Por toda a minha vida escrita por Elle Targaryen


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas... obrigada pra quem continua firme e forte acompanhando a fic. Eu vejo o número de acompanhamentos e visualizações crescer e isso é muito legal, obrigada pra quem acompanha, pra quem favoritou, pra quem deixa comentário, pra quem só leu o resumo.. enfim, valeu mesmo!



boa leitura!



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–Vamos levá-la pro meu quarto sem fazer barulho. – Neal decide enquanto tentam fazer Emma passar pelo vão da porta de entrada. Ela estava relutante, não dizia o porquê, mas não queria entrar na mansão Mills. 'Qualquer lugar, menos aquela casa', era o que tentava dizer, mas seus amigos ouviam apenas palavras incompletas. A garota estava bêbada e com o corpo todo dolorido, não conseguia andar direito com o tornozelo torcido, o corte em seu braço direito ardia, sujo de areia. Neal, Ruby e Mulan carregavam Emma da melhor maneira que podiam tentando não fazer barulho.

– Tem certeza que a senhorita Mills está dormindo? – Ruby pergunta apreensiva. O que menos precisava naquele momento era ser pega na casa da diretora entrando escondida com Emma completamente bêbada no ombro.

– Tenho, ela dorme cedo mesmo nos finais de semana. - Responde Neal tentando acalmar a amiga.

– E por que vamos levar Emma pro seu quarto? Por que não pro quarto de hóspedes, tenho certeza que aqui tem vários disponíveis. – Mulan pergunta cochichando num tom autoritário enquanto apoiava Emma em seu ombro escada acima.

– Qual é, Mulan..., não sou nenhum tarado aproveitador! – O garoto reclama. - Pra chegarmos aos quartos de hóspedes teremos de passar em frente ao quarto da Regina que fica no meio do corredor, Emma está bêbada, se ela resolve fazer barulho e Regina nos pega não quero imaginar o que aconteceria comigo.

– E o que você pretende fazer, esconder Emma no seu quarto até amanha de manhã? - Pergunta Ruby.

– Exatamente! Depois, quando Regina e Henry saírem, eu a deixo em casa. Ela só precisa ficar quieta até lá. - Mulan olhava para o garoto com uma expressão de repreensão. Ela queria ter levado Emma pra sua casa, mas já havia aprontado tanto no ano anterior. Depois de tantas promessas que havia feito aos pais pra não ir parar num colégio interno do outro lado do mundo, resolveu não arriscar.

– Vocês precisam dar um banho nela. - Disse Neal assim que chegaram ao quarto. - Ali é o banheiro - Apontou para uma porta azul - Vou pegar um pijama e uma toalha e algo para comer, já volto! - Sai do quarto pisando leve pela casa.

– Ok, Emma, nós vamos ver você pelada, mas é por uma boa causa, provavelmente nem vai lembrar disso amanhã, ou vai.. Tanto faz. - Diz Ruby.

Retiraram a roupa cheia de areia da loira e abrem o chuveiro com água fria em sua cabeça. Emma não formulava frases coerentes, chamava por Regina e depois falava em ódio: - não, não, não, Regina não, ódio, música, dor. - Era o que Ruby e Mulan conseguiam entender.

Alguns minutos em baixo do chuveiro e Emma já parecia um pouco melhor. Estava calada, meio zonza quando percebe que está sem roupa nenhuma e pede algo para se cobrir enquanto reclama, também, por estar sem óculos.

– Graças, ela está melhorando! - Mulan diz aliviada.

Neal esperava do lado de fora do quarto. Havia deixado toalha e um pijama seu em cima da cama além de uma xícara com chocolate quente no criado mudo. Ruby e Mulan secaram a loira, vestiram e a fizeram beber o chocolate. Neal finalmente entrou no quarto. Estavam todos olhando pra Emma que usava o óculos torto no rosto, ao menos isso os amigos lembraram de pegar antes de saírem da praia.

– O que vocês estão olhando? Nunca viram uma pessoa bêbada na vida? – Emma comenta irritada.

– Não é isso Emma. Aquela cena toda na praia nos deixou chocados, você precisa ver como deixou o rosto da Tamara - Os três não conseguiram evitar os risos. Emma sorriu também dizendo: - Ótimo, agora será que alguém tem remédio pra dor?

