Ella estava no corredor indo ao banheiro.

A garota teve um grande susto quando ouviu a tv da sala, no andar de baixo, ligar-se bruscamente. Junto com o volume extremamente alto da tv, Ella ouviu um ruído esquisito, como se Ethan estivesse pulando no sofá.

– Ethan! – Ela gritou – Abaixe o volume dessa tv e pare de pular no sofá!

Na mesma hora, o volume foi abaixado e o barulho de pulos no sofá acabou. Foi quando a porta do quarto de Ethan bem atrás dela se abriu e de dentro ele saiu, esfregando os olhos.

– O que? – Ele perguntou confuso.

Um calafrio percorreu o corpo de Ella.

– A mamãe e o papai já chegaram? – Ela perguntou.
– Não, pelo menos não até quando eu vim dormir.

Ella correu rapidamente em direção à sala e encontrou ela vazia. Não havia ninguém. A tv estava desligada e nenhum sinal dos seus pais. Tudo o que havia era uma marca de no sofá de couro, como se alguém tivesse pulado lá, mas não podiam ser de seus pais, até porque eles já eram bem grandinhos para pular no sofá.

– Oh meu deus – Ela tapou a boca.

Andou até a cozinha. Ninguém. Pela janela, olhou o jardim lá fora. Ninguém. Procurou dentro da dispensa. Ninguém. No quintal. Não havia ninguém, a casa estava vazia, exceto pelos três irmãos.

Ella voltou à cozinha e pegou uma faca, com medo de que alguém tivesse invadido a residência, depois subiu as escadas e trancou-se no quarto, junto com Emma e Ethan.

– O que está acontecendo? – O garoto perguntou.
– Nada – Ella respondeu – Apenas fique aqui enquanto o papai e a mamãe chegam.
– Ella, eu não sou idiota, o que está havendo?
– Eu ouvi algo – Ela respondeu, relutantemente – Quando eu gritei para você abaixar a TV, é porque havia alguém lá embaixo, assistindo.
– É impossível.
– Não é, eu até vi uma marca de pulos no sofá.
– Pulos? Tem certeza que não era o papai trocando a lâmpada ou algo do tipo, porque ontem ele trocou aquela e subiu no sofá para fazer isso.
– Então porque eu ouvi o rangido do sofá? Eu estou dizendo, havia alguém pulando, e eu não encontrei o papai nem a mamãe.
– O que? Você tá ficando louca? – Ele saiu para ir verificar.
– Ethan! – Ella gritou – Não saia, espere até o papai e a mamãe chegar, pode haver alguém dentro da casa, fique aqui, comigo.
– Ah, que droga – Ele reclamou e então voltou para a cama da irmã, onde Emma também estava. Dormindo.

Ella pegou o celular e ligou para sua mãe. Depois de três bipes, ela atendeu.

– Alô? – Paige disse.
– Mãe, vocês precisam vir pra cá agora!
– Ella, o que aconteceu?
– Eu acho que tem alguém na casa – Ela estava desesperada.
– Como assim, alguém na casa? – Paige levantou-se da cadeira onde estava sentada, no Macy’s, um dos restaurantes mais chiques da cidade.
– O que houve? – Matt perguntou e Paige fez um sinal para que ele esperasse.
– Coisas estranhas estão acontecendo aqui, mãe, por favor, venham pra casa.
– Oh meu deus, onde você está?
– No meu quarto, com o Ethan e a Emma.
– Tá certo, então tranque a porta, desligue a luz e se escondam. Nós estamos indo.
– Tá bom.

Paige desligou o telefone.

– O que está acontecendo, querida? – Matt perguntou, levantando-se.
– Ella acha que tem alguém dentro da casa, ela está apavorada.

***

Minutos depois, Ella e os irmãos estavam embaixo da cama, com as luzes desligadas.

– Eles estão demorando – Ella disse, com o celular na mão.

Neste momento, por baixo da porta, Ella viu sombras. Havia alguém do outro lado.

– Oh meu deus – Ella tapou a boca, estava prestes a chorar, quando ouviu batidas na porta.
– Ella! – A voz feminina do outro lado disse. Era sua mãe.
– Querida, abra a porta, nós chegamos – Matt completou.
– Finalmente, finalmente – Ella disse, indo abrir a porta.

