O Império dos Titãs. escrita por Martinato, Monsieur Noir


Capítulo 7
A primeira grande vitória da minha vida.




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"Vini percebeu logo nos seus primeiros vinte passos céleres, que estava muito, mas realmente muito atrasado. Enquanto corria, se virou momentaneamente a fim de visar os acontecimentos logo atrás. Infelizmente o círculo envolta de Marti e a criatura era enorme, e a única coisa que seus olhos permitiram enxergar foi a mulher tentando retirar sua lâmina fincada na terra, ao mesmo tempo em que o garoto desesperadamente aplicava ferroadas com a ponta da espada no braço musculoso esquerdo da demônio.

As pontadas em seu peito aumentaram e ele não reagiu de outra forma a não ser se esforçando mais na corrida. Felizmente não tardou em encontrar Lyu, que observava tudo preocupadamente, vetando vez ou outra os olhares. O desespero em seu semblante era notório. —— GENTE! —— Nico gritou - Nico era o apelido de Vini, chamávamos ele assim o tempo todo -, logo despertando a atenção deles para si próprio. —— O Marti disse... —— Ele recuperava o fôlego graças aos passos longos. —— O Marti disse para atacarmos aquele monstro. —— Depois que finalmente formulou a frase, Mama, a garota ruiva que agora possuía duas adagas em punho, se aproximou mais do garoto de madeixas longas e negras, encarando-o perplexa e ao mesmo tempo com raiva. Era incrível a capacidade dela mudar de expressões tão rapidamente. —— Você está louco?! Eu sei que foram apenas palavras... Mas... Eu sinto que se nós intervirmos no juramento, algo ruim acontecerá com o Marti. Algo... Algo pior do que já está acontecendo. —— Todos presentes pareceram concordar com as palavras dela, até mesmo Nico tinha aquele pensamento anteriormente, mas depois da explicação do antagonista que agora corria sem rumo, sendo perseguido pela mulher, se jogando e recobrando a posição ereta, sendo quase sempre atingido por um golpe fatal, tudo perdera o sentido e a razão clareou a mente dele. Vini não poderia decepcioná-lo. —— Olha, escuta aqui. Eu também tive essa sensação, mas agora não há mais tempo, ouçam, Marti mesmo quem pediu ajuda. Eu mesmo neguei quando ele pediu, achei que estivesse louco, tive essa mesma sensação, mas o que ele me disse, faz totalmente sentido agora. Ela jurou não intervir, mas o Marti não! Ela esqueceu de tratar os termos com ele, dando somente os dela, e Marti não negociou nada da sua parte. Agora parem de duvidar de tudo e me ajudem a ajudá-lo! —— A forma como ele expulsava as palavras de sua garganta, mesmo que vez ou outra gaguejando, convenceu não só a Mama, mas como Lyu, Thalles, o outro Vinicius, Lorenna, Joe, enfim, todos na roda.

