Flores e Montanhas escrita por Chiisana Hana


Capítulo 3
Capítulo III




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada. Com as minhas fics, eu não ganho nada além de diversão e novos amigos.


FLORES E MONTANHAS

Chiisana Hana

CAPÍTULO III

26 de abril

Com tudo que aconteceu nesses dias, principalmente a confusão da mudança, acabei me esquecendo de escrever. Nos primeiros dias , na verdade, nem sabia por onde andava o diário... Mudança é assim mesmo, não é?

Há quase um mês saí da casa de Saori. Apesar do tratamento hospitaleiro e carinhoso dela, eu precisava seguir meu próprio caminho. Aluguei um pequeno apartamento relativamente perto do hospital, pois assim posso ir trabalhar a pé ao invés de gastar com transporte. Ainda preciso economizar e, além disso, caminhar fará bem para minha saúde. Meu corpo anda mesmo sentindo falta de subir a montanha...

No hospital, o trabalho começou a ter o resultado esperado. Recebi elogios do diretor do e Saori também está satisfeita, o que é muito, muito bom. Não queria trabalhar lá só por amizade, queria mostrar serviço e é o que estou fazendo.

Bom, sobre minha nova moradia, é um apartamento realmente pequeno, tem apenas um quarto e a cozinha é minúscula, mas depois de arrumado, ele ficou uma graça. Saori me presenteou com vários móveis e utensílios domésticos e eu comprei o restante. Algumas coisas foram de segunda mão, inclusive um sofá com estampa de galhos floridos de cerejeira. É a coisa mais linda do mundo! Também comprei cortinas e tapetinhos cor-de-rosa e garimpando numa lojinha achei uma louça muito bonita, com pinturas de paisagens muito parecidas com as da minha terra. O conjunto não estava completo, então consegui comprá-lo por um preço muito bom.

Estou amando arrumar minha casa! Em Rozan, a casa do meu avô tinha os mesmos móveis e a mesma decoração desde que eu me entendo por gente. Em Nanchang, durante a faculdade, eu morei em repúblicas estudantis, dividindo o quarto com cada figura... Então essa é a primeira vez que realmente tenho um cantinho só meu e é tão legal me dedicar à arrumação dele!

Fora a novidade da mudança de casa, tem o policial... Temos nos encontrando com frequência e ele até me deu um presente para a casa nova: uma garrafa térmica super fofa. Gosto muito de estar com ele e sei que a recíproca é verdadeira. Sempre que saímos, o papo flui tão facilmente... Trocamos alguns beijos no cinema e, bom, é isso, estamos namorando. Eu realmente não devia estar me sentindo boba, mas eu estou...

Não passava pela minha cabeça me envolver com alguém agora, mas eu estou gostando de ter um cara legal com quem passar algum tempo. Shiryu é sempre tão encantador, tão gentil. O único problema é que tenho medo de gostar demais dele, de me apegar demais... e perdê-lo.

No começo do mês, chegou a época da florada das cerejeiras. Queria muito ver isso outra vez e que bom que foi com o Shiryu. Nós passamos o dia no parque, contemplando as flores e sua beleza efêmera. A florada dura pouco, mas é de uma beleza extremamente delicada e poética. Pensei muito no meu avô. Cheguei a sentir a presença dele, aquela energia boa, amorosa... Sim, ele estava lá conosco. Eu tenho certeza.

Então meu aniversário chegou e teve uma festinha no hospital. Felizmente eu já não era mais “a médica chinesa”, mas a “doutora Tzeng, aquela que as crianças adoravam”. Não é ótimo? Foi muito bom comemorar com meus colegas e pacientes. Depois Saori ligou me parabenizando e também me intimou a jantar em um restaurante. Aceitei. Não tinha mesmo o que fazer e eu sempre gostei de comemorar a passagem dos meus anos de vida. “Mais idade, mais sabedoria”, dizia meu avô. Eu fiz trinta anos. É uma idade importante, eu tinha que comemorar! E também aproveitaria para apresentar Shiryu a Saori. Eu já tinha falado sobre ele e era uma boa ocasião para que finalmente se conhecessem. Liguei para ele imediatamente e ele topou. Combinamos que ele viria me buscar e iríamos juntos para o restaurante. Então depois do trabalho, corri para casa. Quando digo “corri”, foi quase literalmente. Saori disse que era um restaurante fino e eu não queria fazer feio, portanto corri para economizar tempo no trajeto de volta e poder gastá-lo com a minha arrumação.

Tomei um banho e vesti um tubinho de seda cor-de-rosa que comprei há uns dias. Quase não me dou ao luxo de comprar roupas novas, mas estava com um preço tão bom que acabei me dando esse presente. Era simples, mas bonito e muito elegante.

