Em Busca da Verdade escrita por Camy


Capítulo 33
Kira e Ash




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Yukira parou de falar no instante em que a porta do carro se fechou e ela se viu sozinha com Brock e Ash. O tio e Ash conversavam sobre ela – o mais velho sempre dando dicas a seu novo pai –, mas Kira não se importava realmente. Sabia que seriam as semanas mais infernais de sua vida. Pararam em uma farmácia, mas ela também não demonstrou interesse nisso. Apenas saiu de seus devaneios quando Brock a chamou.

— Chegamos na farmácia, querida. Por que você não desce com o Ash pra comprar as coisas que faltam, hein?

— Não quero. – ela respondeu teimosa.

— Vamos, Kira.

— Vai você…

— Você não pode ficar aqui sozinha. É muito pequena.

— Então vamos eu e você. – ela pediu.

— Não posso deixar o Ash sozinho no meu carro.

Ela suspirou e saiu, irritada. Ash a seguiu, logo estendendo a mão para a filha. A contragosto, a menina aceitou; não tinha muita opção quanto a isso. Sua mamãe sempre dizia que ainda era muito pequena para atravessar a rua sozinha.

Assim que chegaram à calçada, arrancou sua mão pequena da grande dele. Emburrada, cruzou os braços e parou no meio da farmácia.

— O Brock me deixou uma lista. Vamos ver… mamadeira? – Ash tentou chamá-la.

Ela não se prestou nem mesmo a olhar ao redor. Apenas o encarou desafiadora.

— Ok, por aqui. – Ash desistiu.

Ele a puxou delicadamente até onde estavam as mamadeiras. Yukira olhou para elas. Sua mãe já a ensinara a diferenciar os números. E ela sabia que quanto mais números antes da vírgula, mais caro era. Apontou para um com dois números.

— Eu quero aquela!

Ash olhou e torceu o nariz.

— Ok… mas ela é meio rígida. O Brock disse que você gosta das mais macias…

— Mas eu quero aquela!

— Tudo bem, tudo bem. Qual delas?

Ela analisou. Havia uma com Pokémons terrestres, uma com um Pikachu e uma com Pokémons aquáticos dos mais diversos.

— A dos Pokes aquáticos. – respondeu sem pensar.

Ash já sabia. Ele a pegou e colocou numa cesta que encontrou ali perto.

— Ok, próximo item…

Demoraram quase uma hora inteira até conseguirem comprar tudo. Kira o arrancara o equivalente a quase duzentos reais e Ash estava quase irritado com ela. Não pelo dinheiro – Misty lhe custara muito mais com todos os exames que ele mandara o médico fazer –, mas pelas atitudes dela. Estava sempre irritada ou emburrada e parecia escolher exatamente aqueles que eram mais caros, mesmo que não gostasse deles. Brock riu ao ver os produtos escolhidos. Passaram também no mercado, de onde Ash precisou fazer mais de cinco viagens até conseguir colocar tudo no carro. Era leite preferido, ursinho de pelúcia em promoção – desde quando havia ursinhos de pelúcia em supermercados?! –, chocolate, sanduíche, pão especial, frutas caras que ela jamais comeria, legumes que ele não sabia cozinhar, iogurtes, mais chocolate, mais leite e, até mesmo, panelas. Nem mesmo ele sabia de onde as panelas haviam surgido. Quando foi pagar, elas simplesmente estavam lá.

Yukira tampouco parecia interessada em carregar algumas sacolas para dentro da casa. Brock ficou encarregado disso, afinal, Ash precisava apresentar a nova moradia para sua filha. Caminhou com ela até a porta. Kira olhou ao redor. Já estivera ali. Há um milhão de anos, ela fora ali com seus tios e melhores amigos para conseguir ajuda para salvar sua mãe. Agora estava sozinha.

A casa não era grande, mas tampouco era pequena. Ao passarem pela porta, entraram na sala. Nesta, um corredor, uma porta e um arco que levava à cozinha. A sala possuía dois sofás grandes – um de frente para o outro – onde eles, um dia, conversaram sobre o paradeiro de Misty. A apenas alguns metros, uma televisão de tela plana com um sofá de três lugares repousavam intocados. Ao lado, duas poltronas confortáveis completavam a decoração. Não havia nenhuma flor no ambiente, visto que Ash não tinha paciência para cuidar delas.

