Como Romeu e Julieta escrita por C0nfused queen


Capítulo 4
Capítulo 4.




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Acordei com o som do despertador aquela manha, logo tateei a cama em busca dele, porém não o encontrei, ele já não estava mais ao meu lado. Em um pulo levantei de minha cama o comecei a vasculhar o meu quarto em busca dele, até que notei um bilhete em cima de minha escrivaninha, não reconheci a letra e logo imaginei que fosse a de Romeu.

“Julieta,

Precisei voltar antes que alguém desse por minha falta, uma guerra entre famílias agora não seria uma boa opção.

“Romeu”

Suspirei decepcionada por não acordar com ele ao meu lado, queria tanto tê-lo perto de mim.

Depois de um banho e já de café tomado não fiquei nada surpresa ao descobrir que os meus pais não haviam acordado ainda. Fiquei ali totalmente perdida em pensamentos até que alguém me interrompeu.

–Em que pensas? – Elle, nossa governanta me perguntou enquanto me fitava com seus pequenos olhinhos castanhos.

Elle foi o mais próximo que eu tive de uma mãe, ela trabalha para nossa família há anos e cuida de mim desde o meu nascimento, com seus 54 anos, Elle tem o poder de conquistar todos com seu carinho.

–Ah... Eu... – não sabia se deveria contar a ela sobre as minhas surpresas da noite passada.

–Sei que escondes algo meu bem, ninguém a conhece melhor do que eu – disse enquanto alisava meu rosto com suas mãos gorduchas.

–Não sei se estou pronta para falar.

–O que a atormenta?

–Eu vou me casar Elle. – Disse fitando os meus pés e passando as mãos em meus cabelos.

Ela por um momento ficou surpresa depois disse:

–Eu espero que seja com o rapaz que eu vi pular a sua janela hoje pela manhã.

A encarei surpresa, mas ela continuou.

–Sim, eu o vi e queria acrescenta que ele parecia está em estado de choque ao notar a minha presença e odeio acrescentar também que teremos que plantar novas rosas em sua sacada, pois ao descer ele acabou com algumas delas, mas quando viu que podia confiar em mim me entregou isso – ela disse me entregando um endereço. – Espero que saiba o que está fazendo, às vezes se apaixonar pode ser perigoso ainda mais pelo filho de seu maior inimigo, meu bem.

Ela saiu me deixando em nossa sala de jantar, sem pensar duas vezes eu peguei a chave de meu carro e segui para o endereço indicado.

Deparei-me com uma espécie de bosque, um parque antigo talvez, esquecido, mas como ele poderia saber daquele lugar?

Então distingue uma figura encostada em uma das árvores olhando para o visor de seu telefone como se esperasse por alguém.

Aproximei-me dele e toquei-lhe o ombro, ele se virou e ao perceber que não era nenhum estranho, me levou para seus braços e me beijou, um beijo quente, calmo e muito, muito apaixonado.

–Sabe? – ele disse interrompendo o nosso beijo – Estava começando a achar que Elle havia sabotado o nosso encontro.

–A menos que eu pedisse isso ela já mais nos sabotaria.

Ele riu e novamente me beijou. Ficamos ali desfrutando um do conforto do outro quando algo me veio à cabeça.

–Não acredito que você saiu sem ao menos se despedir de mim. – falei tristonha e ele me fitou. – E por que aqui, por que você me mandou vir a um bosque abandonado tão distante do centro?

–Sabe? – ele começou – Mesmo quando eu era criança, eu costumava ser ignorado pelos meus pais e isso me tornou uma criança difícil, até certo ponto muito, muito rebelde.

Ele me conduzia pelo bosque, nossas mãos estavam entrelaçadas.

–Até que em uma noite... Eu os vi brigar... Não como das outras vezes é claro... – ele fechou os olhos como se a simples menção daquele assunto o torturasse, ele segurou a minha mão ainda mais forte – Papai a acusava de ser uma péssima mãe por ter criado um filho digamos “problemático” então ele propôs que me mandassem para longe... O que significa me mandar para algum internato em um lugar bem esquecido pelo mundo para que quando eu aprontasse pelo menos isso não repercutiria em nossa família, então eu fugi... Claro que com apenas 12 anos a única coisa que veio em minha cabeça foi correr sem rumo ate que eu pudesse encontrar um refugio, um lugar que fosse só e somente meu.

Ele falava e eu apenas tentava absorver tudo aquilo e é claro me identificava com cada palavra dele.

–Então eu vim para cá, minha fuga não durou muito tempo fui encontrado dois dias depois, porém cheguei à conclusão de que eu poderia melhorar os meus modos para pelo menos não ser expulso de casa e poderia ficar para sempre com esse lugar.

