Despertada de meus devaneios, eu visualizei meus arredores. E só então notei alguém me olhando. Não se via muito, só seus olhos azul cobalto. Era alto, e humano. Um homem, sem dúvidas.

– Quem é você? – Perguntei.

– Ross. Ross Vannhouter. Ou, para você, somente Ross. – O garoto respondeu. Ele sorriu, e pude ver o branco de seus dentes brilharem na escuridão da noite.

– Vannhouter. Sobrenome esquisito, não? – Soltei um risadinha.

– Diga isso aos meus pais. Eu preferia algo como Johnson, mas eles queriam que eu fosse estranho mesmo. Então, o que a dama faz aqui?

Dei de ombros.

– Estou acampando. Sabe, não é muito legal sair de casa e ficar zanzando pelas ruas, mas é a única coisa que posso fazer. Voltar para casa está fora de cogitação.

– Hum. Então você ainda não sabe o que é?

– Como assim?

– Deixe-me explicar uma coisa. Você, garota, é uma arma letal e perigosa, mas ao mesmo tempo preciosa. Você é filha de um deus grego. Não me faça perguntas sobre eles porque garanto que você já estudou História na escola. E, neste caso, nós dois somos dois semideuses ou meios-sangues, como você queira dizer. Eu não sou tão perigoso como você porque sou apenas um filho de Afrodite, o que eu acho uma idiotice porque odeio minha mãe e não sou... Como é a palavra? Ah esqueci, como os filhos de Afrodite em geral. Entendeu?

Eu tentei entender as entrelinhas. Deuses? Arma letal e perigosa? Do que aquele sujeito estava falando?

Hum, filho de Afrodite? Era por isso que ele era tão... Atraente?

– Então eu sou filha da própria... Morte? – Perguntei, ainda confusa.

– Sim. - Respondeu Ross.

– E eu posso, tipo, matar as pessoas? Inclusive você?

– Temo que sim, mas não é preciso. Venha Anna, tenho tantas coisas a lhe ensinar. - Ross me lançou um sorriso perverso e estendeu sua mão. Segurei sua mão e seguimos em direção à escuridão.

[...]