Em Busca da Verdade escrita por Camy


Capítulo 10
A filha da mulher que eu amo




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Ash P.O.V

Togepi tinha os olhos presos nos meus. Observava cada movimento que eu fazia. Olhei-o da mesma forma. Eu conheço esse ovo. Ele tá me analisando. Quer saber alguma coisa…

— Bem, qual o problema? – perguntei enfim, quebrando o silêncio tenso.

Ela parecia séria. Demorou alguns segundos pra responder.

— Misty Waterflower.

Isso já me disseram, menina.

— O que ela fez?

A incentivei a ser mais rápida. Não gosto de enrolações. Será que traiu o Rudy? Essa eu ia gostar de ver.

— Ela não fez nada, além de se sacrificar pelos seus amigos.

Opa, porra. Sacrificar? Eu vi ela ontem. Que merda é essa de se sacrificar?

— E-ela m-mor-reu? – ignore a gagueira.

Ela bateu a mão na testa antes de gritar comigo.

— Claro que não!

Que menina bem chata. Podia ter explicado, né?! Fica usando as palavras erradas e deixando a gente nervoso.

— Então o que ela fez?

Essa ruiva idiota não pode morrer antes de falar comigo. Eu preciso tirar essa história a limpo!

— Ela não fez nada de mau, foi outra pessoa que fez.

Rudy. Tem que ser. Babaca mal amado.

— E quem é?

Diga Rudy, diga Rudy…

— No momento isso não importa.

Ah, vai se ferrar! Não foi pra isso que invadiram minha casa e expulsaram a minha namorada?! Pra me contar o que aconteceu com a Misty?!

— Como não?

— Primeiro, quero fazer umas perguntas sobre a minha mãe para você.

Ah, sim. O teste que o Brock disse. Que bosta, não quero fazer teste. Quero que parem com a enrolação e me digam o que aconteceu com a minha ruiva!

— Por acaso conheço a sua mãe?

Por favor, me diz que não. Por favor, me diz que não.

— Me falaram que é a pessoa que mais a conhece – ela retirou seus óculos escuros e eu pude ver olhos muito parecidos com os da Misty, não iguais, apenas parecidos demais.

Que merda! Por que, Kami-sama? Por quê? Por que essa bosta tinha que acontecer? Eu tava feliz, sabia? Por ter a mínima chance de conseguir minha ruiva de volta. Eu tava mesmo, bosta. Tava esperançoso também. Vai que ela não me traiu?! Eu sou o maior baka do planeta. Da porra do universo inteiro!

— Você é filha da Misty – sussurrei.

Sim, como eu não percebi antes?! Apelidei a menina de mini Misty, caralho. Mini. Misty! E ela ainda precisa ter esses olhos verdes e irritantemente parecidos com o daquela Miltank desgraçada. Que nojo. Por quê?! Por que meus melhores amigos invadem a minha casa pra esfregar na minha cara que ela tem uma filha irritantemente bonita com outro cara? Todos eles sabem que eu ainda sou louco por ela! E foda-se, eu sou mesmo! O mundo inteiro sabe que eu sempre fui louco por ela!

— Sou.

Eu sei, porra. Para de confirmar!

— Eu sabia.

Sim, eu preciso esfregar na cara de alguém que eu sabia. Eu tinha percebido, só não queria acreditar. Qual a idade dela mesmo? Não pode ter menos do que cinco anos. Aposto que é fruto do tempo em que ela ainda me traía com o idiota. Aposto que deu merda e por isso que ela nunca me procurou depois. Tava grávida. Só não entendo por que ela tava me traindo. Na época eu não era conhecido como sou agora. Era um ninguém! Por que estragar a vida de um ninguém? Bosta, Misty, pra que fazer isso?!

— Então não devia ficar tão surpreso.

Ah, essa arrogância ela puxou da Misty. Mas eu achava fofo nela. Na Misty, eu quero dizer. Não acho mais. De boa, a menina podia simplesmente desaparecer agora. Que ódio que eu to. Por que diabos eles não podiam continuar escondendo ela de mim? Por que a menina foi escondida da imprensa também. Não que eu seja paranoico por ela ou algo do tipo, mas algo como isso sairia pro mundo inteiro, né? Famosa do jeito que aquela lá é. Se bem que a Misty andou sumida desde que terminamos… antes sempre havia um fã querendo autógrafo quando a gente tava passeando, mas, tirando o casamento, ela ficou afastada das câmeras… pelo menos teve a decência de proteger a privacidade da menina.

