O Império dos Titãs. escrita por Martinato, Monsieur Noir


Capítulo 13
A Resistência surge! Um vislumbre de esperança.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/466192/chapter/13

Só de imaginar que no decorrer daquela ultima semana eu já tinha visto minha vida passar diante dos meus olhos duas vezes, notei que nunca mais estaria sossegado em um lugar, e obviamente cada um daqueles que estavam junto comigo nessa, um número bastante significante, também teriam o mesmo fardo embutido injustiçadamente em nossas vidas.

Bom, mas voltando ao que interessa, depois de fechar os olhos, só consegui sentir uma pressão forte empurrando meu corpo, pelos longos duma crina chocavam-se contra o meu rosto e minha única reação foi agarrá-los. "Anda, monte!" A voz penetrou na minha mente e segui o conselho, forçando meu corpo célere no meio das matas a subir nos flancos do equino branco. Montado, finalmente consegui abrir os olhos, e tratava-se de Agasias, o incrível corcel alado que tinha me ensinado a voar num Pégaso. —— Cara! Te devo a minha vida. —— Respondi eufórico, me equilibrando da melhor maneira possível em cima do animal, e desviando das folhas cortantes que raspavam constantemente na corrida.

Atrás de mim o estrondo de galhos se rompendo tornou-se audível e o barulho aos poucos aumentava, e pior... Num ritmo acelerado. Logo podia ver no breu um ser enorme correndo e jurava que as bufadas estavam próximas ao meu pescoço. —— Temos um plano? —— Perguntei me abaixando ao lado do pescoço de Agasias. "Não sei, achei que iria morrer só de tentar te salvar. Me diga você. Estou preocupado demais se aquela coisa nos alcançar!" Ele estava certo, não poderia cobrar mais dele. Mesmo com o coração acelerado, comecei a formular ideias, mas sabia que a perseguição não iria vir só atrás de mim. Era um bife pra uma fera num restaurante "cace sua próprio filé semidivino", e nesse exato momento os pratos principais estavam sendo servidos.

Instintivamente, sem as rédeas, puxei não com muita força, as crinas do cavalo, ele relinchou captando a mensagem. As árvores deram uma trégua, dando abertura para o céu, logo o animal levantou voo, abrindo suas enormes asas, mas o espaço não era tão significativo, portanto, a velocidade não foi uma das melhores, o que permitiu a calda do animal subir e ficar praticamente vis-à-vis comigo, mas os deuses me privilegiaram um reflexo ligeiro, e consegui socar o maxilar do réptil nojento, repelindo seu ataque e o deixando frustado no meio da mata densa. Agasias felizmente conseguiu a liberdade que lhe era preciso e com o bater de asas flexionados da melhor forma, cobriu o céu com um rasante indo direto ao pátio, onde tudo estava tranquilo, AINDA.

Adalberon se encontrava vasculhando o recinto junto com algumas mulheres pássaro, mas como era um lugar muito sigiloso com os nomes, tratavam-se de Harpias, Harpias domésticas. Lindo, não? Bom, experimente sair do seu chalé no horário não permitido pra ver do que elas são capazes.

O pouso rápido foi inesperado, e infelizmente causou um incomodo irritante no meio das pernas. —— Hurg... Da próxima pisa mais devagar, eu não ando com proteção na virilha. —— O equino baixou sua cabeça, parecia estar decepcionado consigo mesmo. —— Mas tudo, não foi nada. Obrigado por tudo. —— Rapidamente ele ergueu a cabeça, relinchando alto e chamando atenção dos presentes. —— MARTINATO! —— Gritou o homem cavalo. —— EU TENHO UM BOM MOTIVO PARA ESTAR AQUI! Então por favor, me escute. —— A reocupação nos meus olhos o fez se aquietar e ordenar com um braço para que as Harpias não viessem ao meu encontro com seus lábios umedecidos. —— Primeiramente... Tem algum sino, algo que possa alertar alguma invasão? —— O centauro arqueou a sobrancelha confuso e intrigado com a minha pergunta. —— Temos, na casa grande, por que? —— Dei dois passos à frente, já exaltado. —— Então manda esses pássaros canibais tocarem ele agora! E por favor, mande os sátiros distribuírem armas no armazém, agora! —— Ele cruzou os braços. —— Você está louco? Por que diabos eu faria isso? —— Ao terminar sua frase, à alguns metros dentro da floresta, várias árvores começaram a cair descontroladamente, e o som da marcha acelerada e os urros sedentos por sangue fizeram a criatura mitológica agarrar uma das Harpias e a arremessar contra o sino, que por ventura estava numa linha reta. —— Ande, sua ave imprestável! Soe os alarmes! Sátiros! Distribuam as armas! Semideuses, acordem, vagabundos! Estamos sob ataque! —— E a loucura deu inicio.

