Em Busca da Verdade escrita por Camy


Capítulo 11
Dez perguntas sobre Misty Waterflower




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ASH P.O.V

Testes, sempre complicaram a minha vida. Nesse momento, por incrível que pareça, eu sinto medo. Eu realmente quero passar. Quero ser aquele que acerta mais. O mais próximo da minha ruiva. Escroto, eu sei. Mas o que posso fazer? Não controlo o que sinto.

Eu sei que eu devia mandar todos embora. Misty acabou comigo. Me traiu da forma mais cruel de todas. Me fez de idiota por sei lá quanto tempo e depois foi abençoada com uma filha chatinha, mas que a ama desse jeito que só crianças amam. Eu quero isso pra mim, um dia. Por que a vida dela tem que ser tão perfeita? E por que eu continuo sempre me ferrando?

— Posso começar? – ela ajeitou novamente a prancheta em seu colo.

Os olhos verdes que eu sinto conhecer desde sempre brilham pela expectativa. Crianças são tão inocentes. Há poucos segundos ela quase chorava, e agora mal consegue conter o sorriso ante a possibilidade de acabar comigo no teste. Sorri levemente antes de responder.

— Pode.

Ela tinha os olhos presos nas folhas à sua frente. Molhou os lábios antes de começar a ler.

— Pergunta número um = Ela trocaria os seus amigos por um objeto?

A leitura foi lenta e pausada e não consegui pensar em nada mais gracioso no mundo do que o som da voz infantil tentando decifrar as palavras na folha. Me sentei lentamente, pensando na resposta.

— A Misty? Não. – eu não estava falando da Misty atual, estava falando da Misty que eu pensei que conhecia. Da Misty que, no fundo, eu ainda amo. – Ela daria tudo por seus amigos. Trocá-los por um objeto, um bem material? Nunca. Ela seria capaz de dar tudo o que tem, apenas para ver seus amigos em paz. Faria de tudo para protegê-los.

Eu falei com calma. Eu sei que tudo o que se quer ouvir sobre nossos pais é o que eu disse sobre a mãe dela. Mini ama Misty, eu sei, e o sorriso mínimo que ela abriu me fez sorrir também. Ela sente orgulho de Misty. Acho que não devia, porque Misty fez muita merda comigo. Mas, antes de eu descobrir sobre a traição e tudo o mais, era assim que eu a via.

— Resposta muito boa – ela admitiu, meio sem vontade. Meu sorriso não pôde ser evitado –, mas a partir daqui as perguntas apenas ficam mais difíceis! – me ameaçou e eu fingi estar com medo. – Você pode se dar bem até a oitava pergunta, depois as coisas complicam.

Assim como Myst, Yuki gosta de se sentir no controle. De dominar. É como a mãe… mãe… tão estranho pensar na Misty como uma mãe. Ela tem uma filha… a menina que me pescou no rio tem uma criança. Tão estranho pensar assim…

— Pode mandar. – desafiei.

Ela mexeu com a caneta no papel, fazendo um sinal positivo na pergunta. Depois olhou novamente pra mim.

— Pergunta número dois = Tinha caráter ou era só mais um rostinho bonito?

Sorri ao ouvir a leitura dela de novo. Aposto como foi Yuki quem fez as perguntas. São tão tolinhas… tão simples de serem respondidas. Além disso, qualquer um que seja bajulador conseguiria acertar. Afinal, quem em sã consciência falaria mal de uma mulher para a própria filha dela?

— Caráter provavelmente era o que ela mais tinha. – ela sorriu e se acomodou para me ouvir. Os olhos brilharam com as minhas palavras e eu percebi que não conseguiria tirar esse brilho dos olhos dela. Que não quero tirá-lo. – Era linda, com esmeraldas no lugar dos olhos, algodão no lugar da pele e flores no lugar da boca. – os olhos se arregalaram e ela riu abobada, mostrando os dentinhos brancos. Yuki é tão bonita quando não tá com a cara amarrada… – Mas ela não era que nem essas patricinhas, não! – fingi que tinha longos cabelos e joguei-os para o lado com minha mão, arrancando mais um risinho dela. Sorri junto. O som me agrada. – Ela era linda, mas determinada, sempre pensando nos outros. Concordo que Misty sempre foi exibida – o sorriso desapareceu e ela olhou para as próprias mãos, provavelmente pensando se digo a verdade. Não consigo ver uma criança triste –, mas teve limites. – Misty nunca teve muitos limites, acho que nenhuma Waterflower tem, mas não posso fazer Yuki ficar triste. – Ao invés de ficar pensando nas unhas, ela pensava nas próximas batalhas. Linda e batalhadora, essa era a Misty.

