– Katniss... – ele murmura no meio da madrugada me fazendo acordar.

– o que? – falo sonolenta e desconcentrada.

– Katniss! Katniss! – ele grita de olhos fechados – Por favor, não! Katniss!

Os gritos agoniados de Peeta me fazem despertar de vez e tento acorda-lo. Ele abre os olhos vermelhos.

– Katniss! Oh meu Deus... Katniss... – ele fala me abraçando forte. Ele dormiu sem blusa sinto seu corpo suado e tremendo juntar ao meu e eu o acalmo. Batimentos acelerados, mas agora penso que seja por outro motivo. – Você estava... E... Eu quase te perdi, Katniss.

– Calma, foi só um pesadelo. Eu to aqui – seguro seu rosto na frente do meu. – Eu estou aqui ta legal? Eu to bem.

– Desculpa te acordar. É a primeira vez que isso acontece... – ele fala decepcionado consigo mesmo.

– Não seja por isso, eu te acordei muito mais. Vamos voltar a dormir. – o beijo e deito novamente da mesma maneira que antes. Seus braços em volta de mim e sua cabeça um pouco acima da minha, sinto sua respiração se regularizar e seu braço fazer carinho em cabelo enquanto o outro acaricia meu tronco na altura da minha cintura. Acordo na manha seguinte e vejo que Peeta ainda está na cama, ele percebe eu me mexer e olha para mim.

– Oi. – ele fala docilmente, porém rouco e com a feição de antes.

– Oi. – sorrio. – você está melhor?

– Eu não dormi outra vez... – ele fala se levantando. Me levanto também e descemos as escadas até chegar a cozinha. Ele prepara bacon e torradas com requeijão enquanto esquento o leite e o café. Ele se sentou do meu lado.

– Peeta, já se passou uns 10 minutos que eu acabei e você nem tocou na comida. – falo preocupada.

– Não to com fome.

– Ah... Se quiser, está no forno. – falo colocando nele.

– Katniss – ele bate na cadeira sinalizando para eu sentar. – O pesadelo que eu tive hoje... Acho que deveria te contar...

– Não precisa. Sei como eles são... Pessoas matando quem nós amamos, bestantes e bombas... – digo desviando o olhar.

– Pessoas matando quem nós amamos... – ele repete baixinho. – esse é o problema...

– Por quê? – pergunto levantando sua cabeça em minha direção.

– Katniss – seus olhos se dirigem a mim abalados da mesma forma que o resto dele. – A pessoa que estava te matando era eu.

Fico em silencio absorvendo as palavras e sinceramente, não sei o que fazer, beijar ele novamente? Dar-lhe o devido espaço? Deixa-lo com Haymitch enquanto organizo as coisas em minha cabeça? Me trancar em algum lugar onde ninguém me ache? A ultima opção parece idiota, mas é uma das primeiras que eu faria se pudesse.

– Você não vai falar nada? – ele pergunta. Fico em silencio sem ainda saber o que dizer e o que pensar. – Não precisa. – diz ele depois de alguns minutos. Se levantando e pegando os pratos.

Pense, você tem uma coisa para dizer, apenas se recusa que ele saiba tanto assim sobre você. Você sabe mais ainda, que ele é o único que pode resolver esse problema, e você sabe que ele é o único que te entende.

– Peeta... – começo com frio na barriga. – Você me ajuda com os pesadelos quando eu os tenho. Você sempre me acalma quando penso em Prim de uma maneira que ninguém faz. Tive medo de você esses dias e sempre quando tenho, tento deixar de lado e continuar do seu lado. Quando você falou aquilo na floresta, eu realmente me magoei, não por você falar em si, mas com a sinceridade que falou. Tal sinceridade que só aparece quando está alterado. Vi em seus olhos que você sentia algo por mim e se nega a aceitar. Vi que quando fico perto de você, há uma parte que me quer longe e outra que me quer ao seu lado... – falo rapidamente e com medo.

– e é essa que prevalece. – ele me interrompe. – isso que você falou é verdade. Tenho meus lados. Mas acredite, quando você está do meu lado, tenho vontade de ser qualquer coisa que faça você se sentir melhor, por que mesmo que esteja sorrindo, vejo sua tristeza. Mesmo que esteja bem, vejo lagrimas prontas para cair, mas que você as prende para não preocupar os outros. Sei que quando tem os pesadelos, eles normalmente são sobre Primrose - me da um aperto no coração por ele mencionar o nome inteiro – e sobre a Rebelião, Finnick e todos os outros, por favor, me perdoe nos momentos em que eu não pude fazer nada além te abraçar e falar que vai ficar tudo bem, por que... Por que... Eu realmente não queria te iludir dizendo que ficaria tudo bem. Não está tudo bem. Eu tento te matar na maioria dos dias e ainda tenho esses pensamentos, vejo que você sempre está pronta para correr quando fico alterado, mas há uma voz que nesse momento grita com clemência para que você fique e para que não desista de mim, já que eu já desisti.

Ele começa a chorar silenciosamente se virando de costas para mim. Vou ate ele com lagrimas nos meus também. Chego ao seu lado e vejo seus olhos vermelhos os ignorando. Coloca a mão em seu tronco na altura de seus pulmões.

– Apenas respire. – falo e lagrimas escorrem. Ele infla os pulmões e depois solta o ar. – Apenas respire, pois afinal, essa é a única coisa que temos que lembrar de fazer para que continuemos vivos...