A garota abriu a porta e já foi dizendo:

– Finalmente vo... – Ela parou no meio da frase ao ver que não havia ninguém do outro lado. – Mãe. Pai. – Ela chamou, mas ninguém respondeu. Ella continuava apavorada, agora ainda mais.
– Eles chegaram? – Ethan perguntou baixinho. Ainda estava embaixo da cama, com Emma.
– Eu não sei, eles não estão aqui.
– Como?
– Olha, eu vou descer e quero que fique aqui embaixo da cama com a Emma, e deixe a porta trancada.
– Não, Ella! – Ele tentou impedi-la.
– Eu já volto – Ela foi até onde o irmão estava e colocou seu celular na mão dele. – Fique com isso.
– Tá bom, mas tenha cuidado.

Ella saiu do quarto e agora andava devagar pelo corredor.

– Mãe? Pai? – Ela chamou, mas não ouviu resposta alguma. Então resolveu descer a escada. A casa estava mergulhada em um grande silêncio.

Na sala de estar, vazia, ela pegou o telefone (As marcas no sofá já haviam desaparecido) e ligou para sua mãe. Após alguns bipes, ela atendeu.

– Onde vocês estão? – Ella perguntou.
– Estamos a um quarteirão daí.
– O que? – Ella ficou paralisada – Quer dizer que vocês ainda não chegaram?
– Não, querida – Paige falou – Por quê? O que aconteceu?
– Nada, nada – Ella colocou o telefone no gancho e correu em direção ao seu quarto. Havia algo errado ali.

***

Quando o carro negro de Matt foi estacionado na frente da casa, ele e Paige saíram às pressas e correram para a casa.

– Vá olhar as crianças que eu vou verificar a casa – Matt disse. Já estava com uma arma na mão. Havia tirado debaixo do banco do carro.

Paige obedeceu foi até o quarto. Ao chegar à frente da porta, bateu, e segundos depois, Ella atendeu.

– Vocês estão bem? – Paige perguntou.

Ella a abraçou.

– Estamos.

As outras duas crianças vieram abraça-la também.

– O que aconteceu? – Paige perguntou.
– Eu ouvi a tv e gritei para o Ethan abaixar, então ela desligou, mas ele não estava lá embaixo, e a Emma estava no meu quarto! Depois, eu vi uma marca no sofá, como se alguém tivesse pulado!
– Ella, calma, calma – Paige tentou acalmá-la – Respire e tenha calma.

Ella respirou fundo e então se acalmou.

– Agora me conte o que aconteceu.
– Alguém ligou a TV lá embaixo, mas o Ethan estava no quarto dele e a Emma no meu, e eu não sei quem foi. Depois, vocês bateram na porta do quarto e eu abri, mas não tinha ninguém! O Ethan e a Emma viram tudo.
– O seu pai já está verificando, querida, fique calma.

Neste momento, Matt chegou ao quarto.

– A casa está limpa – Ele disse.
– O que? – Ella não acreditou – Como assim? Mas eu ouvi a Tv ligando e alguém pulando no sofá, além das marcas que ficaram nele.
– As portas e janelas estão trancadas como deixamos – Matt continuou – Não há como alguém ter entrado aqui dentro.
– Mas pai, eu ouvi!
– Calma, querida – Paige tentava acalmá-la novamente.
– Não, mãe! Tinha alguém aqui e eu posso provar!
– Ella, já chega – Paige disse – Acho melhor você dormir um pouco, está cansada.
– Ah, mas que droga! – Ela esfregou as têmporas – Eu não tô ficando louca.
– Ninguém está dizendo que você está louca – Matt interferiu-se – Só estamos dizendo que o que você disse não tem sentido.

Paige e as crianças saíram do quarto.

– Então tá bom – Ela fechou sua porta e a trancou. Depois se deitou na cama e ficou pensando em tudo o que havia acontecido. Era aterrorizante e com certeza era real. Então lembrou-se do que seu pai havia dito sobre a casa estar trancada do mesmo modo que estava antes. Ele tinha razão, ninguém conseguiria fazer tudo aquilo... Ninguém humano.