— Você nem parece aquele homem que agora a pouco a estava xingando.

Ela sorria superior pra mim e eu dei de ombros. Tudo culpa sua, chatinha.

— Porque eu estou falando de outra pessoa, era assim que eu pensava que ela era, mas eu me enganei.

E se eu realmente falar o que penso você vai começar a chorar. E não suporto crianças chorando.

— Talvez não. – ela novamente fez um sinal de certo na folha.

Pena que não tem razão, pequena. É uma pena mesmo.

— Vamos acabar logo com isso.

Quero ouvir você lendo de novo. Acho que preciso de um filho. Uma criança pra ficar comigo. Sério… eu adoro crianças. E ver a filha de Misty só me faz pensar na família que poderíamos ter sido. Se Misty continuasse sendo como era, Yuki seria minha filha e Rudy não seria ninguém na nossa vida. Tudo seria diferente se ela não tivesse me traído. Por que ela fez isso? Na época eu não era ninguém… pra que torturar um ninguém?

— Pergunta número três = O que a irritava profundamente?

Yuki se complica um pouco para pronunciar “profundamente” e suas sobrancelhas se unem em concentração. Ela precisa tentar três vezes antes de sorrir vitoriosa.

A resposta é simples: tudo. Sério, Misty se irritava por tudo. Aposto que há muitas respostas corretas pra essa pergunta.

— Misty nunca foi das garotas mais calmas, mas uma coisa que sempre a irritou era dizer que ela era feia. Isso a irritava profundamente – sorri ao mostrar que eu sabia dizer a palavra. Yuki fingiu não perceber e continuei. – Quando ela dizia que era linda, mas eu discordava, ela sempre me batia. – senti a saudade se instalar de novo em mim. Pensar na menina que mais me fez feliz é torturante. É como recordar de uma pessoa morta. – Ela gritava e xingava, dizendo que era linda. – Yuki sorriu e eu retribuí, é claro. – Eu mentalmente sempre concordei, mas eu sempre adorei irritá-la e o melhor jeito de fazer isso, sempre foi chamá-la de feia, ou dizer que ela não sabia batalhar.

Yuki tentou conter o sorriso e voltou a rabiscar na sua prancheta. Ela gostava de ouvir coisas boas sobre a sua mãe. Acho que todos gostamos. Suspirei, tentando afastar a vontade louca de chorar. Não sou emotivo, mas pensar no que poderia ter sido é horrível. Pensar que eu poderia ter uma filha agora. Uma esposa. Uma vida feliz.

— Nossa, bela resposta. – ela me encarou e corou, antes de continuar. – Você responde diferente dos outros. A maioria responde com a mente, mas você responde com o coração.

Aí que se engana, pequena. Eu respondo com a mente. Com as lembranças da melhor época da minha vida.

— Ela era minha amiga. – respondi na defensiva. – Não estou falando da sua mãe de agora, estou falando da opinião que eu tinha dela anos atrás.

Ela não se deu por vencida.

— Mesmo assim, você gostava MUITO da mamãe.

Eu amava sua mãe, pequena. Ainda amo. Se você soubesse o quanto eu amava Misty, ficaria com ciúmes. Ela era minha vida.

— Próxima pergunta. – desconversei.

Ela revirou os olhos, mas desistiu. Pensar em como eu amava Misty e em como ela me enganou faz com que eu me sinta humilhado. Eu fui. Em público. Várias pessoas viram minha namorada se pegando com o Rudy. Esquece isso, Ash. Você tem mais o que fazer!

— Pergunta número quatro = O que você mais gostava nela?

A leitura pausada dela me deu tempo para respirar fundo e deixar as lembranças voltarem. Quanto tempo fazia desde que pensara abertamente em Misty? Alguns anos, é claro. Pensar nela sempre foi dolorido.

— Muita coisa, mas uma das coisas que eu mais amava em sua mãe era que sempre podíamos contar com ela. – mini sorriu entristecida e não entendi o porquê disso. Estou falando bem da mãe dela, não deveria ficar feliz? – Quando um amigo estava com problemas, Misty sempre estava lá. Não era uma amiga apenas para os bons momentos, era para todos, os maus também. – sorri para ela e resolvi contar algo a mais. – Quando a gente começou a namorar… – os olhinhos se concentraram em mim e percebi que Misty nunca sequer tocou no assunto. Parece que ela realmente me esqueceu – fiquei com medo de que a nossa amizade fosse abalada, que ela mudasse… mas pelo contrario, nossa amizade apenas ficou mais e mais forte. Ela sempre esteve ao meu lado, independente do que eu aprontasse ou que besteira fizesse, Misty sempre esteve ao meu lado.