***

Naquela noite Regina havia se recolhido cedo. Tinha o hábito de ir pro seu quarto, ligar o abajur que ficava ao lado da cama, pegar um livro e ler até cair no sono. Mas naquela noite algo parecia diferente, a morena não conseguia concentrar na leitura. As palavras que Emma lhe dirigira naquela tarde ainda ecoavam em sua cabeça: 'Você não precisa jogar mais cimento nesse muro, Regina. Ele já está firme o suficiente'. Teria ela sido dura demais com a garota? Afinal, ela só estava aplaudindo, não parecia uma atitude sarcástica; ela era intrometida mesmo, parecia ser de sua natureza, não podia culpá-la pela dor que sentia e tentava em vão descontar nas teclas do piano. Olhou pra poltrona preta quase em frente a sua cama, a jaqueta vermelha estava lá. Regina sorriu pra ela, levantou-se em direção a poltrona, pegou a jaqueta, passou a mão pela gola e devagar levou até o nariz, sim..., aquele devia ser o cheiro de Emma, canela e baunilha, era gostoso, pensava Regina. De repente um ruído chamou sua atenção. – risos - Pensou. Será que Neal trouxe alguém pro seu quarto? Regina revirou os olhos. Deixou os óculos na cabeceira da cama, pôs um robe de ceda vinho por cima da camisola, amarrou de qualquer jeito à cintura e saiu do quarto em passos leves em direção ao quarto do irmão.

– Ótimo, agora será que alguém tem remédio pra dor?

– Eu tenho, Swan! - Diz Regina com uma voz dura. Estava parada no vão da porta do quarto de Neal, olhando pros quatro com um ar de repreensão mortal. Assim que ouviram a voz da morena os quatro olharam pra ela assustados.

– Três garotas de uma vez, Neal? É sério isso? Você acha que essa casa é um bordel pra onde você pode levar seus “casinhos”? O que você pensa que está fazendo garoto? – Regina diz sem se mover do lugar.

– S-Senhorita M-Mills.... A-Acontec...

– Pare de gaguejar garota patética, não estou falando com você. - Diz secante para Ruby que tentava formular alguma frase para defender Neal. - Eu perguntei pra você garoto! - As três garotas olhavam para o chão sem falar mais nenhuma palavra.

– Emma sofreu um pequeno acidente na praia e ela está mal então resolvi trazê-la pra cá pra cuidarmos dela.

– Neal, você é burro? Isso aqui é uma casa e não uma enfermaria. Leva Swan daqui agora! E vocês duas, - Vira-se para Ruby e Mulan que estavam estáticas olhando os próprios pés. - Ainda estão aqui? O caminho da saída é o mesmo por onde entraram, vão! - Sem falar nem mais uma palavra as duas se despediram de Emma e Neal e saíram antes de serem fulminadas pelo olhar de Regina.

– A culpa foi minha. - Emma começou a falar- Neal ia me levar pro hospital mas não deixei. Também não queria ir pra casa. Não queria enfrentar meus pais agora, não estava em condições. Não se preocupe Re- senhorita Mills, eu já vou embora. Obrigada por tudo Neal e desculpa. - A loira tentou levantar, ficou em pé, mas o tornozelo doía demais, Neal a segurou sentando- lhe de volta na cama.

Regina olhava a cena com impaciência.

– Leva ela pro quarto de hóspedes. - Ordenou ao garoto.

– Como? - Perguntou.

Regina respirou impaciente - Falei pra levá-la pro quarto de hóspedes, além de burro é surdo?

– Eu não quero, vou embora! Não quero ficar aqui, me leva pra casa Neal! – Emma pede com a voz firme deixando o garoto estático e sem saber a quem obedecer.

– Deixa de ser idiota, Swan... Você mal consegue andar e está toda machucada, leva ela pro quarto, agora! – Regina ordena com a voz ainda mais firme que a anterior.

–Desculpa Emma, não quero contrariá-la e acho que ficar aqui vai ser melhor pra você. - O garoto passou o braço pela cintura de Emma e a ajudou a caminhar devagar até o quarto de hóspedes. Chegando lá sentou a loira na cama e sorriu de forma tímida.

– Agora vai pro seu quarto, você está de castigo até ..., Até quando eu decidir! – Regina fala de forma segura parada na porta.

–Mas... - Ia argumentar, mas Regina o interrompeu.- Não tem mas, nem meio mas..., vai me obedecer ou prefere obedecer ao sei pai?

Neal entendeu a ameaça, virou- se e antes de sair da porta:

– Ela está machucada, tem um corte feio no braço direito, além do tornozelo. Fica bem Emma. Boa noite. – E sai cabisbaixo.

Regina olhou pra Emma sentada na cama.

– Não durma! - Ordena pra loira e sai do quarto apressada.

Voltou uns minutos depois com um quite de primeiros socorros, um gel para lesões e um chá quente.

– Gosta de canela? - Pergunta oferecendo- lhe uma xícara de chá. Emma não responde, apenas aceita e começou a tomar o chá enquanto a morena arrasta um banco para perto da cama e senta-se de frente para a garota.