— Não, eu sabia que a sua mãe não vale nada!

Pikachu pulou para o meu lado e eu me levantei de frustração. Porra! A Misty podia ter se preservado, pelo menos, né? Não precisava jogar na minha cara que me traía o tempo inteiro.

— Nunca mais diga isso! NUNCA!

Ela também se levantou e Togepi começou a voar sobre sua cabeça. Ele que nem tente defender a Misty, pelo amor de Kami-sama. O Togepi já é grandinho o suficiente pra saber que ela fez merda. Ele precisa saber. Mora na cabeça dela, porra!

— Mas é verdade! Se você soubesse o que aconteceu, não iria ficar do lado dela!

— Eu SEMPRE vou ficar do lado dela! Se ela matar o meu pai, eu vou ficar do lado dela!

Que bom, princesinha. É uma retardada completa, então. Daqui a pouco ela vai te trair também. Quando menos esperar vai tá dando colinho pra uma das suas amiguinhas, ou sei lá o que crianças dessa idade consideram traição. Mas ela vai te trair, eu sei que vai.

— Ela me traiu!

Isso, bem feito. Fica surpresa mesmo. Se controla, Ash! Ela é uma criança ainda, para de julgar a mini Misty pelos erros da mãe dela. São duas pessoas diferentes. Nem tão diferentes, mas, ainda assim, diferentes.

— Ela nunca iria trair alguém! Ela nem traía o meu pai, sendo que nunca amou ele! Ela amava você! Eu vi as fotos!

Me jogo no sofá e respiro fundo. Bosta. Ela vai chorar agora. Eu conheço essa agressividade toda. E a voz instável também me diz que ela vai chorar. Não gosto de fazer crianças chorarem. Não gosto. Certo. Pera. Fotos? De que merda ela tá falando?

— Que fotos?

— ESSAS FOTOS! – ela grita indignada e me atira duas fotos.

Na primeira eu corro atrás de Misty. Eu me lembro do dia. Foi tão… bom. Eu realmente estava feliz. Nosso relacionamento não era bem um relacionamento ainda, mas eu já queria que fosse, é claro. Na outra, Misty está do meu lado e do meu outro lado está o Rudy. Foi engraçado, eu pensei que ela me amava.

Evito que as lágrimas se acumulem nos meus olhos. Coloco as fotos ao meu lado e a encaro mais calmo. Pobre criança. Ela não me amava. Não como eu queria que amasse. Se meu sentimento fosse correspondido, ela e Rudy jamais teriam se casado.

— Não sei o porquê dela ter casado com o pa… Rudy. Mas alguma coisa aconteceu, e eu vou descobrir!

Ela fechou os olhos rapidamente e eu percebi que estava se repreendendo mentalmente por quase chamar Rudy de pai. Eu faço isso também. Se ela quer tanto saber o que aconteceu para que Misty e Rudy se casassem, eu digo com o maior prazer.

— Te conto o que aconteceu! – provavelmente não deveria estar esfregando a verdade na cara de uma criança com tanto prazer. – Eu e ela estávamos namorando! Seis anos atrás! Quando fomos ao parque aquático e eu fui buscar chocolate pra ela, quando voltei vi sua mãe aos beijos com o idiota do seu pai. Sabe por que eles se casaram? Por que ela engravidou de você enquanto me traía com ele!

Yuki piscou algumas vezes e então negou com a cabeça, se recusando a acreditar que sua preciosa mamãezinha pudesse trair alguém. Ah, ela não conhece minha ruiva como eu conheço.

— Por acaso ela retribuía o beijo?

Ah, querida, retribuía sim. Eles já me vieram com esse papinho antes.

— O Brock já me veio com essa história, Yuki. Eu até pensei que ela realmente não havia me traído, que eu havia cometido um grande engano, mas agora você aparece, filha dela! Com o Rudy! Fica meio óbvia a conclusão, não?

— Provavelmente deve ter uma boa explicação para isso, eu só não sei qual é!

Querida, não tem. Sua mamãe é uma Miltank desgraçada que grudou como chiclete na minha cabeça oca. Simples assim.

— E tem, ela me traiu!

— Eu ponho a minha mão no fogo minha mãe não traiu você.

Fogo queima, criança. Mamãe não te ensinou isso não? Claro que não! Ela é retardada demais pra ter te ensinado alguma coisa que preste.

Tá, eu sei. A Misty é inteligente pra caralho e deve ter educado a menina super bem. Mas isso não importa! Se eu ver essa ruiva idiota de novo, juro que mando o Pikachu dar um choque bem forte naquela cabeça gigante. Ele não vai me obedecer, mas eu juro que mando.