DING-DING-DING-DING-DING

Esse era o barulho irritante que o sino emitia, como fui o primeiro a estar no pátio, consegui colocar uma armadura de couro a tempo e me equipar com um escudo no antebraço direito, uma espada na bainha e uma lança na mão esquerda. Infelizmente, não pude pegar um arco, mas sem saber o porque, peguei uma aljava mágica, das muitas que tinham no estoque.

A primeira criatura peçonhenta que invadiu o âmbito cuspiu uma gosma verde que atingiu o chafariz de outrora usávamos para o ponto de encontro. Ele foi derretendo lentamente, e por ser de mármore, sabia que se nos atingissem com aquilo, não sobraria nada para o funeral e nem tempo de tentar retirar o líquido. —— ESCORPIÕES DO TÁRTATO! —— Gritou Batistão, carregando suas armas de medidas de acordo com sua estrutura. —— E não deixe que a gosma atinjam vocês! —— Alertei, já montado em Agasias. —— Vamos amigão, agora está na hora de matar umas feras. —— Num impulso, ele empinou, como uma típica cena de velho oeste onde o bonzinho aparece com o cavalo no topo de uma colina baixa, e rapidamente saiu correndo por entre os semideuses que corriam e lutavam por suas vidas.

O ataque não tardava. As feras surgiam aos montes, logo tratavam-se de vinte cinco escorpiões, trinta dracaenaes, mas elas estavam agrupadas estrategicamente. Uma de cada dupla carregava um carrinho de mão repleto de lanças, sendo a segunda comparsa, começava a atirar os armamentos em busca de alvos. —— Temos que detê-las. —— Infelizmente meu pensamento foi em vão, quando notei algumas árvores se movendo como humanos. Elas tinham braços longos e pernas bastante volumosas, onde notoriamente ficariam suas raízes, mas eram divididas perfeitamente em dois, simulando duas pernas. Seus rostos pareciam ser enrugados, e a barba com folhas secas pareciam as de anões do filho Senhor dos Anéis. O que tinha demais nelas? Bom, tirando o fato que uma daqueles seres esmagaram um garoto só com um soco, e formavam uma linha defensiva cobrindo as mulheres cobras que chegavam, nada, nada mesmo.

De repente, uma voz invadiu meus ouvidos, e não fui o único. Os semideuses abaixo formaram uma linha defensiva com a famosa tática tartaruga. Felizmente alguns deles estudaram o mito de Aquiles. As lanças eram repelidas e sempre que um jato de gosma ácida atingia, os sátiros por trás traziam novos escudos, por sorte eram tantos que nenhum de nós nos preocupamos com o fim do estoque. Eles estavam sendo liderados pela filha de Atena e Lorenna, que logo liberou sua aura, exalando um forte poder maciço, afastando alguns escorpiões só com seu semblante de fúria e umas adagas loucas sendo atacadas sem dó. Mas se você acha que só ela tinha esse poder, então não viu o que Alex fazia em cima de um deles, usando o próprio ferrão da criatura para perfurar suas costas, tudo isso só com uma samba canção.

As frotas avançaram e eu estudava os inimigos, a formação deles era perfeita no solo, mas deixava uma enorme falha em ataques aéreos.

