Após a minha conturbada conversa com Romeu, o meu novo objetivo naquele momento era chegar a tempo para organizar as coisas para o jantar com meu noivo.

Corria pelas ruas de Roma, eu não me importava nem um pouco em estar em alta velocidade, à velocidade me passava uma idéia de liberdade, era através dela que eu conseguia pensar. Cheguei em casa antes do tempo previsto e logo tirei os sapatos deixando os jogados pela entrada, mas algo me tiraria toda a felicidade daquela manha.

–Julieta! – o grito de minha mãe ecoou por toda mansão, assustando um dos empregados que quase deixou uma taca cair ao chão.

Eu a ignorei, planejava me trancar em meu quarto até a hora do jantar onde eu esperava aparecer bastante desarrumada, quase que de uma maneira perturbadora para desagradar totalmente os meus futuros sogros, porém nada saiu como o planejado, quando adentrei em meu quarto tive que conter um grito, pois minha mãe já esperava com toda uma equipe para me arrumar para o jantar dessa noite. Antes que eu pudesse retornar pela porta, pegar meu carro e fugi de tudo aquilo mamãe me segurou pelo braço e me sentou em uma cadeira.

–Você não achou mesmo que eu fosse deixar esse jantar passar em branco?

Antes que eu pudesse responder ela saiu do quarto me deixando com uma equipe encarregada de me deixar perfeita para hoje à noite. Uma mulher mais ou menos alta me levantou e me entregou um roupão, para que eu tomasse banho, claro que demorei o Maximo que pude a fim de tentar fazer com que eles desistissem, mas ao contrario do que eu esperava a irritante mulher apenas batia na porta de 15 em 15 minutos.

Quando eu finalmente terminei o banho elas me conduziram novamente para a cadeira onde puxavam meu cabelo de um lado para o outro até que ele tomasse a forma de uma perfeita tranca embutida, depois começaram uma demorada maquiagem, passando diferentes cores em meus olhos a fim de torná-los mais chamativos, depois uma delas trouxe consigo um lindo vestido de renda bege, curto, delicado e provavelmente feito sob medida, além de sapatos de salto alto. Mamãe entrou logo depois que eu me vesti com uma caixa de veludo azul, quando a abriu ela retirou um lindo colar de ouro com diamantes bastante discretos, mas que não deixavam de ser diamantes em momento algum, ela tentou arrancar o meu pingente de coração que eu sempre trazia comigo, foi através dele que Romeu me reconheceu e quando o fez ela deixou marcas roxas em minha pele branca e isso chamou bastante atenção a obrigando a passar maquiagem sobre os pequenos hematomas. Ela atirou meu pingente em minha escrivaninha e eu contive algumas lagrimas que teimavam em cair, eu não iria chorar, não mais.

Logo eu já estava pronta, faltava pouco tempo para o jantar e eu desejava profundamente que algo ou alguém o cancelasse, toda a equipe se foi deixando-me sozinha. Passaram se alguns minutos e papai entrou radiante em meu quarto, porém me viu lançou me um olhar claro que dizia “Comporte se”, ele me chamou e agarrou o meu braço me guiando para fora da mansão, onde minha mãe já esperava no carro.

Após alguns minutos passando disparados pelas ruas de Roma, avistamos a casa de meu futuro noivo, ela não era muito diferente da minha e eu acreditava que nem a vida e seus hábitos fossem muitos diferentes da minha.

Quando nosso carro parou em frente a casa eles já nos esperavam na porta, meus pais os cumprimentaram e me apresentaram aos meu sogros, aqueles que logo fariam parte da minha família, olhei para o meu noivo e ele apenas me estendeu a mão para que eu a pegasse e me conduziu para o interior de sua casa a decoração era impecável, tudo em tons claros e dourados.

Antes do jantar meus pais propuseram que eu e meu noivo caminhássemos um pouco, eu logo aceitei, precisava sair daquele lugar urgentemente.

O jardim era tão bonito quanto o interior da casa, ele me conduziu até um banco onde sentamos.

–Olá – ele falou, sua voz era doce, mas nem de perto tão harmoniosa e doce quanto a de Romeu – Não fomos devidamente apresentados eu me chamo Paris.