Sempre. Sempre, sempre, sempre. Não importava a besteira que eu fizesse, ela sempre estava do meu lado. Sempre.

— E eu achava que sempre estaria. – murmurei por fim, mas não sei se mini ouviu.

Ela mordeu o lábio inferior e sorriu pra mim.

— Estou gostando muito do jeito que você responde. Parece que você está vivendo isso novamente. – ah, menina… você não tem ideia do quanto eu to revivendo isso. – Gosto de você.

— Você também não é pirralha chata que eu pensei que fosse.

Ela é encantadora. Puxou isso da Misty, é claro. Os olhos dela me prendem como apenas os de Misty conseguiam. Ótimo! A sereia passou o poder dela pra filha.

— Pronto pra próxima?

— Claro!

Ela volta a se arrumar e recomeça a ler devagar.

— Pergunta número cinco = Como era a sua personalidade?

— Essa é uma das mais fáceis de responder. – ela voltou a largar as coisas ao seu lado para prestar atenção nas minhas palavras. – Ela era forte, parecia durona, sempre com a cabeça erguida, mas no fundo no fundo, ela era sensível. – como você, mini. – Sempre se fez de durona, mas eu sei que ela era muito mais frágil do que as pessoas sonhavam. Assim como você, ela ficava agressiva quando estava assustada.

— Eu não to assustada! – ela gritou.

Me limitei a sorrir. Eu conheço Misty e mini é exatamente como minha ruiva. Ela se acalma e volta a se acomodar. Depois de alguns segundos em silêncio, murmura:

— Vocês eram realmente muito amigos, né?

— Mais do que você pode imaginar.

Ela sorriu com minha resposta. Eu quero contar mais pra ela. Quero que ela me conheça, que conheça a minha história com Misty. Estranho… mas eu quero.

— Estávamos sempre juntos, como unha e carne. – continuei. – Nada fazia um desconfiar do outro, mas eu não acreditei nela quando a vi com o Rudy. Tudo estava perfeito demais. Tinha que ter algo errado, nada é perfeito.

Mas o nosso relacionamento chegou perto de ser.

— Acho que você merece ela muito mais do que o Rudy.

Ah, baixinha… não diz isso não. Não me alegra desse jeito não, por favor. É tão torturante ficar perto dela sabendo que é filha do Rudy e sabendo que nunca terei Misty pra mim. Tão ruim…

— Ele é seu pai.

— Mas eu queria que não fosse. – ela murmurou.

Se Yuki disser que quer que eu seja o pai dela, juro que mato o Rudy pra ficar com a vida dele.

Mas, é claro, ela não diz. O silêncio meio constrangedor que se instalou me deixou sem graça. Desejo estúpido, o meu. Claro que não vou matar ninguém e tal… claro que não.

— Então faça logo o resto das perguntas para eu saber mais do que aconteceu. – quebrei o silêncio.

Mini Misty me olhou meio de lado e eu apenas sorri pra ela. Meio entristecida, ela voltou a ler.

— Pergunta número seis = Ela batalhava só pela fama?

Ah, Yuki. A resposta que você quer ouvir é muito simples.

— Fama? Misty sempre foi apaixonada por batalhas, assim como eu. Ela nem ligava para a fama. Quando perguntavam sobre as irmãs dela, ela normalmente dizia algo como: “Como eu vou saber? Ta me vendo com elas por acaso?” – Yuki também riu. O som encheu a sala. – Se alguém tentava tirar uma foto com ela, Misty dizia mais ou menos assim: “Não sou famosa, pra que foto?” – mini Misty voltou a rir e eu continuei. – Com os amigos ela sempre amou tirar fotos, mas com os outros ela achava que eles apenas queriam se vangloriar, nunca fez pose, pois nunca se considerou famosa. Batalhar pela fama, nunca. Batalhar por gosto, sempre. Uma das coisas que sua mãe sempre gostou de fazer foi batalhar, com gente mais forte, ou mais fraca isso não importava. A única coisa importante era se divertir.

— Muito bem. Ótima resposta, mas a próxima será a última fácil. A partir da oitava, a coisa complica.

Ela falava olhando para a prancheta, terminando de desenhar o certo. Sorri. Perfeccionista como a Miltank da mãe dela.

— Vamos, estou pronto! – a desafiei.