Yukira observou, tentando disfarçar a curiosidade. Ash apontou para a porta solitária.

— Ali é o banheiro.

Ela não respondeu ou o encarou. Seus olhos analisavam, discretamente, tudo ao redor. Ash a acompanhou até a cozinha. Uma mesa grande de seis lugares ocupava um dos cantos. No outro, um balcão com um micro-ondas e algumas tábuas – que jamais haviam sido usadas – adornavam o ambiente. Uma geladeira e um fogão – que era usado apenas para o miojo quase diário – e dois armários completavam a decoração. Ela não estava realmente interessada.

— Cadê meu quarto?

— Seu quarto? Ah, sim. Ok. Seu quarto – ele abriu um sorriso bobo.

Pegou na mão dela, mas a menina logo se desvencilhou dele. Caminhou com ela até o corredor. No corredor, quatro portas podiam ser vistas.

— Eu planejei o seu quarto quando eu comprei a casa. É bem infantil ainda e tem um berço, em vez de uma cama, por isso você vai ter que dormir no quarto de hóspedes hoje. Mas, amanhã, vamos comprar uma cama bem bonita pra você. Eu sempre quis ter um filho, ou filha, então…

Mas ela simplesmente o ignorou e abriu a porta. Ash, vendo que não seria ouvido, desistiu de falar. O quarto era lindo. As paredes eram amareladas, assim como os cobertores que cobriam o berço, que ficava no centro.

Duas poltronas – uma azul bebê e uma laranja clarinha – estavam perto. Uma estante, cheia de livros infantis, cobria um pedaço da parede atrás das poltronas. Os tapetes eram em formato de Togepi e Pikachu. Do teto, uma luminária simples iluminava o quarto bem decorado. O armário possuía inúmeras figuras, dos mais diferentes Pokémons – todos em seu primeiro estágio de evolução – assim como uma tira decorada que cortava as paredes de uma ponta a outra. Yukira tentou não se encantar e fez um bom trabalho; Ash pensou que ela não tinha gostado. Caminhou lentamente para dentro, indo até o tapete de Pikachu. Era felpudo e cheio de Pokémons de pelúcia. Ela sorriu minimamente, mas não permitiu que o pai percebesse. Aquilo era tudo pra ela? Mas ele nem mesmo sabia que ela existia! Ao lado, algumas bonecas e carrinhos também repousavam.

— Eu não sabia se teria um menino ou uma menina, por isso as cores neutras...

Ela não respondeu. Respirou fundo. Nada daquilo importava. O quarto só mostrava o quão idiota ele era por ter montado um quarto infantil sem nem mesmo saber se teria uma criança. Ela se voltou para ele, séria.

— E onde eu vou dormir? – ela perguntou, desinteressada na história do pai.

Ash suspirou. O quarto não a afetara nenhum pouco.

Lembrou-se, com um sorriso bobo, do filho que estava por vir. Este seria o quarto dele. No fundo, não precisaria se livrar de nada. Estendeu a mão para Kira, que simplesmente a ignorou e passou pela porta. Ash a seguiu.

— É a que fica aqui do lado. O meu quarto é o do final do corredor.

Yukira entrou no quarto indicado. Era bem mais simples. Apenas um armário e uma cama de casal nem tão confortável. Havia, também, uma porta.

— É um banheiro. – Ash explicou

Ela apenas se sentou na cama, torcendo um pouco o nariz ao fazê-lo. Ash sentiu-se quase desesperado.

— Amanhã a gente vai numa loja e mobília tudo do jeito que você quiser, ok? Sério, qualquer coisa que você quiser, a gente compra.

Ela o olhou e assentiu com a cabeça.

— Eu tô com sono. Acho que vou dormir um pouco agora.

Ash suspirou, mas assentiu com a cabeça.

— Tudo bem. Eu vou ir arrumando as coisas lá… qualquer coisa me chama, ok?