Arrumei o cabelo, prendendo-o num coque alto, e calcei um sapato preto de salto. Não sou de usar salto, mas senti vontade nesse dia. Só fiquei torcendo pra não tropeçar e acabar beijando o chão.

Fiz uma maquiagem muito leve, apenas um pouco de pó para tirar o brilho, um pouco de rímel e um gloss alaranjado. Não sei me maquiar direito, só uso mesmo o básico, então era melhor não arriscar nada mais elaborado e acabar parecendo uma palhaça. Coloquei perfume, peguei a bolsa e sentei no sofá para esperar o Shiryu. Ele é super pontual, então quando o atraso chegou a quinze minutos eu comecei a me preocupar. Quando passou de meia hora, eu surtei. Tentei ligar para ele, mas o telefone de casa só chamava e o celular estava desligado. Então liguei para Saori pedindo desculpas pelo atraso sem dizer o motivo e peguei um táxi.

No caminho, chequei o telefone. Nenhuma mensagem do Shiryu.Tentei ligar para ele mais uma vez. Nada. Ao chegar ao restaurante, fui cumprimentada por Saori, que me presenteou com uma bolsa que vimos numa loja chiquérrima uns dias antes. Custava um mês do meu salário, por isso o presente me deixou um tanto constrangida, apesar de eu ter amado. O namorado dela me deu uma bela echarpe de grife. Eu nem sei onde usaria algo tão fino, mas era realmente bonita.

Tivemos uma noite agradável no restaurante e eu tentei não pensar muito no sumiço de Shiryu, embora checasse o celular com frequência. Estava preocupada, pensando que talvez tivesse acontecido alguma coisa com ele. Mas outra parte de mim, aquela que não queria se apegar demais, dizia que talvez ele não quisesse vir mesmo.

Depois do jantar divino, Saori sugeriu que esticássemos a saída numa boate, mas balada não é bem meu estilo. Além do mais, eu estava realmente preocupada com Shiryu. Então recusei delicadamente e ela fez questão de me deixar em casa. Foi um bom aniversário, mas eu admito que a ausência do Shiryu me deixou, para dizer o mínimo, confusa. Eu estava preocupada, com medo, com raiva, tudo ao mesmo tempo. Saori não perguntou nada, mas eu sei que ela estranhou a situação. Eu tinha dito que o levaria e de repente cheguei atrasada e sozinha...

Pouco tempo depois que cheguei em casa, meu celular tocou. Era o Shiryu.

– Acho que devo algumas explicações – ele disse de imediato.

– Não me deve nada... – eu respondi, embora achasse que sim, ele me devia uma explicação.

– Eu sei que falhei contigo, era seu aniversário, mas...

– Está tudo bem, Shiryu – interrompi. Eu estava pensando se queria mesmo ouvir desculpas. Na verdade, queria desligar o telefone na cara dele, mas ao invés disso, falei, no tom mais impessoal possível: – Não precisa se justificar. Está tudo bem.

– Preciso, sim. Aconteceu uma coisa...

Pensei: é agora que ele vai começar a destilar uma série de bobagens para tentar me enrolar. Provavelmente não queria ser apresentado a minha amiga, sei lá...

– Eu estou em Saitama – ele começou. – Tive que vir às pressas.

Eu fiz uma careta que, felizmente, ele não podia ver. Sabia que se ele estava lá, alguma coisa tinha acontecido com os pais dele. E foi isso que ele disse a seguir:

– Logo depois que você me ligou, recebi um telefonema de lá... Meu pai morreu...

O.k. Eu não esperava por isso.

– Sei que devia ter telefonado antes, mas não queria estragar seu aniversário com lamentações, por isso deixei para ligar depois.

– Ah, meu Deus – eu disse, sinceramente comovida. – Sinto muito, muito mesmo. E devia ter ligado, sim! Claro que devia!

– Não era justo... Ele vai ser enterrado amanhã – Shiryu continuou.

Engoli em seco. Conheço essa sensação, essa parte horrível de tomar as providências para o funeral... Não é fácil...

– Quer que eu vá? – perguntei. Não sei onde fica Saitama, nem como se chega, mas queria estar com ele.

– Não precisa. Você tem suas coisas para cuidar. E além do mais, ainda vou passar açgum tempo aqui por causa da minha mãe.

– Claro. Você precisa ficar com ela – eu disse.

A mãe dele sofria da doença de Alzheimer(1) num estágio avançado. Já não conseguia se localizar no tempo e dependia dos cuidados do marido para quase tudo. Agora que ele tinha partido, só lhe restava o filho...

– É... Ela precisa de mim, mas nem sabe mais quem eu sou.

Quando ele falou, eu chorei. A voz dele carregava uma tristeza tão intensa que eu senti como se ela fosse minha também .

Continua...


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