— Ok. Pergunta número sete: Como se pode substituí-la?

Ela falou devagar. Sorri. A resposta que ela quer ouvir não é difícil de ser descoberta.

— Ficou maluca? – não sei o que ela achou de tão engraçado, mas riu da minha pergunta. – É impossível substituir a Misty. Nem com um bilhão de esmeraldas, nem com a pessoa mais famosa do mundo. – a felicidade dela ao ouvir as minhas palavras é algo quase surreal. Ela consegue ser bem bonita quando não fica com a carranca de “sou superior a todos no mundo”. – Nada é igual a ela. Não conheço ninguém mais insubstituível que ela. A gente sente falta, quer tê-la por perto. Quer conversar, mas não pode. Independente do que se faça, é impossível esquecê-la, ela sempre volta.

A realidade não é diferente da que disse. Aquela Miltank é como um chiclete. A vadia nunca sai da sua vida. Nunca. Jamais.

— Eu me sinto assim… dá uma saudade…

Ela mordeu o lábio inferior bem de leve, do mesmo jeito que a Misty costuma fazer quando tá triste. Ah, Kami-sama, o que aconteceu com a minha ruiva?

— Ela foi embora?

Espero conseguir convencê-la a se abrir comigo. O que Misty fez comigo é imperdoável e todos sabem disso, mas… não consigo odiá-la. Estranho, não?

— Responda corretamente uma das três próximas perguntas e você vai saber.

Brock, cadê você? Por que estão demorando tanto? Não vou conseguir distrair Yuki por muito mais tempo…

— Alguém já acertou as três? – enrolei.

— Não.

Não? Mas o Brock conhece Misty ainda melhor do que eu… atualmente, pelo menos.

— Nem o Brock?

— Ele chegou perto, mas não conseguiu acertar. – ela se empolgou e começou a contar sobre os testes que fizera. – A May e a Dawn também, mas só alguém que a conheça muito bem sabe responder. A que ninguém nunca conseguiu responder é a dez.

— Então eu também não irei.

— Por incrível que pareça, eu acho que você tem algumas chances.

O sorriso que ela me lançou não foi normal. Não é o sorriso de Misty, mas eu o conheço de algum lugar. Rudy, será?

— Deixe-me ver a pergunta tão complicada que você tanto falou! – fingi entusiasmo.

Não que eu não queira responder. Apenas quero que os adultos voltem logo e que eu saiba de alguma coisa. Sinto que sou o pior dos palhaços. Aquele que mantém o público ocupado quando algum imprevisto acontece.

— Pergunta número oito = Qual era o cheiro dela?

— Acha essa uma pergunta difícil? – provoquei, recebendo um olhar intrigado. Eu já comprei um perfume pra ela, então essa é simples. Ao menos era, não sei se ela ainda usa o mesmo perfume. – Misty tinha cheiro de uma flor chamada Dália. Não é muito comum, mas linda. Misty sempre foi diferente. O cheiro de Dálias na época não era comum, e sua mãe adorava coisas fora do comum. – desviei meu olhar pro chão. Os olhos verdes da mini são parecidos demais com os de certa pessoa. – O cheiro de Misty é inesquecível. – murmurei. Yuki me ouviu e se remexeu desconfortavelmente no sofá. Bosta. Não devia ter dito isso, não devia ter dito isso mesmo. – Provavelmente as irmãs dela acertaram essa pergunta, afinal eram elas que compravam o perfume da Misty. – desconversei.

— Muito bem, você acertou! – Yuki rabiscou novamente na prancheta. – Hoje em dia ela usa um perfume de Jasmim, mas ainda tem o pote de perfume da planta que você disse. – não me admira ela ter mudado de cheiro. Seis anos se passaram, afinal. Não é só porque eu ainda uso o perfume que ela me deu que ela teria que fazer o mesmo. – Não precisa mais responder as duas últimas perguntas… mas eu estou interessada nas suas respostas… posso continuar?

Obrigado por não falar nada sobre o meu comentário infeliz sobre o cheiro da sua mãe. Brock, cadê você, caramba?!

— Claro, agora fiquei intrigado para poder responder.

O que aconteceu com a sua mãe, Yuki? O quê?!

— Pouca gente conseguiu acertar essa pergunta. – ela tentou me amedrontar, – A maioria respondia a dez, incorretamente ainda por cima. Então apenas responda a minha pergunta, sem complementar.

Sou péssimo com complementos, de qualquer forma.

— Tudo bem. – concordei.

