POV Katniss

–Vamos para a enfermaria Kat.-Diz Clove me puxando, com Annie logo atrás.

–Ok.-Respondo. A enfermaria é só uma pequena sala toda branca com uma parede beje , tem uma tv, uma maca, uma pia e um armário de remédios. A enfermeira uma mulher de cabelos e olhos castanhos, uma expressão cansada e ficava murmurando que não gosta de cuidar de adolescentes idiotas que brigavam.

–Você e o Peeta voltaram?-Perguntou Clove enquanto passava um algodão com remédio no meu braço.

–Eu acho que sim.-Respondeu Annie com um sorriso.

–Não, nós não voltamos, eu ainda não o perdoei, ele só ficou comigo quando me senti sozinha.-Respondo, o sorriso da Annie some e a Clove dá de ombros.

–Mas você gosta dele não é Kat?-Pergunta Annie.

–Como posso explicar, eu gosto do beijo dele e temos que admitir que o Peeta é muito gostoso, mas tipo amor mesmo, eu não sinto e nem acredito.-Falo, as duas pareceram chocadas e Peeta entra batendo a porta com força.

–É isso que você não sente nada por mim?-Ele parece com medo.

–Sim.-Respondo, pulando para fora da maca, Clove e Annie estão nos olhando assustadas no canto.

–E as coisas que falamos ontem e hoje!

–Entenda eu passei por muita coisa fiquei fraca e disse o que não devia, mas eu continuo a mesma e você também.-Todos pareceram chocados e eu continuei como antes.

–Eu vou mudar.-Ele falou sério.

–Prove.-Rebati saindo.

Entrei na segunda aula, todos ficaram me encarando, mas isso acontece todo dia já me acostumei. Mad entrou na terceira aula acompanhada pelo diretor.

–Senhorita Everdeen, na minha sala agora.-Disse o velho.

–Se ferrou.-Falou Mad baixinho ao meu lado.

–Já se olhou no espelho?-Perguntei, estamos no corredor indo para a diretoria.

–Não porque?-Disse confusa.

–Olhe e veja quem realmente se ferrou.-Respondi sorrindo, ela congelou no lugar e eu gargalhei alto, quando a vi correr para o banheiro.

–Onde está a senhorita Undersee?-Perguntou o diretor, eu dei de ombros.

–Não sei.-Ele pediu para eu me sentar na cadeira a sua frente e Madge chegou correndo.

–Desculpa o atraso diretor.-Falou sentando na cadeira ao meu lado e me olhando com ódio.

–Tudo bem, agora me contem o que aconteceu.

–Ela me bateu!-Gritou Mad apontando para mim, eu tampei os ouvidos.

–Fala baixo garota, não é porque você é surda que eu também tenho que ficar.-Falei, os dois me olharam feio.

–Isso é verdade senhorita Everdeen?-Perguntou o velho Snow.

–Sim, ela me deu um tapa e na hora que ela encostou em mim me deu o direito de fazer o mesmo.

–Você bateu nela primeiro Undersee?

–Err...Sim, mas a Katniss me machucou mais.-Respondeu fazendo bico e uma carinha de anjo, eu bufei.

–A culpa não é minha, se você quer bater tem que aprender a levar.-Respondi, Mad me deu língua e eu mostrei o dedo do meio para ela.

–O que é isso Everdeen!-Disse o diretor com raiva.

–Pergunta para Madge ela usa muito.-O diretor segurou a risada da cara que a Mad fez.

–Eu não preciso.

–É mesmo esqueci que você fica com um cara novo toda noite.-Falei.

–Vamos voltar ao assunto diretor.-Disse Mad visivelmente irritada.

–Vocês duas estão de castigo, Undersee vai lavar a louça por uma semana e Everdeen vai cuidar da biblioteca.

–Ok, posso ir?-Perguntei.

–Pode.-Respondeu o diretor.

–Eu não vou lavar louças!-Gritou Mad, escandalosa como sempre.

–É isso ou vai limpar o banheiro masculino.-O diretor também está irritado com ela.

–Tá bom.-Mad bufa e vai embora.

Quando saímos da diretoria eu começo a rir alto.

–Esta rindo do que ? Sua sem sal.

–De você.-Respondo ainda rindo.

–Tenho cara de palhaça por acaso?-Ela fez uma pergunta retórica mas respondi mesmo assim.

–Com essa maquiagem-Falei apontando para o rosto dela.-Os palhaços com certeza tem inveja de você.

