sua beleza. Seus cabelos castanhos e olhos marcantes destacavam sua pele extremamente branca, seu sorriso era uma das coisas que mais encantava, mas alguma coisa em seus olhos denotava seu sofrimento, não por estar ali, mas simplesmente por ter vivido alguma situação muito dolorosa em sua vida. Talvez os Jogos Vorazes, talvez a perda de sua família, talvez a perda de um grande amor.

– Enzzo? – perguntou Johanna impaciente ficando claro que ela não havia o chamado somente uma vez.

– Desculpe, eu estava pensativo. – disse Enzzo se sentando à mesa. – Você vai aguentar comer tudo isso?

– Ah você não faz ideia da fome que eu estou. – riu Johanna.

– Por que você não começou sem mim? – questionou enquanto levava o suco de laranja em seus lábios.

– Eu não quis comer sozinha. – disse olhando para os pés.

– Mas só aqui na cozinha já vejo o Jovi, Phillip, Kiefer, Jensen, e Jonathan. – disse arqueando a sobrancelha.

– Eu não vou comer com eles! – riu Johanna. – Eles nem se mexem!

– Eles são pagos para não se moverem, contratei estátuas vivas. – sorriu Enzzo.

– É, mas bem que eles ficam me secando. – bufou enquanto fitava um deles raivosa.

– Ninguém manda você vestir roupas curtas e ousadas. – disse Enzzo a medindo.

– Isso aqui não tem nada de ousado! E outra, essas roupas são as que você me comprou.

– Ah, não fui eu. Mandei o Eddard comprar. – riu Enzzo. – Nossa esse queijo tá uma delícia. – disse enquanto arrancava um bom pedaço entre os dentes.

– Realmente. – disse Johanna mastigando. – Mas me diz como foi a sua noite?

– Quente, na verdade. – confessou. – Aquele quarto que reservei pra mim é um forno.

– Que bobo você, porque não vai para o dos fundos? Bate menos sol.

– É verdade, vou pensar nisso. – sorriu.

Johanna ria deliberadamente, com os dentes brancos a mostra e os lábios, que provavelmente continham algum gloss, brilhando sobre o reflexo claro da cozinha. Toda a vez que seus olhares se cruzavam, ambos ficavam sem fala, mas Johanna sempre tentava quebrar o que quer que estivesse acontecendo ali, ela era arredia demais e muito sensível. Sua aparência em primeira vista era de uma mulher durona, mas ele sabia que ela não deixava de ser uma menina frágil.

– Seus olhos são bipolares. – disse Enzzo para quebrar o silêncio e os estranhos olhares.

– Meus olhos são o que? – questionou ela de cabeça baixa.

– Quando eu vejo você sem luz ao redor, eles são castanhos quase pretos, mas às vezes, dependendo do reflexo, eles ficam levemente verdes, um tom de mel. Não sei. – deu de ombros enquanto tomava seu suco.

– Já me falaram isso uma vez. – disse ela chateada.

Enzzo sentiu que aquela seria uma brecha que ela havia aberto, talvez ela quisesse conversar com alguém sobre o que estava tanto a atormentando. Ele não tinha intimidade com ela, e na realidade, nem deveria se importar com seus sentimentos. Ele balançou a cabeça quando se lembrou de que ela era sua refém, sentiu uma pontada dolorida em seu peito, como um choque, um aviso de que ele estava se apegando demais. Ele decidiu se calar.

– Eu não sei pra você, mas para mim esse meu suco de laranja está fantástico! – sorriu Johanna tentando disfarçar sua tristeza.

– Sim, está. – disse ele secamente.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou.

– Não. – mentiu. - Vamos continuar o nosso café.

E assim sucedeu a manhã, ambos se alimentaram e Enzzo logo foi cuidar de seus afazeres, ele estava cogitando a possibilidade de ligar para o Gale e ver se ele ainda estava pensando no plano, se ele não havia desistido de Johanna. Se Gale desistisse, sua estratégia seria inválida e ele precisaria iniciar seu plano B. Mas, por alguns instantes, quis esquecer-se de tudo o que rodeava sua mente. Johanna não saia de seus pensamentos e preocupações, Enzzo pensou em como seu pai reagiria ao vê-lo tratando uma refém da forma que ele estava. Dando liberdade, alimento a vontade, deixando-a praticamente livre. Praticamente.

– Enzzo? – disse Johanna batendo em sua porta timidamente.

– Oi Johanna. – Enzzo sorriu.

“Eu preciso sorrir menos”

– Eu gostaria de saber se eu posso ajudar em alguma coisa na casa, qualquer coisa. Eu realmente estou entediada. – bufou.