"OUSAM PREVALECER ENQUANTO INICIO O MEU IMPÉRIO. TOLOS, SÃO NADA MAIS DO QUE MEROS BONECOS NO MEU CAMINHO, SUAS FORÇAS NÃO SÃO CAPAZES DE CONTER OS MEUS EXÉRCITOS, ISSO É APENAS UMA PEQUENA DEMONSTRAÇÃO DO MEU PODER. NADA SOBRARÁ SE ESTA FOR A MINHA VONTADE, MAS HOJE, APENAS QUERO TESTAR O SEU FRACO PODER. TESTAR AQUELES QUE TREINARAM E ACHARAM TER DESCOBERTO O SEU PODER DE ORIGEM REPUGNANTE, OU DEVERIA DIZER, DOS DEUSES DO OLIMPO. ONDE ELES ESTÃO AGORA? APENAS OBSERVANDO VOCÊS SEREM ANIQUILADOS. HAHAHA! SE VOCÊS AINDA TEM UMA PATÉTICA VISÃO SOBRE OS OLIMPIANOS, QUE SEJA, SERÃO VARRIDOS PARA A TERRA DO ESQUECIMENTO, MAS SOU GENEROSO. OFEREÇO ABRIGO, ENTÃO DECIDAM-SE AGORA! VIVER OU PERECER!"

No meio de minha análise, a voz obscura de antes, que me veio à tona e diante dos olhos, deu seu recado para todos, inclusive a mim, uma oferta tentadora para os de fraco coração. Sabia que não passaríamos de ferramentes, e quando perdêssemos o uso, seriamos descartados friamente, sem dó ou compaixão. Mas uma coisa era certa, nossos pais divinos não estavam lá, tampouco se proliferaram para nos dar uma esperança de continuar lutando, e de fato isso causaria uma discórdia, contudo, no meio da treta, nós poderíamos usar isso ao favor das mentes confusas agora. —— Agasias, voe próximo da barreira, mas vamos voltar com honra, só ficar parado não é do meu fetiche. —— Empunhei a lança e segurando nos pelos prateados do quadrupede, fomos contra o vento cortante em direção da guerra.

Segurei firmemente a lança, contava os segundos que me pareciam ser exatos para o disparo bem sucedido. E assim que passamos o ferrão de um dos escorpiões, lancei o armamento em direção da sua cabeça. A lança fixou-se e atravessou os olhos da criatura agora moribunda no chão. —— Alvo eliminado. —— Brinquei comigo mesmo, e quase perdendo o equilíbrio quando o Pégaso curvou-se para a esquerda, desviando de várias lanças que agora atingiam o solo. Finalmente atrás de uma barreira segura, próximo ao chalé de Hefesto, consegui me aproximar de Ana e Peter. Ana era a única filha de Éris, ela tinha um chalé especialmente para ela, menor do que os outros, mas bastante acolhedor, e ela amava tanto aquele lugar que entendi perfeitamente o motivo de lutar próximo dos de Hefesto, se algo fosse destruído em menos de uma semana já estaria tudo em pé de novo.

Peter equipava sua catapulta, e com ajuda de Tomi, mais atrás, equipado com uma armadura e duas pinças metálicas, armava constantemente o brinquedinho de ambos e disparavam contra os escorpiões, mas um que era esmagado, dois surgiam atrás. Continham-nos um pouco, mas não ficaria assim por muito tempo. —— Belo brinquedo. Posso encomendar um? —— Peter mirava e atirava de novo. —— Estamos ficando sem munição! —— Alertou Tomi. —— Cara, eu sei que brinco bastante, mas agora não é hora! —— Retrucou Peter, dando outro disparo e preparando o próximo alvo. —— Aff! Ok, enfim. Ana! Me ajude. —— A garota um pouco perplexa com tudo, mas ainda sim trajada com uma armadura no peitoral e empunhando um arco com flechas comuns atrás, veio ao meu encontro, seu cabelo azul chamativo sempre tirava minha atenção, mas desta vez passou despercebido. —— Bem, você é boa com discórdia. Preciso que crie uma treta com esse titã emo, eu sei que você é boa em influenciar a mente das pessoas, e agora é justamente isso que eu preciso. —— Ela demonstrou preocupação. —— Mas são muitos! Eu não vou conseguir manipular todas as mentes daqui. —— Tudo tinha que ser complicado? Francamente...

Atrás de nós, Malu apareceu, ela estava com uma espada curta e escudo e armadura completa. —— Não pude deixar de ouvir. Façamos o seguinte, chame Juliana e Luana. Elas serão um ótimo suporte mágico. Façam uma ligação com seus poderes e use a magia delas como um transmissor, você vai gastar energia suficiente para uma mente e elas transmitirão para as outras daqui, é arriscado, mas pode ser que ajude. —— Intrigado, não retruquei, apenas pedi que elas seguissem com o plano. —— Preciso terminar uma coisinha. —— E assim, voei em direção aos céus novamente.