Ela fez que sim com a cabeça e Ash saiu do quarto. Kira deitou-se em sua cama, cansada. Queria estar em casa. Sentiu as lágrimas acumularem-se em seus olhos, mas não as deixou escapar. Já chorara demais nos últimos dias. Algumas horas atrás a ideia de fazer Ash gastar dinheiro com coisas que ela nem gostava parecia legal, mas, naquele momento, não. Sentia-se sozinha como jamais antes. Fechou os olhos, sentindo que o perfume da mãe ainda estava em sua roupa. Escondeu o rosto na manga de sua blusa, permitindo que o cheiro de Misty a levasse para o mundo dos sonhos.

~~xx~~xx~~xx~~xx

Ash começou a arrumar as compras. Sua geladeira jamais estivera tão cheia.

— Cadê a Kira? – Brock perguntou.

— Ela disse que quer dormir…

— Ok.

Ele se aprontou a ajudar Ash. Tinha muito mais experiência do que Ash, portanto sabia que o amigo precisaria de ajuda. Separou tudo o que Kira precisaria nos próximos dias – mamadeira, escova de cabelo, escova de dente, entre outros.

Quando tudo estava organizado, Ash percebeu que Brock estava parado ao lado da bancada nunca utilizada com todos os equipamentos que Kira iria precisar em mãos.

— Aula? – mas Ash já sabia a resposta de sua pergunta.

— Aula. – confirmou Brock.

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Misty suspirou, olhando pela janela. Teria sua primeira consulta naquela tarde e não estava realmente animada para esta. Não queria ninguém pensando que podia interferir em suas decisões. Além disso, e se Rudy estivesse controlando a psiquiatra? E se tudo o que dissesse fosse acabar nos ouvidos do ex-marido? Ou pior: e se a mulher tentasse lhe fazer uma lavagem cerebral?

"Misty, pare de divagar!"

A ruiva pulou de susto ao perceber Togepi ao seu lado. O Pokémon sumia de vez em quando, mas normalmente era para ir checar Kira.

— Minha filha dorme como um anjinho, não acha? – perguntou ao Pokémon.

"Um pequeno diabinho, eu diria".

A ruiva sorriu. Sim, ela podia ser complicada de se lidar com, porém Misty sabia como fazê-lo melhor do que ninguém.

— O que mais me irrita é que esse caso é simples. Eu só quero poder ficar com a minha filha. Isso é assim tão complicado?! Precisa de toda essa confusão?!

"Isso que dá casar com o Rudy".

Ela olhou-o séria, deixando claro que o comentário fora desnecessário.

"Você também viu o quarto, não é mesmo?"

Ela não respondeu. Sim, vira. Com os olhos de Togepi, observara cada canto do aposento que o antigo amor criara. Sentiu as lágrimas voltarem. Andava chorando bem mais do que o normal.

"Malditos hormônios!"

Togepi apenas riu, voando até encostar-se à barriga pouco visível dela. Misty levou sua mão direita ao mesmo local. Acariciou-se.

— Ah, pequeno. Você veio num momento tão complicado… – Misty para o bebê que carregava.

— Toge toge pri, toge pi! "Mas será amado do mesmo jeito!".

Queria que a criança que Misty carregava ouvisse sua voz, o reconhecesse como Kira reconhecera. Sentia a alegria e o receio que a dona sentia a respeito desse novo filho. Ou seria mais uma menina?

— Togepi tem razão, amor. Você será amado. Tanto pelo papai, quanto pela maninha e a mamãe. Os titios também, é claro. E Togepi.

Lily apoiou-se no batente da porta, os olhos arregalados.

— Com quem você está falando?! – a garota de cabelos róseos quase gritou.

Misty pulou.

— Desde quando é bisbilhoteira desse jeito?!

— Querido? Quem será amado? Papai, mamãe… Misty… Misty, não me diga que…

A rosada olhou para a barriga da irmã; a mão desta ainda repousava sobre o inchaço quase imperceptível. Misty sentiu as lágrimas começarem a escorrer e não conseguiu evitar o sorriso culpado. Assentiu com a cabeça, acolhendo Lily em seus braços quando esta correu até si.

— Ah, Kami-sama! Que esse não puxe a personalidade da irmã!