– Você gosta de ler? – questionou Enzzo.

– Eu gosto. – ela estava olhando ao redor, dando-se conta de que aquele local era praticamente uma biblioteca. – Uau.

– Sim, aqui tem vários que gosto. – apontou Enzzo. - Eu mandei trazer da Capital, era tudo coleção do meu pai. Ele tinha vários livros que são da época dos nossos antepassados.

– E tem algum romance bom para eu ler? – disse entretida na grande estante.

– Você gosta de romance? – debochou Enzzo.

– Claro, que mulher não gosta? – perguntou como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Se você diz. – deu de ombros. – Tem um livro aqui de um autor chamado Nicholas Sparks. – Enzzo pegou um dos livros e depositou em cima da mesa. - Pelo visto ele fazia sucesso porque pelo lado de fora da capa diz que foram milhões de cópias vendidas.

– Você se pergunta como foram os nossos antepassados? – cogitou.

– Na verdade, meu pai me contava muitas histórias que os avôs dos avôs dele contavam, não sei até que ponto era verdade.

Johanna por um tempo fitou Enzzo, ponderando se faria uma pergunta ou não.

– Seu relacionamento com o Snow era muito complicado? – engoliu seco.

Enzzo avaliou se deveria ou não responder aquela questão, mas não havia nada a perder conversando com Johanna, por mais estranho que isso pudera parecer ele confiava nela.

– Era uma relação absurdamente complicada. – suspirou. – Quando eu era menor, eu era contra tudo o que ele pregava, seja politicamente ou em sua vida particular. Eu o repugnava com tudo o que existia em mim. Passou o tempo e eu sabia que não poderia lutar contra quem eu era, eu era filho do Presidente, dono de seu legado e sucessor de seu poder. Eu tinha que ser quem ele precisava que eu fosse. – deu de ombros. – Acabei gostando do que vi.

– O que mudou? – perguntou Johanna que agora se sentava de frente para Enzzo.

– Como assim?

– O que fez você mudar de ideia, o que o fez se tornar filho de Snow e de seus ideais? – Johanna estava segurando o livro de Nicholas Sparks, Um Homem de Sorte.

O rapaz empalideceu, lembrando-se de tudo o que passou ao lado de seu pai, desde as infinitas discussões, xingamentos, conotações infames e lutas físicas.

. . .

– Venha aqui seu merda! – gritou Snow.

– Você vai ter que fazer melhor que isso, pai. – Enzzo o provocou.

Snow o bateu, ou melhor, espancou. As dores de seu corpo já não eram mais sentidas, mas seu coração estava partido. Era terrível ver seu pai o esmurrar daquela maneira, o xingar de tantos nomes, o maltratar e cuspir em cima de seu corpo. Seu pai era um monstro. A única coisa que Enzzo buscara era sua aprovação.

. . .

– Eu sinceramente não sei, Johanna. – mentiu. – Mas e aí, vai ler esse livro meloso? – apontou com a cabeça em direção a suas mãos.

– É meloso? – ela sorriu tentando disfarçar sua preocupação para com Enzzo. – Eu gosto de coisas melosas por serem exatamente o oposto de mim.

– Você gosta do que é o oposto de você? Como isso é possível?

– Não sei. – deu de ombros. – Eu só gosto, acho que como nunca mais vou viver um grande amor, não custa nada eu admirar o dos outros. – Johanna corou rapidamente assim que se deu conta do que havia dito. – Olha, Enzzo, me desculpa, eu não quero me abrir com você. – sorriu timidamente ainda corada.

– Não, que isso. – Enzzo ficou surpreso. – Posso te fazer uma pergunta?

– Eu tenho escolha?

– Não. – sorriu.

– Ok, faça.

– Por que você acha que não vai amar mais? – perguntou incerto.

Johanna confessadamente ficou incomodada com aquela pergunta, dava para ver em seus olhos marejados que existia uma dor muito profunda quando se tratava desse assunto, Enzzo não sabia se tocava nela a fim de amenizar sua dor, ou se somente se aproximava. Incerto, decidiu fazer os dois, puxou sua cadeira para mais perto e encostou em suas mãos. Johanna, por um segundo, retraiu ao seu toque mas depois deixou que suas mãos se encontrassem.

– Me desculpa. – disse com umas lágrimas descendo pelo seu rosto. – Eu realmente não deveria chorar ou falar sobre isso, é complicado.

– Não Johanna, eu já entendi. Não precisa falar nada. – Enzzo não estava acostumado com aquele tipo de situação, uma mulher chorando em sua frente. Nunca foi de se envolver por mais de um dia como mulher, portanto, nunca teve amigas ou namoradas, ele sempre foi sozinho. – Mas se precisar conversar, eu estou aqui.