Ofegante por usar suas energias, Nico sentou-se apoiando no tronco da árvore. —— Mais uma coisa... —— Ele sussurrou e todos cessaram os planos que estavam prestes a planejar. —— Marti pediu para atacarem de longe. Ele vai dar aberturas, portanto, todos que tiverem lanças e arco e flechas, devem se dividir nos quatro cantos, conforme ele for se virando, nós conseguiremos atingi-la pelas costas e prejudicar seus movimentos, para assim, quem sabe ele ter uma chance em derrotar aquele demônio. —— Lyu se aproximou retirando seu arco do peitoral, com a aljava fixada nas costas firmemente. —— Deixa isso comigo, vou cobrir pela parte superior do bosque. Apolo vem comigo, junto com Lorenna. Nós temo arcos e uma lança. Certamente a lança vai debilitá-la mais do que as flechas. —— Os dois citados rapidamente se dirigiram ao lado do loiro concordando com suas palavras. —— Espera... —— Malu cortou o foco, destacando-se do canto. —— Sabe, acho que precisamos de uma estratégia melhor. —— Dizia ela, felizmente desde que Marti se separou deles, Malu em todo momento fazia as estratégias e nenhuma delas falhou, assim como suas armadilhas e ataques surpresa. O modo como ela pensava era irreal em comparação a todos ali. —— E o que você indica fazermos, Malu? —— Perguntou Vinicius, mais conhecido como Cabeça de trigo. Ele também carregava um pedaço grande de madeira, igualmente similar ao de Thalles. —— Primeiramente, dei-me dois minutos. Ou nem isso. Preciso avaliar o perímetro. —— Ela franzia o cenho, e mesmo usando óculos, conseguiam ver as rugas formando em suas sobrancelhas. —— Talvez ele não tenho esse tempo, veja... —— Pela primeira vez Anna se pronunciou, apontando para a peleja. Marti estava desgastado e mesmo que a mulher estivesse com um braço ensanguentado, os movimentos com seu braço direito eram exímios ainda. —— CERTO! Thalles e Cabeça de trigo, vocês vão pela parte inferior próxima ao lado, fiquem atrás das árvores, alguns metros afastados das mulheres e das outras pessoas, Lyu, faça como disse. Vocês devem atirar o máximo de flechas possíveis. Aqueles que tiverem arcos, vão com eles, mas ataquem um pouco mais pela direita com um grupo de cinco, e outro com no mínimo três, pela esquerda, aproximadamente ali, perto de onde estamos. —— Ela indicava perfeitamente. —— Thalles, vocês dois criem raízes no chão e prendam a calda dela, isso vai deixá-la desestabilizada, o que tornará as coisas mais fáceis, como as flechas serem precisas e o tiro de lança bem sucedido. Agora, todos restantes, aproximem-se sorrateiramente atrás das mulheres. Será no máximo três ou quatro para cada, elas não poderão fazer nada, claro, se o que o Marti disse estiver correto, então, cinco movimentos serão mais do que o suficiente para acabar com elas, mas precisam ser precisos e sem falhas, se elas perceberem, poderão se defender e nocautear vocês, desde que não os matem, está dentro do acordo, portanto, tomem cuidado. —— Ninguém questionou, apenas pegaram seus equipamentos e rumaram para seus postos.

Thalles se posicionou e fiz alguns galhos crescerem, indicando apenas para Malu, que estavam prontos. O ponto era perfeitamente cego a todos os ângulos, com exceção dos olhos da garota, que agora estavam bastante cinzentos. Ela assoviou para o grupo mais próximo, que empunhavam espadas, adagas e escudos, formavam uma linha silenciosa atrás das mulheres, elas vibravam intensamente a luta e a cada golpe quase bem sucedido, os gritos de torcida aumentavam, como se um drible de um time desse um passo para o gol e o atacante quase o marcasse.

Quando todos estavam cientes, Jujubs, a loira que anteriormente conseguira deixar sem foco de uma das víboras apenas jogando os cabelos para trás, correu com o máximo de cautela possível, e para a sorte de todos, nenhuma delas ou qualquer um dos outros presentes, perceberam sua movimentação. A luta era a distração perfeita. —— Lyu, agora... —— Ela murmurou, pegando algumas facas afiadas, prestes a lançá-las. O loiro rapidamente fez um sinal com seu indicador, assim deixando os últimos membros cientes de que os preparativos finalmente estava findado.

Só faltava o sinal da Malu, apenas isso, e o massacre novamente começaria.

Os segundos pela primeira vez, pareceram minutos. A visão de Malu ficou tão desacelerada, que ela conseguiu acompanhar perfeitamente o erguer de sua mão, como se estivesse em câmera lenta. Seu braço finalmente atingiu o máximo da sua altura, e o gritou, mais conhecido como o sinal, alastrou-se pelo recinto, fazendo praticamente a metade dos presentes, olharem-na, curiosos com o porquê dela fazer tal ato.

Sem delongas, Anna, que tinha uma espécie de machado espada em mãos, berrou e sua primeira vítima teve a cabeça decepada. Rolou alguns centímetros fazendo o sangue musgo escorrer, e por fim virou pó. Mas seu ataque não terminou por ai, ela rapidamente deu um giro, quando a segunda começou a erguer sua lança, a lâmina de sua arma atingiu o ligamento da cintura, onde seriam as possíveis coxas, caso a mulher tivesse pernas, e num único e potente golpe, quase tão forte quanto os de Lorenna, ela descolou o corpo da mulher, que incapaz de fazer qualquer coisa, caiu no solo, em duas partes, agonizando de dor, até a bota da algoz surgir em sua face, esmagando os olhos e fazendo seu corpo dividido também virar pó. Restavam duas para ela, armadas e na defensiva. A luta séria começaria ali.