Ela bate o pé, bufa e vai embora. Eu nem vou para sala em dez minutos o sinal vai bater, pego um suco no refeitório e fico sentada ouvindo música até as pessoas apareceram.

–Oi Kat.-Fala Annie, eu aceno como resposta e ela se senta ao meu lado, depois aparece, Clove, Gale, Fin, Cato e Peeta. Continuo ouvindo música.

–Katniss Everdeen!-Diz alguém bem perto de mim, abro os olhos e levo um susto.

–Kate, o que faz aqui?-Perguntei, ela é minha assessora e amiga, Kate tem 24 anos e é um gênio, tem o cabelo castanho que vão até o meio das costas, olhos cor de chocolate e um corpo perfeito.

–Você não atende a droga do celular, tive que vir aqui te procurar.-Fala, eu dou um abraço nela.

–Vai ficar?

–Só por uns dias.

–Legal.-Todos da mesa estão nos olhando, apresento a Kate a cada um, mas Gale ficou babando a garota, até a chamou para sair e ela que não é boba aceitou. O sinal bateu e eu fui ao banheiro, estava passando no corredor quando alguém segurou meu braço.

–Me solta Cato.-Falei.

–Vem comigo.-Ele disse com urgência.

–O que ouve?-Perguntei assustada.

–A Peeta desmaiou.

Gelei, quando recuperei os sentidos saí correndo atrás dele, fomos para uma parte afastada da escola.

–Onde ele...-Eu não terminei, ele me colocou (jogou) contra a parede e tentou me beijar.

–Cato pára.

–Não.-Ele parecia um louco, eu tentei bater nele, mas Cato é bem mais forte que eu.

–ME LARGA!-Gritei e ele me beijou e eu fiquei parada, até que ele não estava mais em cima de mim, ele e Peeta estão rolando no chão. Eu tiro Peeta de cima de Cato.

–Qual o seu problema?-Gritei para Cato, um filete de sangue saia da sua boca e ele sorriu, dei um chute na parte mais sensível dele que caiu no chão e levei Peeta para longe.

–Você esta bem?-Perguntei, estamos no refeitório.

–Sim e você?-Ele não estava machucado como Cato, só com o rosto um pouco vermelho.

–Estou, obrigada.-Falei, ele deu um sorriso torto de tirar o fôlego.

–Vamos para a sala?-Perguntei.

–Claro, mas o que o Cato te falou para te levar até lá?-Prendi a respiração.

–Falou que a Annie tinha desmaiado.-Respondi, me mantendo fria.

–Ok.

–Como você sabia que eu não fui por conta própria?-Perguntei quando já estávamos na porta da sala.

–Eu te conheço muito bem.-Ele abre a porta para mim. O resto das aulas passam rápido, eu fiquei tentando prestar atenção na matéria.

Quando bateu o sinal da saída, fomos todos embora, Kate vai sair com Gale. Fui direto para casa, hoje vai ser um dia muito solitário, Annie vai ficar com Fin, Rue foi dormir na casa de uma amiga e Logan está gravando um comercial em Santa Mônica.

Peguei meu violão e fiquei tocando uma música da Avril Lavigne, Everybody Hurts, que combina muito comigo.

Everybody Hurts (Todos Se Magoam)

Don't know, don't know if I can do this on my own (Não sei, não sei se eu posso fazer isso sozinho)

Why do you have to leave me? (Por que você tem que me deixar?)

It seems, I'm losing something deep inside of me (Parece que eu estou perdendo alguma coisa dentro de mim)

Hold on, on to me (Segure-se, em mim)

Now I see (Agora eu vejo)

Now I see (Agora eu vejo)

Everybody hurts some days (Todo mundo se machuca em alguns dias)

It's ok to be afraid (Não tem problema ter medo)

Everybody hurts(Todo mundo se machuca)

Everybody screams(Todo mundo grita)

Everybody feels this way (Todo mundo se sente assim)

And it's ok(E não tem problema)

It's ok (Não tem problema)

It feels like nothing really matters anymore (Parece que nada realmente importa mais)

When you're gone (Quando você vai embora)

I can't breathe (Eu não posso respirar)

And I know you never meant to make me feel this way (E eu sei que você nunca quis me fazer sentir desse jeito)

This can't be happening (Isso não pode estar acontecendo)

Don't know, don't know if I can do this on my own (Não sei, não sei se eu posso fazer isso sozinho)

Why do you have to leave me? (Por que você tem que me deixar?)