Ela sorriu vitoriosa. Acho que ela pode me pedir qualquer coisa e eu vou concordar.

— Pergunta número nove = Os meus olhos são iguais aos da minha mãe?

Bobinha. Iguais não. Nunca iguais.

— Iguais não. Parecidos. Os olhos da sua mãe são mais claros, têm um brilho diferente dos seus. Você com certeza puxou os olhos dela, mas os seus são mais escuros. Não tem como duas pessoas terem os olhos iguais.

Pergunta simples, essa.

— Perfeita resposta! – os olhos verdes brilharam. Tão igual à minha ruiva… – Justificou, respondeu certo e ainda por cima foi objetivo. Tem muita gente que diz que os meus olhos são idênticos aos dela, mas eu sei que têm alguma diferença.

Ela estava satisfeita consigo mesma. Talvez essa realmente fosse uma pergunta mais complicada. Qualquer um que estivesse respondendo o que ela quer ouvir teria dito sim. Quem nunca gostou de ouvir que possui os mesmos olhos que a mãe?

— Seus olhos não são iguais aos da sua mãe, e eu não preciso ser um profissional para ver isso.

Acho que eu gosto dela. Mesmo sendo filha do Rudy. É uma menina birrenta e chatinha, mas eu gosto dela. Como Misty.

— Última pergunta! – quase gritou de animação. – Pergunta número dez = Descreva os olhos de Misty Waterflower.

— Essa é a mais difícil? – provoquei.

— Sim, ninguém nunca acertou.

O que você quer ouvir, pequena?

— Na minha opinião é a mais fácil de todas. – vou fazer você feliz de novo, mini Misty. Aposto que vou. – Os olhos da sua mãe são como duas esmeraldas, mas valem muito mais do que elas. Eles passam segurança, alegria e conforto, sempre com um enorme brilho. Mas quando ela está triste, o brilho diminui. Quase desaparece, mas fica ali, pequenininho, apenas lembrando que um dia já foi enorme. Normalmente sua mãe tem o brilho do mar, do céu e do universo no olhar. Ela contagia todos a sua volta, e quando a gente está triste, com um simples olhar nos sentimos melhor. É possível ler os olhos dela, mas quando ela nos olha nos olhos, é como se perfurasse a nossa pele, até chegar na nossa alma. Uma das coisas mais difíceis do mundo é mentir olhando naqueles olhos, são inigualáveis, nada pode ser assim, como os olhos dela.

Nunca vi os olhos de uma criança brilharem tanto. Nunca vi os olhos de ninguém brilharem tanto. Ela se remexe. Será que vai vir me abraçar? Afasto um pouco os meus braços do corpo e me preparo pro contato.

Ah… ela só queria se ajeitar mesmo. Tento disfarçar meu embaraço enquanto mini Misty mexe na prancheta.

— Uau! Você é a primeira e única pessoa que acertou tudo! – ela fecha os olhos e começa a pensar em voz alta. Eu faço isso também. Me ajuda a pensar melhor. – Deve ter alguma coisa errada, não tem como você conseguir dar essas respostas! Tio Brock disse que você odeia ela!

— É apenas o que eu pensava dela. – mas Yuki continuava confusa com a situação. – Eu era apaixonado pela sua mãe. – reforcei. – Eu a conhecia muito melhor do que qualquer outro. – ela ainda parecia confusa. – Agora quem a conhece melhor que qualquer um é o Togepi, e você. Mas antes era eu.

Ela finalmente pareceu entender. Não sei o que vi nos olhos dela. Tristeza, talvez?

— Eu gosto de você, Ash. Muito mesmo! – incrível como as crianças são. A facilidade com a qual se conquista o amor delas é algo sensacional. O problema é quando essa relação se quebra. Mas para isso acontecer, precisa fazer muita merda. A capacidade que elas também têm de perdoar é… – Acho que está na hora de eu contar o que aconteceu. – ela interrompeu meus pensamentos meio inúteis.

Finalmente, querida. Finamente.

— Estou todo ouvidos.

Brock, cadê você?

Continua…


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Notas finais do capítulo

Achei que o cap num ficou dos melhores, num consiguia pensar em boas perguntas, mas eu AMO os olhos da Misty, num me levem a mal. Espero que tenham gostadooooo E mandem reviews pliix, mesmo que seja pra dizer q tá uma porcaria ok? AMOOOO vcs!Bjs e teh + /


Obs: Um dos capítulos mais difíceis de serem reescritos. Graças a Deus consegui, mas não sei se ficou lá grandes coisas. Foi o melhor que consegui fazer.