Os Três Fantasmas escrita por Cakeyloser


Capítulo 7
A Morte


Notas iniciais do capítulo

-Peço desculpas por não estar postando frequentemente, estou muito ocupada esses dias.
—Infelizmente, essa fic já está no final, no máximo há mais um capítulo.
— Gostaria de divulgar, também, uma outra fic que escrevo: http://fanfiction.com.br/historia/465608/A_Jovem_Do_Ar/
—Espero que gostem
(Lúh)



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Estou, praticamente, à beira da exaustão. Todas essas visitas de fantasmas me deixam louco.

Mal consigo dormir após a visita de Salomon. Meus olhos estão regados de sangue, meu corpo dói e mal consigo ficar de pé pela tontura que sinto.

Agora eu estou a espera do outro fantasma, que será mais estranho e horripilante que os outros dois.

Agora o sol já se pôs e as ruas já estão ficando cheias de pessoas. Estou sentado no mesmo banco onde o fantasma do passado - resolvi dar a ele este nome. - me mostrou a lembrança de anos atrás. As passarelas estão vazias, os lampiões ainda acesos e a única coisa que se escuta é o barulho do vento que se choca nas árvores e o barulho que os peixes fazem na água, tudo calmo, calmo até demais. Normalmente, até para uma hora dessas, o parque estaria lotado. Ele é o atalho para muitas saídas da cidade.

Sentado nesse banco, as imagens da lembrança que o fantasma do passado me mostrou, retornam à minha cabeça. Não sei se isso é parte do meu cansaço ou apenas coisas da minha cabeça mas, eu vejo novamente, ao vivo e em cores, os dois meninos novinhos brincando enquanto sua mãe e tia os observam com largos sorrisos no rosto. Nostalgia e Saudade são as palavras que definem oque eu sinto agora.

Sinto as mãos de tia Emily em meus cabelos os bagunçando depois de meu irmão e eu dissermos que não íamos contar nada a nossa mãe sobre o presente que ela nos dera.

"Tem de admitir que essas lembranças te fazem feliz, Jay”.

Um vento gélido e abrupto interrompe meus devaneios. Levanto meu rosto de meus pés e olho em direção ao horizonte. Uma figura flutuante e encapuzada com névoas escuras ao seu redor, vem em minha direção. Presumo que esse seja o outro fantasma de qual Salomon me dissera sobre.

– Jay Jones? - Disse o fantasma. Sua voz é gutural e faz com que ecos se propaguem por entre as árvores barulhentas, oque faz com que eu sinta um arrepio. Antes estava tudo muito colorido, o sol brilhava e tudo tinha um aspecto vivo.

Agora que o fantasma chegou, sinto que não há vida em nada, as cores ficaram opacas e o vento, que antes era apenas uma brisa gostosa, se tornou um vento frio.

– Sim, sou eu. - Digo.

Ele não tinha rosto e nem corpo, tudo em si era coberto por uma capa preta, oque o escondia nas sombras.

– Me acompanhe.

Toda vez que ele fala eu me arrepio, como se toda a minha segurança fosse sugada por aquele ser de capa preta. Ele não era como os outros dois fantasmas que me visitaram à algumas horas atrás, ele era a morte.

– Para onde está me levando? - Meu corpo inteiro treme com o frio, trago o meu casaco mais para perto.

– Espere e verá.

– Posso estar cansado, vendo fantasmas e tendo alucinações mas, de uma coisa eu tenho a mais plena das certeza, eu não estou morto.

– Sim, você não está morto. Eu não estou aqui para levá-lo e sim para mostrar o seu futuro. - Fico mais aliviado sabendo que o propósito dele não era me levar para onde quer que as pessoas vão após a morte mas, meu alívio não dura por muito tempo quando percebo para onde ele está me levando.

Ele nos direciona para o único hospital do povoado. Eu estou tão absorto no hospital em minha frente que nem percebo que nós não estamos mais em Hilios.

Estamos em um outro povoado, menor que o meu, com casas que presumo ser de pessoas com uma ótima vida financeira. Carros e pessoas passam na rua sem ao menos me notar ou notar a presença de uma enorme figura sombria ao meu lado.

O hospital é grande e branco. Janelas, feitas de mármores escuro, ocupam todos os cantos da construção. Uma porta ocupa o centro do hospital, onde pessoas entram e saem o tempo todo.

Percebo que a carruagem de minha família se encontra no local e minha preocupação se torna maior a cada momento.

– Oque está acontecendo? Porque minha família está aqui? - Um longo silêncio se instala entre nós e ele não responde minha pergunta.

Ao entrarmos no hospital, ele está lotado. Pessoas em pé, encostadas na parede e algumas deitadas no chão duro. Suas paredes tem uma cor verde bem clara e o chão da mesma cor.

É como se eu fosse invisível, ninguém me vê.

O fantasma - decidi o chamar assim, morte é muito horripilante. - me leva ao segundo andar, em um corredor vazio cheio de portas. Ele para na porta onde está o número 13.