–Posso? - Pergunta levando as mãos ao pé da loira. - Emma apenas levanta os ombros assentindo.

Regina põe o tornozelo de Emma em cima de suas coxas e começa a massageá-lo com o gel delicadamente. Emma faz algumas caretas enquanto a morena diz:

– Não quebrou, nem saiu nada do lugar, só está inchado. Vou enfaixar e por uma tornozeleira, mas seria bom que amanhã você fosse ao hospital pra enfaixar isso direito.

O silêncio cai sobre as duas. Emma tentava parecer indiferente, mas por dentro um turbilhão de sentimentos subia de seu pé, passava como uma descarga elétrica por todo seu corpo e chegava ao coração fazendo-o bater cada vez mais depressa.

Regina enfaixava o tornozelo da loira quando resolve falar:

–Então... - Levanta os olhos na direção das íris esmeralda de Emma: - Isso não foi um acidente, não é? Com quem você brigou?

– Interessante! - Diz Emma.

– O que é interessante, Swan?

– Você está perguntando ao invés de apenas me chamar de rude e sem educação sem ao menos saber o meu lado da história. Nunca imaginei que faria algo assim. - Regina sorri terminando de enfaixar o tornozelo, coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e depois desce o pé de Emma de suas coxas.

– Se você não quiser contar tudo bem. - Sua voz não estava rude, estava calma, branda. Regina podia ver uma interrogação gigante pairando em cima da cabeça de Emma, a loira não devia entender o porquê daquilo. “Ela realmente deve pensar que sou um monstro”, pensa.

Emma abaixa os olhos e depois os levanta. Regina podia ver o quanto a garota se sentia pra baixo. O normal ar de petulância da loira estava lavado. Emma respira fundo embaixo dos óculos tortos:

– Nós estávamos na praia, cantando, dançando...

– Bebendo. – Regina interrompe.

– Sim. - Não negou - Bebendo. Então uma garota maluca surgiu do nada e me deu uma tapa muito forte. Não sou obrigada aceitar isso, eu não tinha feito nada, então... Parti pra cima dela. – Confessa soltando todo o ar pela boca.

– Me mostra o ombro. – Regina diz levantando do banco pra olhar o braço de Emma. A loira levanta a manga do pijama.

– Está feio. Mas você vai sobreviver. – Diz enquanto Emma abre um sorriso tímido.

– Essa garota, deve ser a Tamara, certo? – A morena pergunta.

– Acho que sim. – Emma responde fazendo uma careta enquanto Regina passa algo em seu corte.

– Ela é ex-namorada do Neal. Eles terminaram ano passado e ela não aceita isso até hoje. Arranja confusão com qualquer garota que chegue perto demais dele.

O silencio se faz presente novamente.

– Você chegou perto demais dele, Swan? – Regina pergunta curiosa com seus olhos castanhos em direção aos de Emma.

– Eu o beijei. – Responde de forma seca.

– Você o quê? – Regina pergunta surpresa apertando um pouco mais o braço de Emma.

– Ai, cuidado com isso aí! – A garota reclama.

–Desculpa. – A morena pede. – Me distraí por um instante.

– Eu o beijei. Emma continua -, e ainda não sei como lidar com isso, não tinha pensado nisso até agora. Neal é meu melhor amigo, não quero magoá-lo.

– Então por que você o beijou? - Emma não responde.

Regina termina o curativo em seu braço. Senta de novo no banco, dessa vez o arrastara pra ainda mais perto de Emma. Olha o rosto da menina com atenção. O contorno lateral, o queixo, as bochechas, a pele, a boca... “O que é isso Regina? Não se distraia”, diz para si.

– Posso? - Pergunta levando suas mãos ao queixo de Emma. - A loira apenas balança a cabeça em concordância e vira o rosto para que a morena visse melhor o corte.

– É superficial, nem vai fazer cicatriz. No braço talvez faça porque é um pouco mais fundo. - Diz com o rosto muito próximo do de Emma após analisar o ferimento.

– Como você sabe de tudo isso? – A loira pergunta intrigada.

– Eu tenho um filho de 12 anos e comando uma escola. Constantemente vejo esse tipo de coisa e tenho que lidar com briguinhas por namorado como essa em que você se meteu. Vocês crianças conseguem se machucar e se restaurar com uma facilidade incrível.

Emma vira o pescoço. Leva sua mão até a mão da morena que estava em seu rosto fazendo com que ela parasse. Olha fundo nos seus olhos castanhos e diz calmamente:

– Neal não é meu namorado e eu não sou criança, Regina.