Misty riu do comentário, sentindo as lágrimas voltarem a escorrer; desta vez, ainda mais intensamente. Amava tanto a sua pequena Kira. Tanto, mas tanto, que seria capaz de morrer por ela.

~~xx~~xx~~xx~~xx

— Ash, eu tô com fome. – Yukira murmurou, saindo do corredor e entrando na sala.

A pequena estava esfregando os olhos. O moreno pulou de surpresa; estava vendo alguns campeonatos na televisão. Olhou para o relógio.

— Está quase na hora do almoço, podemos ir a um restaurante…

— Não quero sair. Compramos tanta comida, faz alguma coisa pra mim. – ela pediu. Ainda estava sonolenta, sua voz saiu ainda mais infantil do que já era.

Ash suspirou. Ele na cozinha?

— Eu não sou um bom cozinheiro, Kira. E o Brock já foi embora, então…

— Meu nome é Yukira, não Kira. Não pode me chamar assim! – o comentário foi o suficiente para espantar o sono.

Ash suspirou.

— Tudo bem, desculpa, mas…

— Eu tô com fome!

Ash respirou fundo mais uma vez.

— Eu sei, você já disse, mas eu não sei cozinhar e…

— Mas eu tô com fome! – não era uma mentira, mas não teria se importado em sair, mas como era Ash quem desejava aquilo…

Ele bagunçou seus cabelos, irritado. Por que ela tinha que ser tão… Misty? Tão incrivelmente igual à ruiva quando esta estava irritada. Tão teimosa.

— Tá, tá. Quer um leite? O Brock me ensinou a fazer. – o moreno pareceu pensar por alguns segundos, e completou num sussurro: – Mais ou menos.

— Mamãe não me deixa tomar leite antes de comer. Ela diz que estraga o apetite.

— Mas essa não é a casa da sua mãe. Quer?

Ela negou com a cabeça, teimosa. Queria, muito, mas não admitiria para ele.

— Eu tô com fome!

Ash pegou o telefone e discou o número de Drew.

— Alô? – o esverdeado atendeu.

— Já almoçaram?

— Estávamos saindo pra fazer isso agora.

— Ótimo. Traz todo mundo pra cá, porque eu preciso das habilidades culinárias da sua esposa.

— Calma, cara. – ele tinha percebido a irritação na voz do outro. – Por que você não sai pra comer?

— A Kira – o olhar de ódio que a menina o lançou foi completamente ignorado – tá aqui e ela não quer sair pra comer.

Drew não conseguiu conter a risada.

— A menina tá aí há umas duas horas só e você já come na mão dela.

Ash quis retrucar, mas não o fez. Porém sabia que fazia mais de duas horas.

— Vocês vêm?

— Sim, sim. Estamos chegando.

Ash suspirou aliviado e eles se despediram brevemente.

— Não quero esperar a tia chegar, eu quero comer agora! – a menina reclamou. Não sabia para quem ele havia ligado, mas supôs que fosse uma de suas tias.

— Então toma um leite agora.

Ele foi até a cozinha e fez o que Brock lhe ensinara passo por passo. Esquentar o leite, mas não deixá-lo ferver. Depois de três minutos, pegar uma colher e pingar o leite na mão, para saber se estava quente. Quando a temperatura estiver boa, colocar chocolate em pó – três colheres cheias – e mexer tudo na mamadeira.

Ele fez o trabalho devagar, com cuidado. Entregou a mamadeira para a filha, que estava sentada em uma cadeira, emburrada.

— Eu não quero leite, quero comida.

— Como a tia May ainda não chegou, você vai ter que esperar.

Ele colocou o leite sobre a mesa e foi até a sala. Deitou-se novamente no sofá e riu do campeonato. Era tão bom ver os erros tolos que seus adversários cometiam. Ele identificava todos, é claro. O campeonato era amador, portanto Ash não analisava nenhum possível rival. Paul, que também conseguira o título de Mestre Pokémon, era o único que conseguia lhe proporcionar uma batalha realmente interessante. E Misty, é claro. Sempre Misty.

Yukira apareceu na sala com a mamadeira vazia. Entregou-a para Ash e ordenou:

— Eu quero mais!

Ash sorriu, pensando que finalmente conseguiria uma vitória.

— Ficou bom, é?

