O Império dos Titãs. escrita por Martinato, Monsieur Noir


Capítulo 14
Somos filhos da vitória ou da derrota?




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Podemos dizer que as coisas saiam bem durante nossa investida. Joe com seu corcel ricocheteava os inimigos com os flancos da montaria, não dando tempo para as víboras pensarem em reagir. Caiam no chão e por ironia do destino, eram pisoteadas e esmagadas friamente. Agasias não fazia diferente, porém, podia contar com uma vantagem seu par de asas, levando em conta que quando uma delas vinha pelo lado direito, a asa se abria e dava um belo nocaute, mas para minha surpresa, na segunda vez que o fato ocorreu, Cody surgiu pisoteando a Dracaenae num cavalo totalmente montado por ossos e revestido por peças de bronze. —— Bela montaria, cara! —— Berrei devido os ventos fortes soprarem contra nós. —— Não é dos mais confortáveis, mas são os únicos que me dou bem! Os cavalos não gostam da morte por perto! —— Respondeu Cody, sorridente empunhando a lâmina de bronze. "Ele tem razão. Evitamos os filhos de Hades..." Agasias dizia telepaticamente, fixando seus enormes orbes no caminho.

Pela esquerda, vi Joe decapitar duas mulheres, uma seguida da outra, o pó era soprado dando até que uma imagem bonita, se pudêssemos levar em conta como um fenômeno da natureza, todavia, como não era... Apenas deleitava imaginando ser o seu sangue derramado.

Mais para esquerda, André com as pernas bem firmes na sela de couro, com o uso bem perspicaz, fatiou uma delas ao meio e ainda conseguiu ficar com o armamento no final do ataque. Não sei qual foi a minha cara, mas por sorte ninguém também reparou.

Começamos a contornar o pátio a medida que as árvores da floresta ficavam mais próximas. Desta vez, fiquei entre Cody e André, com Joe no canto direito. —— Quando você chegou?! —— Tentei dialogar com meu primo. —— Ontem! Foi tudo muito rápido! Numa hora, uma coisa brilhou na minha cabeça! Na outra, esse cavalo me saltou e me trouxe pra cá! —— Compreendi e não fiz mais perguntas, afinal qualquer bizarrice era aceitável nos dias de hoje. Ainda mais no meio daquele lugar.

Tomamos uma distância aproximada de 7 (sete) metros do terreno de ataque inimigo, mas isso não foi suficiente para contornamos os escorpiões. Ainda tinham muitos próximos. —— Cavaleiros do Acampamento, ataquem! —— Não pude conter a brincadeira, e todos sacaram a jogada. Logo nos dividimos e dilaceramos todas as seis pernas de um dos insetos gigantes. Ele caiu tentando fincar seu ferrão, mas seus reflexos estavam atordoados, acabou somente perfurando os tijolos do chão.

Tudo parecia bem, até que a esperança decidiu brincar comigo outra vez. No meio das matas, o chão começou a tremer, só podia significar uma coisa e eu sabia muito bem de quem se tratava. Não deu tempo nem de proferir o nome da besta, só deu para visualizar pelas costas um imenso mar de fogo consumindo a vegetação e a transformando em cinzas, somado com uma enorme queda de várias árvores adultas, tanto quanto jovens. Ela rugiu com a cabeça de leão, cravando as garras no solo.

As linhas defensivas ficaram inertes. Nenhum deles se atreveu avançar contra a imensa fera. Seu poder destrutivo intimidou todos, até as proles de Ares, mas dentre todos os semideuses presentes no campo de batalha, apenas um foi ao encontro da criatura, e quem eu menos esperava.

Tomi surgiu pulando com as pernas mecânicas e esmagando um escorpião, no mesmo instante queimava outro com um lança chamas embutido no braço esquerdo. A pinça se esticava e uma espécie de boca era acionada, e atrás se encontrava uma ligação por mangueiras, fixando-se numa bolsa metálica com um líquido bicolor estranho. Só sei que quando ele gritava e fazia um movimento com o braço, as chamas se produziam instantaneamente, vaporizando seus inimigos.