Ele abre a porta e a cena que eu esperava nunca ver em minha vida se torna real aos meus olhos.

O quarto, assim como as paredes do hospital, é totalmente branco. Há apenas uma janela no quarto que traz luz ao quarto. Um pequeno lampião está aceso no canto do quarto, ele só não é capaz de iluminar o quarto mas, a luz que entra pela janela é o suficiente para tal. No centro do quarto há uma cama e nela está Joe, pálido demais, morto.

Meus pais estão ao lado da cama. Meu pai confortando minha mãe em seus braços. Uma versão mais velha deles.

Percebo que eu não estou em nenhum lugar do quarto, o meu eu mais velho quero dizer. Mas isso não é importante agora e sim o choque e a tristeza que sinto por ver meu irmão morto naquela cama. Meus olhos estão marejados e eu não consigo afastá-las. Meu corpo todo pesa e minha visão fica turva por conta das lágrimas. Algo que eu lutei tanto para que não acontecesse, aconteceu. Sinto que a morte de Joe é minha culpa e nem mesmo o meu eu mais velho está aqui para vê-lo. Sinto raiva, ódio e tristeza, tudo vindo em cima de mim de uma vez só como um grande tsunami.

– Qual é o proposito de me mostrar isso?! - Grito. - Essa porcaria toda não era para me arrepender de não gostar do natal?! - Estou ofegante com a raiva que despejo em cima dele.

– Meu propósito e o contrário dos outros dois fantasmas, enquanto eles te mostravam cenas felizes e comoventes para mudar sua ideia eu mostro como será seu futuro sem ele, sem o natal. - Diz ele com a voz mais calma possível, oque só alimenta mais a minha raiva de tudo isso.

– Mas como uma coisa pequena, um feriado como esse pode matar meu irmão?! - Não sei oque pensar, não sei oque fazer. Isso me deixa confuso, como algo tão insignificante pode mudar o rumo de toda a minha vida?

– Você acha que o natal é insignificante mas, não é. Ele pode mudar o rumo de sua família pelo simples fato de se aparecer em uma ceia, Jay. Seu irmão não é o único destinado a esse futuro. Venha comigo.

Seu comentário me intriga ainda mais, oque ele quer dizer com “ele não é o único”?

O quarto onde, agora, meu irmão é coberto com o cobertor até a cabeça, some e depois de um tempo eu estou de volta ao cemitério onde Salomon me levou.

Aqui é inverno, oque faz com que o cemitério sombrio, faça parecer mais branco? Definitivamente, não a como defini-lo.

O túmulo onde o fantasma me leva é o mais mal cuidado de todo o cemitério. Flores muchas compõe sua estrutura de pedra escura rachada. Em seu epitáfio estava escrito:

“AQUI JAZ JAY JONES.

AMADO FILHO E QUERIDO IRMÃO.

1842 - 1870”.

– Eu morro daqui à oito anos? Quantos anos tem Joe quando ele morre? - Pergunto para o fantasma. Eu estou completamente perplexo, eu estou vendo meu túmulo. Eu estou morto.

– Sim, você morre daqui à oito anos. E Joe tem 26 quando morre, apenas dois anos antes de sua morte. Sua família caiu na desgraça, Jay. Após a sua morte, sua mãe perdeu o bebê que esperava e com isso veio a depressão da qual ela está hoje. Como seus pais são conhecidos pelo emprego deles, o escândalo que se sucedeu após isso foi grande o suficiente para ser o responsável pela falência dessa empresa. Viu como um simples natal muda muita coisa? - Eu não respondo. Ainda estou processando todas essas informações. - Quer ver seu futuro diferente? - Ele pergunta olhando para longe.

– Quero, não quero essa futuro horrível cheio de mágoas, mortes e tristeza. Passei por momentos ruins no natal mas, também passei momentos bons e prefiro esses bons, porque eles me confortam, me fazem feliz de apenas lembrá-los em tempos difíceis, me trazem o calor numa imensidão de frio intenso e eu gosto disso. - Um longo silêncio se instala entre nós. Depois de algum tempo, o fantasma se vira para olhar para mim. Ainda não consigo ver nem um pouco de seu rosto.

– Muito bem, Jay. Parece que você finalmente aprendeu a lição e percebeu que o natal é algo importante. - Olho para o fantasma e dou um pequeno sorriso. O frio intenso e a sensação de não segurança ao seu lado sumiu e agora eu sinto o calor novamente.

A cena do cemitério some e eu volto ao meu quarto. Tudo está do jeito que eu deixei ele e agora sinto que um peso enorme foi tirado de minhas costas. Estou mais tranquilo, feliz, mais calmo. E sinto que não verei tão cedo os três fantasmas de novo.

Vou em direção à minha cama e finalmente consigo o sono que tanto queria.


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Notas finais do capítulo

-Leiam as notas iniciais
—Espero que tenham gostado



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