— Não, mas eu não quero morrer de fome, mesmo que você queira isso.

— Você não vai morrer de fome, Kira. – suspirou novamente, perguntando-se de onde ela tirava aquelas ideias irracionais.

— YUKIRA! Para de agir como se eu gostasse de você! E eu quero mais!

— Se beber muito leite não vai comer depois.

— Eu vou sim! Eu quero leite.

Ash revirou os olhos e pegou a mamadeira. Yukira sorriu enquanto o seguia. Sentia-se vitoriosa como nunca. Ash não demorou a encher novamente o recipiente e o entregou para a filha. Yukira bebeu um gole.

— O da mamãe é melhor. – provocou ela.

Ash suspirou e voltou ao sofá.

— Eu tenho certeza de que é.

Yukira o seguiu e se sentou em uma das poltronas, longe dele.

— Quero ver desenho.

Ash não protestou, simplesmente mudou de canal. Kira não gostou da desistência dele e colocou a mamadeira quase intocada sobre a mesinha de centro.

— Não quero mais.

Ash suspirou, mas não disse nada de imediato. Era realmente um pai tão ruim a ponto de não receber nem mesmo uma chance?

— Tudo bem.

Ele pegou a mamadeira e a levou para a cozinha. Quando voltou, Kira ainda estava no mesmo lugar. A menina se arrependeu. Ela ainda queria o leite.

— O que quer fazer hoje à tarde?

— Quero ir ver a minha mamãe.

Ash suspirou novamente e sentou-se no sofá.

— Você não pode ir ver a sua mamãe hoje.

— Eu sei. E a culpa é sua. Por isso que eu não gosto de você.

Ela voltou sua atenção para a televisão, sem ter a menor ideia do quanto magoava o pai com as palavras que dizia tão naturalmente. Nenhum dos dois disse nada por quase quinze minutos, que foi o tempo que Drew, May e as crianças levaram para chegar. Ash quase pulou para atender a porta.

— Graças a Deus vocês chegaram!

Drew riu e entrou, sendo acompanhado pela sua família feliz.

— Suponho que a cozinha seja minha, então.

— Obrigado, May.

A morena sorriu e abraçou rapidamente o amigo mais novo.

— Vai dar tudo certo, você vai ver.

Ash sorriu e abraçou Diego e Julia.

— Vocês crescem mais todos os dias!

Eles riram e correram para perto de Kira, que já estava emburrada com a demora.

Diego aproximou-se após alguns segundos.

— Tio Ash, a gente pode ir brincar lá fora?

Ash olhou para Kira, mas esta não o encarava. Ele se sentiu ainda mais desanimado. Ela não falava com ele nem mesmo para conseguir uma autorização.

— PIKACHU! – o ratinho apareceu no mesmo instante. – Fica com as crianças ali fora. Não deixa elas irem muito longe e dá um choque em qualquer um que se aproxime.

O Pokémon assentiu com a cabeça e acompanhou os três para fora da casa.

Drew caminhou até o sofá e sentou-se, sendo seguido por Ash.

— Fala, cara. Quê que aconteceu?

E Ash falou.

~~xx~~xx~~xx~~xx

Misty não queria admitir, mas se sentira bem ao sair do consultório. A mulher não era um demônio, assim como tampouco parecia estar procurando formas de incriminá-la. Misty escolhera todas as palavras que dissera e pensava ter feito um bom trabalho. Heida, a psicóloga, não parecia ser uma pessoa ruim.

Ela caminhou devagar, seus pensamentos presos em Rudy. Ele estava tramando algo, isto era certo. Nunca ficaria tão… relaxado caso não estivesse. Era como se tudo já estivesse planejado e nada do que acontecesse pudesse impedi-lo. Misty, inicialmente, tentou afastar os pensamentos, mas era uma mulher prática demais para tanto. Resolveu, então, que o melhor a se fazer era descobrir o que Rudy estava planejando.

— Togepi! – ela chamou.

O Pokémon não demorou a aparecer.

— Veja o que Rudy está fazendo. – ordenou.

Togepi assentiu com a cabeça. Misty ficou encarando o local vazio deixado pelo Pokémon por quase uma hora antes que ele retornasse.

Continua…


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