Fogo contra fogo, nenhum dos dois cediam, mas a Químera se cansava, embora Tomi tivesse um limite de rajadas. Quando a fera parou, Tomi avançou, a besta tomava fôlego e dava alguns saltos para os lados, esquivando quase que por completo do fogo. Apesar de produzi-lo, ela não era imune as queimaduras. —— Agora você vai sentir o poder das minhas chamas! —— Gritou ele, fazendo os pelos dourados da Quimera se tornarem pretos e com pontas avermelhadas pelo contato com o fogo. A criatura mitológica insatisfeita, saltou sobre seu pequeno corpo, mesmo estando numa prótese de alta densidade metálica, e com suas garras, perfurou a liga de bronze do estoque do líquido, fazendo toda a armadura do algoz entrar em combustão. Por sorte ele tinha um mecanismo de escape, e usufruiu dele. Uma cadeira explodiu para frente, mas ela tinha propulsores, então foi suficientemente rápido para contornar a Quimera e escapar ileso.

Tomi então depois do seu feito heroico caiu próximo de Petter, e se armou rapidamente com equipamentos normais junto ao seu irmão e entraram na formação. Seu semblante nem precisava ser bastante estudado para entender que o desgosto pairava, e o ódio ardia pela morte da Quimera.

Nós, junto com a ajuda dos filhos de Apolo continuamos varrendo as criaturas, entretanto, descobrimos que não seria uma boa ideia continuar com o bicho de duas cabeças e calda de serpente por perto. Por que? Bom, quando um escorpião cuspiu o líquido verde nos escudos, a Quimera por colaboração decidiu soprar suas chamas na mesma direção, infelizmente descobrimos que a gosma em contato com o fogo causava um borbulhamento tão forte que quando as bolhas estouravam, expeliam uma forte pressão no vácuo, lançando o líquido verde e com o aquecimento das chamas, geravam mais fogo e uma temperatura mais quente. Isso é claro, além de lançarem vários semideuses para trás, chocando-se com as paredes ou qualquer objeto que barrasse sua queda pelos ares.

Segurei o cabo da espada com mais firmeza. —— Droga... —— Minha visão começou a embaçar. —— Não é hora de fraquejar, Marti! Eles foram honrados! —— Dizia meu primo, encorajando-me a continuar, mas só ver seus corpos derretendo no chão e nem mesmo o sangue sendo poupado... Foi difícil digerir isso.

Limpei os olhos com as costas da mão e foquei de novo. Aqueles malditos iam pagar.

Cercamos a Quimera, mas não avançamos. Seria suicídio para nós ou nosso cavalos, e nenhum estava disposto a perdê-los, exceto Cody, já que o seu era um monte de ossos controlados pela sua mente, não poderia dizer que aquilo tinha sentimentos ou sensações.

"AQUELES QUE AINDA PREFERIREM O CAMINHO DOS SEUS PATÉTICOS PAIS DIVINOS, QUE SEJA! PARECERÃO! MAS, ACREDITO QUE MUITOS RECONCILIARAM A MISERA MENSAGEM QUE SUAS ALIADAS PASSARAM. MAS QUE SEJA. ESCOLHAM, ESCÓRIAS! ESCOLHAM!"

Outra vez a voz penetrou meus tímpanos causando uma agonia desesperadora. —— Esse desgraçado não nos deixa em paz. —— Tentava extravagar a ira crescente. "Acalme-se, senhor. Pallas é engenhoso. Sabe que alguns tomaram a decisão em lutar pelos Deuses. Ele está criando essa dúvida ou apenas provocando vocês para que percam o foco na batalha." Se não fosse pelo Pégaso, eu com certeza teria cedido ao ódio.

A Quiemera se sentia ameaçada, por ser parte felino, muitos inimigos ao seu redor a deixariam acovardada, e os escorpiões tanto como as mulheres recuavam para floresta adentro. A vitória parecia eminente, mas não sejamos tolos, isso sempre só tratava-se de uma sensação repentina.

Da praia, feras com rabos de peixe e corpos de diferentes animais começaram a rastejar nas areias cristalinas agora completamente ensopadas pelo líquido que jaziam em seus corpos. Eram criaturas totalmente estranhas, algumas tinham couraças, braços e cabeça de tatu, outras jubas e cabeça de leão, sem contar com as garras afiadas, rinocerontes, enfim, era uma sequencia amedrontante. Parecia que todo o zoológico tinha se fundido com um... Peixe? Bom, foi isso que me veio a cabeça.