Mama, por sua vez, agiu silenciosamente, aproveitou seu corpo pequeno e fincou seu par de adagas na nuca de duas ao mesmo tempo, ambas nem chegavam a cair, viravam pó instantaneamente. Um golpe fatal e silencioso, combinação mortal. As outras duas estavam de costas para ela, porém, conforme seu primeiro ataque, ela acabou deixando uma das armas cair no chão, e o barulho do objeto metálico, mesmo que caindo num chão de grama, alertou-as, e num ato de desespero, ela tacou sua arma restante, acertando, por sorte, a garganta da primeira, deixando esta inabilitada. Sofria com o sangue jorrando, esperando sua morte lenta e dolorosa. A ruiva, inteligentemente agarrou seu ultimo armamento no chão, mas ainda restava uma, e um segundo tiro seria abusar. Mama teria de pensar em algo novo, ou estaria acabada, mas pelo menos saberia que não ia morrer, o que deixou-a bem mais aliviada.

Nico com sua espada, fincou nas costas de uma, fazendo a lâmina surgir na barriga, e quando a retirou, com um pouco de dificuldade, rapidamente aplicou um giro, decepando ambas das mãos de uma das mulheres, as outras duas levaram suas lanças ao encontro dele, atingindo de raspão seus braços, as feridas pulsavam e os movimentos do rapaz aos poucos diminuíam, mas ele sabia da sua vantagem, portanto, rebateu uma das lanças, fazendo uma abertura da defesa delas, com um giro veloz, atingiu um corte profundo na região peitoral das demônios. Elas largaram as lanças e pressionaram as feridas, correndo para sua sobrevivência, já a que tivera suas mãos inutilizadas, usou a calda e prendeu o garoto pelo pescoço, sufocando, obrigando este a largar a espada e tentar com suas forças restantes, se livrar daquela posição. O ar aos poucos lhe faltava.

Kokota foi o que se saiu pior. Seu jeito atrapalhado fez com que alertasse três delas, enquanto aniquilava apenas uma. Elas rodearam o garoto, com as lanças em seu pescoço, mesmo que estivesse com uma espada e um escudo, estava em muita desvantagem. Ele ergueu o escudo juntamente com a espada, afastando duas delas, mas a que estava na direção das suas costas, atingiu-o, perfurando de forma rigorosa, e em seu ultimo movimento, só pode terminar a descida da lâmina na testa de uma delas, até que caiu, quase inconsciente.

Ainda tinham muitas. Alguns com mais facilidades, outros com menos. Reforços não viriam para ninguém, então todos teriam de confiar um nos outros. Como iriam se livrar daquilo? Em média, sobraram duas para cada um. Os que ficaram num impasse, um contra um, seriam suas ultimas esperanças e somente o tempo diria como aquilo terminaria.

[...]

Neste meio tempo, quando as górgonas tinham acabado de ser atacadas, Thalles e Vinicius usaram seus bastões, mas Thalles fez com que raízes rapidamente brotaram, envolvendo o rabo da mulher, e surpreendida pelo movimento, quando estava prestes a se elevar um pouco com a ajuda da calda, seu corpo travou e ela caiu contra o chão, dando tempo para Marti subir em suas costas com um salto básico e começar a desferir novamente ferroadas, só que agora em suas costas. O sangue contagiava as vestes do jovem, assim com em seu armamento banhado em ouro. Não satisfeita, a mulher se levantou, fazendo o mancebo cair, mas ele estava preparado para isso, portanto, rolou até o chão e com ajuda da queda, embora pequena, apoiou as pernas no momento exato, assim ficando de pé e pronto para voltar a desviar dos ataques mais uma vez. Sua respiração cada vez mais exigia oxigênio, e o suor não facilitava.