–Mas Romeu esse lugar é só uma campina vazia, como é que isso pode ser o lar de alguém.

Nós adentrávamos cada vez mais o bosque e então eu entendi do que ele falava, ele afastou uma parede de folhas e então deu espaço a um lago com muitas flores ao redor e devido à mata fechada tudo possuía um incrível tom de azul. Mas ao canto eu encontrei uma toalha clara com varias almofadas ao redor.

–Agora você consegue ver um lar?

Eu apenas balancei a cabeça incrédula, tudo aquilo era simplesmente perfeito. Ele sorriu para mim e me conduziu para as almofadas, encostei-me em seu peito e suspirei, nunca passara por minha cabeça que Romeu pudesse ter sido uma criança problemática, assim como a minha família a dele também investira muito para esconder todos os escândalos.

–Julieta – ele falou sussurrando em meu ouvido – E você?

–Eu...? – falei o estimulando a terminar a sua pergunta.

–E você, teve algum problema... durante a infância?

Enterrei a minha cabeça ainda mais em seu peitoral musculoso e tentei em vão conter as minhas lágrimas.

–Sim... E a lista foi bem longa.

Ele me fitava esperando uma resposta e eu simplesmente não sabia o que fazer, o que dizer, era muito difícil trazer essas lembranças a tona depois de me esforçar ao máximo para enterrá-las.

–Quando eu era mais nova... – comecei com a voz embargada – Eu assim como você era considerada em minha casa um peso, principalmente pelo fato de meu pai não querer uma filha e sim um herdeiro, aquele que assumiria o seu lugar na empresa da família.

Sua expressão ficou mais branda e o seu aperto tornou se ainda mais forte ao meu redor.

–Então eu era rejeitada pelo meu pai e culpada pela minha mãe que nos meus primeiros anos de vida vivia chorando pelos cantos se lamentando por não ter conseguido dar ao meu pai o que ele desejava. E até os 10 anos eu convivi com isso, porém chegou um momento em que tudo se tornou insuportável, foi quando o meu pai começou a me bater. Certa vez ele me espancou tanto que quebrou o meu braço – não conseguindo mais contê-las deixei que as lágrimas rolassem de meus olhos como cascatas – Eu me sentia tão culpada, tão rejeitada que aos 11 anos tentei me matar, fui impedida por Elle que guardou o meu segredo, mas eu... Eu...

Ele tentou me abraça, mas eu recuei.

–Não... Por favor... Por favor, me deixe.

Eu comecei a correr tirando as folhas de meu caminho e segui para longe daquele lugar como se tentasse fugir daquelas lembranças que me torturaram durante anos, instintivamente peguei em meu braço, era como se aquela dor voltasse de alguma forma.

Antes que eu chegasse ao carro ele conseguiu me segurar e disse.

–Calma!

–Me solta, Romeu, me larga! – eu esperneava em seus braços, mas para ele aquilo não importava.

–Ei... – a voz dele foi me acalmando e aos poucos eu parei de me debater e encostei-me nele cada vez mais, ele sussurrava palavras de conforto em meu ouvido e eu me abraçava a ele como uma criança abraçava o seu ursinho de pelúcia.

Ficamos um tempo assim abraçados ate que um barulho me tirou do conforto de segundos atrás, me desvencilhei de seus braços e tateei minha bolsa em busca de meu celular, no visor o numero de meu pai se destacava e eu prontamente o atendi.

–Pai...? – minha voz era baixa, temerosa, Romeu segurou minha mão como se tentasse me dar segurança.

–Estou esperando você, vamos almoçar com o seu noivo hoje.

–Mas eu... – ele desligou o telefone antes que eu pudesse falar algo e eu apenas aproveitei o apoio que Romeu me dava e contei lhe tudo, como era esperado ele não ficou nada feliz, mas em momento algum ele soltou minha mão.

–Você...?

–Sim eu tenho que ir.

Ele me beijou, um beijo quente reconfortante, um beijo que significava apenas que ele não permitiria que nada acontecesse comigo, um beijo que indicava que ele iria me proteger de tudo e de todos.

Seguimos de mãos dadas até o meu carro e ele segurou a porta para que eu entrasse, mas antes que eu desse partida ele propôs.

–Podemos nos encontrar hoje, durante a noite, ninguém nos veria e eu poderia ficar perto de você.

Uma parte de mim dizia que tudo aquilo era uma loucura e que eu de maneira nenhuma devia aceitar aquilo, pelo menos não hoje, pelo menos não essa noite, mas contrariando os gritos de minha consciência apenas assenti, quando ele me perguntou onde nos encontraríamos eu apenas disse.

–Me surpreenda. – E liguei o carro seguindo pela estrada em busca de novas surpresas.


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