Ele não para de chorar e limpo suas lagrimas.

– Eu vou ficar. Não vou desistir de você. – sussurro em seu ouvido.

– Porque ficaria? – ele pergunta secando o rosto.

– Porque eu disse verdadeiro. – sussurro e o beijo. Sinto seus lábios nos meus e sua mão na minhas costas e outra na minha nuca. Nunca nos beijamos desse jeito, tão calmamente e deliciosamente, seguro seu pescoço firme. Ele faz uma pausa e sorri. Faço o mesmo e depois continuamos. Lembranças de Prim, Finnick e Boggs sorrindo passam pela minha mente. Finnick me ajudando a dar nós nas cordas, Prim me abraçando no dia da colheita e Boggs me ajudando com o holo. Não choro, apenas sorrio mais durante o beijo e penso pelo menos uma vez na vida que tenho sorte por ter lembranças tão boas deles. Eles se foram fisicamente, mas estão sempre comigo. “Você quer um cubo de açúcar?” “Tenta vencer, ta legal?” “Faça o que você veio fazer”.

Obrigada pela ajuda, vocês fazem falta aqui. “Que bom que somos aliados, Finnick” “Lembra de esconder a cauda, patinha” “Obrigada pela ajuda, Boggs.”

A dor da perda pode ser inestimável, mas devemos lembrar-nos deles com sorrisos, e não lágrimas.

E claro, para quem eu ainda não falei.

– Peeta. – falo – Obrigada por não desistir de mim.

Ele sorri um de seus mil sorrisos. – Eu é que agradeço. – ele sussurra delicadamente com a mesma expressão de sempre. Apaixonado.

Semanas se passam e os dias parecem cada vez mais agradáveis. Tanto para Peeta quanto para mim. Noites tranquilas – de ambos os lados –, demonstrações de carinho sem usar palavras, ficar feliz por coisas simples, sorrir mais e chorar menos. Aproveitar mais a conquista da vida. Aproveitar a única coisa que podemos chamar de nossa.

– Vai querer laranja no céu ou azul? – ele pergunta desenhando um por do sol em um caderno.

– Laranja? – pergunto estranhando.

– Não da cor dos cabelos da Effie, mas mais suave, como o por do sol. – pareceu até a primeira vez que ele havia dito isso.

– Laranja. – respondo.

Ele desenha o contorno e pinta. – está pronto. – ele diz erguendo-o.

– Não! Ainda falta uma coisa. – pego o lápis de sua mão e escrevo com minha melhor caligrafia no canto da folha.

“Feito por: Garota em Chamas e o Garoto com o pão.” Ele completa escrevendo embaixo: “Amantes desafortunados do distrito 12”.

Sim, ele ainda se lembra.