— Pergunta logo o que você quer saber!

Vamos acabar logo com isso, pirralha. Quero só ficar sozinho pra quebrar alguma coisa.

— Não antes de descobrir isso tudo.

Porra, a mini é teimosa pra caralho. Puxou isso da Misty, só pode.

— Porra…

— BROCK! – ela grita.

— Eu não falei nada. – Se o Brock descobre que falei palavrão na frente dela, ele me quebra no meio.

Ela não parece estar realmente preocupada comigo. Seus olhos estão na porta que dá pra parte de fora da casa. Foi por onde todos saíram.

Brock apareceu na porta com uma cara assustada; ele sabia que eu não iria ouvir e ela também não, nós somos dois teimosos. Pelo menos eu admito minha teimosia. Misty nunca admitiu a dela.

— Explica tudo! – Yuki exigiu.

— Tudo o quê? – eu vejo a gotinha de suor escorrendo pelo rosto dele. Tem muito dessa história que eu não sei. Posso não ser o cara mais inteligente do mundo, mas, nesse caso, sinto que preciso saber de tudo.

— Tudo! Você disse que a Misty me amava, mas aí aparece a Yuki, explique-se! Ou realmente achou que eu não ia reconhecer a filha da Misty?

Ele sabia que eu ia, é claro. Lily apareceu ao seu lado. Brock tinha escondido o rosto entre seus dedos, obviamente frustrado.

— É simples, eu explico tudo a vocês, desde que o Brock concorde que vocês possam saber da verdade.

Que verdade, caralho?

— Nunca. – o tom de Brock foi decisivo.

Bosta, é impossível fazer ele mudar de ideia quando fica assim. Acho que eu preciso de um tempo pra raciocinar tudo o que tá acontecendo. Eu realmente preciso.

— Brock, já está na hora né? – pelo menos agora Dayse tá agindo da forma certa. Ela olha pro Brock daquele jeito mandão que só as Waterflower têm.

— Você quer ou não ter a Misty de volta?

May, um segundo, o que acabou de falar? De volta? Ah, sim, a mãe da Yuki saiu e deixou ela aqui… pera… tem perigo de ela não voltar? Que bosta é essa?

— Ele não te machucou, né Yuki?

Sim, Paul, eu espanquei ela. Tá morta no chão, não tá vendo? Bosta, foco, Ash. A Misty sumiu. Não, não sumiu, ela ligou pra mini apenas alguns minutos atrás. Pera… ela ligou pra mini. Eu podia ter ouvido a voz dela se tivesse arrancado o telefone das mãos dela. Não sei por que eu faria isso, mas… podia ter feito. Pra ouvir a voz da minha Myst… e dizer pra ela o quão vadia ela é.

— Não, mas eu descobri que ele é um idiota.

— Isso não é novidade pra ninguém! – Drew, cala a boca.

Eu não consigo nem pensar direito. O que diabos tá acontecendo aqui? Respiro fundo. A Misty me traía quando estávamos namorando.

— Brock, por favor! – era a voz de Violet, mas ela não é importante agora.

E engravidou do Rudy. Então eu os descobri e nós brigamos feio.

— Já disse que não!

Que bosta de verdade é essa, porra?!

— Do que vocês estão falando? – eu grito.

Ficam interrompendo meu raciocínio!

— Estamos decidindo se contamos ou não a verdade pra vocês.

Eu já percebi isso, retardada.

— Que verdade, tia Dawn?

Own, agora ela é toda meiguinha, né? Foco, Ash! Minha vida virou uma bosta e, depois de mais de seis anos a filha dela aparece na minha casa. Meus amigos tentam me convencer de que a Misty me amava; minha namorada é expulsa de forma humilhante…

— Depois vocês vão saber.

— Já disse que não, May!

E alguma verdade tá sendo escondida de mim e da filha dela. Além disso, alguma coisa ruim aconteceu com a Misty, porque ela obviamente não tá aqui e, ao que parece, ela pode não voltar mais dessa viagem misteriosa, ou o que for.

— Vamos, se a gente não contar, nunca mais vamos ver a Misty!

Bem, a Dayse acabou de confirmar que há chances de a Misty não voltar dessa viagem maluca. Mas por que o Togepi simplesmente não aparece lá com ela?

— Que história é essa? – pergunto.

Não tenho esperanças de que alguém vá realmente me responder, mas não custa perguntar, né?