Quando o muro, mais conhecido como Adrastea, ficou em pé, rasgando as raízes que imobilizavam-na, uma saraivada de flechas começaram a perfurar suas costas. Ela gritou e virou-se, o que mais tarde percebeu que tinha errado mais uma vez. A lança perfurou sua barriga, atravessando e ficando fincada entre a frente, e atrás, nas proximidades das costas e próximo de onde começaria suas nádegas, caso ela tivesse uma. Algumas facas atingiram seu pescoço e seios, mas eram insignificantes comparadas com o volume da sua pele. —— Mas que traição é essa?! —— Ela gritava, vendo suas tropas serem dizimadas e pessoas à atacando. Thalles fiz mais uma camada de raízes, prendendo os braços e sua calda novamente, e Vinicius aplicou alguns golpes com a clava e logo correram em direção de socorro aos feridos, ajudaram Gabi, Juliana, Mama e Kokota, o resto conseguira armar uma estratégia com ajudas sobrenaturais, mas ninguém conseguiu vê-los usufruindo de suas capacidades.

Marti com um pouco de fôlego recuperado, olhou aos cantos, satisfeito, até que o foco novamente predominou a ele. E com o sorriso nos lábios, desta vez sem desdém alguma, apenas a mais pura felicidade, ele se posicionou, olhando nos olhos a reptiliana."

[...]

Estava feliz com o progresso dos meus amigos. Todos tinham me ajudado perfeitamente, e graças a divindade lá em cima, nenhum saiu tão debilitado, mesmo que a alegria me contagiasse, ainda faltavam mais uma, e sua expressão de ódio, misturado com dúvida e pavor, somente me alegraram mais ainda, só pelo fato de vê-la imobilizada, deixavam as coisas ainda mais engraçadas. —— Traição você está dizendo? —— Rebati a pergunta mandando outra de volta. —— SIM! NÓS TÍNHAMOS UM COMBINADO! JURAMOS PELO ESTIGE! POR QUE VOCÊ NÃO ESTÁ DERRETENDO E SUA ALMA SENDO ACORRENTADA PELA BARCA DE CARONTE? —— A dúvida a deixava cada vez mais perplexa, e a agonia em seus olhos tinha uma imagem extremamente apaziguadora pra mim.

Não contive a risada, mas mesmo assim não baixava a guarda, ainda estávamos num duelo e com a facilidade de outrora que ela se libertava das raízes, evidentemente poderia profetizar um movimento igual mais uma vez. —— Você deu os seus termos, e eu apenas concordei com os seus. Eu sei que é difícil para uma criatura burra como você, mas o seu erro foi não exigir os mesmos termos de mim. Apenas aceitei os seus, sem dar os meus, mesmo que concordasse com suas tropas não atacando num duelo um contra um, não disse nada que as minhas tropas não poderiam intervir num duelo um contra um. O juramento foi esse. Somente sua parte foi posta na mesa do Estige, e por isso, cara Adrastea, a que ninguém escapa, desta vez, como disse antes... Desta vez! Você não vai escapar da morte! —— Ela ficou tão nervosa, que sua pele verde ficou num tom quase rubro. Isso era possível? Bom, nada mais era impossível pra mim depois de hoje.

Seu urro foi tão forte que o chão tremeu, sem brincadeira, e as raízes partiram como uma tesoura corta um papel. Ela rastejou, com a lança e flechas pelo seu corpo todo, não parava de sangrar, mas mesmo assim queria continuar demonstrando poder, mas o que ela errou foi pensar que eu estava apenas aproveitando o momento. Não... Muito pelo contrário. Todos aos poucos descobriam poderes a serem usados, coisas sobrenaturais, e eu, também aprendi um truque novo além de fazer uma ponte de água. Aprendi a controlar o elemento! E quando ela veio a meu encontro, do chão, todo aquele sangue, sim, o próprio sangue, pois para os que não sabem, ele contém aproximadamente 95% de água, elevou-se no rosto dela, arrastando ela, e com ajuda do rio, o rubro aos poucos ficava mais claro, mais deixando uma água avermelhada, um tanto assustador, deveria dizer, mas mesmo assim, capaz de prensá-la numa circunferência grotesca, deixando ela sem ar, e mesmo que o esforço fosse imenso, aguentei até o momento em que percebi, pelo corpo dela, graças ao seu sangue, que seus pulmões tinham explodido por conta da pressão em que a água entrava pelas narinas e boca. Finalmente, ela explodiu em pó dourado, e eu, já sem forças, cai, com a visão mais uma vez turva e quase se apagando. —— Nós... —— Dizia quase cem por cento esgotado. —— Conseguimos... —— Então desmaiei.

Mas uma coisa era certa... Aquilo tinha acabado.

Nós! Todos nós! Vencemos.


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