No alto, era apenas um alvo ignorado. Por sorte o inimigo não tinha patrulha aérea. De cima, consegui ver Lyu, Jujubs, Apolo Jr., Biel e praticamente todo o chalé 7 no telhado, com barricadas defendendo dos ataques inimigos, e eles respondiam com uma saraivada de flechas, varrendo as tropas de choque das mulheres serpentes e alguns dos incontáveis escorpiões, por sorte eles não eram os únicos que sabiam que existiam mais flechas do que as comuns. Explodiam a cabeça de vários inimigos com as flechas explosivas e eletrocutavam outros demais com flechas elétricas, e mandavam pra correr outros que ousaram sentir o cheiro das flechas de pum. Coitados.

Aos céus, pude ouvir a tentativa de Ana ao entrar em contato com nossas mentes, parecia que estava numa briga caótica com um microfone, mas tentei ignorar os berros enquanto voava pela linha de lançamento de lanças das tropas inimigas. —— Agora quero ver me chamarem de louco por trazer só a aljava... Flechas explosivas e congelantes, apareçam... —— E num passe de mágica, trinta flechas, quinze de cada, surgiram na aljava que agora estava em meus braços - sim, usufruía só das pernas para me equilibrar no Pégaso -. Como eram quinze fileiras, usaria duas flechas para cada uma, torcia para que bastasse, ou pelo menos causasse um estrago significativo que as fizessem cessar um pouco os movimentos e dessem uma chance de conseguirmos atacar.

Com as flechas nas mãos, soltei os pares conforme Agasias ia passando pelas frotas. E um a um, as explosões foram surgindo.

Vocês devem estar se perguntando o que eu fiz exatamente, não? Bom, como era flechas explosivas, certamente iriam destruir os carrinhos e mandar aquelas monstruosidades para o inferno, mas não seria suficiente para abater aquelas árvores do demon, portanto, com as congelantes direto na fuça, acho que bastaria para imobilizar seus corpos, uma vez que o seu cérebro de raízes estivesse congelado. Resumidamente é isso.

Nesse meio tempo, a mensagem já tinha sido mandada, não iria me atrever a dizer com todas as palavras que Ana esboçou, mas acreditem, até eu fiquei com mais ódio do Titã depois daquilo, e muitos demonstraram ter o sentimento recíproco.

Voltando para a linha de frente, fiquei ao lado de Joe, que agora se encontravam montado em um cavalo comum. —— Ah cara, porque você sempre fica com os mais legais? —— Olhei para ele e depois para o cavalo, que estava cabisbaixo. —— Acho que seu amigo não gostou dessa comparação. —— "Só porque eu não tenho asas..." Resmungou o cavalo de Joe. —— Que isso amigão, falei por falar, como eu disse, não sou muito fã de altitude. —— O cavalo aparentou ficar feliz de novo. Cara, como o humor deles eram bipolar. —— Bom, que tal atacarmos? —— Sugeri, e ao meu lado estava Batistão, com alguns arranhões no corpo e um bem na bochecha. —— Será que isso foi suficiente para pará-los? —— Ela questionou o meu ataque surpresa. —— Bom, se não for, nossas tropas serão! Vamos nessa! Atacaaar! —— E como um bom cavaleiro, empunhei a lâmina de bronze, já na outra, segurava na crina, bloqueando o máximo que podia do lado destro com o escudo. Ninguém machucaria o meu cavalo.

[...]

Corremos para a perdição? Ou para a glória? Não sei, tudo ficou branco de repente e eu só sentia um desejo por vitória, e na minha frente, um rosto divino sorriu para mim, uma mulher de cabelos castanhos, mas tão castanhos que podiam ser comparados com o mais forte tom de ouro. —— Você está junto com seus familiares, e eles honrarão esta guerra. —— A voz invadiu minha mente e quando a visão voltou ao normal, vi um pouco a esquerda, meu outro primo, André, cavalgando e segurando uma espada grande com as duas mãos, ele se equilibrava facilmente no animal, e o montava tão bem quando eu. Nossos olhares se cruzaram e como uma boa e velha partida de RPG, sabíamos o que viria a seguir: Morte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Império dos Titãs." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.