— Depois eu te explico.

Pelo menos a mini sabe de alguma coisa.

— Yuki, nós vamos tentar convencer o Brock, ok?

— Ta bom, tia Violet, mas sem torturas!

— Não garanto! – Lily piscou antes que Brock fechasse a porta na nossa cara. Muito maduro, Brock.

— O que aconteceu? – perguntei deitando no sofá e escondendo meu rosto com as mãos.

Só o que me faltava. A bosta de uma puta dor de cabeça apareceu. E a mente é minha, aqui eu posso falar palavrão.

— Também estou confusa, mas depois a gente descobre, ok?

Chego até a olhar pra ela. Menina bipolar! Agora ela tá sendo quase gentil comigo. Olho para Togepi. Ele tá no sofá ao lado da Yuki, com seus olhos bem fechados. Ele tá se concentrando.

— Claro, mas o que aconteceu com a sua mãe?

Eu preciso saber. Minha cabeça aguenta mais algumas informações. Já acabaram com o meu dia mesmo. Respiro fundo e controlo a voz. Não quero que ela se irrite de novo. Calma, ela é bem mais simples de se lidar.

— Depois eu te conto, agora eu quero é te fazer umas perguntas sobre a minha mãe.

Ah, sim. O tal do teste. Apressem-se aí fora, gente, antes que eu fale o que não devo pra baixinha aqui.

— Desculpe, mas eu não irei responder o que você quer ouvir.

— Então fale da garota que você pensava que ela era quando adolescente!

Não posso, pequena. Não posso falar dessa Misty, porque vou pensar que ela continua sendo assim e vou me iludir de novo. Não posso, porque eu sinto tantas saudades da adolescente que era a sua mãe que chego a me sentir vazio.

Encaro seus olhos, pronto pra acabar com a palhaçada e chamar todo mundo de volta, mas não consigo. É como Brock disse, ela tá nervosa. Vejo as lágrimas que querem escapar, mas não caem. Ele disse que esse tal teste a acalma. A faz acreditar que está testando o nível de amizade das pessoas com a sua mãe. Tadinha. Amizade não se pode medir ou testar. Ela simplesmente existe. E Misty e eu já não somos amigos há muito tempo.

— Ok.

Eu realmente planejava dizer que não, mas a palavra pulou da minha boca. Bosta, ainda não aprendi a dizer não pra esses olhos. Não que sejam iguais aos da Misty, mas são parecidos demais. E eu realmente preciso matar tempo até eles conversarem lá fora. E duvido que ela vá falar comigo sobre o que aconteceu com a Misty sem que eu faça o tal teste. Além disso, mal não faz, né? Na verdade faz, mas…

— É um teste de dez perguntas.

Os olhinhos brilhavam um pouco e ela se arrumou no sofá antes de falar. Conti um sorriso. Crianças se animam com tão pouco…

— Nunca fui muito bom em testes. – avisei.

— Ninguém nunca acertou tudo.

Ela tá tentando me assustar. Finjo uma certa preocupação. Ela não é tão ruim assim. Como Brock disse, acho que só tá nervosa.

— E se eu me der mal?

— Daí você pode fingir que a gente nunca veio aqui, que eu nunca espantei a sua namorada, apesar de eu achar que fiz uma coisa boa, e que você nunca ficou sabendo que a minha mãe tem uma filha, nem que aconteceu alguma coisa com ela.

Querida, eu vou saber isso de qualquer forma. Se não por você, por Brock. Não viriam até aqui sem um bom motivo. E duvido que seus tios vão embora sem terem o que querem.

— Mas agora eu quero ajudar! – reclamo.

Ela conteve um sorriso. Mini Misty gosta de estar no controle tanto quanto a mãe.

— Se você não for bem, não TEM como você ajudar.

Claro que tem, querida. Sempre tem como ajudar.

— Ok, então pergunte! – a incentivei.

Reprimo o suspiro e deito virado pra ela. Não posso evitar a dor de cabeça e nem a confusão. Mas tudo bem. Joguem tudo pra cima de mim que eu raciocino depois, quando tivermos um tempo de pensar. No momento, apenas preciso passar em um teste. Um teste sobre a Misty. To ferrado!

Continua...


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Notas finais do capítulo

gente, eu particularmente acho esse um cap bem franquinho... mas espero que vocês tenham gostado pelo menos pra matar um pouco a curiosidade ateh o próximo cap chegar Espero q estejam gostando e agradeço novamente pelas 4 recomendações amo vcsBjs e teh + /



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