Mas não bastava só a frota de animais escrotos do Titã, ainda tinha mais por vir. E claro que não sou o único que pensou: Porra, quando nós teremos uma trégua? Paz? Sei lá, uma pausa pro lanche da meia noite? Qualquer um tava bom, apesar de saber perfeitamente que nós éramos o lanche.

Mas voltado a realidade macabra, o céu começou a ficar mais negro, uma nuvem formou-se em frente a lua cheia. Mas não uma nuvem qualquer, ela era mais densa e movia-se em diferentes ângulos e aos poucos ficavam maior. —— Puta merda... O que são aquelas coisas? —— Consegui chamar atenção dos filhos de Apolo em cima do chalé, e eles se revezaram para atirar contra a Quimera, os híbridos de peixe com animais e claro, os céus, mas não seria suficiente, nem mesmo os que estavam ajudando com as flechas no campo de batalha serviriam bem como suporte. Primeiro que eram muitos e segundo, eles não tinham a mesma habilidade com o arco, com exceção da Gabs, ela sendo uma caçadora, tinha habilidades consideráveis, e quase nunca errava.

Adalberon cavalgou para nosso lado e atrás dele uma frota de Harpias armadas com o que podiam, decolaram em direção da nuvem. —— Ataquem como se fossem sua comida! —— Berrou ele, logo indo em direção a mata e acenando pra mim, e em seguida carregando sua espada de quase dois metros.

As Harpias formavam uma nuvem avermelhada e laranjada, as cores não eram muito distintas das outras e quando se juntavam, ganhavam destaque, apesar de não ser nada comparado com a maré negra mais acima. —— Elas não vão ser o suficiente. —— Dizia Cody, juntando suas sobrancelhas canalizando energia, mais atrás, notei várias sombras surgindo do solo rodeando a posição de Nico. Ele estava pálido, assim como Cody, talvez tivesse criado um elo que só filhos de Hades conseguiam sentir e usaram de suas forças para invocar um exército de morcegos, urubus, até mesmo Harpias, bom, de vários animais e criaturas voadores, mas todas esqueléticas.

Pelo menos agora o branco e o vermelho estavam comparados para chocar-se com o preto, os números pareciam ser equivalentes. Mas números não ganham guerras. Infelizmente só a força sobressaí. Quando a primeira criatura negra agarrou uma Harpia, ambas se chocaram e foram direto ao solo. A fera era parecida com um homem pequeno, mas musculoso, suas mãos tinham cinco dedos com unhas bem compridas, mas as asas se destacavam, junto com o rosto. Asas de morcego e um rosto de macaco ou coisa similar, dentes pontiagudos e chifres iguais a de carneiro. —— Que ótimo, agora temos que enfrentar Gárgulas? —— Resmungou Joe. —— É o que parece. Mas primeiro temos que acabar com essa fera aqui. —— Apontei com a espada para a Quimera, que aos poucos cansava de ficar se estreitando aos cantos e começava a se irritar, e óbvio que sua calda foi a primeira a tentar buscar uma presa.

Não sei se tinha uma espécie de ferormônio atrativo para répteis, mas aquela maldita cobra queria porque queria me engolir, mas desta vez eu estava preparado, tanto é que levantei a lâmina da espada e a cabeça dela foi cortada pela metade. A Quimera recuou urrando de dor, enquanto o sangue verde escorria de sua calda agora imóvel. —— Doeu, né desgraçada? —— Provoquei a maldita e desci do meu cavalo. "Voe por trás enquanto eu distraio as duas cabeças." Pensei, comunicando meu alazão. "Entendido." Agasias respondia e levantava voo. —— Você tá louco? E se der errado? —— Joe foi o único que mencionou alguma coisa, deixando os demais intrigados. "Não os faça perceberem, só nós podemos nos comunicar com cavalos, e acho que da mesma forma telepática agora. Eu sei o que estou fazendo." Respondi olhando meu irmão no chão. Ele estava preocupado mas mesmo assim assentiu.

—— Bom, vamos ver se consigo ser um herói. —— Ponderei, correndo com o escudo na frente, espada na bainha e sacando a primeira madeira que vi no chão. Não, eu não estava louco, mas torcia para que meu plano desse certo.


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