“Será que eu estou indo pelo caminho certo? Eu sou uma droga como conselheiro.”

– Na verdade, eu quero falar sobre isso. – disse Johanna secando as lágrimas. – Você se abriu em relação ao seu pai, eu não tenho o direito de esconder meus problemas.

– Eu não me abri. – arqueou as sobrancelhas. – Não completamente. – sorriu tímido.

– É, eu sei. – suas mãos ainda permaneciam juntas. – Mas eu quero que você confie em mim.

– Eu não posso confiar em você. – mentiu Enzzo, pois sabia que já confiava. – Você é minha refém.

– Posso ser sua refém amiga? – sorriu de lado.

– Não, Johanna. – disse duramente. – Eu não posso cogitar isso.

– E por que não? – perguntou.

– Porque se eu precisar te machucar, eu não posso hesitar. – disse simplesmente.

– Você não vai conseguir me machucar.

Por um momento, Enzzo sentiu uma leve dor em seu corpo, como se tivesse levado um soco muito forte no estômago. Pensar em Johanna machucada, era absolutamente inaceitável.

– É verdade. – admitiu. - Mas eu ainda sigo o meu plano. Torce pro seu amorzinho Gale conseguir a presidência pra mim.

– Você e esse plano. – revirou os olhos.

– Vai dar certo. – disse impositivo. – Não duvide.

– Eu não duvido, Enzzo. Eu só acho bobagem.

– Tá bem, você deu a sua opinião. – sorriu. – E agora? Não vai me contar sua triste história?

Ela ponderou por um tempo, olhou ao redor os livros da sala a fim de ganhar tempo. A angústia voltou a reinar em seus olhos, mas dessa vez ela não oscilou em iniciar a conversa.

– Eu tinha um relacionamento com um rapaz muito bom, o nome dele era Patrick. Ele era gentil, carinhoso e muito doce. Tinha cabelos negros e olhos verdes, era mais alto que eu e era a sensação de toda a escola. – sorriu. – Nem eu mesma acreditava que ele me dava bola, quer dizer, eu não era páreo para sua beleza. Bom, nós estávamos felizes e tinha tudo pra dar certo, éramos um pouco mais jovens, mas já tínhamos muitos planos. – suspirou Johanna com lágrimas nos olhos. – Um dia saímos para trabalhar, cortar lenha, na verdade, e um pacificador começou a implicar comigo. – Johanna apertou fortemente as mãos de Enzzo. - Patrick acabou se intrometendo e isso custou sua vida.

– Johanna... eu... não... – Enzo estava sem palavras.

– Você não poderia imaginar, né? – ela sorriu triste. – Sei que parece bobagem, era um amor pré-adolescente, mas eu o amava, sabe? Ele foi o meu primeiro amor, a pessoa que eu contava segredos. Tínhamos tantos planos. – inspirou. - Por que você foi me deixar, Patrick? – ela perguntou olhando para o teto.

Agora suas lágrimas caiam densamente, sem pausa para ela conseguir respirar. Ela soluçava e Enzzo não sabia que atitude tomar. Em seu impulso, inclinou-se para frente, secou as lágrimas do rosto de Johanna, mas sem sucesso, porque elas não iriam parar tão cedo. Seus braços envolveram suas costas e ele apoiou seu rosto no pescoço de Johanna. Aquela ação a fez chorar ainda mais, mas ela não recuou. Também se inclinou para abraça-lo, e dessa vez, ambos estavam sem fala, envolvidos em um doloroso sentimento, mas juntos. Enzzo não parava de perguntar para o seu coração porque tamanha palpitação, ele nunca havia sentido isso antes, ele nunca havia tido um contato tão íntimo com alguém, nunca havia falado sobre o assunto que mais o incomodava, seu pai, nunca ouvira dores tão profundas e nunca sentiu que os problemas e mágoas de uma pessoa, pudessem ser transferidos tão facilmente para seu corpo. Enzzo pôde sentir toda a dor de Johanna, toda a agonia, ele queria chorar junto com ela, mas não ia, ele tinha que se forte para que ela pudesse ser forte também. Enzzo se assustou quando percebeu o quanto amolecia ao lado daquela mulher.

Aos poucos Johanna foi se desvencilhando do abraço, dando um pequeno espaço entre seus corpos. Ela se inclinou e o beijou suavemente na bochecha.

– Obrigada. – disse baixinho logo dobrando seu corpo para sentir o calor de seu abraço novamente.


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Notas finais do capítulo

Awnti *-*
Pessoal, aguardo as reviews!
Beijos e até o próximo :D