Seguraram o olhar por mais tempo que podiam calcular. Apesar da voz calma, Emma olhava séria para Regina. A morena sentia sua respiração ofegar. Tentava fazer com que Emma não percebesse, mas estava nervosa, não esperava uma atitude assim da garota. Olhava pra sua íris cor de mar e mil pensamentos passavam pela sua cabeça. Não conseguia capturar nenhum. Sabia apenas que estavam numa proximidade perigosa demais. Sentia um cheiro de canela e baunilha que embriagava seus sentidos. Quão estranha aquela situação lhe parecia? Solta o ar que estava segurando e quebra o contato visual. Retira a mão debaixo da mão de Emma.

– Me deixa terminar logo esse curativo, estou com sono, Swan. Não tenho todo o tempo do mundo! - A morena faz tudo rapidamente. Pega a bolsa de primeiro socorros, levantou-se e vai à porta do quarto enquanto a garota se acomodava na cama. Da porta Regina olhava para ela e puxa o ar tentando preencher seus pulmões por completo:

– Boa noite, Emma! - Apaga a luz e fecha a porta atrás de si sem dar tempo para que a loira possa responder.

***

Nenhuma das duas conseguiu dormir direito naquela noite. Ambas se perguntavam o que tinha acontecido naquele momento.

No quarto de hóspedes a loira sentia dor. Todo seu corpo doía. Podia até dizer que as pontas de seus cabelos doíam mesmo isso sendo algo impossível. Estava deitada olhando para o teto. não conseguia fechar os olhos sem lembrar-se dela:

'Por que ela estava tão amável? Estava sentindo culpa pela grosseria de hoje à tarde? Será que finalmente entendeu que eu não fiz nada de errado? Seu olhar..., tão protetor, tão amável. Seus cabelos caindo no rosto enquanto massageava meu tornozelo, suas mãos macias, meu pé em cima de suas coxas. Por que ela usava uma camisola tão curta? Dava pra ver o colo, o decote, tinha amarrado o robe de qualquer jeito a ponto de lhe cair aos ombros de vez em quando. Tinha a pele quente, macia, convidativa como uma fruta madura pronta pra ser apanhada, mordida delicadamente, degustada..., essa é a palavra. Regina é uma mulher pra ser degustada. Seu rosto tão perto do meu, aqueles olhos tão próximos...; poderia jurar que ela sentiu algo...

Emma fecha os olhos:

Sua voz rouca..

_________________________________Por que você o beijou?

________________Você vai sobreviver...

_______________________________________posso?

_______________Desculpa.

__________________________________Me mostra o ombro...

_______________________________________________Swan...

______Boa noite...

_________________________Emma...

'Maçã, ela tem cheiro de maçã'.

No que Regina estaria pensando agora?'

***

Em sua cama Regina remói o quão aquilo era perigoso, o quanto era errado e totalmente fora de cogitação. Não conseguia negar nem para si mesma que estava interessada naquele anjinho de cabelos loiros. Era até ironia pensar em Emma como um anjo. A loira a tratava de forma totalmente implicante, parecia gostar de irritá-la, mas naquela noite, estava ali ao alcance das mãos. Tão vulnerável quanto uma criança. 'O que você está pensando, Regina? Emma é uma criança, poderia ser sua filha'.

"Neal não é meu namorado e eu não sou criança, Regina".

Da cama olhava a jaqueta vermelha em cima da poltrona. O cheiro de canela e baunilha saía de sua memória e entrava por suas narinas. Emma tinha uma pele de pêssego fresco, os cabelos loiros molhados, aqueles óculos meio tortos no rosto e a forma como ela fazia caretas quando seus ferimentos doíam. Será que ela me viu como uma enfermeira? Uma mãe?

Regina não conseguia parar de pensar. As memórias da morena enchiam aquele quarto. Estavam sufocando seu coração, tirando o ar de seus pulmões. Lembrava-se de Emma, sentia cheiro de canela e baunilha misturado à hortelã e café fresco...: manhãs de domingo em praias portuguesas, jazz em noites francesas.... - uma lágrima teimosa se esconde no travesseiro- o mundo inteiro por conhecer:

"Et on se prend la main, comme des enfants

Le bonheur aux lèvres, un peu naïvement

Et on marche ensemble, d'un pas décidé..."

Tentava concentrar-se. 'Foi apenas por que me senti culpada pela grosseria de hoje à tarde. Amanhã de manhã ela vai embora e tudo volta ao normal. Emma é uma criança, Regina. Faz tanto tempo, tanto tempo..., não é possível..., de novo..., tanto tempo...

No que Emma estaria pensando agora?

Regina adormece com aqueles olhos cor de esmeralda tomando conta de seus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Pra quem quiser ouvir a música:
https://www.youtube.com/watch?v=tNllEArM-4g