It seems, I'm losing something deep inside of me (Parece que eu estou perdendo alguma coisa dentro de mim)

Hold on, on to me (Segure-se, em mim)

Now I see (Agora eu vejo)

Now I see (Agora eu vejo)

Guardo o violão e vou dormir, é cedo, mas não tenho nada pra fazer. Acordo com o toque do meu celular.

–Alô?

–Katniss.–É a voz da minha mãe e ela está chorando.

–O que aconteceu?-Pergunto esfregando os olhos e vendo as horas, já são dez da noite.

–É a Prim, ela...–E começou a chorar.

–Clara, calma, me fala o que aconteceu com a Prim?

–Ela sofreu um acidente de carro, estamos no mesmo hospital que a Greasy.

–Estou indo aí.

–Ela precisa de você.–Minha mãe fala antes que eu desligue. Corro para o meu carro e chego no hospital rápido, hoje não teve muito transito.

–Katniss.-Grita minha mãe e abraçando forte, até me assustei com o gesto, ela quase nunca me abraça.

–O que querem de mim?-Perguntei seca.

–A Prim perdeu muito sangue e só o seu é compatível.-Falou meu pai.

–Onde eu posso doar?-Minha mãe já me soltou e agarrou meu pai.

–Por aqui.-Falou um médico, só agora que eu percebi que ele estava ali. Fomos a uma sala, ele colocou uma agulha no meu braço, odeio agulhas e depois de um tempo retirou com um saquinho o meu sangue, a enfermeira me deu uns biscoitos e um suco de caixinha, fiquei na sala de espera com meus pais, que ficavam andando de um lado para o outro de tanto nervosismo.

–Parem de andar, vão fazer um buraco no chão!-Falei, eles me olharam assustados mas sentaram, um tempo depois o doutor chegou.

–Everdeens?-Nem levantei os olhos, continuei mexendo no celular e meu pai respondeu:

–Sim, como a menina está?

–Ela está bem, não terá sequelas e em alguns minutos deve acordar.-Meus pais suspiram aliviados e o doutor foi embora.

–Acho que eu já vou.-Falei me levantando.

–A Prim vai querer te ver Kat.-Diz minha mãe, eu ri alto.

–Acredite eu sou a última pessoa que ela quer ver, mas ok.-Me sentei, o médico chegou meia hora depois e me levou para o quarto da Prim, que era igual ao da Greasy.

–Onde estão meus pais?-Pergunta Prim tentando me intimidar, mas ela não dá medo em ninguém, principalmente com soro no braço, camisola de hospital, curativos nas pernas e cabeça.

–Vim ver se meu sangue se adaptou bem a você.-Falei me sentando na cadeira perto dela.

–Que nojo, vou tomar banho de água sanitária.-Ri da cara dela.

–Porque você me odeia?-Perguntei olhando dentro de seus olhos azuis.

–Ódio é uma palavra muito forte, só não gosto de você.-Respondeu direta.

–Porque?

–Você sempre teve tudo que eu queria, era a mais velha, ia a premiações, festas, conhecia gente legal, canta, é emocionalmente forte e o único garoto que eu gostei e gosto só tem olhos para você.

–Nossos pais só davam atenção a você!

–Agora, antes era você, eu tive que falar para a mamãe que queria ser igual a ela e te mandar para longe do papai, assim os dois só olhavam para a mim, a Valentina nasceu e não me atrapalhou.

–Vou embora, mas eu também não te odeio, só não quero respirar o mesmo ar que você e se ficasse aleijada não me importaria.-Disse para ela com um sorriso sarcástico

–O sentimento é reciproco.-Falou sorrindo como eu.

–E saiba que se machucar algum amigo meu ou se meter na minha vida de novo, faço você perder a mobilidade de alguns membros.-Apoiei a mão na perna dela, que mordeu os lábios de dor, meu rosto está refletido nos olhos dela, os meus que antes eram cinzentos agora estão quase pretos.

–Isso é uma ameaça?-Perguntou com dor, mas ainda sarcástica.

–Um aviso.-Solto a perna dela, que suspira de alivio e vou embora, ainda tenho que falar com a Annie e a Rue sobre a Greasy.

Passo direto pelos meus pais e vou para casa. Abro a porta do apartamento e tomo um susto.

–O que você faz aqui?-Perguntei colocando a mão no coração que está muito acelerado.